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Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

Minuto Zero

25
Jan12

Porque a vida também é feita a correr...

João Perfeito

Nélson nasceu para ser campeão

 

Nélson Évora lesionou-se e vai falhar os Jogos Olímpicos de Londres. O actual campeão Olímpico hipoteca assim as hipóteses de renovar o título na casa do grande Rival Idowu.

A ausência de Évora é um duro revés nas aspirações olímpicas Nacionais. O atleta do Benfica, finda duas épocas de lesões parecia que estava a evoluir numa plataforma favorável para regressar aos seus momentos. Mas na verdade o esforço para se ser atleta de alta competição paga-se caro. Por mais acompanhamento médico que atletas de alto gabarito possam ter estão sujeitos a esforços sobre-humanos e nem sempre os músculos aguentam.

Mas Nélson com a sua determinação e força de vontade vai continuar a evoluir e a mostrar ao país que não está acabado. Psicologicamente penso que passados 2/3 meses irá aos poucos recuperar o seu forte temperamento, grande apanágio dos seus resultados.

Mas nos mundiais de 2013 penso que poderemos contar com Nélson. Nélson na verdade nasceu para ser campeão e merece bem mais que três anos dourados de medalhas internacionais.

Portugal não morre sem Nélson e outros atletas poderão arrecadar medalhas em Londres e Nélson não morrerá sem Portugal- porque ainda tem medalhas e recordes para bater- para deixar ainda mais o seu legado na história do desporto Nacional.

29
Jun11

Porque a vida também é feita a correr...

João Perfeito

E 15 anos depois o voo da águia supera o rugido do leão

                     

 

                  Sim, caro leitor, é mesmo verdade, o Benfica sagrou-se campeão nacional de atletismo sénior destronando o todo-poderoso Sporting. Foi no passado Domingo, em pleno Estádio Universitário, que a turma juvenil benfiquista destronou a veterania leonina.

                    O feito alcançado pelas jovens águias merece ainda mais reconhecimento por ter sido sobre o actual 4º classificado da Liga dos Campeões de Atletismo e em 2009 e 2008 vice-campeão europeu.

                    Se o leitor estiver fora da realidade do atletismo, certamente pensará que me estarei a equivocar ao falar em “turma juvenil” e “jovens águias” da equipa do Benfica - mas não. Esta é a equipa de seniores do Benfica formada grande parte por atletas que ainda estão em escalões de formação. No fundo, este é o verdadeiro segredo do Benfica. O Sporting vive à sombra de nove títulos conquistados, de pódios europeus e está a descurar o futuro. Um pouco à imagem, em plano contraditório, do futsal, onde o Benfica estagna e o se Sporting renova.

No actual quadrante masculino do Benfica : Rui Pinto (1992 -1º 5000 metros), Emanuel Rolim (1993 - 2º 1500), Tiago Aperta (1992 - 1º Dardo) e Renato Silva (1991 - 2º 800 metros) tiveram um papel deveras preponderante para o triunfo dos encarnados. A diferença de 156 para 154 pontos explica bem a igualdade entre as equipas, um campeonato decidido nos pormenores.

                    Apesar da ascensão que o Benfica tem realizado no atletismo nacional, fruto do exacerbamento das novas pérolas nacionais, o favoritismo recaía para os lados de Alvalade. A composição da equipa, grande parte dela habitual frequentadora da selecção nacional, abria claramente boas perspectivas para os leões chegarem aos 10 triunfos consecutivos. O Benfica, tal como os seus responsáveis frisaram, ainda não tinha como objectivo prioritário o título, esperando mais a longo prazo que a evolução dos jovens pudesse assumir a candidatura duma forma mais veemente.

Mas o inevitável aconteceu, um conjunto de peripécias proporcionou que a surpresa se efectivasse. A ascenção meteórica de Jorge Paula nos 400 barreiras e agora também 400 planos, a derrota do campeão nacional de disco, Jorge Grave, para Marco Fortes, a vitória da jovem estafeta de 4x400 proporcionaram que o sonho fosse possível.

                    O Sporting tem muitos motivos para assumir amplos receios. Uma equipa que vive essencialmente dos lançamentos e das dobragens dos medalhados olímpicos Rui Silva e Francis Obikwelu. Nos 400 metros está a perder para o eterno rival Benfica e nos saltos apenas Edi Maia venceu.

O Benfica, por seu turno, para além de integrar atletas juniores contempla vários sub 23 que nas provas de meio-fundo e velocidade vencem ou pelo menos em grande parte ficam em segundo lugar.

O Sporting está a descurar a renovação do seu arsenal. Com um 4º lugar na altura e um 3º no lançamento do dardo hipotecou por completo todas as suas aspirações. Nesta prova integrou jovens que estão longe de lutar de igual para igual com as promessas benfiquistas e os resultados foram uma consequência desta má gestão.

                   Mais do que falar da vitória do Benfica, penso que é importante falar da previsível queda que o Sporting possa vir a ter. A equipa não tem soluções para render Obikwelu e Rui Silva (4 provas). Por outro lado, nos lançamentos, os protagonistas são sempre os mesmo e a renovação necessária não ocorre - o Benfica, colhendo as sementes da progressão das disciplinas técnicas do atletismo nacional, dominará nos próximos anos. Nos saltos, o Benfica sempre demonstrou superioridade…

                 O Benfica conta com o futuro do meio-fundo nacional (Rui Pinto, 3º classificado europeu júnior de cross), Emanuel Rolim (recordista nacional juvenil de 1500 metros), o futuro da velocidade Bruno Fernandes (campeão júnior de 100 e 200), o recordista nacional das barreiras com apenas 22 anos (Rasul Dábo), o sucessor de Nélson Évora no triplo e confirmação no comprimento (Marcos Chuva) e ainda o recordista nacional sénior, com idade júnior, do lançamento do dardo Tiago Aperta.

