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Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

Minuto Zero

07
Abr11

Steve Field

Minuto Zero

Cardinal


 

 

     No passado domingo a quando do Benfica – Porto que viria a decidir o (mais que justo!) título nacional, uma das grandes referências do futsal leonino, Cardinal, foi visto na claque dos Super Dragões a torcer fervorosamente pelo Porto. Que impacto pode ter tal comportamento no nosso futebol?

Bem, antes de mais, seja que impacto for, certamente que se Cardinal fosse jogador de futebol, seria bem maior. No entanto, o Sporting já veio a público dizer que vai analisar a situação.

Esta é a realidade. Cardinal, tal como o próprio afirmou, é adepto do Porto. Só que é também uma referência do futsal do Sporting. Provavelmente, isto não acreditando que o Sporting não está “azulado” como às vezes parece, os adeptos leoninos não terão gostado de ver o seu jogador na claque de um rival.

 

      Cardinal, tentando remediar a situação, fez uma ‘mea culpa’, afirmando que nunca escondeu que era adepto do Porto mas que “não é por esse facto que deixa de ser um bom profissional”, admitindo ainda que não se devia de ter exposto em demasia. Cardinal sabe bem da importância que tal atitude pode ter.

O futebol, quanto a mim infelizmente, não vive sem as rivalidades. Deste modo, julgo que Cardinal vai ter muito para justificar. Duvido muito que a sua imagem permaneça intacta. Certamente que muitos dos adeptos, sobretudo aqueles que preferem o bem do Sporting ao mal dos rivais, não esquecerão tão cedo que um dos seus melhores atletas faz parte da claque de um rival. No futebol, não há espaço para cumplicidade entre rivais.

 

by Steve Grácio


31
Mar11

Steve Field

Minuto Zero

Scouting


Um dos jogadores que mais me intriga ultimamente no futebol é Bebé. Ainda estou para entender como um jogador como ele pode valer 9 milhões de euros. Se ele vale 9, o mercado está definitivamente inflacionado. Quanto não valerá Varela ou Gaitan, por exemplo. Parece que anda tudo louco. Pelo jogos que vi dele, não passa de um jogador razoável com bons pormenores de hora a hora, pouco para jogador de 9 milhões.

Bem, mas não é para eu entender, felizmente. Foi apenas uma pequena introdução ao tema de busca de jogadores.

Quem era Tiago Correia, mais conhecido por Bebé, antes de lhe sair a lotaria (entenda-se ir para o Manchester)? Para a maioria, ninguém. E quando digo maioria, não é só maioria dos que acompanham o futebol “por fora”, como eu. Falo também dos clubes. Não sendo Bebé um fenómeno, pelo menos não é jogador de tanto dinheiro, como nunca ninguém o tinha visto antes?

Ocorre-me, de repente, duas possibilidades. Ou o scouting dos clubes portugueses, nomeadamente dos grandes, “anda a dormir”, ou então anda mais preocupado a detectar talentos sul-americanos, como parece ser moda. Parece-me a opção mais provável. De facto, a aposta em estrangeiros é cada vez maior e a nacional cada vez menor.

Outro factor intrigante é o scouting nacional. O Manchester cometeu a loucura de contratar Bebé e, de imediato, surgiu a primeira convocatória para os sub-21. Será que assinar contratos já garante convocatórias? O que fez Bebé para ser convocado? Mal jogou este ano. Ou será por ser do Manchester? Certamente que se permanecesse em Guimarães a convocatória seria mais demorada. O emblema que se representa parece ser chave para um seleccionador, e depois não há resultados, pois claro.

Mais um tema que não é para eu entender. O que eu entendo é que estes casos, tal como outros por explicar, não ajudam a melhorar o futebol, bem pelo contrário. 

