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Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

Minuto Zero

15
Jun12

Buzzer Beater

Óscar Morgado

Algo para inspirar

 

Perdoem-me se esta semana misturo o basquetebol com o futebol, mas parece-me oportuno para cada um dos lados. Não sendo um conhecedor do desporto rei, há aqui um foco de inspiração que penso ser interessante de referir. Todo o português amante de bola viu os dois falhanços de Cristiano Ronaldo frente à Dinamarca, de um jogador que marcou 60 golos esta época ao serviço do Real Madrid, mas que parece nunca traduzir por completo o seu talento ao serviço da selecção nacional. O que se passará?

A resposta parece estar na própria cabeça do jogador. Pressão do país? Da equipa? Dos media? Dele próprio? Só podemos especular, mas aqui deixo um caso de superação de debilidades de um outro astro desportivo. Lebron James, que esta época se sagrou pela terceira vez MVP da NBA ao serviço dos Miami Heat, já foi noutra ocasião comparado neste blogue a Ronaldo: discutivelmente (muito até, embora seja compreensível), ambos são vistos como os melhores nas suas modalidades, tremendamente dotados do ponto de vista físico e atlético, e, acima de tudo, extremamente trabalhadores pelas suas capacidades (neste ponto até darei alguma vantagem a Ronaldo). E sim, um pouco prima-donas em dados momentos.

Como a maioria que acompanha esta coluna deverá por esta altura já saber, James vai no seu segundo ano a jogar em Miami, após a sua saída controversa de Cleveland. Apesar de ser desprezível o programa de uma hora feito de banalidades que culminaram no final com a revelação da decisão de Lebron (que concordou com o circo mediático possivelmente deliciado com o pacote avançado por uma das marcas que o patrocina), o então também MVP teve uma posição legítima em deixar o clube onde estava, que não teve capacidade para o rodear com os jogadores certos para este alcançar o título, apesar de ter estado sete anos no clube (chegou a haver Carlos Boozer, mas alguém se lembrou que não valia a pena pagar-lhe).

E depois escolheu jogar com Dwayne Wade e Chris Bosh, mas já toda a gente devia saber o contexto por esta altura. O ponto-chave: James, alvo de tanta crítica, bem como o resto da equipa, passou a época enfurecido e usando esse combustível para jogar, e chegar até às Finais, onde a sua equipa tombou perante os Dallas Mavericks. Só que essa fúria culminava com o ponto-chave da crítica do ano anterior: nos jogos grandes, James encolhia-se, e não era MVP para ninguém. Isto fez com que um novo buraco no seu jogo fosse constantemente escrutinado, a falta de eficácia nos 4ºs períodos decisivos de cada jogo.

Este ano, de volta às Finais, empatados a um jogo com os Thunder, James já é mais que completo: faz tudo muitíssimo bem em campo, joga em todas as posições se necessário, e já resolve nos momentos decisivos. E porquê? O próprio já o confessou: a fúria e frustração foram embora e deram lugar à fluidez e capacidade natural para o basquetebol, e, acima de tudo, a paixão pelo jogo que sempre caracterizou James enquanto esteve ao serviço dos Cavaliers. Por isso voltou o prémio de MVP, e se os Heat não ganharem o título este ano não será por causa dos 4ºs períodos de James, que tem dominado estes playoffs como mais ninguém. Só é pena a sua equipa ser tão desfalcada em tanto sítio.

A inspiração fica: não sei até que ponto Ronaldo terá algum problema com a fúria ou críticas, nem me parece que seja o caso, mas interessa que com todas as estrelas vem controvérsia e adversidade. É só uma questão de tempo até essa adversidade assolar os Thunder, cujas expectativas acabaram de chegar ao máximo com o final desta época que se aproxima, e de o público geral se aperceber que Durant também não é nem será perfeito, tão pouco que seja sequer melhor que James. Assim as estrelas, porque o são, acabam por ultrapassar estes períodos, e normalmente, como aconteceu a James, voltam melhor que nunca. Terá sido doloroso ver vezes sem conta os vídeos dos seus piores momentos nos playoffs do ano passado, mas isso parece ter-lhe limpo a alma. E acredito que um jogador como Ronaldo não deixará de fazer algo que lhe surta o mesmo resultado.

                                                          

                         

13
Abr12

3x4x3: Como pode o Real crescer?

Minuto Zero

Apesar da temporada para já dentro do desejado pela direcção (pesa apenas a eliminação na Taça do Rei), parece-me de todo oportuno pensar em que sentido pode o Real de Mourinho crescer a curto/médio prazo.

