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Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

Minuto Zero

01
Abr12

Área de Ensaio

Pedro Santos

Portugal Sevens - A pensar no Futuro

 

 

     Ao longo da última década, Portugal assumiu-se como uma das potências europeias de variante de sevens. O facto de termos defesas rápidos e bons no jogo à mão, forneceu a matéria-prima essencial. A desconfiança com que as principais selecções encararam esta variante permitiu diversos títulos europeus.

    Contudo, e apesar dos convites para integrar etapas do Circuito Mundial de Sevens, a nível mundial, Portugal nunca conseguiu traduzir o sucesso regional. A equipa nacional era reconhecida como uma equipa de segunda linha, com um jogo dinâmico e rápido, mas sem capacidade para discutir resultados com as melhores selecções.

    Mas esta situação parece estar a mudar. Mesmo sem um campeonato de sevens minimamente razoável (o que se joga no final da época não é minimamente organizado nem apresenta um carácter competitivo significativo), a selecção nacional de sevens, apelidade de Linces (e não Lobos como sistematicamente é referido) parece estar neste momento a passar a sua fase de maior fulgor a nível mundial.

Depois de na semana passada Portugal ter garantido a presença em todas as etapas do Circuito Mundial do próximo ano, esta semana Portugal foi integrado num grupo da etapa de Tóquio.

    O objectivo passava sobretudo por conseguir ganhar experiência (alguns jogadores estavam a disputar os primeiros torneios) e provar que no próximo ano Portugal pode disputar as etapas com bons resultados, tendo a sua qualificação sido obra do trabalho e mérito dos jogadores nacionais.

O grupo era difícil, Samoa e África do Sul (mesmo sem Cecyl Afrika) eram adversários que muito raramente vencemos e com quem estamos habituados a perder sem grande capacidade de discussão. Já a Escócia (e apesar do histórico ser favorável aos escoceses) era um adversário acessível, e a quem podíamos e devíamos vencer.

    O primeiro dia mostrou uma selecção nacional de alto nível. As derrotas com Samoa (21-20) e África do Sul (12-7) deixaram a sensação de que podíamos facilmente ter vencido, apesar de serem derrotas que não envergonham, antes pelo contrário. A vitória sobre a Escócia (15-7) foi um prémio justo e que permitiu a Portugal disputar a Taça Bowl (a terceira em importância).

No segundo dia de competição, Portugal iniciou a sua participação contra o Japão nos quartos de final da Taça Bowl, e uma vitória por 21-5 permitiu a Portugal avançar para as meias finais. A vitória sobre o Japão foi a terceira em duas semanas, sendo esta equipa a principal "vitima" dos homens de Frederico Sousa.

    As meias-finais colocaram os Estados Unidos no caminho de Portugal, e nem os dois ensaios de Pedro Leal foram suficientes. A derrota por 20-10 impediu Portugal de discutir a final frente à França.

    No final, Portugal terminou o torneio no 11º lugar (em 16 equipas) e na classificação geral do Circuito Mundial, subiu ao 15º lugar (em 27 equipas).

A Taça Cup foi ganha pela Austrália, a Plate pelas Fiji, a Bowl foi ganha pela França e a Taça Shield foi ganha pela Escócia.

    No geral a participação portuguesa foi positiva, conseguimos discutir sempre os resultados, mesmo com as grandes equipas, mostrámos mais uma vez ter excelentes jogadores, Pedro Leal é um playmaker fantástico, ao nível dos melhores do circuito, Carl Murray é bom atacar, mas é sobretudo importante na defesa, Adérito e Foro são dificílimos de parar e conseguem sempre furar a defesa contrária, Sebastião Cunha e Frederico Oliveira dão experiencia e talento e até jovens como Martim Bettencourt ou Francisco Vieira de Almeida têm talento, força e são o futuro desta equipa. Por tudo isto apenas podemos considerar que no próximo ano (com as medidas e estratégias correctas) Portugal pode ser um "caso sério" e continuar a surpreender.

 

 

By Pedro Santos

25
Mar12

Área de Ensaio

Pedro Santos

O sucesso dos Sevens

 

 

    Portugal disputou este fim-de-semana, em Hong Kong, um dos mais importantes torneios de sevens da sua história. Para este desafio, Frederico Sousa chamou os melhores jogadores disponíveis, fragilizando a equipa de XV, que se deslocou à Ucrânia na passada semana. Contudo, a exigência deste torneio assim o justificava.