 

by Steve Grácio

24
Mar11

Steve Field

Minuto Zero
Liga Europa

Pela primeira vez na história, três clubes portugueses estão nos quartos-de-final da mesma competição europeia. Um feito para o desporto nacional. Feito que é ainda mais valorizado quando, entre os três, se encontra o Braga que deixou de fora o todo-poderoso Liverpool.
No entanto, não se está a valorizar em demasia o feito?
Talvez sim, talvez não. Vamos por partes: Por um lado claro que não. Ter três equipas numa fase tão adiantada da prova é sempre uma proeza, sobretudo num país tão pequeno como o nosso, que dá pontos para o ranking e mais uma equipa na liga dos campeões. Porém, para mim não há razão para tanto festejo, pelo menos para já. E porquê?
Vejamos então as equipas que ainda se encontram em prova. 2 Equipas Holandesas, 2 Soviéticas e os espanhóis do Villarreal, para além das portuguesas. Constatamos, então, que o Villarreal é o único representante dos grandes campeonatos europeus, isto porque as equipas desses campeonatos não se motivam para jogar esta “segunda divisão”. Há uns dias, Ribéry apelidava esta liga de “lixo” e dizia não a querer jogar na próxima época (Há forte possibilidade do Bayern lá estar para o ano, daí estas declarações). Ora, facilmente percebemos que os melhores clubes que entraram na prova poucas ambições tinham, como foi o caso de Liverpool, Manchester City ou Juventus, pela falta de prestígio e estímulo da mesma.

Fonte: sportschau.de
 Não quero com isto desvalorizar por completo o feito inédito. Nada disso. Apenas quero mostrar não há razões para tanto contentamento. Esta é uma prova pouco competitiva, com relativas facilidades até às fases a eliminar, que muito piorou desde que começou a ser composta por fases de grupos. Os clubes dos melhores campeonatos, muitas vezes, até jogam com os menos utilizados na competição.
Só que apesar de ser uma “segunda divisão”, não é de deitar fora a possibilidade de uma conquista. Uma conquista europeia é sempre assinalável. Deste modo, há que valorizar o feito. Não nos podemos esquecer é do que referi. Não nos podemos esquecer que duas das equipas foram eliminadas da prova elite da UEFA. Não nos podemos esquecer do fiasco do Benfica na Liga dos Campeões num grupo bem acessível…como parece que já foi esquecido e era o mais importante.
No entanto, força Portugal!

by Steve Grácio
17
Mar11

Steve Field

Minuto Zero
Quando o melhor jogador é um problema

No passado domingo assisti ao jogo do Real Madrid, como faço na maioria dos jogos, para acompanhar a época de Mourinho. Antes de começar o jogo, calculei o que iria acontecer: Real Madrid jogaria bem.
Fonte: Academia-de-talentos.com
Apesar de ter falhado um pouco no prognóstico, o Real não fez uma exibição de encher o olho, notou-se claramente a falta que Cristiano Ronaldo fez à equipa…pela positiva! Passo a explicar. Sem o melhor jogador, (que não concordo em nada que o seja, mas isto sou eu…) viu-se o Real diferente, tal como na semana anterior em Santander, dessa vez com uma boa exibição. Viu-se um Real que jogava para a equipa e não para um jogador.
Tem sido um dos problemas do Real Madrid época. Parece que todos os jogadores assinaram um contracto que dizia ‘tornem o Ronaldo no melhor marcador do campeonato’…bem, isto nem parece de uma equipa do Mourinho que, mais que ninguém, privilegia o colectivo em vez do individual.
Então, posso concluir que, paradoxalmente, o Real joga melhor sem o considerado melhor jogador da equipa e, para alguns, melhor do mundo. (peço desculpa por discordar, mas não entendo mesmo como podem considerar isso). Estranho, não acham?
Pela primeira vez vejo uma equipa de Mourinho a privilegiar o individual. É um motivo para não estar na liderança? Provavelmente não, pela magnífica equipa do Barcelona. Só que o certo é que não se faz sentir este efeito Mourinho na equipa do Real no que toca à força colectiva. Uma decepção para mim, seu fiel seguidor. A meu ver, o Real Madrid pode tornar-se uma ameaça para o todo-poderoso Barcelona se abandonar a obsessão desmedida em tornar Ronaldo no que não é, num fenómeno.

