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Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

Minuto Zero

27
Abr11

Porque a vida também é feita a correr...

João Perfeito

Maratonas amordaçadas

 

Ao longo do presente mês de Abril, Jéssica Augusto e Dulce Félix fizeram correspondentemente a segunda e quarta melhor marca portuguesa de todos os tempos na Maratona. Poderá ser esta uma aposta de futuro para duas das melhores fundistas lusas?

Num futuro próximo não me parece... Parece-me, sim, o segredo mais bem guardado do fundo feminino europeu. As portuguesas, há muito que estão só na hegemonia do cross europeu, na pista correspondem igualmente com medalhas. Contudo, parece que a nível mundial, face ao poderio africano a margem de manobra é escassa.

Por essa razão, restam apenas os 3000 obstáculos e sendo, Jéssica Augusto a melhor especialista europeia de corta-mato, não estará ela a desviar atenções, para aparecer nos Mundiais deste ano nos 10000 à procura duma grande marca e no ano seguinte na sua última oportunidade olímpica lutar por uma medalha tal como Sara Moreira. Sara Moreira não embarca já na Maratona devido à sua velocidade base e à sua tenra idade. Quanto a Dulce Félix, que tentou a Maratona antes dos Europeus para desviar atenções, tentará ela ganhar resistância para aparecer fulgurante nos 10000 em Londres. A portuguesa desistiu da Maratona em Novmenbro passado e depois foi brilhantemente 3ª classificada no europeu de cross transacto, espantando tudo e todos.

Numa açtura em que o fundo nacional e europeu estão em crise, não será está uma amardinha nacional para os olímpicos de Londres? Se Marta Dominguéz é campeã, porque não Portugal regressar ao estatuto gloriosamente alcançado por Rosa Mota e Fernanda Ribeiro. E, se Fernanda Ribeiro acabou com 10 anos de invencibilidade duma atleta chinesa, as africanas não teram um dia menos mau?

Esta é a crença. Esta é a luz ao fundo do túnel para tentar relançar o fundo nacional.

Agora resta treinar e sofrer, sofrer, sofrer.

 

By João Perfeito

16
Abr11

Porque ao Sábado se Destaca...

João Perfeito

O Todo é muito mais que a soma das partes

Milhões vs Tostões

A Realidade concreta e a realidade ficcional 

Braga vs Manchester City

 

     Benfica, Braga e FC Porto qualificaram-se na passada quinta-feira para as meias-finais da Liga Europa. Desta forma, Portugal conseguiu pela primeira vez na história colocar 3 equipas simultaneamente numa meia-final duma competição europeia, feito apenas compartilhado com as gigantes: Alemanha, Inglaterra, Espanha e Itália. Sendo que apenas no que diz respeito à Liga Europa apenas Espanha e Alemanha já tinham alcançado também este feito.

Num plano geral em que o nosso país passa por uma grave crise económica e política o futebol mostra a outra face da moeda, nesta fase sem milhões mas com qualidade mandamos nós na Europa.

     Em primeiro lugar temos de enaltecer tamanho feito e acabarmos de uma vez por todas por descredibilizarmos o nosso mérito porque as grandes potências não se esfolam nesta prova. Esta é uma das maiores mentiras do ano, uma mentira onde o estatuto é usado como forma de deturpar a falta de competência.

     Pois bem na competência é que está o cerne da questão. Se a nossa imagem económica é vergonhosa no plano geral, no plano futebolístico ela também não é mais animadora. Pois bem, mas enganemo-nos de olhar para a realidade e traduzi-la por euros e milhões. Entendamos que a realidade é mais complexa e onde quer queiramos quer não duas palavras fazem toda a diferença: trabalho e cultura.

     Na cultura dum povo é que está o seu suor, a sua capacidade de sofrimento, a sua maneira de encarar os desafios e superar as dificuldades, de encontrar mecanismos para resolver todas as contrariedades. O desporto em geral e o futebol em particular são uma escola de vida, o reflexo da sociedade. E por isso tanto no desporto como na vida as ideias, o trabalho, a competência prevalecem sobre o dinheiro. Uma luta titânica entre o bem adquirido e o bem recebido.

     No futebol em Portugal forma-se treinadores, formam-se departamentos fortíssimos de prospecção, encontram-se mais rápido as pérolas prateadas sul-americanas para as vender a preços de platina. Por isso em Portugal formam-se ideias, estabelecem-se sistemas de jogo, formulam-se alternativas, adquire-se uma identidade de jogo forte mas ao mesmo tempo flexível com a qualidade do adversário. Em Portugal não temos 9 milhões de euros para pagar a um jogador por ano. Mas em Inglaterra a equipa desse jogador foi goleada por uma equipa que foi eliminada pelo Braga. Ora no Braga a maior parte dos jogadores não ganha numa vida inteira o que esse jogador ganha num mês. No Braga investe-se 10 milhões, nessa equipa investem-se quase 300 milhões. O Braga está na meia-final, essa equipa nem chegou aos quartos.

     O dinheiro caído do céu não nos transcende, não nos faz buscar a perfeição, não nos faz trabalhar, mima-nos e descontraí-nos com facilidades. Mas na hora da verdade, na hora do jogo, na hora das decisões tanto na vida como no futebol milhões mais milhões podem dar  0 e tostões mais tostões podem dar milhões. Estes sim são os verdades milhões, os milhões do sucesso, os milhões de festejos, os milhões de gritos os milhões de cânticos numa cidade em polvorosa por estar nas meias-finais duma competição europeia. Porque o todo é mais que as somas das partes. Porque jogadores de classe mais jogadores de classe mundial não dão necessariamente equipa de classe Mundial.


     O todo a equipa… o todo o país é um sistema inter-relacionado. Onde existe simultaneamente uma apetência autónoma e uma apetência integradora de cada parte. O sistema é hierárquico e existem dois tipos de informação dependente desse mesmo carácter hierárquico. A informação prática vem da parte superior do sistema para a parte inferior. São as ideias, a identidade de jogo, a filosofia de jogo, o modo de conceber e tratar a bola, de ocupar os espaços, de ter coerência tendo em conta as necessidades do jogo, essa mesma ideia abstracta formulada pelo treinador é executada pela parte prática dos jogadores. Aqui o mecanismo de execução prima pelo concreto. Contudo simultaneamente existe uma flexibilidade do sistema. Daí que os relatórios que as partes inferiores enviem aos seus órgãos superiores façam moldar a estratégia… moldar a ideia abstracta em prol do mesmo objectivo comum, mas como novos mecanismos de execução mantendo a identidade autónoma da estrutura. De modo a tornar a própria execução mais próxima da realidade e o mais simplificada possível. Nesta função integradora cada parte inferior responde bem e executa o seu papel com clareza. O todo regozija-se e fortalece deste modo a sua autonomia e a sua competência, mesmo não dependo excessivamente de nenhuma das partes. Este é o sistema da vida… este é o sistema do futebol… o sistema da ocupação defensiva do Braga, do encurtamento de espaços defensivos, e nas transição rápidas, com 3 homens bem abertos, com mecanismo simples e com uma filosofia concreta e identitária.

