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Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

Minuto Zero

06
Mai12

Área de Ensaio

Pedro Santos

Despedida

 

    Ao longo de mais de ano, tentei semanalmente trazer a este espaço a actualidade do rugby nacional e internacional, e criar mais um espaço onde fosse possível debater sobre um desporto que está a crescer (lentamente) em Portugal.

Ao longo deste tempo tentei da melhor forma possivel analisar e explicar um desporto por muitos desconhecido, aproveitando a experiencia pessoal que tenho para melhor informar os que seguiam esta crónica.

    Durante esta aventura muito se passou, um campeonato mundial, um campeonato nacional e diversas outras provas, que tentei sempre acompanhar e trazer a este espaço para tentar dar maior visibilidade à modalidade.

Contudo, e neste momento em que o projecto segue um novo rumo, parece ser o momento certo para também eu seguir um novo trajecto. A nível pessoal deixou de ser possível continuar a acompanhar a actualidade do rugby nacional e internacional, e sendo assim é difícil trazer semanalmente as noticias e os resultados que interessam.

    Desta forma, tenho de abandonar o projecto, com a certeza de que este continuará a crescer e a trazer noticias e opinioes de grande interesse.

Numa altura em que o rugby nacional enfrenta diversos desafios, e as dúvidas são mais que as certezas, não poderei continuar a expor argumentos e factos relativos a uma modalidade que ainda é desprezada, e que neste ano que passou parece ter regredido um pouco.

    A todos os que contibuiram para a este ano de crónicas apenas posso agradecer. Aos que leram, aos que editaram, aos que comentaram, aos que permitiram dezenas de crónicas, os meus agradecimentos.

Ao projecto desejo todas as felicidades, e prometo continuar a acompanhar tanto quanto me seja possível.

 

Obrigado

 

By Pedro Santos

22
Abr12

Área de Ensaio

Pedro Santos

CDUL cada vez mais perto

 

 

    O Estádio Universitário de Lisboa assistiu este sábado ao "passo de gigante" que o CDUL deu em direcção à finalíssima que vai decidir o novo campeão nacional de rugby.

    A equipa azul, recebeu e venceu o GD Direito por 13-12, num jogo que apesar de equilibrado nunca foi verdadeiramente bem jogado. O CDUL entrou no jogo a vencer, logo no primeiro minuto Carl Murray respondeu à solicitação de Pedro Cabral e inaugurou o marcador, quando as duas equipas ainda estavam a "aquecer os motores". A partir daí o jogo centrou-se nos avançados, com o GD Direito a ganhar ligeira vantagem, mas sem conseguir traduzir isso em situações de perigo, muito por culpa de (mais uma vez) não conseguir interligar o jogo com os seus defesas. Já a equipa azul tentou utilizar a mesma receita que lhe valeu a vitória sobre a Agronomia, mas nem Pinto Magalhães nem Pedro Cabral conseguiam colocar a bola rápida e em condições em Frederico Oliveira, Gonçalo Foro ou Carl Murray, limitando-se a transmitir a bola lateralmente e de forma previsível. Apesar das dificuldades o GD Direito conseguiu reduzir no 1º tempo, fruto de duas penalidades de Gonçalo Malheiro (será que já não tem qualidade para a selecção?) fixando o resultado a meio da primeiro tempo em 7-6.

    As duas equipas limitavam-se a defender o jogo previsível do lado contrário, com defesas bem organizadas, mas ataques lentos e demasiado centrados nos avançados. A acabar a 1ª parte, Malheiro virou o resultado com um bom drop (9-7), mas na bola de saída uma penalidade permitiu a Pedro Cabral levar o CDUL em vantagem para o intervalo.

O GD Direito ainda conseguiu voltar à vantagem por 12-10 (mais uma vez Malheiro), mas com o avançar da 2ª parte os homens de Monsanto começaram a mostrar dificuldades físicas evidentes, o que condicionou o seu jogo. O CDUL passou a controlar a iniciativa de ataque e com maior capacidade física, foi montando sucessivas fases de ataque, esperando que uma desconcentração adversária. Desconcentração essa que surgiu já mesmo no final, uma penalidade que permitiu a Pedro Cabral (falhou 4 pontapés durante a partida) fazer o 13-12 e dar os 4 pontos ao CDUL.

    O GD Direito, voltou a mostrar uma excessiva dependencia dos avançados, um Gonçalo Malheiro excelente no jogo ao pé, mas com dificuldades em abrir jogo nos seus defesas e sobretudo uma quebra fisica na segunda parte, de qualquer forma podiam ter ganho o jogo. O CDUL teve maior capacidade fisica, inteligência e também aquela estrelinha que faz os campeões, e é neste momento a melhor equipa do campeonato e aquela que melhor alia defesas e avançados, tendo jogadores de grande nível em todas as posições.

    A Agronomia foi até Coimbra vencer por 20-0, colocando novamente à vista as dificuldades de uma equipa que chegou a ser a "sensação" do campeonato. A partida foi totalmente dominada pela equipa lisboeta, que poderia ter ganho por uma margem mais dilatada, contudo este jogo serviu sobretudo para rodar jogadores e fazer regressar alguns lesionados. A equipa da Agronomia decerto que vai crescer a partir de agora, com o regresso de Jacques Le Roux e Cardoso Pinto, a equipa irá melhorar e dar luta no acesso à finalíssima. Já a equipa de Coimbra, é a desilusão desta fase, ninguém lhes exigia o título, eram (e são) uns outsiders, mas no mínimo deveriam dar maior luta, pois já provaram que são capazes de fazer melhor. A presença nesta fase nunca pode ser encarada como um prémio, mas sim como uma motivação para fazer mais e melhor.