by Steve Grácio
10
Mar11

Steve Field

Minuto Zero
Formação portista

A academia de formação do Sporting é considerada por muitos como das melhores da Europa. Concordo, não só por ter saído das suas escolas os dois únicos portugueses congratulados como melhores do mundo, não só por ter formado jogadores como Nani e Simão, entre muitos outros, mas também porque garante todos os anos equipas competitivas nas equipas de formação, aliando títulos a bons jogadores formados todos os anos.
Ao invés, a academia do Benfica nos últimos tempos tem produzido pouca quantidade de grandes atletas. No entanto, julgo que a comunicação social faz disto um problema maior do que realmente é. Compreendo, porém, que se pensa desse modo face às exorbitantes quantias gastas pelo clube na contratação de estrangeiros, que impede que os jovens portugueses singrem.
Fonte: abola.pt
Só que, curiosamente (ou talvez não…), da academia portista ninguém fala. Tal como o Benfica, todos os anos são importados estrangeiros, sobretudo da América do Sul. Logo, portugueses no plantel escasseiam. Porém, o porto forma bastantes jogadores de qualidade, que devia de ser motivo para destacar ainda mais o clube como clube que pouco aproveita a sua formação. é certo que das escolas portistas não saiu nenhum Cristiano Ronaldo nem nenhum Figo, mas a qualidade é elevada.
Penso nisso ao ver em destaque mais um desperdício do Porto. Vieirinha, um extremo de qualidade, acaba de assinei pelo Zenit, campeão russo, que desembolsará ao PAOK cerca de 6 milhões de euros. Além de Vieirinha, Paulo Machado tem dado cartas no Toulouse, Ukra, Castro e Candeias têm tido sucessivos empréstimos apesar de já merecerem a definitiva afirmação, Hélder Barbosa e Bruno Gama desvincularam-se do clube por falta de oportunidades (…) e poderia continuar, pois há mais exemplo de talentos desperdiçados pelo Porto.
Quem sofre com tudo isto? Para além dos talentosos jogadores, que na sua maioria são extremos, sofre a selecção. Os clubes preferem apostar nos estrangeiros. O que tem Ukra a menos que Cristian Rodriguez? Ventura, por exemplo, apesar de não ser um guarda-redes que me encante, não é melhor que Kieszek?
É certo que neste último caso o objectivo é Ventura rodar. Não fazia bem ao jovem, como não faz a nenhum, não jogar. Os jovens precisam de jogar para evoluir.
A escola portista, para mim, também é das melhores. Porque não a aproveitam?  Os estrangeiros serão mesmo melhores?

by Steve Grácio
04
Mar11

Steve Field

Minuto Zero

 O Futebol de rua

Ontem, depois de jogar futebol com uns amigos, fiz uma pequena viagem ao passado. Comecei a recordar os (bons) velhos tempos em que uma bola servia para divertir (-me) e entreter muitas pessoas. Tempo em que tudo era esquecido e só interessava o jogo.
         Esta nostalgia também é sentida cada vez que vejo Messi a jogar. O seu talento ultrapassava o normal, parece um desenho animado que faz as maravilhas dos leitores. Se pensarmos que este talento esteve para abandonar o futebol por problemas de crescimento, apercebemo-nos melhor destes super poderes. Super poderes que realçam a magia do futebol. Com todas as suas divergências físicas, consegue encantar a maioria dos adeptos, consegue ser o melhor do mundo.
         No outro dia, o técnico do Atlético Bilbao dizia que Ronaldo era o jogador do futuro. Vi muitos comentários dos fans de Ronaldo bastantes felizes por tal comentário. Porém, para mim não foi bem um elogio as declarações de Caparros. Caparros dizia que Ronaldo, e com razão, era o jogador do futuro por ser um jogador de laboratório, um jogador que tem o que tem hoje por mérito próprio, por todo o trabalho que teve. Dizia ainda Caparros que o futebol vai deixar de ter Messis, vai deixar de ter a magia do futebol de rua.
         Ora, aqui está o ponto que queria focar. Estou completamente de acordo com o técnico do Bilbao. O futebol de rua tende a desaparecer. Hoje só uma bola é escassa para um miúdo, ele precisa de bem mais. Para mim, uma bola e meia dúzia de metros para poder chutar seria suficiente. Sim, tenho apenas 19 anos, já sou do tempo das tecnologias, ao contrário das gerações anteriores, mas abdicava de qualquer computador só pelo prazer de jogar futebol.
         A magia e o virtuosismo tendem a desaparecer. Hoje há bem menos Maradonas. Amanhã haverá bem menos Messis e Xavis. Haverá mais Ronaldos, jogadores que apesar do enorme talento que dispõe, nunca terão a magia dos jogadores de rua, parece que é tudo programado. Como se costuma dizer, a melhor escola de futebol é jogar na rua. Não quero chegar a tanto, mas que é essencial, disso ninguém duvide, já que é ‘disso que o meu povo gosta’.