 

O encurtar da distancia de 10 pontos face ao eterno rival Barcelona, será seguramente o primeiro ponto por onde pegar para perceber um pouco melhor as possibilidades de evolução do projecto madridista. Deu para entender claramente, que a quebra se deveu a factores psicológicos, fica mais uma vez latente que este grupo de jogadores não está ainda rotinado para lidar com a pressão de ser primeiro. Vale a inspiração de Ronaldo sobretudo, para que a enorme distancia que deixava o Barça longe do título não desaparece-se de vez.

 

Em termos de futebol jogado, o erro na maior parte das partidas em que perdeu pontos, parece partir sobretudo da incapacidade de controlar as partidas, exercendo desde início um pressing constante, agressividade defensiva, que impeça o adversário de construir jogadas apoiadas. O melhor Real, pelo que já se percebeu mesmo frente ao Barcelona é aquele que entende a defesa como os segundo subsequentes à perca de bola, com pressing desde Benzema ao sector defensivo. É na agressividade de Benzema, Ronaldo, Ozil ou Di Maria, que se faz a primeira plataforma de pressão e recuperação de bola, em zonas adiantadas. Depois, essencial o adiantamento de Xabi Alonso e Khedira, como duplo-pivot subido, perto dos 4 jogadores que compõem a primeira zona de pressing. Essencial também o adiantamento momentâneo de S.Ramos e Pepe, centrais tipicamente aguerridos na antecipação, apesar de algumas falhas individuais nesse ponto.

Assim, com um bloco médio-alto, plataforma de pressão sobre defesa e médios recuados adversários, a maior parte das equipas do campeonato espanhol vem o seu jogo sem soluções de saída, perdendo a bola facilmente.

Como é obvio, nem sempre é possível fazer este tipo de jogo, sobretudo devido à imensa exigência, mais do que física, psicológica. Mais difícil do que ganhar e chegar ao top, é manter. Nem sempre os jogadores se sentem motivados para dar o corpo e alma num jogo contra uma equipa que está a 50 pontos na tabela. É aqui que entra Mourinho, é por aqui que se mede a capacidade de um treinador em termos de motivação.

 

Quanto ás pedras fundamentais do jogo do Real, percebe-se cada vez mais a importância de Ozil na organização ofensiva. Nos últimos jogos, descaindo sobre a esquerda em diagonais, tem mostrado de facto que é, depois de Ronaldo, a grande arma ofensiva blanca. Tem criatividade, 1x1, e uma capacidade de leitura de jogo e definição raras, que oferecem a Ronaldo e Benzema situações de desequilíbrio. Com Kaká perde-se a imaginação e rotação, ganha em capacidade de ruptura e chegada à área, perde-se o dinamismo e o descobrir de espaços.

Depois, os movimentos de Ronaldo são sobretudo diagonais interiores, para a zona do ponta-de-lança, partindo da esquerda. Dar-lhe espaço nesta zona, é garantir que o jogo está próximo de ser ganho, como foi exemplo o jogo contra o At. Madrid.

Na frente ainda, Benzema esta mais agressivo, mais forte psicologicamente e em termos de movimento, crescendo como um dos melhores avançados do futebol mundial. Pela direita, Di Maria é garantia de equilíbrio, pela boa capacidade para fechar o flanco a defender. Callejon é boa solução partindo do banco como garantia de golo, e Higuain uma boa solução para aumentar a agressividade ofensiva e defensiva na frente em combinação com Benzema e Ronaldo.

 

No miolo a chave da consistência. Xabi Alonso define os batimentos cardíacos da equipa com bola, com passe curto ora passe largo na frente, sempre com critério. A defender, carece de um jogador rápido por perto, com boa capacidade de desarma e velocidade nas dobras. Esse jogador pode ser Khedira (na sua melhor forma) ou mesmo Lass. Jogar ou não com Alonso é, quanto a mim a questão mais interessante para este Real. Pelo que dá à equipa com bola acho excepcional, sem ela, quando não está num bom momento obriga o companheiro de sector a um esforço extra.

 

Depois, na linha defensiva, o 4x2x3x1 de Mourinho mostra a sua verdadeira assimetria. Coentrão e Marcelo têm ordem para atacar, deixando o espaço defensivo para Khedira (mais rápido que Xabi) fechar. Um risco, sobretudo quando se joga com Ronaldo e Marcelo ao mesmo tempo sobre o mesmo flanco, mas que pode ser compensado com o adiantar da defesa e com o binómio S.Ramos (central pela esquerda)/Khedira.

