Área de Ensaio
Portugal Sevens - A pensar no Futuro
Ao longo da última década, Portugal assumiu-se como uma das potências europeias de variante de sevens. O facto de termos defesas rápidos e bons no jogo à mão, forneceu a matéria-prima essencial. A desconfiança com que as principais selecções encararam esta variante permitiu diversos títulos europeus.
Contudo, e apesar dos convites para integrar etapas do Circuito Mundial de Sevens, a nível mundial, Portugal nunca conseguiu traduzir o sucesso regional. A equipa nacional era reconhecida como uma equipa de segunda linha, com um jogo dinâmico e rápido, mas sem capacidade para discutir resultados com as melhores selecções.
Mas esta situação parece estar a mudar. Mesmo sem um campeonato de sevens minimamente razoável (o que se joga no final da época não é minimamente organizado nem apresenta um carácter competitivo significativo), a selecção nacional de sevens, apelidade de Linces (e não Lobos como sistematicamente é referido) parece estar neste momento a passar a sua fase de maior fulgor a nível mundial.
Depois de na semana passada Portugal ter garantido a presença em todas as etapas do Circuito Mundial do próximo ano, esta semana Portugal foi integrado num grupo da etapa de Tóquio.
O objectivo passava sobretudo por conseguir ganhar experiência (alguns jogadores estavam a disputar os primeiros torneios) e provar que no próximo ano Portugal pode disputar as etapas com bons resultados, tendo a sua qualificação sido obra do trabalho e mérito dos jogadores nacionais.
O grupo era difícil, Samoa e África do Sul (mesmo sem Cecyl Afrika) eram adversários que muito raramente vencemos e com quem estamos habituados a perder sem grande capacidade de discussão. Já a Escócia (e apesar do histórico ser favorável aos escoceses) era um adversário acessível, e a quem podíamos e devíamos vencer.
O primeiro dia mostrou uma selecção nacional de alto nível. As derrotas com Samoa (21-20) e África do Sul (12-7) deixaram a sensação de que podíamos facilmente ter vencido, apesar de serem derrotas que não envergonham, antes pelo contrário. A vitória sobre a Escócia (15-7) foi um prémio justo e que permitiu a Portugal disputar a Taça Bowl (a terceira em importância).
No segundo dia de competição, Portugal iniciou a sua participação contra o Japão nos quartos de final da Taça Bowl, e uma vitória por 21-5 permitiu a Portugal avançar para as meias finais. A vitória sobre o Japão foi a terceira em duas semanas, sendo esta equipa a principal "vitima" dos homens de Frederico Sousa.
As meias-finais colocaram os Estados Unidos no caminho de Portugal, e nem os dois ensaios de Pedro Leal foram suficientes. A derrota por 20-10 impediu Portugal de discutir a final frente à França.
No final, Portugal terminou o torneio no 11º lugar (em 16 equipas) e na classificação geral do Circuito Mundial, subiu ao 15º lugar (em 27 equipas).
A Taça Cup foi ganha pela Austrália, a Plate pelas Fiji, a Bowl foi ganha pela França e a Taça Shield foi ganha pela Escócia.
No geral a participação portuguesa foi positiva, conseguimos discutir sempre os resultados, mesmo com as grandes equipas, mostrámos mais uma vez ter excelentes jogadores, Pedro Leal é um playmaker fantástico, ao nível dos melhores do circuito, Carl Murray é bom atacar, mas é sobretudo importante na defesa, Adérito e Foro são dificílimos de parar e conseguem sempre furar a defesa contrária, Sebastião Cunha e Frederico Oliveira dão experiencia e talento e até jovens como Martim Bettencourt ou Francisco Vieira de Almeida têm talento, força e são o futuro desta equipa. Por tudo isto apenas podemos considerar que no próximo ano (com as medidas e estratégias correctas) Portugal pode ser um "caso sério" e continuar a surpreender.
By Pedro Santos