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Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

Minuto Zero

27
Jan11

Steve Field

Minuto Zero

Federer, The Best

Esta semana quis fugir ao meu habitual habitat. Deste modo, optei por falar no meu segundo desporto, o Ténis, a propósito do primeiro Grand Slam do ano. Apesar de ter jogado poucas vezes, Ténis é de facto uma paixão. Tantos os serões que me colo à TV e só descolo já de manhã, quando terminou a jornada. Este amor pode parecer um pouco anormal para quem me conhece, pois sabe que sou fã de desportos colectivos e que valorizo muito mais o todo do que um jogador, por melhor que ele seja. Mas é assim, ténis é fabuloso!
E para tratar deste desporto nada melhor do que escrever sobre um dos desportistas que mais me fascina: Roger Federer.
Para mim, Federer é um dos melhores desportistas do mundo e o melhor jogador de ténis da actualidade, o melhor desde que me lembro de acompanhar a modalidade. Pode não ter a garra, o espírito de sacrifício e a força mental do seu maior rival (apesar de amigo) Nadal. No entanto, possui talvez a fatia mais importante, o talento. Talento é o que não falta a este Suíço. A sua criatividade, o seu reportório de jogadas interminável fazem levantar multidões que se curvam perante tal maravilha.

Fonte: Samaw.com
Aliado a isto, Federer é um verdadeiro gentleman, sempre com elevado fair-play. Parece ser uma excelente pessoa. A prova disso foi na sua última vitória contra o seu compatriota suíço Wawrinka. No final do jogo justificou a derrota do amigo por este não estar habituado a jogar no horário diurno, pois nas outras eliminatórias jogou sempre de noite. Obviamente, isto não justifica uma derrota. O que quis evidenciar foi o seu elevado companheirismo. Além de que quando perde, reconhece sempre a superioridade do adversário.
Porém, possui algumas fraquezas como qualquer um. No seu caso, essas debilidades custaram-lhe alguns títulos, debilidades que se expõem mais quando defronta Rafael Nadal. E porquê? Porque Nadal não dá uma bola por perdida. Porque Nadal luta contra as adversidades. Federer parece que bloqueia quando se encontra em desvantagem, sobretudo em desvantagem perante Nadal. Além disso, praticamente que se entrega, não lutando para recuperar. No entanto, há destacar que tem evoluído muito neste campo. Um jornalista conceituado de um jornal Francês disse mesmo que Federer mudou o seu jogo para recuperar o trono que lhe pertence por qualidade.
Para mim, Federer é melhor que Nadal (a ‘eterna’ questão), apesar de ser legítimo considerar o contrário. Mas, pelo que tenho analisado, a maioria concorda comigo (o que não significa que seja verdade, claro. É apenas o que acho). São os dois melhores e cada um avalia de acordo com os seus parâmetros. Acho mesmo que um jogador perfeito seria a junção dos dois: o talento quase sobrenatural de Federer, e a entrega e raça do Espanhol. Porém, tendo de optar pelo melhor, para mim esse é Federer pois considero o talento que tem muito mais difícil de ser atingido do que a força mental e a capacidade de entrega ao jogo. Na minha opinião, isso é mais facilmente trabalhado. O talento não, o talento nasce com a pessoa e talento Federer tem para dar e vender. Mais uma vez sublinho: com a força de Nadal, Federer seria mais consistente e era quase imbatível.
Estabelecendo uma analogia, podemos considerar Federer o Messi do ténis e Nadal o Ronaldo (não podia deixar de vir o futebol…). Nadal (ou Ronaldo) tem de trabalhar muito mais que Federer (ou Messi) para estarem ao mesmo nível. Federer e Messi nasceram com o dom, com o talento (que o têm de potencia, claro). Nadal e Ronaldo são o que são fruto do intenso trabalho que desenvolvem. Não querendo tirar mérito nem a um nem a outro (porque são, respectivamente, o segundo melhor tenista e um dos melhores futebolista), valorizo mais jogadores como Federer ou Messi, pois o que fazem, fazem praticamente natural, por magia. E ‘é disso que o meu povo gosta’.
Esta minha ideia pode parecer um pouco contraditória com os meus valores. Eu prezo muito o trabalho. Sou de opinião que mesmo jogadores como o Messi se não se esforçarem, não devem de jogar. O lugar é de quem trabalha. No entanto, tanto Federer como Messi são verdadeiros monstros no que fazem.
Fonte: Mirror.co.uk
Para concluir que já me excedi um pouco pelo agrado do que estou a escrever: Considero Federer o melhor tenista do mundo. É um fenómeno, só comparando a Bolt, Phelps ou Messi na actualidade desportiva (peço desculpa se me esqueci de algum relevante). Se der o passo em frente, o de ficar tão forte como Nadal naqueles critérios ‘extra ténis’, irá desfazer as duvidas quando ao melhor. Penso ainda que esse passo, se acontecer, permitirá em definitivo ser considerado unanimemente como o melhor de sempre. Ele já o é nos títulos, mas não é só de títulos que se faz um ‘deus’. É esse passo que falta para encantar mais como encanta a mim. Federer para mim é um deus do ténis, um desportista que me faria pagar muito só para o ver e que me delicia sempre que o posso acompanhar. O mundo do desporto precisa de mais como ele, para maravilhar as multidões.
25
Dez10