Já no eixo, a grande questão prende-se com erros individuais de S.Ramos, em muito derivados de alguma falta de rotina e pela enorme vontade de mostrar em cada lance o enorme jogador que é. Um pouco como David Luiz, exagera na impetuosidade, claudica em lances divididos na antecipação, onde com um trabalho se poderia tornar exímio. Tem de controlar a sua abordagem aos lances, percebendo um pouco melhor que o papel do central em termos defensivos deve estar sempre de acordo com o posicionamento colectivo. Pepe parece-me mais sólido, apesar de pecar em lances divididos. Outra questão pertinente é a capacidade (ou melhor a falta de critério) dos dois centrais com bola. Exageram quando querem sair em posse, erram quando com passe longe precipitam a equipa no ataque. No banco mora um central que em tempos dava uma outra inteligência: Ricardo Carvalho, mas os seus dias como titular parecem ter terminado com as sucessivas lesões.

Pela direita a grande questão: Arbeloa cumpre mas não impressiona. Poderá ser por aqui o primeiro posto a reforçar no Verão. Nos grandes jogos que se avizinham, advinham-se entradas intermitentes de Haltintop e Coentrão neste posto.

 

By Tiago Luís Santos

 

11
Abr12

Porque a vida também é feita a correr...

João Perfeito

                                 

Cristiano Ronaldo- Uma máquina solucionadora de Problemas

            

 

                     O  Real Madrid venceu o Atlético de Madrid por 4-1 e deu um passo de gigante rumo à recuperação do ceptro espanhol que lhe tem fugido nas pretéritas 3 temporadas.

               Apesar do avolumar do resultado, a diferença entre as duas equipas no jogo de hoje não coincide com o placar final.

               O Atlético de Madrid demonstrou ser uma equipa pressionante e com boa qualidade ofensiva. Já o Real Madrid, sem brilhar, voltou a demonstrar um naipe de jogadas e movimentações colectivas interessantes, mas com pouca incisão finalizadora.

Sendo forte no processo a equipa foi fraca na finalização do mesmo. Com toda a pressão que estava sujeito face aos escassos 4 pontos de vantagem sobre o seu eterno rival, o Real Madrid parecia que ia deixar fugir mais 2 pontos e acender a luta pelo título, a um patamar que muitos já consideravam impossível.

                Mais uma vez o Real Madrid ofuscou as suas debilidades colectivas pela individualidade do futuro melhor jogador da História do futebol (quiçá dos desportos colectivos).

               O Real Madrid voltou a ser Real Ronaldo, com mais 3 golos do internacional português. Os dois primeiros com execuções perfeitas e um efeito histórico que deve ser atualizado nos futuros manuais de futebol.

               Sem precisar de grandes rasgos individuais nem colectivos, Ronaldo desferiu 3 pontapés fulminantes sem hipótese de defesa deixando o prodígio Curtuouis numa posição injustamente ingrata.

               Se toda a individualidade de Messi nasce numa tabela ou numa correria onde apanha a bola já em velocidade, Ronaldo depende 0 da organização colectiva. Recebe a bola, para, corre e golo… Tão simples que até parece fácil.

               Dum lado a genialidade pura do futebol no seu estado de maior transcendência do outro lado um ser humano capaz de solucionar todas as adversidades que lhe colocam pela frente.

                Dum lado um artista e toda a falta de completude que o nutre, do outro lado um ser humano normal que completa todos os parâmetros de jogo…

                  Podemos fugir, mas não podemos ignorar a realidade. Sendo um futebol um jogo, que na sua concepção epistemológica envolve uma luta por uma vitória que se traduz em golos a eficácia é o grande pêndulo criterioso da nossa escolha.

Messi diverte-nos e rualiza o futebol ao patamar mais bonito da história da Humanidade, Ronaldo dá-nos a eficácia no cume da montanha das possibilidades…

                Por isso a rivalidade é a dois mas o destino é só um: Ronaldo melhor jogador da História do futebol Mundial…

 

11
Abr12

Lado B

Bruno Carvalho

FC Porto embala para o título


 

A 26ª jornada da Liga Portuguesa de futebol foi claramente a jornada do título e o FC Porto foi o grande vencedor. A vitória do FC Porto aliada às derrotas de Benfica e Sp. Braga permitiu aos “dragões” ganharem uma embalagem de 4 pontos de avanço sobre o segundo classificado (o Benfica).

Após esta jornada, o FC Porto necessita de conquistar oito dos doze pontos que faltam disputar nesta liga portuguesa para poder conquistar o campeonato de futebol e passa a ser a única equipa que depende apenas de si própria para conseguir esse objetivo.

No jogo entre o Braga e o FC Porto, destaco a exibição de Hulk que provou mais uma vez o porquê de, no meu ponto de vista, ser o melhor jogador do campeonato português. Quanto ao Braga, ficou provado que ainda não tem pedalada para se impor e para vencer os desafios contra o FC Porto e contra o Benfica. Na minha opinião, resta agora ao Braga lutar pelo segundo lugar.