    Neste momento, o CDUL lidera com 16 pontos, a Agronomia está em 2º com 12 pontos, o GD Direito é 3º com 10 pontos e a Académica está na ultima posição com 1 ponto.

 

    Na fase de descida, o Belenenses voltou a provar que não merece estar aqui e que na luta pelo título poderiam fazer boa figura, contudo não conseguiram esse acesso apenas por culpa própria, situação que deverá ser reposta na próxima época. A equipa deslocou-se ao Estádio Nacional para "cilindrar" o Técnico por 98-17, e não há muito a dizer sobre este jogo. Superioridade total, 16 ensaios marcados e uma equipa do Técnico que parece não pertencer a este lote. Uma equipa com a história e o palmarés do Técnico merece mais que uma serie de exibições e resultados que em nada dignificam o clube, e a descida à 1ª Divisão parece evidente.

    Já o CDUP recebeu e venceu o Benfica em Leça da Palmeira, por 27-17. Os portuenses marcaram cedo e aos 5 minutos já venciam por 10-0, e com essa vantagem limitaram-se a gerir o resultado, perante uma trabalhadora mas pouco eficaz equipa encarnada. Tal como o Técnico, uma equipa como o Benfica, um dos fundadores do rugby nacional, com uma palmarés vastíssimo, onde pontificam por exemplo algumas Taças Ibéricas, merecia mais do que lutar pela manutenção e arrastar-se nos últimos lugares da classificação. Mas o que é que se pode pedir quando a direcção do clube esqueceu por completo a modalidade, que vive "desterrada" em Almada e que apenas sobrevive graças ao trabalho de alguns ex-jogadores e apreciadores da história do rugby do Benfica? Nada de bom se prevê para o futuro do rugby encarnado.

    A classificação segue com o Belenenses em 1º com 19 pontos, o CDUP é 2º com 11 pontos, o Benfica está em 3º lugar com 7 pontos e o Técnico é último com 2 pontos.

 

By Pedro Santos

15
Abr12

Área de Ensaio

Pedro Santos

Campeonato ao rubro

 

 

    A fase final da Divisão de Honra que se iniciou na passada semana, trouxe este fim de semana mais jogos de qualidade e um novo líder na luta pelo titulo. Com quatro jogos para disputar, CDUL, Agronomia e Direito ainda podem ambicionar o título.

    No sábado, o GD Direito deslocou-se até Coimbra para defrontar a equipa da Académica. Ambas as equipas vinham de derrotas na jornada inaugural, mas o GD Direito tinha mais a perder, uma vez que uma derrota praticamente tirava a equipa da luta pelo título.

    Em relação ao jogo passado, o GD Direito apresentou algumas alterações, João Correia entrou para a 1ª linha, Gonçalo Malheiro e José Pinto formaram a dupla de médios e nas linhas atrasadas, Adérito Esteves e Miguel Leal foram também novidades. Já a equipa da casa notava apenas uma alteração, com a entrada de André Matias para a 2ª linha, mantendo-se os cincos estrangeiros da equipa a jogar de inicio.

    O resultado final foi de 25-11 a favor do GD Direito, mas o resultado podia ter sido mais dilatado. Sem fazer um jogo de grande nível, os "advogados" conseguiram criar várias situações de perigo e sobretudo colocar o poder que têm nos defesas em jogo (a isto não será estranho a nova dupla de médios) e a Académica nunca conseguiu contrair esse domínio. Mais uma vez ficou provado que a equipa de Coimbra ainda não tem capacidade de se bater de igual para igual com os principais candidatos e desta forma o GD Direito continua a poder ambicionar o titulo.

    Na Tapada, a Agronomia recebeu o CDUL num jogo que colocava frente a frente os dois primeiros classificados desta fase. A Agronomia entrou em campo com vantagem pontual, mas o CDUL sabia que uma vitória colocaria a equipa na liderança da prova.

    A Agronomia apresentou-se ainda sem Cardoso Pinto e com Francisco Mira ainda na posição "10", enquanto que o CDUL viu regressar Pedro Cabral para médio de abertura, passando Penha e Costa para a ponta e saindo Appleton do XV inicial.

    Contudo uma equipa que apresenta nas linhas atrasadas homens como Frederico Oliveira, Gonçalo Foro, Carl Murray e Pedro Cabral tem de ser sempre candidato e neste momento o CDUL parece ser o mais forte pretendente ao título nacional.

    Mais do que a vitória 40-19, ficou expressa a superioridade do CDUL sobre uma equipa da Agronomia que parece algo perdida na manobra ofensiva sem Cardoso Pinto. A verdade é que neste momento é a Agronomia que se vê atrás na classificação e a necessitar de esperar que o CDUL perca pontos. Quatro jogos, quatro finais e muita expectativa em saber como serão os próximos jogos.

    O CDUL lidera com 12 pontos, o Direito segue com 9, Agronomia com 8 pontos e a Académica está na última posição com 1 ponto.

Na fase de descida, o Belenenses continua o seu "passeio", provando mais uma vez que o seu lugar não é definitivamente neste "campeonato". Os "azuis do Restelo" receberam e venceram o Benfica por 43-27, mostrando a sua superioridade, enquanto que a equipa benfiquista mostrou que ainda não está ao nível em condições de disputar o 1º lugar nesta fase.

    O CDUP veio até Lisboa vencer o Técnico por 22-20, acentuando ainda mais a crise do Técnico que parece cada vez mais incapaz de fugir à despromoção. A equipa do Norte continua a fazer um trajecto tranquilo.

    Nesta altura o Belenenses é líder com 12 pontos, Benfica e CDUP seguem com 7 e o Técnico é último com 2 pontos.