     Noutras equipas as partes perdem a sua função integradora e tentam-se transcender, o todo diminuí os fluxos de ligação com as partes e o sistema quebra-se, a identidade multiplica-se na exacerbação das partes e perde-se os elos de ligação. Por isso as partes de milhões passam a tostões.

No Braga a simplicidade acontece com recurso às limitações das partes, à consciência dessa mesma limitação que faz a equipa trabalhar e colmatar a pouca autonomia das partes, mas devido ao entrosamento colectivo fortalece o todo.

     Por isso o Braga ganha, por isso o Braga surpreende-nos, por isso o Braga faz história.

     Esta é a nossa mensagem: primeiro a identidade e as ideias, a cultura e o modelo de jogo, depois o sucesso e o seu usufruto, os milhões e as conquistas.

     Primeiro o trabalho depois o dinheiro. Primeiro formar uma equipa depois vender jogador. Esta é a gestão do futebol português, que exporta o ouro e os diamantes a preços baixos e os vende em mercados elevados a preços exorbitantes. Esta é a nossa filosofia desportiva, esta é a nossa identidade cultural. Por isso somos um sistema organizado que tem sucesso. Outros gozam connosco mas agora ficam a ver-nos pela televisão.

     Este é o nosso património para o Mundo: trabalho, competência e coerência. Porque só assim podemos vencer. Por isso Alan+ Paulo César + Lima dão mais do que Tévez+ Dzeko+ Silva. Esta é a realidade pura acabemos com as nossa ficções, com os nossos deslumbramentos e valorizemos o produto nacional.

     Este é o nosso destino que funciona no futebol, porque não há-de funcionar na vida? Futebol é cultura e cultura é Futebol e daremos as voltas que quisermos, perdemos ou ganhemos mas a realidade será sempre complexa e o todo será eternamente mais que a soma das partes.

     Por isso eu acredito que esta será a nossa vitória? E tu?

 

 

by João Perfeito

 

08
Abr11

Porque ao Sábado se Destaca...

João Perfeito
Da lesão olímpica a uma carreira sem fim: Obikwelu será eternamente português