Há algumas semanas atrás era impensável para muitas pessoas que o FC Porto conseguisse conquistar o título de campeão nacional dada a desvantagem de cinco pontos que chegou a ter para o Benfica, mas o facto de a equipa das “águias” ter desperdiçado 13 pontos nos últimos oito jogos (3 derrotas, 2 empates e 3 vitórias) fez com que a situação se invertesse e agora é o FC Porto que tem tudo para ser campeão, no momento em que era necessário isso acontecer.

Ao contrário do Benfica, que falhou nos jogos decisivos frente ao FC Porto e ao Sporting, o FC Porto não falhou nos jogos decisivos e ganhou ao Benfica e ao Braga. É este o facto que, na minha opinião, pode ser determinante para a atribuição do título.

Mesmo não reunindo a simpatia dos adeptos portistas, a verdade é que Vítor Pereira consegue colocar a equipa do FC Porto no topo do campeonato, com algum conforto, no momento em que tudo se decide.

Já Jorge Jesus parece estar a mostrar que o seu ciclo no Benfica está a chegar ao fim, depois de em três temporadas tudo indicar que apenas conquistou um campeonato nacional de futebol, isto partindo do pressuposto de que o FC Porto será campeão. Aliás, o fraco futebol que a equipa do Benfica demonstrou nos jogos frente ao Olhanense e ao Sporting deixam evidente que a equipa do Benfica já não galvaniza os seus adeptos como galvanizava antes, quando conseguia grandes goleadas. Também me parece que fica mal a Jorge Jesus encontrar nos erros de arbitragem a boia de salvação para justificar as suas derrotas, no sentido em que os erros de arbitragem não justificam tudo e o treinador do Benfica deveria assumir os seus próprios erros.

Como já aqui referi, todas as equipas do nosso campeonato já foram beneficiadas e prejudicadas pela arbitragem e os árbitros não erram intencionalmente. Sobre este tema estou perfeitamente de acordo com Leonardo Jardim, treinador do Sp. Braga, que prefere não se pronunciar sobre arbitragem e não ser hipócrita como outros, que se queixam quando perdem e se calam quando ganham.

Também quero deixar aqui uma palavra de apreço a Ricardo Sá Pinto, treinador do Sporting, que consegue pôr a jogar uma equipa de futebol com a garra e a atitude leonina que faltou no tempo em que Domingos Paciência era o treinador, conseguindo resultados positivos.

Concluindo, penso que o FC Porto deverá ser novamente o campeão nacional de futebol, apesar de ainda haver tempo para que tudo se altere. Até porque no futebol já vi de tudo. Veja-se o caso do Real Madrid que tinha dez pontos de vantagem sobre o Barcelona e agora já só tem quatro, ou o caso do Benfica que desperdiçou 13 pontos em oito jornadas.    

 

27
Mar12

Porque a vida também é feita a correr...

João Perfeito

APOEL- Um prémio para uma odisseia sem fim à vista

 

 

         Depois de 8 apoteóticas noites que trouxeram a utopia à realidade da liga milionária o Apoel vai defrontar o todo-poderoso Real Madrid nos quartos-de-final da Champions.

         O seu treinador Ivan Jovanovic disse que este era um prémio que coroava a magnífica campanha do conjunto cipriota na presente edição da prova. Na verdade depois de atingir o céu o lote de responsabilidade do Apoel desceu drasticamente para a nualidade.

         Atingir o lote mágico dos 8 melhores clubes do Mundo para a turma de Nicósia é uma proeza sem precedentes na história recente das competições europeias de desportos colectivos.

         A sorte do sorteio ditou o confronto entre o David e o Golias. O Apoel e o Real Madrid.

Dum lado uma equipa sem valores individuais lapidados na montra do futebol europeu, do outro lado a equipa mais avassaladora da história do futebol Mundial com uma média superior a 3 golos por jogo no seu campeonato, encabeçada pelo futuro melhor jogador de todos os tempos Cristiano Ronaldo.

         Defrontar o actual Real Madrid é um justo prélio para qualquer equipa nesta fase da prova. Sê melhor jogando com os melhores, são os jogos com o Real que fazem levar à expoente máxima os índices de confiança de qualquer equipa.

         Por isso mais que o desfecho final o Apoel já se pode considerar vencedor. Atingir os quartos pela primeira vez contra as 29 presenças do Real são números que explicam a diferença histórica entre os dois conjuntos.

         Na verdade a história e a estatística não ganham jogos e o Apoel já provou que consegue através da sua coletivização alcançar todos os sonhos.

         Empatar ou ganhar em Nicósia seria o coroar definitivo duma epopeia justa e digna. Mesmo que na segunda mão seja quase impossível um milagre, pelo menos surpreender o Real jogando perante o seu público está longe de ser um milagre…

         Para o bem e para o mal os jogadores deixaram a pele em campo e honrarão o símbolo que vestem até à morte.