 

By Pedro Santos

08
Abr12

Área de Ensaio

Pedro Santos

As decisões do Campeonato Nacional

 

 

    Começou este fim-de-semana a fase final do Campeonato Nacional, que determinará quem será o Campeão Nacional, e quem descerá de divisão.

Esta é a primeira vez que se adopta este modelo competitivo, em que quatro equipas jogam pelo título (Agronomia, Direito, CDUL e Académica) e quatro jogam para não descer (Belenenses, Benfica, CDUP e Técnico). Da primeira fase, cada equipa traz 4,3,2 ou 1 pontos consoante a posição em que se classificou.

    Assim, no "campeonato do título", o CDUL recebeu a Académica e mostrou que pretende conquistar o título 21 anos depois. O CDUL aproveitou esta paragem para reforçar a equipa, com as entradas de dois internacionais portugueses, Tiago Girão e David dos Reis e foi sem grandes dificuldades que derrotou a Académica por 37-0. A Académica, apesar da boa primeira fase que realizou, não está ao nível dos outros três candidatos (já tinha ficado provado na Final da Taça de Portugal), apesar de possuir um pack avançado pesado e forte, sente sempre dificuldades em soltar as linhas atrasadas, ficando o seu jogo parado e com pouca dinâmica. Já o CDUL, apresenta nos defesas a sua principal arma, tem homens como Gonçalo Foro, Frederico Oliveira, Francisco Appleton ou Penha e Costa e sabe como pontenciar as suas qualidades, colocando em campo um jogo aberto e fluído.

Entre estas duas equipas, estamos perante um real candidato ao título (será o CDUL capaz de se superiorizar a Agronomia?) e uma equipa que já realizou uma época excepcional, mas sem capacidade de voos maiores.

    Ainda na luta pelo campeonato, a Agronomia recebeu e venceu na Tapada o GD Direito por 13-6. As equipas apresentaram-se desfalcadas (Agronomia sem Cardoso Pinto ou Jacques Le Roux, Direito sem João Correia), mas a Agronomia voltou a demonstrar que está acima do nível competitivo dos "advogados". O GD Direito, já na fase regular tinha desiludido, fazendo apenas o mínimo para conseguir o segundo lugar, e de uma equipa recheada de internacionais é de esperar mais. A equipa continua "orfã" da qualidade de Pedro Leal (bem tentou inscreve-lo novamente) e sem médios criativos (José Pinto continua com impedimentos) afunila constantemente o jogo nos avançados, esquecendo que tem homens como Adérito Esteves nas pontas. Já a equipa da Tapada, parece ser o mais sério candidato ao título, apresentando jogadores de qualidade nas várias posições (sem Cardoso Pinto jogou Francisco Mira e cumpriu), com destaque para José Lima, que neste jogo realizou uma excelente partida.

    No final deste jornada, Agronomia lidera com 8 pontos (4 da primeira fase+4 da vitória), o CDUL é segundo com 7 pontos (2 da primeira fase+5 da vitória), o GD Direito está em 3º lugar com 4 pontos (3 da primeira fase+1 ponto bónus defensivo) e a Académica está em último lugar com 1 ponto que trouxe da primeira fase.

    No "campeonato da descida", o Belenenses deslocou-se a Leça da Palmeira para defrontar o CDUP e com era de esperar venceu por 28-6. O Belenenses é claramente uma equipa superior a qualquer uma das que estão nesta fase, e estranho será se não vencer todas as partidas.

Já o CDUP certamente fugirá à descida, às custas do Técnico, mas a equipa do Porto necessitará de evoluir para no próximo ano puder estar num nível superior.

    O Benfica recebeu e venceu na Sobreda o Técnico, por 27-10. O Técnico já demonstrou na primeira fase que é a equipa menos preparada deste campeonato, e que dificilmente fugirá à descida, já o Benfica, apesar das "turbulências" que afetam a equipa parece ser capaz de conseguir o segundo lugar desta fase, apesar de estar ainda longe dos anos aúreos do clube lisboeta.

    Na fase de descida, O Belenenses é 1º com 9 pontos (4 da primeira fase+5 da vitória), o Benfica é 2º com 6 pontos (2 da primeira fase+4 da vitória), o CDUP é 3º com 3 pontos (3 da primeira fase) e o Técnico é 4º com 1 ponto.

 

By Pedro Santos

01
Abr12

Área de Ensaio

Pedro Santos

Portugal Sevens - A pensar no Futuro

 

 

     Ao longo da última década, Portugal assumiu-se como uma das potências europeias de variante de sevens. O facto de termos defesas rápidos e bons no jogo à mão, forneceu a matéria-prima essencial. A desconfiança com que as principais selecções encararam esta variante permitiu diversos títulos europeus.

    Contudo, e apesar dos convites para integrar etapas do Circuito Mundial de Sevens, a nível mundial, Portugal nunca conseguiu traduzir o sucesso regional. A equipa nacional era reconhecida como uma equipa de segunda linha, com um jogo dinâmico e rápido, mas sem capacidade para discutir resultados com as melhores selecções.

    Mas esta situação parece estar a mudar. Mesmo sem um campeonato de sevens minimamente razoável (o que se joga no final da época não é minimamente organizado nem apresenta um carácter competitivo significativo), a selecção nacional de sevens, apelidade de Linces (e não Lobos como sistematicamente é referido) parece estar neste momento a passar a sua fase de maior fulgor a nível mundial.

Depois de na semana passada Portugal ter garantido a presença em todas as etapas do Circuito Mundial do próximo ano, esta semana Portugal foi integrado num grupo da etapa de Tóquio.

    O objectivo passava sobretudo por conseguir ganhar experiência (alguns jogadores estavam a disputar os primeiros torneios) e provar que no próximo ano Portugal pode disputar as etapas com bons resultados, tendo a sua qualificação sido obra do trabalho e mérito dos jogadores nacionais.

