Amarga Derrota
A selecção nacional de rugby perdeu ontem com a Rússia por 33-32. O resultado final acaba por ser um pouco injusto, mas Portugal apenas se pode culpar a si próprio.
Sabíamos de antemão que a Rússia se iria apresentar em Lisboa algo desfalcada, sobretudo nos seus avançados, e com menos ritmo competitivo, pois não tinha jogado a semana passada.
Por seu turno, Portugal apresentava no XV inicial um pack avançado de "sonho", com o regresso de Christian Spachuck à 1ª linha, onde estava Mike Barbosa e o pilar de Direito Jorge Segurado. Na segunda linha notava-se também um regresso, David Penalva regressava à selecção vários anos depois para substituir David dos Reis. A 3ª linha era provavelmente uma das melhores que já apresentámos, com destaque óbvio para Julien Bardy (fantástico jogador). Nas linhas atrasadas Francisco Pinto Magalhães (uma das revelações do CDUL) substituia Pedro Leal, que foi forçado a regressar a Nice. Gonçalo Foro substituiu Adérito Esteves em relação a Bucareste. No banco destacavam-se Joe Gardener (vindo do Japão) e José Pinto. Parecia a equipa perfeita para vencer os russos.
A entrada em jogo foi mais uma vez a meio gás, com os russos rapidamente a tomarem conta da partida. A vantagem russa chegou naturalmente devido a erros lusos, em três foras-de-jogo, demos 6 pontos aos russos sem grande esforço por parte destes.
Contudo, a meio da primeira parte, Yannick Ricardo e os seus pontapés deram restabeleceram a igualdade. Nesse altura também houve uma alteração, Joe Gardener substituiu Bernardo Silveira, o que se revelou decisivo.
E Joe, como é habitual não demorou muito a mostrar-se, numa excelente jogada individual enganou os russos e fez o ensaio para Portugal.
Já antes, um alinhamento português seguido de um excelente maul dinâmico permitiu a Christian Spachuck fazer o seu 2º ensaio com a camisola portuguesa. A 2 minutos do intervalo, a Rússia também fez um ensaio, e com isto o resultado ao intervalo era de 20-16 a favor de Portugal.
O inicio da 2ª parte revelou-se decisivo para o resultado final, porque Portugal voltou a entrar muito mal na partida, e em 7 minutos permitimos 10 pontos russos. A partir daí foi sempre a correr atrás do marcador, e nem os ensaios de Joe Gardener e Gonçalo Foro foram suficientes.
A derrota é sobretudo fruto de erros individuais e colectivos, como faltas de concentração, que se traduziram em faltas (os fora de jogo são ridiculos a este nível) e falhas de placagem, que os russos obviamente aproveitaram para fazer pontos. Além disso houve imensos erros de handling, como passes para a frente, más recepções e perdas de bola nas formações espontâneas no solo.
Em termos colectivos, destaca-se a falta de capacidade de criar fases de jogo, ou seja de encadear várias sequências, os lances de perigo surgiram sobretudo de rasgos individuais, e não de um jogo colectivo.
Felizmente houve aspectos positivos, como a capacidade do pack avançado, quer seja na formação ordenada, no maul, ou nos alinhamentos onde evoluímos bastante. O regresso de Joe Gardener traz também um aumento na capacidade de rasgar a defesa contrária e José Pinto vem acrescentar inteligência ao jogo e ritmo.
Corrigindo estes erros (o que só se consegue com trabalho) é perfeitamente possível vencer esta Rússia. Temos sobretudo que pensar no próximo Campeonato Europeu das Nações, pois é aí que começa o apuramento para o RWC 2015.
O Torneio das 6 Nações apenas trouxe dois jogos esta semana, isto porque a partida entre a França e a Irlanda foi cancelada devido ao mau tempo. O relvado do Stade de France congelou, impossibilitando assim a realização da partida. A re-marcação do jogo realizar-se-á amanhã, e deverá ser jogado no fim de semana de 18-19 de Fevereiro ou 3-4 de Março.
Em Itália, no Olimpico de Roma, a selecção da casa recebeu a "jovem" Inglaterra, recheada de jogadores com pouca experiência internacional.
Contudo a selecção italiana não conseguiu contrariar a história, e perdeu por 15-19, apesar de ter chegado ao intervalo a vencer por 12-6.
A Itália dispôs de periodos em que pressionou muito a defesa inglesa, tal como tinha feito a semana passada à defesa francesa, mas a lesão do pilar Martin Castrogiovanni quebrou a Itália animicamente, o que levou a um crescimento da Inglaterra, que venceu mas voltou a não convencer. Poucos deverão ser os que apostarão numa vitória final inglesa.
Apesar da derrota, a Itália demonstrou um enorme progresso (como a semana passada), o seu rugby hoje em dia está praticamente ao nível de qualquer uma das outras 5 equipas, e provavelmente este ano não levará a "colher de pau" que premeia o último classificado do torneio.
No outro jogo que se realizou, Gales recebeu e venceu a Escócia por expressivos 27-13. Neste momente Gales parece ser o principal candidato à vitória final, a par da França, e a partida entre ambas deverá ser uma autentica final.
Em relação ao jogo, este teve duas partes distintas, na primeira parte as duas equipas anularam-se num jogo morno e com poucos motivos de atracção, ao intervalo registava-se um desinteressante 3-3.
Na segunda parte, Gales fez valer a sua superioridade, e mesmo sem o jovem capitão Sam Warburton conseguiu 3 ensaios, fruto do bom trabalho colectivo e sobretudo da capacidade dos 3/4's galeses. É aqui que reside em grande parte a força galesa, os seus defesas são jogadores de enorme capacidade fisica, mas que se sentem confortáveis com a bola e conseguem quase sempre resolver, quer seja no 1X1, quer seja nas movimentações colectivas.
O destaque vai para Leigh Halfpenny, que marcou 22 pontos (2 ensaios, 3 conversões e 2 penalidades), na Escócia merece destaque Greig Laidlaw que marcou os 13 pontos da Escócia.
Na próxima jornada (25 e 26 de Fevereiro) a Irlanda recebe a Itália (excelente oportunidade para a Itália conseguir a primeira vitória), a Inglaterra recebe Gales, num jogo que promete ser de alto nível, e onde o favoritismo vai para Gales, e a Escócia recebe a França numa boa oportunidade para aferir o real momento dos franceses e onde a Escócia tentará evitar a 3ª derrota.
Para finalizar, surgiu este domingo uma noticia triste para o mundo da oval. Jonah Lomu, um dos jogadores mais marcantes de sempre da modalidade e que podemos considerar a primeira "superstar" do rugby necessita de um segundo transplante renal. O ex-All Black debate-se com problemas de rins desde 1995, e já foi submetido a um transplante em 2004, mas desde de Setembro que se debate com mais problemas. Espermos um desfecho positivo para o "Homem-Montanha".
By Pedro Santos