         Força Apoel…

23
Fev12

Porque a vida também é feita a correr...

João Perfeito

Futebol Actual- Um espaço sem potências a longo prazo (salvo raras excepções)

 

         A presente primeira mão dos oitavos-de-final da Liga milionária trouxe amplas surpresas ao universo futebolístico do Velho Continente.

         Dos vencedores dos grupos só o todo poderoso Barcelona conseguiu vencer em campo alheio. E das restantes equipas forasteiras, só o Real Madrid conseguiu trazer na bagagem um resultado que lhe permite estar na frente no início da segunda mão.

         Num tempo de crise económica cada vez mais se podia pensar, que face ao abrandamento do investimento as potências podiam alargar mais a superioridade face aos outros, perdendo com isso o futebol a imprevisibilidade, emotividade e competitividade que permite mover paixões pelo Mundo inteiro.

         Contudo, a tendência tem sido claramente contrariada. Surpresa, para aqueles que só vem dinheiro, investimento e sucesso rápidos, os “capitalistas modernos adaptados ao futebol”. Constatação e contentamento para todos aqueles que tentam observar no futebol o retrato humano e a maneira como patenteia que todos podemos ser melhores, bastando ter vontade e competência para tal.

         Mais do que escrever posts sobre Barcelona e Real Madrid, penso que é tempo de falar de outras pérolas que vão perfumando a Europa do futebol. Falo de dois países sem passado no futebol, mas com um presente bem trabalhado. Suiça e Chipre, Basileia e Apoel… Duas equipas extraordinariamente orientadas, disciplinadas tacticamente e com uma finalização fácil. Ambas, mais o Basileia tem sérias hipóteses de fazer História e entrar para o mágico grupo dos 8 finalistas da Liga Milionária.

         Zenit ou Benfica, Marselha, Nápoles em princípio vão passar no exame final e englobar este lote restrito. Se olharmos para estas 6, que serão 5 equipas vemos que nenhuma dela é do Campeonato espanhol, inglês ou alemão. O Nápoles, mesmo sendo Italiano é uma nova vaga do futebol transalpino, não é uma potência como Milan, Inter ou Juventus…

         O futebol mais espectacular do Mundo, o inglês tem tudo para ver a sua prestação na liga milionária reduzida a 0 e no Espanhol apenas sobrevivem os incontornáveis Real e Barça.

         Na Alemanha, o Bayer tem amplas dificuldades no campeonato Nacional e na Champions parece mais longe da corrida.

         Uma problemática interessante, que deve ser debatida no actual contexto futebolístico. Afinal a aceleração que patenteia o sistema de hoje em dia tem tanto de bom, como de curto. Bom de construir potências vindas do nada, mas com a velocidade que aparecem, desaparecem e novas ascensões sobem ao primeiro pelotão europeu sem que nada estivesse preparado para tal.

         Os tempos são de mudança e nada é certo, com velocidade se ganha, com velocidade se perde… Tentemos ficar a meio do caminho e talvez possamos fugir  “ao capitalismo do futebol actual”.

15
Fev12

Lado B

Bruno Carvalho

“Bombardeiro” Ronaldo afasta-se de Messi na luta pela Bota de Ouro

 

 

O futebolista português Cristiano Ronaldo aumentou a sua vantagem na liderança da Bota de Ouro graças ao “hat-trick puro” (três golos seguidos) conseguido no domingo na vitória do Real Madrid frente ao Levante (4-2), em jogo da Liga Espanhola.

 

Cristiano Ronaldo, actual vencedor do troféu, encontra-se no primeiro lugar do ranking com 54 pontos, mais oito do que o avançado letão do Trans Narva, Aleksandrs Cekulajevs, que já terminou o campeonato.

 

Já Lionel Messi, terceiro classificado e vencedor do galardão em 2010, não conseguiu marcar qualquer golo na derrota do Barcelona em Pamplona, frente ao Osasuna, por 3-2.

 

Também em branco ficou Robin van Persie, avançado do Arsenal, que não conseguiu alvejar com êxito a baliza do Sunderland. O jogador holandês mantém-se assim na quarta posição da tabela, com 44 pontos, menos dois do que Messi. Quanto aos restantes jogadores do “top-10”, de salientar os golos de Antonio Di Natale (Udinese), Burak Yilmaz (Trabzonspor), Mario Gomez (Bayern de Munique) e Wayne Rooney (Manchester United), que subiu ao nono lugar com um total de 34 pontos.

 

Radamel Falcao, antigo avançado do FC Porto, encontra-se na 18ª posição, com 28 pontos, fruto dos 14 golos já marcados na Liga Espanhola com a camisola do Atlético de Madrid.