O grupo era difícil, Samoa e África do Sul (mesmo sem Cecyl Afrika) eram adversários que muito raramente vencemos e com quem estamos habituados a perder sem grande capacidade de discussão. Já a Escócia (e apesar do histórico ser favorável aos escoceses) era um adversário acessível, e a quem podíamos e devíamos vencer.

    O primeiro dia mostrou uma selecção nacional de alto nível. As derrotas com Samoa (21-20) e África do Sul (12-7) deixaram a sensação de que podíamos facilmente ter vencido, apesar de serem derrotas que não envergonham, antes pelo contrário. A vitória sobre a Escócia (15-7) foi um prémio justo e que permitiu a Portugal disputar a Taça Bowl (a terceira em importância).

No segundo dia de competição, Portugal iniciou a sua participação contra o Japão nos quartos de final da Taça Bowl, e uma vitória por 21-5 permitiu a Portugal avançar para as meias finais. A vitória sobre o Japão foi a terceira em duas semanas, sendo esta equipa a principal "vitima" dos homens de Frederico Sousa.

    As meias-finais colocaram os Estados Unidos no caminho de Portugal, e nem os dois ensaios de Pedro Leal foram suficientes. A derrota por 20-10 impediu Portugal de discutir a final frente à França.

    No final, Portugal terminou o torneio no 11º lugar (em 16 equipas) e na classificação geral do Circuito Mundial, subiu ao 15º lugar (em 27 equipas).

A Taça Cup foi ganha pela Austrália, a Plate pelas Fiji, a Bowl foi ganha pela França e a Taça Shield foi ganha pela Escócia.

    No geral a participação portuguesa foi positiva, conseguimos discutir sempre os resultados, mesmo com as grandes equipas, mostrámos mais uma vez ter excelentes jogadores, Pedro Leal é um playmaker fantástico, ao nível dos melhores do circuito, Carl Murray é bom atacar, mas é sobretudo importante na defesa, Adérito e Foro são dificílimos de parar e conseguem sempre furar a defesa contrária, Sebastião Cunha e Frederico Oliveira dão experiencia e talento e até jovens como Martim Bettencourt ou Francisco Vieira de Almeida têm talento, força e são o futuro desta equipa. Por tudo isto apenas podemos considerar que no próximo ano (com as medidas e estratégias correctas) Portugal pode ser um "caso sério" e continuar a surpreender.

 

 

By Pedro Santos

25
Mar12

Área de Ensaio

Pedro Santos

O sucesso dos Sevens

 

 

    Portugal disputou este fim-de-semana, em Hong Kong, um dos mais importantes torneios de sevens da sua história. Para este desafio, Frederico Sousa chamou os melhores jogadores disponíveis, fragilizando a equipa de XV, que se deslocou à Ucrânia na passada semana. Contudo, a exigência deste torneio assim o justificava.

    O Cathay Pacific / HSBC Hong Kong tinha especial importância, porque serviria para definir quem seriam as 3 equipas que no próximo ano passarão a ser equipas "core", ou seja irão integrar a elite dos sevens mundiais e consequentemente irão disputar todos os torneios (no próximo ano serão 10). Os torneios de sevens, são constituídos pelas equipas "core" que marcam presença em todos os torneios e por equipas convidadas que apenas jogam alguns torneios.      Até aqui, Portugal apenas jogava como convidado, e a passagem a ser uma equipa "core" era muito importante.

    Assim, a organização dividiu este torneio em dois grupos de equipas, um com as melhores equipas mundiais e que já têm presença no circuito do próximo ano, e outro com equipas que apenas jogavam para o objectivo de ficar nas 3 melhores e poder ganhar o estatuto de equipas "core".

    Portugal iniciou a sua campanha num grupo acessível, Guiana, Japão e Rússia, não levantaram grandes problemas a uma equipa portuguesa bem preparada (as últimas semana foram apenas dedicadas aos sevens) e com alguns dos seus melhores jogadores. Homens como Pedro Leal (um dos melhores do mundo em sevens), Adérito Esteves e Gonçalo Foro acrescentam qualidade e tornam a nossa equipa muito mais perigosa.

    Sem grandes problemas, Portugal ganhou o grupo. De seguida o adversário foi o Zimbabué, que é um adversário mais forte do que à primeira vista se pode pensar. De todas as vezes que Portugal venceu o Zimbabué, a margem foi mínima, e ontem não foi diferente. O resultado de 21-17 mostrou a dificuldade que a equipa africana representa, mas o resultado permitiu a Portugal avançar para as meias finais. O adversário foi o Canadá e por 2 pontos apenas, Portugal não logrou chegar à final. Na disputa do 3º lugar, Portugal voltou a vencer o Japão e conseguiu o 3º lugar.

     Desta forma no próximo ano teremos a equipa nacional a disputar o circuito mundial a par de equipas como as Fiji ou a Nova Zelândia, o que deverá ser motivo de orgulho para todos.

    Mas as dificuldades também serão maiores, por um lado os apoios do IRB crescerão, mas o nível de exigência também. Se queremos uma equipa para competir com os melhores é necessário criar uma selecção de sevens que se dedique apenas a esta variante. As constantes trocas entre sevens e XV apenas prejudicam os jogadores, que têm sistematicamente de se adaptar a novas realidades e modelos de jogo.

     O grande problema é que não temos capital humano para formar uma equipa de XV e uma equipa de sevens igualmente fortes, com jogadores distintos. Ainda para mais a selecção de XV começará a disputar a qualificação para o RWC 2015.

Portanto, caberá à Federação e à equipa técnica decidir qual será a aposta, sabendo que dificilmente poderemos estar em duas frentes com resultados positivos.