Jogos Olímpicos de 2000 em Sidney, Francis sai destroçado com uma lesão no joelho que o impede de alcançar a final dos 200 metros. Com apenas 20.71, bem longe dos 19.84 que um ano antes lhe deram o bronze nos Mundiais de Sevilha Obikwelu vive um sonho olímpico desfeito. Um sonho dum menino de apenas 22 anos que tanto queria dar a África uma inédita medalha de ouro olímpica na velocidade.
Obikwelu estava a ter uma carreira ímpar a nível internacional, semi-finalista olímpico em 1996, medalha de prata na estafeta dos 4x 100 com idade de Júnior em 1997 e bronze nos seus primeiros Mundiais ao ar livre em 1999.
Um fracasso olímpico, uma desilusão, um abandono. Assim foi a maneira como a delegação nigeriana tratou Francis. Sem lembrar os feitos da maior pérola africana de todos os tempos, sem lembrar a maneira como Francis fazia ouvir o nome da Nigéria, nos quatro cantos do Mundo, sem lembrar a maneira como Francis lutava praticamente só contra a hegemonia americana na velocidade.
No reverso da desilusão, do abandono e do fracasso milhares de quilómetros a norte, na entrada da Europa Francis recebe apoio, carinho e amizade.
Uma ajuda de um País que o recebeu em 1994 como menino-prodígio dos Mundiais de Juniores com apenas 16 anos. Com uma vida medíocre no seu país de origem, Obikwelu era mais um em busca dum sonho, mais um africano tentado a atravessar o mediterrâneo em busca duma vida melhor.
Foi com este sentimento que Obikwelu, encarou Portugal como a porta da sua vida, uma porta aberta mais tarde para a Europa e para o Mundo. Por isso talvez desse um passo atrás para dar dois à frente. Por isso Obikwelu foi em busca do topo do Mundo. Uma busca que começou a construir civilmente no Algarve com as mãos, os martelos e horas e horas de trabalho forçado… até a um topo, uma glória, uma bandeira. A bandeira de Portugal, o título de campeão europeu de pista coberta nos 60 metros coroado com a mais bela construção da humanidade no seu peito, a torre Eifel dourada em forma de medalha na cidade dos príncipes,Paris onde Obikwelu foi rei.
Talvez seja esta a medalha mais bonita, a medalha simbólica da construção, do esforço de Francis, tão audaz, tão corajoso, tão humano, tão possível e tão impossível. Numa realidade ambivalente da tristeza à eterna glória. Do sofrimento de milhares de homens na construção deste momento, do sofrimento de Francis com saudades da família, da cultura do seu pais, da eterna glória- da cidade mais bonita do Mundo, do monumento mais bonito do Mundo, na cidade dos príncipes… do melhor atleta do mundo, no atleta mais humano do Mundo, do rei do desporto.
Talvez por isso Paris e Obikwelu eternamente se entrelaçaram no recordar da tristeza e no soltar do ânimo da alegria. Mas antes desta glória, muito teve de sofrer Francis… muito tiveram que sofrer muitos homens para construir a Torre Eifel.
A primeira pedra nesta construção duma vida ímpar, duma vida duma personagem utópica que a ficção quis dar à realidade nasceu no Algarve.
No coração dum menino que só queria uma oportunidade, um emprego, um ajuda. Talvez a primeira pedra duma construção gloriosa tenha sido colocada no sapato de Francis. Um entrave, um sacrifício, um desafio duro e difícil. Um objectivo rumo a uma independência de si próprio que só podia ser patenteada com trabalho, nos muros, nas paredes, nos edifícios do Algarve.
Assim iniciou Francis a sua vida em Portugal, trabalhando na construção civil, de solo a solo, com saudades da família, sem amigos, mas com uma vontade, uma determinação, um objectivo. Talvez por isso desde cedo tenha mostrado ao país o ser fascinante que é. Talvez por isso as pessoas tenham entendido que ele merecia bem mais que um emprego nas obras. Por isso Ricardo e Isabel Ferreira adoptaram-lhe. A professora de atletismo encaminhou-o para o Belenenses, para Belém, onde à 496 anos Portugal descolou rumo ao topo do Mundo… onde Francis 496 anos depois iniciou viagem num barco rumo ao topo Mundo, uma viagem interminável onde as pistas ainda não se cansaram da sua rota.
Volvidos três anos ingressa num dos maiores clubes europeus de Atletismo, o Sporting Clube de Portugal, rapidamente se torna figura de proa na velocidade nacional. Apesar de tudo mantém o amor ao seu país de origem e continua a representar a Nigéria. Feitos inéditos, medalhas atrás de medalhas e um legado na velocidade africana que parece mais ficcional que real. Um legado africano construído e treinado em Portugal, desde os muros do Algarve, aos treinos no Sporting, à sua professora, à sua treinadora, aos seus pais adoptivos. Francis vivia num complexo. Um complexo que o interrogava e que mexia emocionalmente consigo. A sua vida estava-se a encaminhar rumo à glória, tinha num país, um apoio, um clube, uma professora que acreditarem em si que o impediram de ser mais uma pérola a rolar encosta abaixo como tantos talentos africanos que acabam submersos numa realidade pobre que todos tentam fugir. Essa mesma realidade que Obikwelu fugiu com as obras no Algarve, essa realidade cada vez mais longe, cada vez mais distante.
Assim a pedra no sapato de trabalhar nas obras rapidamente se transformou num sonho olímpico de glória. Por isso grandes eram as esperanças de Obikwelu de dar uma medalha inédita a África em Sidney. Uma lesão roubou-lhe o sonho construído. Uma lesão acabou com os seus complexos. Com a sua divisão, com os seus dois amores. Nigéria ou Portugal? País de Nascimento… ou país de sonhos? País de oportunistas… ou país de oportunidades? País de mágoa ou país de glória? Rapidamente a as lágrimas no rosto do Francis patenteava o fim da divisão do seu coração.
Portugal era o país onde tinha iniciado o seu caminho, Portugal foi o país que o fez fugir da miséria africana, o país do Tudo. A Nigéria era o país do Nada. O país do esquecimento, na ingratidão perante o seu esforço, do oportunismo perante o seu talento transcendental e invulgar.
Obikwelu chorou de tristeza por desilusão de um país que o viu nascer e que o rejeitou… por os médicos que o obrigaram a deslocar-se ao Canadá pelos seus próprios meios para resolver a sua lesão no joelho.
Mais a norte do Atlântico estava um país de mão estendida, preparado para o receber, preparado para lhe dar o que merece… conquista.
Assim neste trilho de caminhos, nesta opção de escolha o coração de Obikwelu deixou de ser africano e passou a ser português. Em 2001 torna-se cidadão nacional. Em 2002 nos europeus de Munique torna-se o primeiro português medalhado na velocidade. Ouro nos 100 metros, prata nos 200. Era esta a recompensa de Obikwelu a Portugal… Mas era tão pouco o que Obikwelu dava a Portugal comparado com a dívida que sentia. Por isso trabalhou arduamente de 2002 a 2004, agora trocando os muros e as paredes pelas pistas de atletismo. Com mais uma desilusão dos Mundiais de Paris em 2003 Obikwelu arranjou forças para se tornar imortal. Por levar a nossa bandeira, o nosso País, o nosso nome ao topo do Mundo. Uma dura e longa espera até ao dia 22 de Agosto de 2004. Jogos Olímpicos de Atenas, retirada de Maurice Greene, os olhos postos na possível tripla americana, ouro, prata e bronze. Do outro lado, um europeu apenas na Final, um português em busca no topo do Mundo. 21 horas e cinco minutos o país para, roem-se as unhas, as televisões interrompem as emissões… Obikwelu corre rumo ao recorde da Europa 9.86, um centésimo de segundo apenas e seria o 4º campeão olímpico português. Na prova do desporto mais vista em todo o Mundo, na cidade embrionária dos Jogos Olímpicos Obikwelu catapulta Portugal para um patamar de topo retirando a previsível total hegemonia americana. Em todo o Mundo, a sua humildade, o seu recorde e o seu feito foram divulgados, em todo o mundo Francis se tornou conhecido, em todo o Mundo Portugal se fez ouvir.
Obikwelu celebrava, tinha chegado ao cume da montanha, mas a alegria tinha sido todo o percurso doloroso até lá chegar. Ao topo que a pista 8 de Helsínquia um ano depois o fez descer outra vez, com um infeliz 4º lugar nos 100 metros.
Uma descida que nem o duplo ouro nos europeus de Gotemburgo em 2006 conseguiu travar.
A falsa partida dos Mundiais de Osaka em 2007, a nova desilusão Olímpica de Obikwelu em 2008…
Em Pequim, Obikwelu voltou a abrir telejornais, desta vez para anunciar a sua renúncia à selecção, à sua renúncia à alta competição.
Obikwelu sentia-se ingrato perante Portugal, queria-nos dar outra medalha, queria fazer ainda mais história e tornar-se mais imortal. Os portugueses partilhavam a tristeza de Francis e pediam para reconsiderar. Francis já tinha ganho tudo por Portugal, não queria dar mais tristezas ao nosso País.
Mas tal como em 1994 acolhemos Francis do nada, em 2009 fizemo-lo crer que precisamos dele e que ele precisa de nós. Precisamos dele para continuar a construir uma das mais belas páginas do desporto nacional, ele precisa de nós, porque merecia mais do que 3 títulos europeus e uma medalha olímpica.
Nesta conciliação Obikwelu regressa à selecção apenas em 2009 para a estafeta de 4x100 metros. Bate o recorde nacional e apura-nos para os mundiais de Berlim.
Estava dado mais uma vez a inversão de marcha na vida de Francis, o retomo a uma carreira que outrora foi de sucesso… mas que ainda tinha muito para dar.
Em 2010 regressa ao mais alto nível internacional, participa nos europeus ao ar livre nos 100 metros. Um pedaço de ombro, uma fotografia, um slide, impediu de ser o primeiro europeu a ganhar 3 medalhas seguidas nos 100 metros. O 4º lugar, dias mais tarde a presença histórica da estafeta 4 x 100 na final.
No término do ano, numa nova fase da carreira, num renascer das cinzas, no renascer da crença… sem a pressão de vitórias de quem já conquistou tudo… com o ressuscitar do divertimento do atletismo Obikwelu afirma que compete apenas para se divertir. E que retomará sem pausas a sua carreira ao mais alto nível.
Assim renasce em si a alegria, o dever de querer e crer dar uma medalha única a Portugal em Pista Coberta.
Por isso aproveita as novas instalações do Jamor e num trabalho único e irrepetível treina com Nélson Évora e o seu treinador, técnica de saltos - o segredo mais bem guardado da velocidade europeia.
Um trabalho que lhe permite explodir na partida. Domingo, 6 de Março de 2011 Obikwelu destrona na sua própria casa o primeiro caucasiano a baixar dos 10 segundos nos 100 metros e o actual campeão Mundial de pista coberta (Chambers), sagrando-se campeão europeus nos 60 metros planos.
Obikwelu uma vida dum ser humano extraordinário que mais parece um filme de Hollywood. Com alegrias e com tristezas, com Portugal subiu e desceu ao topo da montanha, com Portugal sorriu, com Portugal chorou, com Portugal sofreu desde os muros do Algarve à desilusão olímpica de Pequim, com Portugal celebrou desde o seu profissionalismo no Atletismo, à sua qualidade de vida, à glória olímpica, ao topo Europeu.
Porque só Francis nos emociona e nos torna humanos ao ponto de recuarmos a nossa história e esquecer o seu lado ficcional, porque só Portugal torna Francis no ser humano fantástico ao ponto de recuar na sua ambição de 16 anos e esquecer a ficção do seu sonho desportivo. Porque Portugal e Francis caminharam eternamente de mãos dadas, Portugal será eternamente o País de Francis e Francis será eternamente Português.