    O Cathay Pacific / HSBC Hong Kong tinha especial importância, porque serviria para definir quem seriam as 3 equipas que no próximo ano passarão a ser equipas "core", ou seja irão integrar a elite dos sevens mundiais e consequentemente irão disputar todos os torneios (no próximo ano serão 10). Os torneios de sevens, são constituídos pelas equipas "core" que marcam presença em todos os torneios e por equipas convidadas que apenas jogam alguns torneios.      Até aqui, Portugal apenas jogava como convidado, e a passagem a ser uma equipa "core" era muito importante.

    Assim, a organização dividiu este torneio em dois grupos de equipas, um com as melhores equipas mundiais e que já têm presença no circuito do próximo ano, e outro com equipas que apenas jogavam para o objectivo de ficar nas 3 melhores e poder ganhar o estatuto de equipas "core".

    Portugal iniciou a sua campanha num grupo acessível, Guiana, Japão e Rússia, não levantaram grandes problemas a uma equipa portuguesa bem preparada (as últimas semana foram apenas dedicadas aos sevens) e com alguns dos seus melhores jogadores. Homens como Pedro Leal (um dos melhores do mundo em sevens), Adérito Esteves e Gonçalo Foro acrescentam qualidade e tornam a nossa equipa muito mais perigosa.

    Sem grandes problemas, Portugal ganhou o grupo. De seguida o adversário foi o Zimbabué, que é um adversário mais forte do que à primeira vista se pode pensar. De todas as vezes que Portugal venceu o Zimbabué, a margem foi mínima, e ontem não foi diferente. O resultado de 21-17 mostrou a dificuldade que a equipa africana representa, mas o resultado permitiu a Portugal avançar para as meias finais. O adversário foi o Canadá e por 2 pontos apenas, Portugal não logrou chegar à final. Na disputa do 3º lugar, Portugal voltou a vencer o Japão e conseguiu o 3º lugar.

     Desta forma no próximo ano teremos a equipa nacional a disputar o circuito mundial a par de equipas como as Fiji ou a Nova Zelândia, o que deverá ser motivo de orgulho para todos.

    Mas as dificuldades também serão maiores, por um lado os apoios do IRB crescerão, mas o nível de exigência também. Se queremos uma equipa para competir com os melhores é necessário criar uma selecção de sevens que se dedique apenas a esta variante. As constantes trocas entre sevens e XV apenas prejudicam os jogadores, que têm sistematicamente de se adaptar a novas realidades e modelos de jogo.

     O grande problema é que não temos capital humano para formar uma equipa de XV e uma equipa de sevens igualmente fortes, com jogadores distintos. Ainda para mais a selecção de XV começará a disputar a qualificação para o RWC 2015.

Portanto, caberá à Federação e à equipa técnica decidir qual será a aposta, sabendo que dificilmente poderemos estar em duas frentes com resultados positivos.

 

    Começou este fim-de-semana a qualificação para o RWC 2015. A qualificação começou na América Central, com o México a receber e a vencer a Jamaica. Ao longo dos próximos 2 anos, mais de 100 equipas lutarão pelos lugares disponíveis na grande prova.

    O facto de a qualificação começar na América Central apenas realça a aposta que a IRB está a fazer nesta parte do mundo, que é neste momento uma das menos desenvolvidas em termos de rugby. Se tentarmos analisar ao várias regiões do mundo, todas têm uma/duas equipas de bom nível, menos a América Central. Embora existam condições em equipas como o México, a Jamaica, a Guiana ou a Bermuda, ainda existe muito caminho a percorrer para algumas destas equipas atingir um nível qualitativo superior.

29
Mai11

Área de Ensaio

Pedro Santos

IRB Sevens World Series

 

 

     

       Como se deve imaginar, o rugby de sevens é bastante diferente do rugby de XV. E as diferenças não existem apenas no número de jogadores, toda a dinâmica do jogo é completamente diferente.

       Esta variante é muito previsível, ou seja, há jogadas que por vezes ainda não chegaram a meio do campo e já se sabe que vai ser ensaio. Há muito espaço para tão poucos jogadores, logo menos contacto e menos placagens. Exige–se a cada jogador mais velocidade, visão de jogo e poder de arranque do que propriamente capacidade de placar ou de lutar pela bola nas fases estáticas do jogo.