 

    Começou este fim-de-semana a qualificação para o RWC 2015. A qualificação começou na América Central, com o México a receber e a vencer a Jamaica. Ao longo dos próximos 2 anos, mais de 100 equipas lutarão pelos lugares disponíveis na grande prova.

    O facto de a qualificação começar na América Central apenas realça a aposta que a IRB está a fazer nesta parte do mundo, que é neste momento uma das menos desenvolvidas em termos de rugby. Se tentarmos analisar ao várias regiões do mundo, todas têm uma/duas equipas de bom nível, menos a América Central. Embora existam condições em equipas como o México, a Jamaica, a Guiana ou a Bermuda, ainda existe muito caminho a percorrer para algumas destas equipas atingir um nível qualitativo superior.

18
Mar12

Área de Ensaio

Pedro Santos

E o vencedor é...Gales!

 

    A selecção portuguesa de rugby deslocou-se este sábado a Odessa, Ucrânia. O propósito foi defrontar a selecção da casa na última jornada do Torneio Europeu das Nações.

    Portugal pretendia apenas acabar em beleza e somar mais uma vitória, para começar desde já a preparar o próximo torneio (onde começará a qualificação para o Mundial). A Ucrânia tentava nesta partida a sua primeira vitória no torneio, sabendo desde já que será despromovida na próxima época, dando lugar à Bélgica.

    Na verdade, Portugal deslocou-se a Odessa muito desfalcado por duas razões, primeiro Errol Brain não pôde contar com os jogadores que jogam no estrangeiro que não foram libertados pelos seus clubes, segundo muitos dos internacionais foram incluídos na selecção de sevens que disputa na próxima semana o torneio de Hong Kong, que definirá as 3 equipas que na próxima época passarão a fazer parte das equipas "core", as que têm presença garantida em todos os torneios. Desta forma muitos dos convocados foram chamados pela primeira vez e poucos eram os jogadores com experiência internacional.

    Sobre este jogo não me posso alongar, na verdade o jogo não foi transmitido por nenhum meio de comunicação ucraniano, e consequentemente em Portugal não houve forma de ver o jogo.

    Segundo informações da FPR, Portugal perdeu 35-33. A vitória ucraniana foi atingida aos 84 minutos (!) através de um pontapé de penalidade. De destacar a exibição de Yannick Ricardo, com 16 pontos. Os 3 ensaios portugueses foram marcados por António Aguilar (2) e Gonçalo Uva.

    No global, a participação portuguesa no Torneio Europeu das Nações 2012 saldou-se em 4 derrotas (Roménia, Geórgia, Rússia e Ucrânia) e uma vitória (Espanha). Se das 4 derrotas, uma é perfeitamente aceitável (digam o que disserem não estamos ao nível da Geórgia), as outras são recuperáveis e podem facilmente ser transformadas em vitórias. Se queremos estar em Inglaterra em 2015 é bom que se continue a trabalhar e olhar para este torneio como algo a não repetir.

 

    Chegou ao fim o Torneio das 6 Nações. Foi um óptimo torneio, cheio de emoção e espectáculo e com grandes jogadas, ensaios e placagens. O Pais de Gales mostrou que as boas indicações dadas no RWC não eram fruto do acaso e não deixou os seus créditos por mãos alheias. Venceu e venceu bem, ainda por cima com um Grand Slam. Mais importante do que analisar os jogos, importa analisar a campanha das 6 equipas.

    Em último lugar ficou a Escócia. Com 5 derrotas, não logrou sequer pontuar. No último jogo a Escócia foi derrotada pela Itália por 13-6. Na verdade, ninguém apostava na Escócia. Fizeram um Mundial decente, mas continuam longe das melhores selecções europeias. O processo de renovação tem sido duro e parece que demorará mais algum tempo até os Escoceses voltarem ao nível que habituaram. De positivo, o destaque vai para Richie Gray, a nova Escócia passará sempre pelo "gigante" segunda linha.

    A Itália está habituada a ocupar os últimos lugares desta classificação e este ano não foi excepção. No inicio até parecia haver alguma expectativa em relação aos italianos, mas estas não se confirmaram. A Itália fez bons jogos, conseguiu a espaços ser superior às melhores selecções, mas no final as derrotas foram inevitáveis. As derrotas foram sobretudo fruto de erros, que apenas se ultrapassam continuando a jogar a este nível. O tão aclamado "pack avançado" italiano acabou por desiludir, ainda mais depois da lesão de Castogiovanni. De positivo, vitória sobre a Escócia que deu os únicos 2 pontos na competição.

    Em 4º lugar ficou a França (segunda pior classificação de sempre). Eram à partida apontados como os principais favoritos, fruto do 2º lugar no RWC 2011. Contudo não se confirmou, a França foi uma desilusão. Parece que nunca entraram realmente nos jogos, em certos momentos os jogadores pareciam ainda com a cabeça na Nova Zelândia. Pior que tudo foi a perda da identidade, os franceses tentavam sempre o jogo ao pé,  ao contrário daquilo que os caracteriza, o jogo à mão em progressão e sempre com o ensaio em mente. Parece que a troca de treinador não foi feliz, e o futuro de Saint-Andre parece negro neste momento. Positivo, Fofana é um finalizador de luxo, e surpreendeu muitos com os seus ensaios.

    A Irlanda é uma equipa que tanto está habituada a ficar em último como em primeiro, e nunca se pode saber o que esperar dos irlandeses. O 3º acaba por ser um prémio justo. Sem Brian O'Driscoll, a expectativa era perceber até que ponto podiam os Irlandeses surpreender. Deram luta, é certo, fizeram excelentes jogos (Gales e Escócia), mas não conseguiram mostrar mais que isso. Neste momento a Irlanda não consegue estar ao nível de Gales ou Inglaterra, mas o futuro pode revelar surpresas. O melhor foi Jonathan Sexton, que conseguiu "sentar" Ronan O'Gara.