 

Com este distanciamento de Cristiano Ronaldo na liderança dos melhores goleadores do mundo, o avançado madeirense de 27 anos do Real Madrid arrisca-se a ser novamente eleito Bota de Ouro e Bola de Ouro, e por conseguinte o melhor jogador de futebol do mundo, no início de 2013, na gala da FIFA.

 

Concluindo, os 27 golos marcados por Cristiano Ronaldo ao serviço do Real Madrid em 22 jornadas da Liga Espanhola têm contribuído e muito para que a equipa de José Mourinho tenha já 10 pontos de avanço sobre o Barcelona, para além da quebra de forma da equipa catalã.

 

Será que alguém ainda tem dúvidas de que o Real Madrid vai ser campeão espanhol no fim desta época? Eu não tenho.

20
Jan12

Porque a vida também é feita a correr...

João Perfeito

 

Ser português é um handicap? Até quando?

 

Na passada quarta-feira, no sempre palpitante Real Madrid – Barça, Pepe pisou a mão a Messi e parece que caíu o Mundo. Várias são as vozes que se fazem ouvir que pedem a irradiação do futebol a Pepe. Os jornais online em Portugal colocam uma imensidão de links para propagandear as imagens. Os próprios portugueses estão interessados em transformar um dos seus melhores jogadores num assassino, num jogador sem qualidade humana, num bárbaro…

Interessante coincidência Pepe é português… E se em Portugal temos tendência para nos rebaixar então os espanhóis fazem de nós o que querem. Custa muito que o melhor Treinador do Mundo seja português, custo muito que o melhor jogador do Mundo seja Português. Custa muito que o melhor clube da história do Futebol utilize no seu onze mais portugueses que espanhóis… Mas agora também custa que o melhor central do Mundo seja português. Não quero com este artigo dizer que Pepe é um santo e que nunca põe em perigo a integridade física dos seus companheiros… Agora nem de perto nem de longe posso seguir nesta onda de crítica feroz ao internacional português. É conotado como animal, como desumano. Até quando é que isto vai acontecer?

Se nos lembrarmos das constantes simulações de Piqué, Busquets, Pedro, Messi e Villa interrogamo-nos de quem é mais desumano. Em que mundo é que vivemos? Num mundo hipócrita? Em que uma pisadela é agredir um colega. Simular e fingir agressões (não estou a dizer que neste caso concreto Messi simulou) não é nada. Por em causa sistematicamente o desportivismo dos colegas. Teatralizar agressões, sem ser tocado (Daniel Alves). Porquê? Se o Barca joga um futebol com a alma, se o Barça quer ser diferente, e não joga para atingir um fim, mas sim pela beleza do jogo. Porque razão existe este constante jogo paralelo desumano? Depois Mourinho é que é especialista em mind games? Messi quando pode chuta sempre a bola contra colegas de profissão e nunca ninguém divulga essas imagens. Porquê? Enquanto nós portugueses continuarmos a rebaixar-nos a Messi e a não a apoiar Ronaldo, a rebaixar-nos a Guardiola e não a apoiar Mourinho, mas agora também endeusar Piqué e rebaixar Pepe. Seremos cada vez mais pequenos que a nossa limitação geográfica… Se nem a nós próprios somos bons, como é que os outros não farão de nós gato sapato…

A mediocridade continua e com esta mentalidade não são milhões de euros que vão acabar com a crise… Porque a crise de auto-estima sempre tivemos e parece que sempre continuaremos a ter. Até quando esta mediocridade acaba? Pode acabar hoje, mas parece que ninguém está para isso…

 

04
Jan12

Porque a vida também é feita a correr...

João Perfeito

 

                    

O advento tecnológico do futebol: da censura dos media à infinidade de dados à nossa espera

 

 

 

                      Nos tempos que correm, o novo e permanente inovador advento tecnológico que caracteriza a sociedade actual tem levado a um conjunto sério de problemáticas também inerentes ao fenómeno futebolístico.

                      O futebol, como maior fenómeno de massas do século XX, está para durar no século XXI e é hoje, mais que um jogo, uma religião, uma crença onde os fiéis semana a semana substituem as igrejas pelo Olimpo dos estádios.

                     Tentar perceber o que é uma religião e fundamente porque razão o ser humano precisa dela é uma questão essencial… Uma vez que explica, mesmo não clarificando, a acção humana e toda a sua complexidade inerente.

                     Numa sociedade onde a mediatização endeusada dum indivíduo e a singularidade de opinião se intersectam de forma permanente, regular ou até instantânea penso que é obrigatório questionarmo-nos se é este o caminho que queremos percorrer…

                      O refeudalismo, chamo-lhe  assim, de toda a comunicação mediática contemporânea leva-nos para uma unidireccionalidade cada vez mais perigosa e ameaçadora.  Ideias feitas e partilhadas por um sistema que joga no lucro a sua continuidade. Por isso é eficaz e previsível que toda a novidade esteja nutrida de emoção, transcendência e divindade.