       Contudo, reconheço que a variante de sevens tem mais espectáculo. Há mais ensaios, boas jogadas, e o facto de nos torneios se realizarem vários jogos (um jogo de sevens tem apenas 14 minutos) cria um ambiente nos estádios que a variante de XV não consegue proporcionar. E também por isto, será esta a variante a representar o rugby nos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro.

       E escrevo sobre esta variante, porque se realiza, neste fim-de-semana, a etapa final do Circuito Mundial de Sevens. O IRB Sevens World Series (é este o nome do circuito) realiza-se ao longo de uma época desportiva, e está dividido em oito torneios. Ou seja em vez de se concentrar o circuito apenas num período de tempo, divide–se por torneios que se distribuem no tempo (de Dezembro a Maio) e no espaço, pois as etapas realizam–se por várias partes do mundo. Desde os Emirados Árabes Unidos à Escócia, são vários os países que recebem, durante um fim-de-semana, uma etapa deste prestigiante circuito.

       Em cada etapa do circuito mundial, 16 selecções (algumas residentes, outras convidadas) competem numa primeira fase divididas em 4 grupos de 4 equipas. Consoante a classificação desta primeira fase, as equipas avançam para outras fases. Ou seja o primeiro classificado jogará com os primeiros dos outros grupos na disputa da Taça Cup, os segundos disputam a Taça Plate, os terceiros a Taça Bowl e os últimos a Taça Shield. Mais tarde, as equipas que vão perdendo em cada taça vão sendo repescadas para a taça anterior, ou seja uma equipa que seja eliminada na Taça Bowl, irá de seguida “cair” para a Taça Shield. No final, as equipas, consoante a sua classificação, recebem pontos, e esses pontos vão transitando de etapa em etapa. No final do circuito, a equipa que tiver somado mais pontos nas diversas etapas/torneios, sagra–se vencedora da IRB Sevens World Series. As crónicas selecções que dominam a variante são a Nova Zelândia e as Ilhas Fiji. E, este ano, nem foi preciso chegar ao último torneio desta edição para se conhecer o vencedor. A Nova Zelândia, 3 anos depois voltou a vencer o circuito, sucedendo a Samoa.

       Nesta variante, Portugal pode afirmar que joga de igual para igual com qualquer selecção. Embora equipas como a Nova Zelândia, as Fiji ou a África do Sul continuem a ser superiores a Portugal, as diferenças abismais que se verificam no rugby de XV, aqui são muito menos evidentes. Portugal é actualmente considerado uma das melhores equipas europeias de rugby de sevens, pois já mostrou que pode vencer qualquer equipa. Por exemplo o jogador Pedro Leal, é considerado um dos melhores executantes nesta variante. No circuito deste ano, Portugal mostrou ser capaz do melhor e do pior. Por exemplo em Hong Kong atingiu uma fase adiantada da Taça Plate, o que valeu os únicos pontos no circuito deste ano. Mas tanto a semana passada em Londres como esta semana em Edimburgo, a prestação dos “Lobos” foi medíocre, o que em parte se pode explicar pela ausência de jogadores importantes devido a lesão.

       O que também tem impedido a Selecção Portuguesa de Sevens de se afirmar ainda mais no panorama mundial é o facto de os jogadores de sevens serem os mesmos de XV. Ora isto é uma situação que não faz sentido. São pouquíssimas as selecções que disputam o circuito mundial e não fazem uma separação das suas selecções. Apenas Portugal, a Espanha, a Rússia e a França (mas a França não aposta deliberadamente nos sevens, apenas o começou a fazer há pouco tempo) e pequenas selecções que são convidadas a disputar algum torneio continuam a registar este curioso facto.

       Esta situação apenas traz problemas. Obriga os jogadores a disputarem mais jogos e a desgastarem-se mais, muitas vezes os jogadores vão para os sevens com as dinâmicas do rugby de XV que são completamente diferentes. E claro que ainda há a questão das datas dos jogos que por vezes se sobrepõem.

       À parte disto, Portugal tem-se conseguido destacar nesta variante, e há que saber retirar as ilações necessárias para se puder aproveitar o que de bom tem sido feito para adaptar no rugby de XV.

 

By Pedro Santos