    O segundo lugar ficou para a Inglaterra, que foi uma agradável surpresa. A mudança de treinador trouxe Stuart Lancaster para o "leme" da Equipa da Rosa, homem habituado a treinar avançados. Mas a mudança foi mais radical, a Inglaterra apresentou-se recheada de jovens com o valor internacional por confirmar. Por confirmar estava também como seria a reacção da equipa no primeiro torneio sem Wilkinson. A campanha começou tímida, mas com o tempo a equipa foi-se consolidando e chegou ao fim em bom plano, com uma vitória por 30-9 contra a Irlanda. O problema foi mesmo a derrota com Gales, mas como seria se aquele ensaio no último segundo tivesse sido validado? Não haverá inglês que não pense isto.

    A vitória viajou até Gales. Foi justa. Foram os melhores, nunca vacilaram e mostraram sempre um rugby de alto nível, atractivo e de ataque. Gales tem uma equipa jovem onde se destacam homens como Sam Warburton (o try-saver que fez a Tuilagi é das coisas mais maravilhosas que vi neste torneio) e Leigh Halfpenny. A juventude dos defesas fica completa com a maturidade dos avançados, como Adam Jones ou Alun-Wyn-Jones.

O Grand Slam é apenas mais uma honra para uma equipa que promete voos ainda maiores.

Infelizmente acabou o espectáculo no Hemisfério Norte, viremos agora a nossa atenção mais para Sul, onde a festa começará em breve.

 

By Pedro Santos

11
Mar12

Área de Ensaio

Pedro Santos

A Primeira Vitória dos Lobos

 

 

 

    Regressou esta semana o rugby internacional de alto nível, e numa altura em que o Torneio das 6 Nações se aproxima do fim, muita coisa está ainda em disputa, e apesar das apostas recaírem sobre Gales, nada está ainda decidido.

 

    Mas vamos por partes. No Sábado, Portugal recebeu a Espanha em Coimbra, em jogo a contar para o Torneio Europeu das Nações. Depois de 3 derrotas, Portugal ameaçava entrar numa espiral negativa que poderia trazer efeitos psicológicos graves. Por seu lado a Espanha vinha de uma moralizadora serie de óptimos resultados, tendo como ponto alto a vitória sobre a Geórgia. Na verdade ambas as equipas tinham muito a perder, sobretudo a Espanha que ainda ambicionava vencer o Torneio deste ano.

    Na equipa portuguesa destacavam-se as ausências de Bardy e Gardener, sendo a linha defensiva composta quase em exclusivo por homens do CDUL. Já a Espanha perante tão importante partida, trouxe as principais armas de França e Inglaterra, de facto o rugby espanhol tem evoluído bastante e hoje em dia individualmente podemos considerar que são uma equipa superior a Portugal.

    A primeira parte foi disputada em ritmo lento, com Portugal a acumular erros (desaproveitados pelos espanhóis) e sem grande capacidade de construir, salvando-se os pontapés de Pedro Leal.

    A segunda parte trouxe maior organização ofensiva e como tal não foi de estranhar os dois ensaios, primeiro por David dos Reis e depois por Mike Tadjer Barbosa, ambos magistralmente assistidos por Pedro Leal.

    No final o resultado fixou-se em 23-17 a favor de Portugal.

De positivo destaca-se a continuidade do poderio das formações ordenadas, o maul dinâmico que parece uma aposta desta equipa técnica (e durante tantos anos tivemos tantas dificuldades em defender maul’s), a exibição de homens como David dos Reis, Pedro Leal (é defesa, perde-se como formação), Francisco Pinto Magalhães e Lourenço Kadosh.

De negativo, os alinhamentos continuam a ser descoordenados, em certos momentos parece que a equipa está “ao sabor da maré” sem uma estratégia coordenada de ataque, e a exibição de Yannick Ricardo, que não tendo jogado mal, e sendo um jogador de qualidade, não parece ao nível da titularidade nesta selecção, principalmente para quem vê regularmente Duarte Cardoso Pinto jogar na Agronomia.

    Enfim, é uma vitória positiva, fruto do trabalho colectivo e que deve servir de base para Torneio Europeu das Nações do próximo ano, quando se começará a definir os lugares no RWC.

 

    O Torneio das 6 Nações arrancou no sábado com o País de Gales a receber a Itália. Os transalpinos procuravam a primeira vitória neste certame, onde apesar das boas exibições não têm logrado vencer, tendo neste momento zero pontos. Já Gales, apenas pretendia a vitória, pois são a única equipa que ainda pode chegar ao Grand Slam (torneio apenas com vitórias).

    A primeira parte foi algo amorfa, sem ensaios e com a defesa italiana a evidenciar-se, embora cometendo algumas penalidades que Halfpenny tratou de converter.

No segundo tempo, a Itália não aguentou o ritmo e os ensaios de Jamie Roberts e Alex Cuthbert dilataram o resultado que acabou em uns expressivos 24-3. Destaque (mais uma vez) para Leigh Halfpenny com 10 pontos e uma bela exibição, e a possibilidade de se tornar no melhor jogador do torneio.

    De seguida a Irlanda recebeu e bateu a Escócia num excelente jogou de rugby. Emotividade, boas jogadas e sobretudo um jogo agradável de ver.

A partida iniciou com a Escócia a meter um ritmo fortíssimo e nos primeiros dez minutos apenas a equipa escocesa teve bola, tendo a Irlanda defendido muito bem. Contudo a Escócia apenas conseguiu 6 pontos, e a partir daí a Irlanda tomou conta do jogo. A Escócia tanto acusou a pressão e a ansiedade, os jogadores queriam fazer tudo e tão rápido que acabavam por cometer erros, salvando-se o excelente ensaio de Richie Gray.