By João Perfeito

03
Abr11

Porque ao Sábado se Destaca... (especial Benfica x Porto)

Minuto Zero

Benfica vs FC Porto ou Benfica e FC Porto

 

Este domingo disputa-se o clássico mais importante da Liga. O jogo que pode levar os comandados de Vilas Boas ao retorno do trono nacional precisamente na casa do adversário que os impediu na época transacta da conquista do inédito bi-pentacampeonato.

Um jogo, um título, o simbolismo do concretizar dum objectivo. Um jogo, uma derrota o afastamento matemático ao título. Assim caminham FC Porto e Benfica em lados paralelamente opostos neste clássico. Mas mais que uma vitória, mais que um título o Benfica –Porto é muito mais que um jogo de futebol.

O Benfica- Porto é o reflexo da nossa cultura enquanto ser português. O Benfica-Porto é um duelo titânico de regiões: O Norte contra o Sul. Nesta encruzilhada de caminhos os dirigentes escolhem o ódio e a vingança como apanágio da sua ideologia neste jogo. Formatos pela abundância de informação que temos hoje em dia e pela experiência mediatizada milhares de pessoas envolvem-se nessa luta- Norte vs Sul. Esquecendo toda a unicidade nacional dividindo o país em dois. Na verdade esta luta cultural não é mais do que o reflexo da heterogeneidade nacional. Quanto pequenos somos mas quanto diferentes somos…

Num ódio que vai muito para além do futebol, num ódio em que para certas pessoas o País acaba em Leiria e do outro lado estão os criminosos, os corruptos… quer para Norte, quer para Sul… Uma generalização precipitada alimentada por ataques e contra-ataques onde ninguém tem razão… onde aumenta a fúria, onde os dirigentes aguçam a raiva… e o clima explode… explode até um dia alguém morrer. Talvez até seja pouco, será necessário morrer dezenas de pessoas para acabarmos com esta guerra civil disfarçada.


Mas pergunto será a nossa heterogeneidade um motivo para o conflito? Não me parece… Devíamos ter orgulho da nossa heterogeneidade. Deveríamos apelar à unicidade nacional. Portugal é um país único tanto na cultura… como no futebol. As praias do Algarve, as muralhas de Évora… a Lezíria do Ribatejo, a paisagem do Douro, o património de Guimarães, a força estudantil de Coimbra, a peculiaridade dos Açores.

No desporto a história do Benfica, o ecletismo do Sporting, o exacerbamento do Porto, a metamorfose do Braga, os adeptos do Guimarães, o Nevoeiro da Choupana, os 310 espectadores da Naval. Em mais nenhum lugar do Mundo temos um país tão diferente, um país com tanta diversificação, com tanto para entropizar e mostrar o nosso produto Nacional. Um produto único, um produto construído em todas as regiões, um produto rico, com tanto para dar e oferecer… Com tanto para valorizar, erguem-se as vozes e recupera-se o nosso orgulho nacional, a nossa singularidade que nos torna únicos em qualquer parte do Mundo. É este o nosso país que temos que valorizar tanto na cultura como no futebol. Na maquinação do Futebol do Porto, na espectacularidade do futebol do Benfica…no apoio à cultura no Porto… na oferta turística de Lisboa. Somos tão bons, tão melhores se tivermos juntos se tivermos unidos em torno de um só objectivo. Difundir e orgulhar o nosso país nos quatro cantos do Mundo, com a mesma audácia, com o mesmo crer, com a mesma glória navegando por mares… marcando golos e levando multidões ao rubro. Porque juntos somos mais felizes.

 

by João Perfeito

 

 

26
Mar11

Porque ao Sábado se destaca...