Porque ao Sábado se destaca - Semana Melhores do Ano (2010)

Minuto Zero
A técnica da força - Nadal

Sem jogos Olímpicos, com um mundial de basquetebol enfraquecido de estrelas, com Phelps e Bolt discretos tais como as modalidades que representam, com intermitência do desporto automóvel, e com uma invulgar incerteza no futebol penso que Nadal não tem concorrência a figura do Ano.
Nadal é um símbolo do desporto. Nadal ao contrário dos outros desportistas não compete com os outros, compete com ele próprio.
Nem Isinbayesa, Kelly Slater, Bolt ou Phelps tem este privilégio. O seu único adversário, é ele próprio, os seus joelhos, porque sem problemas físicos vence tudo e todos e nada o pode parar.
Nadal tem tanto de impulsivo como de calculista, de galvanizador como de paciente, Nadal é a mistura de todas as escolas do desporto.
Ao longo do ano de 2010 provou que é o melhor jogador da história da modalidade.
Com um serviço e um jogo de rede quase tão bom como os melhores de sempre neste capítulo, Nadal deixou de ter falhas. Nadal tornou-se um jogador completo na expoente máxima da palavra. Tornou-se um jogador de espectáculo e frio ao mesmo tempo. Nadal controla o jogo e deixa espelhar nele: a sua vontade, o seu desejo, mas fundamentalmente a sua forma de vida.
Uma forma de vida que tem tanto de talento como de trabalho, porque só assim o seu rendimento pode ser galáctico.
O seu spin de direita é mortífero, a cada bola que o adversário parece que vai fechar o ponto Nadal responde com um contra-ataque que levanta a plateia. Quanto melhor jogas contra Nadal mais hipóteses tens de ser surpreendido. Parece que a bola está perdida, mas existe um buraco, uma trajectória única para a bola passar, e com um deslizamento de pés quase perfeito, o suor escorre-lhe pela cara e a sua mão esquerda tem o condão de fazer milagres, fazer a bola passar por sítios inimagináveis e o ponto é de Nadal. Este foi o Nadal de 2010. Instrasponível, infalível e invencível.
Quando assisti à final do Open dos Estados Unidos, em que vi Djokovic, fazer um esforço sobre-humano, ter uma criatividade fantástica, uma completude não menos eficaz, uma segurança temível, mas não dava mais. Quanto mais abria o ângulo e desequilibrava Nadal, mais este o surpreendia com pancadas de contra-ataque fulminantes. Se estivesse na expectativa, Nadal fuzilava com uma direita paralela sem hipótese. Se quisesse cansar Nadal, este fazia-o percorrer duma ponta a outra do corte até ele falhar. Nadal controlava o ritmo perante um Djokovic arrebatador. Djokovic fez o melhor jogo da sua carreira, com pancadas duma precisão e força nunca antes vista, mas não chegou.
Nadal está para além dos outros jogadores. Nadal é monstruoso na forma como faz cair os adversários, mas um monstro inteligente.
Tem tanto de arrebatador como de paciente, de gladiador como de temperamental. Tanto de “ganas de vencer”, como concentração intrínseca de vitória. Tanto de mostrar ao mundo a sua alegria, como de guardar para si para posteriormente explodir. Não sabemos como ele vai executar, mas sabemos que quase sempre que ajeita o seu cabelo com a mão direita e serve faltam poucos segundo para levantar o seu pé esquerdo, cerrar o punho e olhar para o público e soltar o ânimo que lhe percorre a alma.
Nem Federer pode lutar de igual para igual com Nadal. Porque Federer é um jogador de ténis. Nadal é um desportista do ténis. Federer só podia mesmo ser jogador de ténis, a sua técnica, as suas pancadas são perfeitas.
Nadal não, não precisa de fazer pancadas perfeitas, Nadal paradoxalmente é prejudicado por ser muito bom.