    O último jogo desta jornada opôs a França e a Inglaterra, num dos duelos mais interessantes do rugby europeu. A França tentava a vitória para decidir tudo no último jogo em Gales, já a Inglaterra tentava continuar os bons resultados mostrando que uma equipa jovem pode mostrar serviço.

Contudo os ingleses dominaram a posse da bola e do território, e apesar de alguns erros estiveram melhor que a França que não mereceu a vitória. O ensaio francês de Wesley Fofana (uma agradável surpresa neste certame) não foi suficiente para igualar os de Tom Croft, Ben Foden e do poderoso Manu Tuilagi.

    Na próxima jornada Gales recebe a França e vencendo o jogo vence também o torneio, apenas com vitórias. A França está arredada do título. A Inglaterra necessita de vencer a Irlanda em casa e esperar que a França vença Gales para poder vencer o Torneio. Itália e Escócia encontram-se para decidir que será último e levará para casa a Colher de Pau.

 

By Pedro Santos

04
Mar12

Área de Ensaio

Pedro Santos

Avançados: Humildade e Sacrifício

 

 

    Qualquer equipa de rugby que pretenda alcançar o sucesso, necessita obrigatoriamente de dispôr de avançados de qualidade. Uma equipa pode ter médios inteligentes e que sabem ler o jogo de forma exemplar, centros placadores, mas ao mesmo tempo capazes de atacar e até pontas velozes e desiquilibradores no 1x1, mas se os avançados não acompanharem este nível qualitativo, qualquer equipa está destinada ao insucesso. E sim, esta é uma crónica a enaltecer as qualidades técnico-tácticas dos avançados numa equipa de rugby.

 

    Os avançados são oito, dois pilares, um talonador, dois saltadores, 2 "asas" e um número 8. Os avançados são geralmente escolhidos devido à sua constituição física (os pilares são mais pesados, os saltadores altos, etc), mas um bom avançado não se faz apenas de físico, embora isso seja essencial, a questão mental é também fulcral. Os avançados têm de ser jogadores humildes e com grande capacidade de sacrificio, eles fazem o "trabalho sujo" dentro de campo, são os avançados que ganham as bolas para os defesas poderem brilhar com ela, seja no jogo à mão, ou ao pé. É raro ver se um pilar ou um saltador correr 50 metros com a bola e marcar um ensaio, mas quando vemos um defesa fazê-lo, é porque houve um trabalho da avançado, quer tenha sido a garantir a sua posse ou a ganhá-la ao adversário. Sem querer tirar qualquer mérito aos defesas, eles apenas podem jogar se a sua equipa tiver a posse da bola, e para ganhar a bola são necessários aqueles 8 homens que geralmente passam despercebidos.

 

    Os avançados são também sujeitos a um desgaste físico enorme durante o jogo, é certo que não fazem sprints de 40 ou 50 metros, nem fazem jogadas à mão em progressão, mas o desgate de formar numa formação ordenada é terrível, e aqui destaca-se o 5 da frente, que utiliza toda a força para empurrar o pack avançado, num espaço onde coexistem cabeças de ambas a equipas e onde escasseia o ar respirável. Multiplicando isto por 15/20 formações num jogo percebe-se o desgaste dos jogadores.

    Mas também os alinhamentos são momentos cruciais, os levantadores fazem o seu papel ao suportarem todo o peso dos saltadores, colocando-os no ar. A posse de bola num alinhamento ou numa formação pode ser uma excelente plataforma de ataque para os defesas.

Além disto, os avançados placam, defendem e "limpam corpos" nos rucks e usam a força e energia para ganhar metros no impacto, entre muitas outras acções.

 

    Os avançados passam quase sempre despercebidos, raramente brilham, raramente fazem manchetes de jornais. Contudo no rugby profissional são dos jogadores mais bem pagos. Em Inglaterra, França ou Austrália, os avançados em geral e os pilares em particular ocupam quase sempre o topo das folhas salariais, numa prova clara do seu valor e importância.

    Desta forma presto o meu tributo, a esses homens que põem sempre o colectivo acima do particular, e que não se importam de sofrer 80 minutos numa luta por uma bola, para que os seus defesas possam colocá-la onde mais interessa.

 

By Pedro Santos

12
Fev12

Área de Ensaio

Pedro Santos

Amarga Derrota

 

 

    A selecção nacional de rugby perdeu ontem com a Rússia por 33-32. O resultado final acaba por ser um pouco injusto, mas Portugal apenas se pode culpar a si próprio.

    Sabíamos de antemão que a Rússia se iria apresentar em Lisboa algo desfalcada, sobretudo nos seus avançados, e com menos ritmo competitivo, pois não tinha jogado a semana passada.

    Por seu turno, Portugal apresentava no XV inicial um pack avançado de "sonho", com o regresso de Christian Spachuck à 1ª linha, onde estava Mike Barbosa e o pilar de Direito Jorge Segurado. Na segunda linha notava-se também um regresso, David Penalva regressava à selecção vários anos depois para substituir David dos Reis. A 3ª linha era provavelmente uma das melhores que já apresentámos, com destaque óbvio para Julien Bardy (fantástico jogador). Nas linhas atrasadas Francisco Pinto Magalhães (uma das revelações do CDUL) substituia Pedro Leal, que foi forçado a regressar a Nice. Gonçalo Foro substituiu Adérito Esteves em relação a Bucareste. No banco destacavam-se Joe Gardener (vindo do Japão) e José Pinto. Parecia a equipa perfeita para vencer os russos.