Colaborador Minuto Zero

Campanha ideológica vs Campanha de Ostentação




Ao longo da última semana tenho prestado bastante atenção às eleições do Sporting. Hoje será o dia decisivo.
A ausência do voto por correspondência poderá ser decisivo no desfecho destas eleições. Godinho Lopes parece o grande candidato, mas a campanha de Bruno Carvalho e a sustentação de Dias Ferreira tem alimentado a dúvida.
Na verdade para bem do Sporting seria uma catástrofe se qualquer dos dois presidentes favoritos ganha-se as eleições. Acho inaceitável se tal acontecer. Se isso acontecer será porque os Sportinguistas mais uma vez pensaram a curto prazo e na ostentação do que no longo prazo e em ideias fundamentais.
Pedro Baltazar quer devolver o Sporting ao passado, a abertura de treinos, a eliminação do fosso, os jogos à tarde… No entanto parece alimentar um pouco guerra com os eternos rivais em questões da Liga, o que em nada será benéfico para o Sporting. Ser ele o responsável directo pelo futebol também não é nada benéfico para a sua candidatura dada a sua dificuldade comunicacional e de gestão desportiva. O Sporting não é uma empresa.
Dias Ferreira tem Paulo Futre como seu grande trunfo. Um homem com créditos firmados no futebol internacional que pode em muito devolver a boa capacidade de prospecção ao Sporting. Do ponto de vista económico caminha para um processo sustentável dada a sua experiência. A importância que dá ao marketing do clube e a tentativa de ser uma réplica do Barcelona podem ser grandes mais-valias. Contudo tem ideias demasiado fixas e não dará ao Sporting a ruptura que necessita.
Sérgio Abrantes Mendes o patinho feio da candidatura é o homem certo para este lugar. Com uma postura cívica assinalável - fala num projecto sólido e sustentado. Forte opositor da linha Roquette desde os seus primórdios parece-me um óptimo gestor de recursos humanos. Parece-me um homem que dê confiança às pessoas com quem trabalha e saiba tirar o melhor delas. O apoio de Carlos Lopes só vem ilustrar o dever cívico e o amor ao Sporting de Abrantes Mendes. Uma fusão com a Candidatura de Dias Ferreira seria o ideal. Ambos se completavam…
Godinho Lopes é mais que um regresso ao passado é tentar matar o Sporting. A única coisa boa que tem é o treinador que apresenta. Com pouquíssima ligação aos sócios, matava os núcleos do clube. Nomes a mais na gestão do futebol do Sporting-mais do mesmo, pouco rendimento económico a longo prazo.
Bruno de Carvalho é também ele um péssimo candidato. Fala num projecto apresentado com 93 ideias mas esquece o essencial. A unificação leonina em prol dum objectivo comum. O fundo de investimento não é mais do que poeira para os olhos e escolher Van Basten é o total suicídio. O Sporting de 2004 a 2009 apresentou futebol de elevada qualidade faltando solidez defensiva e por isso não ganhou campeonatos. A precariedade deve-se à falta de jogadores. Um treinador que possa ter jogadores para permitir à equipa equilibrar-se não via romper com esse modelo e abraçar um futebol totalmente ofensivo. Inaceitável as declarações de Bruno de Carvalho quando fala na prestação da Holanda em 2008 e 2010. Onde obteve as piores classificações com este treinador. Ele quer um futebol alegre, mas um futebol precário, goleadas de 5-0 e 7/8 derrotas. Não é este o caminho e Van Basten estará para o Sporting como Koeman para o Benfica- uma autêntica desgraça Nacional. A gestação da formação não me parece a mais correcta com poucos jogadores e falta de capacidade de adaptação na transição para o futebol sénior. O seu paleio e o show-off que dá permanentemente podem dar-lhe a vitória.
Bruno de Carvalho aproveita a existência da televisão para potencializar a sua candidatura, com protocolos antes do tempo, como milagres e dinheiros desconhecidos.
Sérgio Abrantes Medes à 70 anos se não existisse televisão e os debates fossem só pela rádio, com o seu discurso clarividente e cívico seria o candidato mais forte. Os tempos mudam… As pessoas continuam ingénuas. Os Sportinguistas dizem que Abrantes Mendes é um bom candidato mas não votam nele porque pensam que ninguém vota. O poder das sondagens e da televisão tem um papel decisivo. As ideias e os valores ficam para trás… O Sporting responderá sim ou não à ingenuidade e se no momento mais crítico da sua história não romper com esta linha de continuidade, cada vez existirá um fosso entre os sócios antigos e novos do Sporting. O Sporting não renovará a sua geração e dificilmente manterá o apoio fundamental para tentar lutar por títulos. E lembro caro leitor nos últimos 41 campeonatos o Sporting venceu apenas 5.Há 67 anos que o Sporting não é bi-campeão. O problema não é de agora.

By João Perfeito
26
Mar11

Porque ao Sábado se Destaca...

João Perfeito
Campanha ideológica vs Campanha de Ostentação


 
 
 
 
 
 


Ao longo da última semana tenho prestado bastante atenção às eleições do Sporting. Hoje será o dia decisivo.
A ausência do voto por correspondência poderá ser decisivo no desfecho destas eleições. Godinho Lopes parece o grande candidato, mas a campanha de Bruno Carvalho e a sustentação de Dias Ferreira tem alimentado a dúvida.
Na verdade para bem do Sporting seria uma catástrofe se qualquer dos dois presidentes favoritos ganha-se as eleições. Acho inaceitável se tal acontecer. Se isso acontecer será porque os Sportinguistas mais uma vez pensaram a curto prazo e na ostentação do que no longo prazo e em ideias fundamentais.
Pedro Baltazar quer devolver o Sporting ao passado, a abertura de treinos, a eliminação do fosso, os jogos à tarde… No entanto parece alimentar um pouco guerra com os eternos rivais em questões da Liga, o que em nada será benéfico para o Sporting. Ser ele o responsável directo pelo futebol também não é nada benéfico para a sua candidatura dada a sua dificuldade comunicacional e de gestão desportiva. O Sporting não é uma empresa.
Dias Ferreira tem Paulo Futre como seu grande trunfo. Um homem com créditos firmados no futebol internacional que pode em muito devolver a boa capacidade de prospecção ao Sporting. Do ponto de vista económico caminha para um processo sustentável dada a sua experiência. A importância que dá ao marketing do clube e a tentativa de ser uma réplica do Barcelona podem ser grandes mais-valias. Contudo tem ideias demasiado fixas e não dará ao Sporting a ruptura que necessita.
Sérgio Abrantes Mendes o patinho feio da candidatura é o homem certo para este lugar. Com uma postura cívica assinalável - fala num projecto sólido e sustentado. Forte opositor da linha Roquette desde os seus primórdios parece-me um óptimo gestor de recursos humanos. Parece-me um homem que dê confiança às pessoas com quem trabalha e saiba tirar o melhor delas. O apoio de Carlos Lopes só vem ilustrar o dever cívico e o amor ao Sporting de Abrantes Mendes. Uma fusão com a Candidatura de Dias Ferreira seria o ideal. Ambos se completavam…
Godinho Lopes é mais que um regresso ao passado é tentar matar o Sporting. A única coisa boa que tem é o treinador que apresenta. Com pouquíssima ligação aos sócios, matava os núcleos do clube. Nomes a mais na gestão do futebol do Sporting-mais do mesmo, pouco rendimento económico a longo prazo.
Bruno de Carvalho é também ele um péssimo candidato. Fala num projecto apresentado com 93 ideias mas esquece o essencial. A unificação leonina em prol dum objectivo comum. O fundo de investimento não é mais do que poeira para os olhos e escolher Van Basten é o total suicídio. O Sporting de 2004 a 2009 apresentou futebol de elevada qualidade faltando solidez defensiva e por isso não ganhou campeonatos. A precariedade deve-se à falta de jogadores. Um treinador que possa ter jogadores para permitir à equipa equilibrar-se não via romper com esse modelo e abraçar um futebol totalmente ofensivo. Inaceitável as declarações de Bruno de Carvalho quando fala na prestação da Holanda em 2008 e 2010. Onde obteve as piores classificações com este treinador. Ele quer um futebol alegre, mas um futebol precário, goleadas de 5-0 e 7/8 derrotas. Não é este o caminho e Van Basten estará para o Sporting como Koeman para o Benfica- uma autêntica desgraça Nacional. A gestação da formação não me parece a mais correcta com poucos jogadores e falta de capacidade de adaptação na transição para o futebol sénior. O seu paleio e o show-off que dá permanentemente podem dar-lhe a vitória.
Bruno de Carvalho aproveita a existência da televisão para potencializar a sua candidatura, com protocolos antes do tempo, como milagres e dinheiros desconhecidos.
Sérgio Abrantes Medes à 70 anos se não existisse televisão e os debates fossem só pela rádio, com o seu discurso clarividente e cívico seria o candidato mais forte. Os tempos mudam… As pessoas continuam ingénuas. Os Sportinguistas dizem que Abrantes Mendes é um bom candidato mas não votam nele porque pensam que ninguém vota. O poder das sondagens e da televisão tem um papel decisivo. As ideias e os valores ficam para trás… O Sporting responderá sim ou não à ingenuidade e se no momento mais crítico da sua história não romper com esta linha de continuidade, cada vez existirá um fosso entre os sócios antigos e novos do Sporting. O Sporting não renovará a sua geração e dificilmente manterá o apoio fundamental para tentar lutar por títulos. E lembro caro leitor nos últimos 41 campeonatos o Sporting venceu apenas 5.Há 67 anos que o Sporting não é bi-campeão. O problema não é de agora.