by Steve Grácio
24
Fev11

Steve Field

Minuto Zero

As Estatísticas

Frequentemente, sobretudo quando se trata de jornalistas da tvi, vemos comentários sobre estatísticas. Cada vez mais estas são analisadas como forma de melhor entender um desafio. No entanto, serão assim tão fulcrais no mundo desportivo?
De facto, nenhuma análise a um jogo passa sem a análise das estatísticas do encontro. No caso do futebol, visualiza-se qual das equipas teve mais bola, mais remates (…) para quem perdeu o jogo, ao ver as estatísticas percebe quem jogou melhor?
Não, de todo! As estatísticas são apenas uma parte da análise do jogo. Pegando no clássico de segunda, por exemplo, vemos nas estatísticas domínio claro do Sporting em termos de remates à baliza do Benfica e vemos bem mais posse de bola para os lados de Alvalade. Porém, quem viu o jogo percebeu que, salvo raras situações, foi o Benfica que esteve quase sempre por cima e, quando não esteve, o jogo nunca lhe fugiu de controlo.
Percebemos, então, que as estatísticas mentem. Além do exemplo dado, posso dar alguns mais: imaginemos então uma equipa que tem ao longo de todo o jogo muito mais remates que o adversário. No entanto, a outra equipa estava a perder e nos últimos 10 minutos massacra o opositor, que vinha dominando, fazendo muitos remates. No final, apareceria nas estatísticas mais remates para essa equipa que foi dominada grande parte do jogo, quando o que se viu foi que apenas ‘acordou’ nos instantes finais; outro exemplo, desta vez um pouco mais claro, prende-se com o Benfica. No início da temporada o Benfica estava bem abaixo do que produzira no ano anterior. Porém, ao final da primeira volta, apenas tinha menos 3 pontos que na época transacta. Olhando para as estatísticas, veríamos um Benfica sensivelmente no mesmo nível, o que não aconteceu. O Benfica de hoje está perto desse nível, o Benfica da maioria dos jogos da primeira volta nem lá perto andou…por fim, outro exemplo bem diferente é o facto de Cristiano Ronaldo estar constantemente no topo das listas de jogadores com mais assistências quando passa os jogos a perder bolas. Quem vir só as estatísticas, ainda pode julgar algo impensável, pode julgar que o Ronaldo é um jogador de equipa.
Em suma, as estatísticas são importantes numa análise? Até podem ser, desde que não se olhe para elas como um fim mas apenas como um utensílio para quem viu o encontro a fim de complemento da sua análise.