                    A formação da luz é ainda actual campeã nacional de juniores, sub 23 ao ar livre e pista coberta, com clara supremacia perante o rival da segunda circular.

             Os tempos poderão estar a mudar. Os tempos de Carlos Lopes, Mamede, gémeos Castro já lá vão. O Sporting ameaça deixar o domínio nacional e, mais preocupante, o primeiro pelotão europeu.

                   O Benfica ambiciona conquistar o prestígio que outrora foi do Sporting.

                   Interessante, esta fase do desporto nacional em que no hóquei, futebol, futsal e atletismo, os grandes dominantes estão a perder lugar. Será este um sintoma da ataraxia nacional face à ideia ilusória de eterno sucesso?

                     O futuro responderá e a presença na Liga dos Campeões de Atletismo na próxima época ajudará a trilhar a primeira pedra deste caminho, que os benfiquistas esperam que seja de sucesso.

 

By João Perfeito

 

01
Jun11

Porque a vida também é feita a correr...

João Perfeito

Espectáculo, ausências forçadas e eterna glória

 

               A minha crónica desta semana é uma analogia entre o melhor atleta nacional, Nélson Évora, e o melhor do Mundo, Usain Bolt.

Claro que são atletas diferentes com mediatismo, performance e estilos diferentes. Não é isso que evidentemente vou comparar. Até porque primeiramente fazem disciplinas distintas.

               Aquilo que acho interessante comparar é o modo como estes atletas têm gerido as suas carreiras em prol da trilogia - espectáculo, ausências forçadas e eterna glória - e como deixam a sua marca. Bolt no mundo - Évora no país.

               No fundo o percurso de ambos quase se confunde. Olhemos para Usain Bolt: bate o recorde do mundo (9,72) poucos meses antes dos jogos olímpicos, sem nunca ter ganho qualquer competição internacional. Teve um percurso de formação dourada, todo a preparar este evento. Em Pequim, tocou as pontas de dedos no céu. Voou, festejou, dançou, pegou na bandeira do seu país e disse “I am the numer one” num estilo com tanto de espectacular como de universal. Fez capas em todo o mundo e mesmo a minha avó sabia que havia um jamaicano que voava. No fundo, a sua passada larguíssima e a sua celebração inédita em 100 metros fizeram eternizar a pista de Pequim como um dos melhores espectáculos que o desporto já deu à humanidade. Em 2009, Bolt ameaça, segundo cientistas, deixar de ser humano, correndo praticamente abaixo do que aquilo que biologicamente um ser humano pode fazer. Sendo comparado a da Vinci, Mozart, Newton, como alguém sobrenatural… Em 2010 quase deixámos de falar de Usain Bolt - perdeu até uma prova para Tyson Gay, seu eterno rival. Mas 2011 tem também sido um ano atípico: Bolt passa 8 meses sem competir (Setembro de 2010) e regressa 3 meses antes dos mundiais mas, uma vez mais, com marcas discretas e vitórias não folgadas. O fenómeno Bolt parece estar cada vez mais em queda. Já não se inventam notícias para que apareça alguma coisa dele. Já não aparece na televisão. Não participa em provas. Parece que nos esquecemos do homem mais rápido da Humanidade. No fundo, toda esta pausa - todas estas 6 provas q.b. em 2 anos de Bolt nada são mais do que uma forma de nos criar expectativa e depois fazermos novamente deslumbrar. Com novo recorde do mundo e com uma corrida exímia.

               Évora prima pelo mesmo diapasão. Uma carreira em ascensão mas sem topo europeu ou mundial até 2007. Em 2007 surpreende tudo e todos e alcança uma das melhores marcas de sempre em mundias: 17.74. Bate o favoritíssimo Jardel Gregório que tinha pulado 17.90 nesse ano e surpreende o Mundo. Em 2008 com 17.67 dá-nos a 4ª medalha de Ouro olímpica- orgulha um país e levanta uma Nação. Abre telejornais, chora e mostra ao Mundo a nossa vaga de ser português e o quanto nos orgulhamos disso. Torna-se um símbolo nacional. Em 2009, longe da sua performance habitual, sagra-se vice-campeão mundial, perdendo o trono para o seu grande inimigo Idowu. Em 2010 faz um ano de regeneração e pára - abdicando dos europeus.

               Em 2011 abdica a meio de um meeting e volta a negar o regresso à competição. O que é certo é que parece longe do seu melhor…

No fundo, Évora está a preparar-se para recuperar a 100% e, outras vezes, em terras do Oriente, fazer uma viagem rumo à eternidade - como símbolo nacional e no ano seguinte ser o maior desmancha prazeres dos jogos Olímpicos e derrotar em sua própria casa Idowu.

               Se será cansaço, saturação ou apenas gestão do espectáculo o que interessa é que estes dois atletas apenas gostam de aparecer para fazerem a diferença, para deixarem um legado e uma marca singular e apenas o fazem quando estão no pico da sua forma…

O País quer voltar a sonhar com Nélson… O Mundo quer voltar a sonhar com Bolt.

               Em Daegu tiraremos as dúvidas…

 

By João Perfeito