By João Perfeito
19
Mar11

Porque ao Sábado se Destaca...

João Perfeito
Gerir ou descansar? Correr atrás da bola ou fazer a bola correr?
Estudar futebol ou entreter os adeptos? Ganhar ou ser equipa do quase?


A presente edição da Liga dá-nos as melhores equipas nacionais dos últimos 15 anos. Desde o início do penta do Porto (1994/1995) que nunca vimos duas equipas tão demolidoras no nosso campeonato. O actual Porto e Benfica são bem melhores que os últimos 15 campeões nacionais. O Porto soma 21 vitórias em 23 jogos. O Benfica conseguiu em todas as competições nacionais a proeza de 25 vitórias em 26 jogos. Palavras para que? Benfica e Porto rumo aos calcanhares das grandes potências mundiais. O Porto pode ser o melhor campeão de sempre. O Benfica nada pode fazer contra isso.
Nesta epopeia europeia e nacional o Porto está acima do Benfica. Qualidade individual? Super Hulk. Aimar, Saviola. Falcão- Cardozo. Álvaro Pereira- Coentrão. Não me parece… Qualidade técnica? Muito menos. Futebol espectáculo? Claramente menos.
Tão iguais e tão diferentes. Tão próximos e tão distantes. No fundo o Benfica ressuscitou a sua história e galvanizou o seu jogo, fazendo triangulações perfeitas, acelerações formidáveis, sincronizações de olhos fechados e golos artísticos. Na verticalidade de Salvio… o talento de Chalana. No pé direito de Eusébio… o esquerdo de Cardozo (destaque para a potência não é como é óbvio uma comparação entre os dois jogadores). Na astúcia de Simões… as diagonais de Gaitán. No talento de Valdo… a dádiva de Aimar. Um Benfica que faz os adeptos ingleses pedir mais e adorar vê-lo jogar.
No Porto uma liderança, uma identidade, uma táctica. Um futebol apoiado, um futebol no chão, um futebol pragmático, um futebol largo. A técnica no passe e na recepção, a genialidade artística na genialidade táctica. Atacar a defender, defender a atacar. Forte nas transições. Forte em ataque continuado e em contra-atque. Forte em tudo, fraco em nada. Defesa sólido, ataque sólido. A bola corre de Hélton a Falcão passando um por um pelos restantes 9 jogadores, uma triangulação, uma mudança de flanco, uma subida do lateral, um movimento interior do extremo, uma explosão de Hulk um refinar da orquestra de Moutinho. No fundo a mistura com o previsível e o imprevisível. Um ritmo certo… uma explosão. Perder a bola e pressionar, recuperar e ter linhas de passe. Campo Grande a atacar, campo pequeno a defender. Recuperar, entregar atrás e devolver ao dono da orquesta (Moutinho) que depois decide mudar o pop do ritmo para o jazz (improviso) de Hulk sem desequilíbrios. O Porto é a crença do futebol moderno. Do saber atacar, do saber defender. Da supremacia do espectáculo como forma de guardar a bola e não de dar goleadas, de sofrer faltas quando ganha, de empurrar o adversário à sua baliza sem se desequilibrar. O triunfo dum treinador que estuda e está atento às mudanças do futebol. O Porto descansa a jogar, o Benfica cansa-se a jogar. O Porto faz correr a bola, os jogadores escolhem o ritmo do movimento. O Benfica faz correr os jogadores, com bola no pé, com tabelas, com movimentações desgastadíssimas… grandes golos, grandes perdidas, Javi Garcia fica só na perca de bola e tem de se desgastar. No Porto Fernando divide com Belluschi e Moutinho.
O Porto nunca saí desgastado. Porque o Porto gere o jogo como quer independente do adversário. O Porto pode fazer entrar o seu melhor onze e jogar de dois em dois dias que a sua equipa recupera sempre? Porquê? Porque tem qualidade nos suplentes e alterna os intocáveis. No Benfica Coentrão, Gaitán, Saviola, Salvio fazem jogos a fio e rebentam. No Porto, Moutinho é uma daquelas pérolas raras que até podem jogar 80 jogos por ano. Belluschi emerge e estagna… Guarín afirma-se e explode. Fernando sente o peso da carga de jogos, baixa o Guarín fresco, joga Belluschi. No jogo seguinte Belluschi retoma o banco. James Rodriguéz prepara-se durante 4 meses e rende um Varela a acentuar a quebra de forma. Falcão melhor que nunca depois da lesão (sem desgaste). Nas laterais Álvaro Pereira recupera aos poucos o seu estatuto de indiscutível. Sapunaru rigoroso e Fucile ambicioso alternam. No centro da defesa o seguro Maicon alterna com o imponente Otamendi. Sem perder qualidade, mas sim aumentando. Em função da subida de forma física e mental. Na gestão da motivação. Cada um destes jogadores acredita que pode ser titular. No Benfica temos 12 jogadores (Martins), os outros não estão preparados para serem lançados. Por isso o Porto apresenta sempre a melhor equipa e nunca se cansa, o Benfica joga como diz o seu treinador para entreter todos os adeptos (até aqueles que não são do Benfica) a equipa desgasta-se o Coentrão arrasta-se , Aimar e Cardozo pedem substituições. Uma equipa explode e desequilibra-se. Outra mantém o mesmo ritmo do início ao fim e nunca se parte. Uma ganha o campeonato… outra é a equipa do quase. Porquê? Porque o Benfica ataca melhor que o Porto. Só que o Porto defende a atacar e o Benfica apenas defende, quando perde a bola. Esta é a diferença. Esta é a viragem do futebol. A ideia romântica …a ideia eficaz. A ideia prática de quem jogou (Jesus)… a ideia teórica de quem estudou (Vilas Boas). A gestão descansando os jogadores, a gestão rodando os jogadores.
Por isso o Porto ganha, o Benfica é a equipa do quase… O Benfica não desiludiu, foi mais do mesmo da época passada. O Porto inovou o seu jogo face ao exacerbamento da táctica e da gestão em prol do espectáculo e da individualidade… no fundo da nova sustentação do futebol actual… que tem a Espanha a pontificar de forma máxima a caminho da conquista de três títulos internacionais seguidos (algo inédito). Porque será?