    A entrada em jogo foi mais uma vez a meio gás, com os russos rapidamente a tomarem conta da partida. A vantagem russa chegou naturalmente devido a erros lusos, em três foras-de-jogo, demos 6 pontos aos russos sem grande esforço por parte destes.

Contudo, a meio da primeira parte, Yannick Ricardo e os seus pontapés deram restabeleceram a igualdade. Nesse altura também houve uma alteração, Joe Gardener substituiu Bernardo Silveira, o que se revelou decisivo.

E Joe, como é habitual não demorou muito a mostrar-se, numa excelente jogada individual enganou os russos e fez o ensaio para Portugal.

Já antes, um alinhamento português seguido de um excelente maul dinâmico permitiu a Christian Spachuck fazer o seu 2º ensaio com a camisola portuguesa. A 2 minutos do intervalo, a Rússia também fez um ensaio, e com isto o resultado ao intervalo era de 20-16 a favor de Portugal.

    O inicio da 2ª parte revelou-se decisivo para o resultado final, porque Portugal voltou a entrar muito mal na partida, e em 7 minutos permitimos 10 pontos russos. A partir daí foi sempre a correr atrás do marcador, e nem os ensaios de Joe Gardener e Gonçalo Foro foram suficientes.

    A derrota é sobretudo fruto de erros individuais e colectivos, como faltas de concentração, que se traduziram em faltas (os fora de jogo são ridiculos a este nível) e falhas de placagem, que os russos obviamente aproveitaram para fazer pontos. Além disso houve imensos erros de handling, como passes para a frente, más recepções e perdas de bola nas formações espontâneas no solo.

    Em termos colectivos, destaca-se a falta de capacidade de criar fases de jogo, ou seja de encadear várias sequências, os lances de perigo surgiram sobretudo de rasgos individuais, e não de um jogo colectivo.

    Felizmente houve aspectos positivos, como a capacidade do pack avançado, quer seja na formação ordenada, no maul, ou nos alinhamentos onde evoluímos bastante. O regresso de Joe Gardener traz também um aumento na capacidade de rasgar a defesa contrária e José Pinto vem acrescentar inteligência ao jogo e ritmo.

    Corrigindo estes erros (o que só se consegue com trabalho) é perfeitamente possível vencer esta Rússia. Temos sobretudo que pensar no próximo Campeonato Europeu das Nações, pois é aí que começa o apuramento para o RWC 2015.

 

    O Torneio das 6 Nações apenas trouxe dois jogos esta semana, isto porque a partida entre a França e a Irlanda foi cancelada devido ao mau tempo. O relvado do Stade de France congelou, impossibilitando assim a realização da partida. A re-marcação do jogo realizar-se-á amanhã, e deverá ser jogado no fim de semana de 18-19 de Fevereiro ou 3-4 de Março.

    Em Itália, no Olimpico de Roma, a selecção da casa recebeu a "jovem" Inglaterra, recheada de jogadores com pouca experiência internacional.

Contudo a selecção italiana não conseguiu contrariar a história, e perdeu por 15-19, apesar de ter chegado ao intervalo a vencer por 12-6.

A Itália dispôs de periodos em que pressionou muito a defesa inglesa, tal como tinha feito a semana passada à defesa francesa, mas a lesão do pilar Martin Castrogiovanni quebrou a Itália animicamente, o que levou a um crescimento da Inglaterra, que venceu mas voltou a não convencer. Poucos deverão ser os que apostarão numa vitória final inglesa.

Apesar da derrota, a Itália demonstrou um enorme progresso (como a semana passada), o seu rugby hoje em dia está praticamente ao nível de qualquer uma das outras 5 equipas, e provavelmente este ano não levará a "colher de pau" que premeia o último classificado do torneio.

    No outro jogo que se realizou, Gales recebeu e venceu a Escócia por expressivos 27-13. Neste momente Gales parece ser o principal candidato à vitória final, a par da França, e a partida entre ambas deverá ser uma autentica final.

Em relação ao jogo, este teve duas partes distintas, na primeira parte as duas equipas anularam-se num jogo morno e com poucos motivos de atracção, ao intervalo registava-se um desinteressante 3-3.

Na segunda parte, Gales fez valer a sua superioridade, e mesmo sem o jovem capitão Sam Warburton conseguiu 3 ensaios, fruto do bom trabalho colectivo e sobretudo da capacidade dos 3/4's galeses. É aqui que reside em grande parte a força galesa, os seus defesas são jogadores de enorme capacidade fisica, mas que se sentem confortáveis com a bola e conseguem quase sempre resolver, quer seja no 1X1, quer seja nas movimentações colectivas.

O destaque vai para Leigh Halfpenny, que marcou 22 pontos (2 ensaios, 3 conversões e 2 penalidades), na Escócia merece destaque Greig Laidlaw que marcou os 13 pontos da Escócia.

    Na próxima jornada (25 e 26 de Fevereiro) a Irlanda recebe a Itália (excelente oportunidade para a Itália conseguir a primeira vitória), a Inglaterra recebe Gales, num jogo que promete ser de alto nível, e onde o favoritismo vai para Gales, e a Escócia recebe a França numa boa oportunidade para aferir o real momento dos franceses e onde a Escócia tentará evitar a 3ª derrota.

 

    Para finalizar, surgiu este domingo uma noticia triste para o mundo da oval. Jonah Lomu, um dos jogadores mais marcantes de sempre da modalidade e que podemos considerar a primeira "superstar" do rugby necessita de um segundo transplante renal. O ex-All Black debate-se com problemas de rins desde 1995, e já foi submetido a um transplante em 2004, mas desde de Setembro que se debate com mais problemas. Espermos um desfecho positivo para o "Homem-Montanha".

 

By Pedro Santos