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Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

Minuto Zero

04
Abr12

Steve Field

Steve Grácio

O novo Sporting

 

Com a saída de Domingos Paciência, para mim um dos melhores treinadores portugueses e será, provavelmente, futuro campeão no Dragão, e com a entrada de Ricardo Sá Pinto, o Sporting pouco ou nada alterou em termos de resultados: continua no quinto posto, mas desta feita a um ponto do Marítimo, ao passo que com Domingos a equipa estava em igualdade pontual; na Liga Europa, o clube está à beira de se qualificar para as meias-finais, tendo o feito de eliminar o todo poderoso Manchester City. Não digo que Sá Pinto não tenha mérito, porque tem, mas reafirmo que o Sporting, em termos de resultados, pouco ou nada mudou.

Após a derrota em Setúbal na 21ª jornada, José Mota, técnico do Setúbal, afirmou que o novo Sporting era inferior ao de Domingos. Apesar de fã do ex-técnico bracarense, não estou totalmente de acordo com José Mota. Acredito que Sá Pinto não vá ter uma grande carreira de treinador, mas este novo Sporting é, no geral, superior, não só nos tão banalizados termos vontade, raça, crer (a equipa tem, de facto, mais alegria a jogar), mas sobretudo nos princípios de jogo. Enquanto o Sporting de Domingos, bem ao estilo do seu técnico, privilegiava a organização defensiva, com transições rápidas para o ataque, o Sporting de Sá Pinto privilegia o contacto com a bola, a transição mais lenta e apoiada, tal como o fazia nos juniores, como já o referi neste espaço.

Apesar desta diferença de princípios, vemos que o onze base é quase o mesmo. O que mudou então? Matias Fernandez. Com Sá Pinto, a equipa cresce em redor do chileno, ele é essencial para a organização ofensiva da equipa, sempre apoiada e em posse, e é essencial para o jogo entre-linhas, que é muito importante nas transições mais lentas e organizadas. Com Domingos, Matias tinha pouco espaço, pois numa equipa essencialmente de transições rapidas, com um meio-campo mais coeso e menos criativo, os tradicionais "nº10" tendem a desaparecer, já que o objectivo é chegar à baliza contrária o mais rápido possível para apanhar o adversário descompensado, com pouca posse de bola, pelo que o fundamental são as bolas em profundidade colocadas pelos médios e não o jogo apoiado.

Assim, Matias Fernandez tem revelado todo o seu (enorme) potencial com Sá Pinto. Pelo contrário, num onze base tipo, Elias ou Schaars serão relegados para o banco neste novo Sporting. Filosofias diferentes, por norma, pedem jogadores diferentes, como prova esta mudança de técnicos em Alvalade.

17
Jan12

Steve Field

Steve Grácio

 Sporting, a lacuna intermédia

Com o maior investimento dos últimos anos, a equipa de Alvalade encontra-se, no final da primeira volta, praticamente arredada da luta pelo título. Aconteça o que acontecer nas taças, só a Liga Europa poderá salvar a época. Com um dos melhores treinadores portugueses e um bom plantel, um dos principais problemas da equipa prende-se com a zona de construção.

O Sporting quando inicia o seu jogo a partir da linha defensiva usa, preferencialmente, o passe longo, quando não consegue sair pelas laterais. Assim, construção do jogo do Sporting fica previsível, pois os adversários sabem que a bola quando está nos centrais vai procurar, na maioria das vezes, Wolfswinkel. Ou seja, o Sporting abdica de um dos sectores na sua fase de construção, o meio campo, o cérebro de qualquer equipa. Isto ocorre muito por culpa dos médios da equipa que, embora grandes jogadores, não tem características para o que o Sporting precisa: o Sporting precisa de pelo menos um jogador que recue e pense o jogo. Comparando com os seus rivais, observamos que o Benfica tem em Witsel e, sobretudo, Aimar essa tarefa (o argentino, apesar de ser o médio mais avançado recua muitas vezes para a zona dos centrais e de Javi) e observamos Moutinho ou Defour no Porto a pegar no jogo da equipa.

Deste modo, julgo que a derrota em Braga não se deve só a um meio campo destemido, com Schaars, Elias e Matias, mas também a esta lacuna na equipa. Com uma profundidade nas alas acima da média, o Sporting crescerá quando alguém recuar e organizar o jogo, ao invés de abusar do passe longo.