                       É necessário apelar aos mais baixos instintos do homem, envolvê-lo emocionalmente, numa sociedade onde a rapidez e mutuação parecem emergir e por isso à que prender o público a essas ideias, mas não existe tempo para as aprofundar, questionar e problematizar… Tempo e vontade, porque todo o caminho que cada ser humano possa fazer isoladamente para tentar descobrir o conteúdo dessas ideias é um duro revés na possibilidade de a religião ter mais um crente.

                       Por isso, ouvimos falar “em melhor equipa da história”, “ em melhor jogador do Mundo”, em “melhor futebol”, mas sempre somos tentados a enunciar as respostas e não a responde-las e mais grave reconhecer que elas não têm resposta.

No fundo esta é a emancipação da relatividade absoluta do fenómeno futebolístico contemporâneo. Tudo é relativo, comparado e competitivo, mas muito pouco é questionado, esmiuçado e trabalhado. Porque toda esta comparação, nada é mais que uma forma e não conteúdo de elevar essa tal ideia à sua aceitação total…

                           Por isso, todos discutem e todos percebem de futebol, mas todos falam do mesmo. Todos falam de Barcelona e de Real Madrid, de Ronaldo e de Messi. Como se fala de Deus e de Jesus Cristo, de Alá e Maomé. São estes 4 nomes que agitam o universo futebolístico mundial e são estas 4 nomes que dão lucro, dinheiro e nos colocam ou não como entendedores ou não da matéria.

Por isso toda esta falta de profundidade não é mais do que a constatação da opinião replicada patente no Mundo actual. Não temos opinião, não temos ideias apenas reflectimos e expressamos ideias e ideais manipulados pelo poder dominante, sem nos apercebermos da constante perca de inteligibilidade que estamos a ganhar aos substituir a (nossa) experiência concreta, o nosso olhar, com a experiência mediática, não o nosso olhar, mas o olhar - concreto e indiscutível recusado de problematização.

                           Paradoxalmente, no reverso da medalha, toda a instantaneidade da informação leva-nos, no caso de fazermos esta escolha, a uma infinidade de dados que carecia nas pretéritas décadas.  Hoje, podemos falar de Barcelona e Real sem os ver jogar, replicando a nossa opinião na tal opinião dominante, mas ao mesmo tempo, podemos escolher ser diferente. Podemos escolher ver os jogos destas duas equipas, analisá-las e interpretá-las, compará-las com as equipas de outrora que só com a tecnologia dos DVD’s podemos recuar no tempo e sermos nós próprios construtores da nossa concepção histórica do futebol. Num caminho onde as mensagens de rodapé ou as palavras do teleponto vão sendo substituídas por surpresas, por novidades, mas mais importante revelações… Revelações que mais que nos mostrarem de que não existem deuses, mostram-nos que existem outras personagens que desconhecíamos, ou não queríamos conhecer, que contribuíram ou contribuem para o fenómeno que queremos saber…

                            Porque queremos saber, não queremos mostrar… Não quero ver os highlights só para mostrar que sei… Quero ver o jogo, quero analisá-lo quero enquadrá-lo numa problemática para aprofundar o meu conhecimento. Quero exacerbar-me a mim próprio como entendedor, num caminho onde as respostas apenas orientam e não o crucificam ou mudam a rota. Porque podemos passar da ideia à ideologia, porque podemos observar, anotar, comparar e reflectir… Com milhares de dados estatísticos, com milhares de DVD’S… Podemos descobrir e revelar sem ser réplicas, podemos trazer algo de novo ao nosso discurso sem estar vinculado ao discurso mediático. Porque devemos ouvir com a nossa perspectiva e falar com ela, sem duplicidade, relacionando-a com plataformas até aí inatingíveis ou divulgadas.  

                                  Por tudo isto, a banalidade de Neymar é mascarada por uma transcendência que pode mudar o futebol, sejamos coerentes e paremos para pensar. Não estará o Brasil a perder o seu fulgor futebolístico e precisa de um novo Deus para alimentar a sua crença esfomeada? Não precisa o Brasil, dum talento, dum génio para deixar de ser ofuscado pela inteligibilidade do futebol europeu? Precisa e Neymar é a resposta mais cabal, que mesmo sendo banal tem de ser mediatizada para que o Brasil não perca mais uma batalha, duma guerra que será irremediavelmente perdida para a Europa. Mas enquanto ansiar por deuses, génios e perpetuar mitos continuará no campo da mística, quando perceber o novo paradigma do futebol moderno acolherá Hulk como o seu maior porta-estandarte. A transformação da genialidade na eficácia... Um caminho difícil, mas seremos capazes de deixar de guiarmo-nos pelos instintos? Seremos capazes de produzir uma emocionalidade inteligível? Talvez, mas só se tivermos para isso…