Porque não sabemos se vem um amorti. Um spin cruzado em diagonal curta, ou uma bola fulminante ao longo, a sua completude é tão grande, que apesar de todas as adversidades, um ponto disputado é sempre um ponto para vencer, esteja a bola em que parte do campo e ele com muito ou pouco desequilíbrio. Federer apenas controla os seus movimentos, mas não possui capacidade de resposta, de percorrer o campo duma ponta a outra e levantar uma plateia. Federer é uma máquina a jogar. Nadal é uma máquina humana. Máquina quando recorre aos livros para mostrar o seu ténis. Humana como quando levanta o cotovelo e ataca uma bola como mais ninguém consegue fazer na história do ténis, porque só o seu talento trabalhado é que consegue chegar a patamar tão elevado, um patamar, para além dos outros. Ver Nadal fazer certos spins, é como ver certos livres de Cristiano Ronaldo, lançamentos em desequilibro de Kobe Bryant, saltos de Isinbayeva em que acena ao público e bate o recorde do Mundo, passadas de Bolt ou chegadas de Michael Phelps. Só eles o conseguem fazer, não vale a pena tentar imitar, é mais que humano, é sobrenatural.
Fonte: sraraquete.com
Talvez por isso, Nadal queira ficar na história, ser mais que o número um do Mundo, ele quer sobretudo fazer algo que pensa que nunca mais ninguém conseguirá repetir. Talvez por isso desgaste o seu corpo e acabe com os seus joelhos. Talvez por isso quando acabar a carreira, não vai poder fazer mais desporto, tão arrebentado que apenas ensinará os outros a jogar.
Por isso, por quer ser tão perfeito e eficaz Nadal não consegue ao longo dum ano manter este nível inatingível.
Porque mesmo quando joga mal, consegue ganhar ao contrário dos outros, mas quando o corpo não lhe permite não há nada a fazer.
Porque em termos técnicos, tácticos e físicos não tem concorrência. Porque quanto mais desequilibras o Nadal, maior ângulo lhe dás para ele te responder e tentar fazer o melhor ponto da história do ténis.
O melhor privilégio que como amante do desporto quero ter, é que ele seja tão monstruoso a vencer os adversários, como a manter o seu corpo num estado sem desgaste, porque se assim for, mais 10 ou 11 anos de passeios e glórias, bater um a um todos os recordes de Federer como quem bebe um copo de água. Porque quanto mais Federer joga, mais Nadal responde e se torna melhor.
Nadal vai até onde o seu corpo lhe deixar, porque falando só de Ténis, não vale a pena competir com ele.
Porque o talento do spin se entropia com a inteligência dum amorti e a força duma pancada ao longo e a colação dum serviço aliando ainda uma resistência física fora dos padrões do ténis, uma elasticidade ao nível dum ginasta, uma velocidade estonteante, uns reflexos quase automáticos, uma capacidade de defesa sobre-humana (buscar bolas que já estavam perdidas), uma mentalidade de um líder carismático, um trabalho de um sofredor, uma sacrifício dum mineiro e uma determinação dum revolucionário.
Nadal é o protótipo da perfeição, perfeito de mais, não precisava de tudo isto para poder ser o melhor, e é a sua frustração por nunca se sentir satisfeito, que o faz ir para além dos limites do seu corpo, daí que as suas lesões sejam o seu único adversário.
Até ao fim da carreira o duelo que teremos no Ténis será: inteligência de Naval vs vontade de deixar de ser humano de Nadal. Quando ele perceber que afinal é humano e que não vale a pena forçar tanto o seu corpo, porque não precisa disso para vencer, adeus concorrência, Nadal caminhará numa passadeira gloriosa sem precedentes e sem oposição rumo a um estatuto que quase de certeza jamais alguém poderá igualar.