by Steve Grácio
19
Fev11

Steve Field

Minuto Zero
A Melhor Liga

A Liga Inglesa é considerada pela maioria como a melhor liga do mundo. Esta opinião tem maior impacto em jornadas como a 26ª onde houve uma média impressionante de 4,3 (!) golos por jogo. Fabuloso, não acontece em nenhuma outra das principais ligas, tirando em algumas jornadas a liga Alemã.
Não condeno quem tem opinião, que é perfeitamente legítima. No entanto, apesar de julgar que é melhor em certos aspectos, como nos golos, na emoção que há em cada partida, mesmo entre clubes de menor dimensão, na minha opinião não é a melhor. Tem 6/7 equipas de topo, é certo, mas há uma grande discrepância entre esses clubes e os restantes. Para mim a melhor liga, a mais homogénea, a mais difícil para um clube de topo é a liga Italiana. Mourinho foi o próprio a admitir que na liga Italiana os campeonatos são mais complicados de conquistar.
Na liga Italiana cada jogo é um jogo difícil para os candidatos ao título, mesmo sendo com o último classificado. É uma liga composta pelas melhores equipas de média dimensão de todas as restantes grandes ligas. Para mim, equipas como o Nápoles, a Lázio, o Palermo, a Fiorentina, a Sampdoria estão os furos acima das equipas inglesas de média dimensão (Aston Villa, Everton, Bolton…), das espanholas (Espanhol de Barcelona, Villarreal, Desportivo da Corunha…). Além disso, como me dizia ontem o Tiago, todas as equipas têm pelo menos um jogador fora de série, que prova a qualidade de todas as equipas. É certo que nos últimos anos, tirando o Inter, nenhuma tem feito grandes resultados a nível europeu, talvez devido aos escândalos de viciação de resultados que afectou muitas equipas.
Falta ainda referir outro grande aspecto: a essência do futebol até pode ser os golos, e aí a liga perde claramente para as restantes. Só que em termos tácticos não há liga melhor. Cada jogo é uma batalha táctica. Cada movimentação, cada jogada envolve bastante trabalho de casa, bastante trabalho de equipa, bastantes horas dos seus treinadores a prepará-las. Não tem tanta emoção como as restantes? Admito que sim. Pode alguns jogos tornarem-se aborrecidos? Admito que, para alguns, sim. Mas para os amantes da táctica, da estratégia, é do melhor. Quando tenho tempo, não perco os grandes jogos da jornada, que são sempre uns 3, algo que dificilmente acontece nas outras ligas. Ainda na última jornada, houve 3 jogos empolgantes: Juventus – Inter, Roma – Nápoles e Palermo – Fiorentina.
Porém, admito que por vezes ver na televisão (que impossibilita de ver melhor as movimentações, as batalhas tácticas) pode ser aborrecido para quem espera um jogo com golos. Só vendo ao vivo se pode retirar totalmente a beleza de cada espectáculo desta liga. Uma liga que não é composta apenas por duas equipas como a desinteressante liga Espanhola, que não tem equipas fracas como algumas em Inglaterra…uma liga onde, na minha opinião, apenas a Alemã lhe faz alguma concorrência, onde há sempre grandes jogos.
Concluindo, se o espectador procurar apenas golos, não veja a liga Italiana. Só que o futebol não é só golos. Vejo frequentemente em fóruns jogos onde há bastantes golos, comentários do género ‘deve ter sido um grande jogo’. Mas porquê? Por ter tido muitos golos? Meus caros, o futebol não são só golos. Há jogos que terminam 0-0 que são 
espectaculares!


by Steve Grácio
10
Fev11

Steve Field

Minuto Zero

Espanha, país das conquistas

O último Australia Open, que acompanhei praticamente na íntegra, teve um novo factor histórico: pela primeira vez 5 atletas de uma nacionalidade estavam presentes nos oitavos-de-final de um Grand Slam. Ou seja, em 16 atletas na competição, 5 eram Espanhóis - o que é fantástico. É certo que três foram logo eliminados e nenhum triunfou (Rafa Nadal falhou a oportunidade de conquistar o Rafa Slam – 4 títulos de Grand Slam consecutivos), mas não deixa de ser um factor interessante.
No entanto, felizmente para os Espanhóis, não é só no ténis que têm tido preponderância. O maior destaque vai naturalmente para o futebol. Título europeu, mundial e um projecto consolidado desde as selecções mais jovens que permite ao país aspirar à manutenção do trono por alguns anos, são o país do futebol do momento. Em termos de clubes, possui um dos melhores campeonatos do mundo com provavelmente as duas melhores equipas do planeta, com os melhores jogadores, o Barcelona e o Real Madrid. Para além do futebol, há mais desportos colectivos com domínio Espanhol, nos quais destaco o futsal e o Hóquei. No futsal, Espanha domina em termos de selecções tendo destronado o poderio Brasileiro, além de ter das melhores equipas do mundo no seu campeonato. Quanto ao Hóquei, Tanto em termos de selecções como quando a nível de equipas (Barcelona), o domínio é incontestável, tendo vários títulos consecutivos. Além disto, no Basket tem o Barcelona (mais uma vez…) que é das melhores equipas do mundo, bem como a selecção que é sempre competitiva.
Em termos individuais, mais do mesmo. Para além do ténis, Alonso é um dos melhores pilotos de fórmula 1, Alberto Contador domina o ciclismo, Lorenzo é um dos melhores do motociclismo…entre muitos outros que ajudam a Espanha a ser uma das grandes potências do desporto mundial e, certamente, a melhor dos últimos anos.
Muitas vezes, a justificação para resultados pouco conseguidos no desporto é a falta de recursos financeiros. Em Portugal, por exemplo, é um dos grandes factores, bem como o deve ser em muitos outros países. Porém, a Espanha também atravessa uma grande crise económica e domina o desporto. Não será a organização mais fundamental que o dinheiro?