03
Jan12

Futmania: Mourinho vs Barcelona

nunotexas

 

 

 Estamos de final de 2011, depois de um ano e meio em Madrid Mourinho comanda a melhor equipa desde que é treinador. É uma miragem ver este Real perder pontos, as goleadas têm-se tornado rotina semanal, e a equipa pratica um excelente futebol. Há no entanto um pequeno senão, para os lados de Barcelona existe um equipa de extraterrestres que atropela qualquer adversário, é daqueles conjuntos que já marcou o seu lugar na história, secundarizando completamente o emblema da capital (tanto em títulos como em confrontos directos).

 O Real Madrid ganha a todos e perde com o Barcelona, não há meio do "special one" inverter a tendência negativa. O último confronto foi um grande exemplo deste "complexo" de Mourinho contra os Blaugrana, depois de uma série imparável de 15 vitórias consecutivas e um golo marcado aos 30 segundos de jogo, o Real saiu vergando do Barnabéu por 1-3. Este jogo foi a confirmação de algo sobre o qual o português terá de reflectir: a táctica a utilizar nos jogos contra o grande rival.

 Exceptuando as partidas da Supertaça (que por serem no inicio da época são partidas diferentes) o técnico efectuou pelos madrilenos 6 encontros contra o rival histórico- 4 derrotas, 1 empate e 1 vitória é este o saldo. Vejamos agora qual forma como Mourinho optou por jogar nestes 6 jogos.


-Nos 5-0 o técnico ainda estava "verde" (era o seu primeiro grande clássico espanhol), decidiu jogar da mesma forma que vinha jogando contra as outras equipas, 4 homens de ataque e 2 centro-campistas a "aguentar" o jogo. Foram os 90 minutos mais penosos da carreira do português.

-Na segunda volta Mourinho reservou uma surpresa, tirou o criativo (Ozil) e subiu Pepe para trinco, com mais um homem de pressão no meio campo os Blancos estiveram mais seguros e realizaram uma boa partida (1-1).

-No encontro seguinte jogava-se a final da Taça do Rei, a estratégia foi a mesma da partida anterior, deu outra vez resultado e o Real ganhou o troféu (1-0).

-4º confronto, 1º mão da meia final da Champions no Barnabéu, o meio campo continuou composto por 3 homens e os madrilenos iam tranquilamente no terceiro clássico sem perder, até que o senhor Wolfgang Stark decidiu expulsar Pepe num lance inexistente. Com mais um os catalães não perdoaram e ganharam por 2 golos na casa do adversário.

-Para a 2º mão com Pepe castigado e a precisar da vitória o técnico voltou a apostar num criativo em vez do trinco, a partida esteve dividida mas o 1-1 final afastou os Merengues da final.

-Há 3 semanas veio o balde de água fria, vindo da série histórica de vitórias consecutivas o Real apresentou-se no Barnabéu como grande favorito, tal como na partida de há um ano a equipa entrou em campo bastante ofensiva com os 4 suspeitos do costume no ataque, não conseguiu controlar o meio campo catalão e acabou derrotada em casa.


 Moral da história, Mourinho tem de perceber que montou uma estratégia que funciona com 99.99% das equipas do globo, mas não funciona contra o Barcelona. Contra os Blaugrana toda a táctica e identidade de jogo têm de ser radicalmente alteradas, para conseguirem um encontro equilibrado os Merengues têm de jogar em contra-ataque (seja em casa ou fora), pois essa é a única maneira de controlar minimamente a posse de bola adversária e diminuir os espaços entre linhas da defesa e do meio campo.

 Os 3 jogos no qual Pepe foi utilizado a trinco, foram de longe os mais conseguidos. Com 3 homens no centro do campo Mourinho dá maior capacidade de pressão a esta zona, o luso-brasileiro preocupa-se exclusivamente em pressionar o portador da bola dando à equipa uma maior capacidade de recuperação da posse- apesar dos níveis de posse do Real continuarem bastante baixos, Pepe torna a posse de bola do Barcelona mais inconsequente. Alonso ganha liberdade para funções um pouco mais atacantes e é responsável por servir os 3 da frente, que com a velocidade e capacidade técnica conseguem decidir a partida de um momento para o outro.

 É feio jogar defensivo, é complicado subordinar-se ao maior rival, e é estranho um clube desta dimensão ter 8 jogadores atrás da linha do meio campo. mas só desta forma é possivel maximizar as possibilidades de sucesso contra uma equipa extratosférica.