By João Perfeito
19
Mar11

Porque ao Sábado se destaca...

Colaborador Minuto Zero
Gerir ou descansar? Correr atrás da bola ou fazer a bola correr?
Estudar futebol ou entreter os adeptos? Ganhar ou ser equipa do quase?


A presente edição da Liga dá-nos as melhores equipas nacionais dos últimos 15 anos. Desde o início do penta do Porto (1994/1995) que nunca vimos duas equipas tão demolidoras no nosso campeonato. O actual Porto e Benfica são bem melhores que os últimos 15 campeões nacionais. O Porto soma 21 vitórias em 23 jogos. O Benfica conseguiu em todas as competições nacionais a proeza de 25 vitórias em 26 jogos. Palavras para que? Benfica e Porto rumo aos calcanhares das grandes potências mundiais. O Porto pode ser o melhor campeão de sempre. O Benfica nada pode fazer contra isso.
Nesta epopeia europeia e nacional o Porto está acima do Benfica. Qualidade individual? Super Hulk. Aimar, Saviola. Falcão- Cardozo. Álvaro Pereira- Coentrão. Não me parece… Qualidade técnica? Muito menos. Futebol espectáculo? Claramente menos.
Tão iguais e tão diferentes. Tão próximos e tão distantes. No fundo o Benfica ressuscitou a sua história e galvanizou o seu jogo, fazendo triangulações perfeitas, acelerações formidáveis, sincronizações de olhos fechados e golos artísticos. Na verticalidade de Salvio… o talento de Chalana. No pé direito de Eusébio… o esquerdo de Cardozo (destaque para a potência não é como é óbvio uma comparação entre os dois jogadores). Na astúcia de Simões… as diagonais de Gaitán. No talento de Valdo… a dádiva de Aimar. Um Benfica que faz os adeptos ingleses pedir mais e adorar vê-lo jogar.
No Porto uma liderança, uma identidade, uma táctica. Um futebol apoiado, um futebol no chão, um futebol pragmático, um futebol largo. A técnica no passe e na recepção, a genialidade artística na genialidade táctica. Atacar a defender, defender a atacar. Forte nas transições. Forte em ataque continuado e em contra-atque. Forte em tudo, fraco em nada. Defesa sólido, ataque sólido. A bola corre de Hélton a Falcão passando um por um pelos restantes 9 jogadores, uma triangulação, uma mudança de flanco, uma subida do lateral, um movimento interior do extremo, uma explosão de Hulk um refinar da orquestra de Moutinho. No fundo a mistura com o previsível e o imprevisível. Um ritmo certo… uma explosão. Perder a bola e pressionar, recuperar e ter linhas de passe. Campo Grande a atacar, campo pequeno a defender. Recuperar, entregar atrás e devolver ao dono da orquesta (Moutinho) que depois decide mudar o pop do ritmo para o jazz (improviso) de Hulk sem desequilíbrios. O Porto é a crença do futebol moderno. Do saber atacar, do saber defender. Da supremacia do espectáculo como forma de guardar a bola e não de dar goleadas, de sofrer faltas quando ganha, de empurrar o adversário à sua baliza sem se desequilibrar. O triunfo dum treinador que estuda e está atento às mudanças do futebol. O Porto descansa a jogar, o Benfica cansa-se a jogar. O Porto faz correr a bola, os jogadores escolhem o ritmo do movimento. O Benfica faz correr os jogadores, com bola no pé, com tabelas, com movimentações desgastadíssimas… grandes golos, grandes perdidas, Javi Garcia fica só na perca de bola e tem de se desgastar. No Porto Fernando divide com Belluschi e Moutinho.
O Porto nunca saí desgastado. Porque o Porto gere o jogo como quer independente do adversário. O Porto pode fazer entrar o seu melhor onze e jogar de dois em dois dias que a sua equipa recupera sempre? Porquê? Porque tem qualidade nos suplentes e alterna os intocáveis. No Benfica Coentrão, Gaitán, Saviola, Salvio fazem jogos a fio e rebentam. No Porto, Moutinho é uma daquelas pérolas raras que até podem jogar 80 jogos por ano. Belluschi emerge e estagna… Guarín afirma-se e explode. Fernando sente o peso da carga de jogos, baixa o Guarín fresco, joga Belluschi. No jogo seguinte Belluschi retoma o banco. James Rodriguéz prepara-se durante 4 meses e rende um Varela a acentuar a quebra de forma. Falcão melhor que nunca depois da lesão (sem desgaste). Nas laterais Álvaro Pereira recupera aos poucos o seu estatuto de indiscutível. Sapunaru rigoroso e Fucile ambicioso alternam. No centro da defesa o seguro Maicon alterna com o imponente Otamendi. Sem perder qualidade, mas sim aumentando. Em função da subida de forma física e mental. Na gestão da motivação. Cada um destes jogadores acredita que pode ser titular. No Benfica temos 12 jogadores (Martins), os outros não estão preparados para serem lançados. Por isso o Porto apresenta sempre a melhor equipa e nunca se cansa, o Benfica joga como diz o seu treinador para entreter todos os adeptos (até aqueles que não são do Benfica) a equipa desgasta-se o Coentrão arrasta-se , Aimar e Cardozo pedem substituições. Uma equipa explode e desequilibra-se. Outra mantém o mesmo ritmo do início ao fim e nunca se parte. Uma ganha o campeonato… outra é a equipa do quase. Porquê? Porque o Benfica ataca melhor que o Porto. Só que o Porto defende a atacar e o Benfica apenas defende, quando perde a bola. Esta é a diferença. Esta é a viragem do futebol. A ideia romântica …a ideia eficaz. A ideia prática de quem jogou (Jesus)… a ideia teórica de quem estudou (Vilas Boas). A gestão descansando os jogadores, a gestão rodando os jogadores.
Por isso o Porto ganha, o Benfica é a equipa do quase… O Benfica não desiludiu, foi mais do mesmo da época passada. O Porto inovou o seu jogo face ao exacerbamento da táctica e da gestão em prol do espectáculo e da individualidade… no fundo da nova sustentação do futebol actual… que tem a Espanha a pontificar de forma máxima a caminho da conquista de três títulos internacionais seguidos (algo inédito). Porque será?



By João Perfeito
13
Mar11

Porque ao Sábado se Destaca...