by João Perfeito 
23
Dez10

Steve Field

Minuto Zero

Rivais têm de ser inimigos?

Como fã incondicional de Ténis, não pude deixar de assistir aos embates entre os dois melhores jogadores da modalidade, Federer e Nadal. É certo que eram jogos amigáveis, mas o espectáculo era garantido. E as expectativas não foram em vão, assistiu-se a dois grandes jogos, com uma vitória para cada lado.
Estes jogos amigáveis foram marcados com o propósito de angariar fundos para as fundações de ambos que provou que os desportistas mais conceituados têm vindo a ser cada vez mais solidários, sentindo que lhes cabe grande parte das ajudas possíveis. No entanto, o que mais tenho a realçar nestes embates, ainda mais que o acto solidário, foi a constatação de que os dois maiores rivais são amigos. Para mim isto é algo anormal atendendo à realidade com que cresci a ver e fazer desporto: clubes rivais (é certo que neste caso não se trata de clubes, mas podemos fazer uma analogia) nutrem ódio mútuo, não olhando a fins para atingir os meios que pretendem, que muitas vezes origina cenas lamentáveis de violência entre os seus apoiantes.
Pegando como exemplo o futebol, podemos constatar este ódio entre os três grandes do campeonato português, sobretudo quando se trata do Benfica. Quantas cenas de violência já tivemos conhecimento entre claques? Quantas trocas de palavras menos bonitas já vimos entre presidentes? Até já houve mortes de adeptos, como aconteceu com um adepto do Sporting numa final da taça, no Jamor, contra o Benfica.
No entanto, como já referi, é com o Benfica que estes sentimentos impróprios se fazem sentir em maior evidência, especialmente pelo Porto. Na última final europeia que o Benfica esteve presente, os adeptos do Porto fizeram questão de ir esperar a equipa adversária ao aeroporto para lhes desejar boa sorte…para além de que cada vez que o Sporting, Porto e agora até Braga e Guimarães estejam a jogar, certamente que há cânticos contra o Benfica.
É questão para perguntar…porquê tanto ódio? Não podem simplesmente centrar atenções no seu próprio clube? É claro que tem de haver rivalidade para bem do desporto, mas com respeito, com desportivismo!
O desporto seria tão mais bonito sem esta rivalidade extrema. Como é algo que, infelizmente, já pouco se vê, fiquei agradado e surpreendido com esta rivalidade saudável entre Federer e Nadal. Provaram ser grandes homens. Provaram que ser rival não significa ser inimigo. O desporto assim era tão melhor!

by Steve Grácio