by Steve Grácio
03
Fev11

Steve Field

Minuto Zero

Os ‘Portugueses’

Esta semana desportiva em Portugal teve como um dos destaques a partida de um dos melhores avançados que passou em Portugal esta década, Liedson. Liedson (ou levezinho como é apelidado) é um verdadeiro quebra-cabeças para as defensivas adversárias. É daqueles avançados que os defesas odeiam marcar: é rápido, não dá uma bola por perdida, é um exímio cabeceador (que o diga o gigante Luisão…), enfim um avançado muito bem descrito numa crónica de há umas semanas na secção Fumo sem Fogo do Alexandre Poço. É com pena com o vejo partir, bons jogadores fazem sempre falta, mesmo que sejam de clubes rivais.
Ao ver a notícia da partida de Liedson para jogar no Brasileirão de imediato pensei escrever esta crónica. Este tema já tinha sido um pouco abordado por mim numa das minhas primeiras crónicas. No entanto, decidi reforçar uma ideia, que recebeu também outro impulso para ser escrita devido à última crónica do espaço Em Frente do Jorge.
Fonte - formacaotactica.blogspot.com
Nessa crónica o Jorge exprimiu a sua ‘revolta’ face ao número escasso de portugueses que compõem as equipas nacionais. É uma ideia bastante compreensível. Todos gostaríamos de ter equipas como o Sporting (plantel composto maioritariamente por portugueses, vindos da formação, por norma) ou o Atlético de Bilbau que é composto apenas por jogadores Bascos. No entanto, esta ideia tem de ser aceite por nós devido ao processo de globalização. Não é só em Portugal que este fenómeno ocorre, basta vermos jogos do Arsenal, uma das melhores equipas do mundo, que raramente utiliza um Inglês. As equipas tentam formar os melhores planteis possíveis. Ou seja, o factor de interesse é a qualidade e não a nacionalidade. Até aqui eu concordo. Não concordo é com a vinda de estrangeiros de qualidade duvidosa que retiram oportunidades a portugueses de boa qualidade, como acontece na maioria das equipas profissionais portuguesas. E o Marítimo, como o Jorge falava, é um exemplo perfeito disso.
Portanto, esta globalização é difícil de ser parada, o que nos leva a ter de aceitá-la. Quem nos diz que o Sporting ou o Atlético de Bilbau não seriam mais fortes sem esta tendência (que tem de ser valorizada) nacionalista?
No entanto, algo que não aceito é ver a minha selecção composta por estrangeiros. A selecção nacional tem de ser composta pelos melhores portugueses, não por estrangeiros. É certo que este fenómeno não é exclusivo em Portugal. Parece que existe uma nova regra onde cada selecção tem de ter o mínimo de um Brasileiro. Isto também é globalização? É, mas na minha opinião é inaceitável.
É por esta minha ideia que iniciei a crónica a falar de Liedson. Liedson é um jogador muito bom, sem dúvida. Provavelmente é melhor que qualquer português da sua posição. No entanto, não se aceita que represente Portugal, muito menos naturalizando-se numa idade já avançada, que revela o seu único interesse, ser internacional, pois pelo Brasil não seria. Quanto a Deco e Pepe, apesar de recriminar na mesma, é um pouco mais aceitável. Tanto um como outro teriam hipótese de representar o seu país de origem e optaram por jogar pela nossa selecção. Como já disse, se fosse eu a decidir não permitiria tal situação. Porém, há que destacar que os casos de Deco e Pepe podem ser vistos como gratidão ao que o nosso país lhes deu, tornando-se um pouco mais fácil de digerir, embora mais uma vez a recrimine.
A única forma que eu aceito é em casos como Eusébio, Ozil ou Podolski. Nestes casos, embora nascidos fora do país que representam (Eusébio – Moçambique; Ozil – Turquia; Podolski – Polónia) foram criados nos países que envergam a camisola de uma nação. Para mim, nestes casos não há interesse, há simplesmente o sonho de representar o país que se ama, que o ‘criou’, pois poderiam ter optado por representar o país nativo.
Em suma, sim às equipas que não utilizem jogadores nacionais, DESDE QUE a qualidade aumente. Não às selecções com jogadores estrangeiros! 

by Steve Grácio