João Perfeito
Projecto europeu


O Benfica neste momento em 4 modalidades luta para vencer uma competição europeia.
No futebol, os comandados de Jorge Jesus face ao previsível afastamento dos seus rivais ingleses (Liverpool e Manchester City) juntamente com o Futebol Clube do Porto e a par do Vilarreal são o principal candidato ao troféu. A estratégia mais defensiva e de contra-golpe jogada nesta temporada nalguns jogos frente a adversários poderosos é o indicador das reais possibilidades da equipa do Benfica passar da ilusão à conquista.
No hóquei em patins, na Taça CERS após eliminar os italianos do Lodi, depois duma galvanizadora vitória em casa por números expressivos 7-4, mesmo com a derrota forasteira 7-5 o Benfica demonstrou à Europa a sua capacidade concretizadora. Pela frente terão os espanhóis do Lloret equipa que o ano passado eliminou o Benfica da final da referida competição.
Mesmo sendo esta Taça CERS uma Liga Europa do hóquei, o é que é certo é que muito tem feito o Benfica este ano para obrigar o enacampeão FCPorto a mostrar toda a sua valia no Campeonato Nacional, ao invés de anos e anos de campeão anunciado à 5ª ou 6ª jornada. Sendo o FC Porto a segunda melhor equipa da Europa, a seguir ao todo-poderoso Barcelona o Benfica tem tudo para num futuro próximo ambicionar um inédito título europeu, algo surpreende visto que nem no tempo de Livramento consegui tal proeza.
No basquetebol conseguiu passar a primeira fase da EuroChallenge , perdendo na segunda face somente adversários francês, letões e suecos. Deu boa réplica e provou que com trabalho o basquetebol nacional mais cedo ou mais se internacionalizará de forma efectiva.
No Andebol o Benfica luta para suceder ao Sporting como vencedor da Taça Challenge. Com vitórias categóricas e boa solidez defensiva o Benfica consegue finalmente mostrar entrosamento entre a sua espinha dorsal. Finalmente a equipa deixou de ser apenas um conjunto aglomerado de talentos nacionais.
A cereja no topo deste bolo é o futsal. Com o segundo plantel mais experiente da Europa, com um colectivismo fortíssimo e a ambição inédita de ser a primeira equipa dos últimos 7 anos a ser bi-campeã europeia o Benfica tem sérias hipóteses de repetir o memorável triunfo da época transacta.
Sem o estigma psicológico de jogar perante o Interviú, com o ElPozo eliminado, o Benfica beneficia ainda da inexperiência do seu eterno rival Sporting e da má época interna do Montesilvano de Itália. Os anfitriões Kairat Almaty jogam durante todo o ano num campeonato só com 4 equipas, onde são campeões anunciados, a falta de ritmo pode ser determinante face à experiência e preparação do Benfica.
Sem participação no corrente ano, o Voleibol do Benfica tem dominado de forma inequívoca o panorama nacional. Um plantel bem melhor do que aquele que à uns anos foi eliminado nos quartos-de-final da Challenge Cup. Assim no próximo ano o Benfica poderá assumir-se rumo a um estatuto europeu semelhante ao do Sporting de Espinho em 2001, quando pela primeira vez conquistou uma competição europeia para Portugal.
Embora num futuro próximo só no hóquei e futsal lute pelo mais alto título europeu, no basquetebol, andebol e voleibol o Benfica tem tudo para ir aumentando o seu estatuto e numa realidade mais distante porque não pensar noutros patamares.
Um bom projecto rumo à desmistificação da ideia de que o Benfica e Portugal são só futebol.


By João Perfeito
13
Mar11

Porque ao Sábado se destaca...

Colaborador Minuto Zero
Projecto europeu



O Benfica neste momento em 4 modalidades luta para vencer uma competição europeia.
No futebol, os comandados de Jorge Jesus face ao previsível afastamento dos seus rivais ingleses (Liverpool e Manchester City) juntamente com o Futebol Clube do Porto e a par do Vilarreal são o principal candidato ao troféu. A estratégia mais defensiva e de contra-golpe jogada nesta temporada nalguns jogos frente a adversários poderosos é o indicador das reais possibilidades da equipa do Benfica passar da ilusão à conquista.
No hóquei em patins, na Taça CERS após eliminar os italianos do Lodi, depois duma galvanizadora vitória em casa por números expressivos 7-4, mesmo com a derrota forasteira 7-5 o Benfica demonstrou à Europa a sua capacidade concretizadora. Pela frente terão os espanhóis do Lloret equipa que o ano passado eliminou o Benfica da final da referida competição.
Mesmo sendo esta Taça CERS uma Liga Europa do hóquei, o é que é certo é que muito tem feito o Benfica este ano para obrigar o enacampeão FCPorto a mostrar toda a sua valia no Campeonato Nacional, ao invés de anos e anos de campeão anunciado à 5ª ou 6ª jornada. Sendo o FC Porto a segunda melhor equipa da Europa, a seguir ao todo-poderoso Barcelona o Benfica tem tudo para num futuro próximo ambicionar um inédito título europeu, algo surpreende visto que nem no tempo de Livramento consegui tal proeza.
No basquetebol conseguiu passar a primeira fase da EuroChallenge , perdendo na segunda face somente adversários francês, letões e suecos. Deu boa réplica e provou que com trabalho o basquetebol nacional mais cedo ou mais se internacionalizará de forma efectiva.
No Andebol o Benfica luta para suceder ao Sporting como vencedor da Taça Challenge. Com vitórias categóricas e boa solidez defensiva o Benfica consegue finalmente mostrar entrosamento entre a sua espinha dorsal. Finalmente a equipa deixou de ser apenas um conjunto aglomerado de talentos nacionais.
A cereja no topo deste bolo é o futsal. Com o segundo plantel mais experiente da Europa, com um colectivismo fortíssimo e a ambição inédita de ser a primeira equipa dos últimos 7 anos a ser bi-campeã europeia o Benfica tem sérias hipóteses de repetir o memorável triunfo da época transacta.
Sem o estigma psicológico de jogar perante o Interviú, com o ElPozo eliminado, o Benfica beneficia ainda da inexperiência do seu eterno rival Sporting e da má época interna do Montesilvano de Itália. Os anfitriões Kairat Almaty jogam durante todo o ano num campeonato só com 4 equipas, onde são campeões anunciados, a falta de ritmo pode ser determinante face à experiência e preparação do Benfica.
Sem participação no corrente ano, o Voleibol do Benfica tem dominado de forma inequívoca o panorama nacional. Um plantel bem melhor do que aquele que à uns anos foi eliminado nos quartos-de-final da Challenge Cup. Assim no próximo ano o Benfica poderá assumir-se rumo a um estatuto europeu semelhante ao do Sporting de Espinho em 2001, quando pela primeira vez conquistou uma competição europeia para Portugal.
Embora num futuro próximo só no hóquei e futsal lute pelo mais alto título europeu, no basquetebol, andebol e voleibol o Benfica tem tudo para ir aumentando o seu estatuto e numa realidade mais distante porque não pensar noutros patamares.
Um bom projecto rumo à desmistificação da ideia de que o Benfica e Portugal são só futebol.


By João Perfeito