Porque a vida também é feita a correr...
Benfica conquista pleno e dobra segundo classificado,
nus campeonatos recheados de boas marcas individuais
O Benfica, claro favorito à partida, sagrou-se no passado fim-de-semana campeão nacional de juniores masculinos e femininos.
As jovens águias somaram 288 pontos, mais do dobro do segundo e terceiro classificados, com 134 pontos- Sporting e Braga, respectivamente. Por seu turno, os jovens águias também não quiseram ficar atrás e mais que dominaram ao totalizarem 277 pontos, bastante mais do dobro dos 112 da Juventude Vidigalense, e imagine-se, mais de 5 vezes do que o terceiro classificado - Sporting com 55 pontos.
Todo este domínio avassalador como exprimi é preocupante para o futuro da modalidade. A falta de competitividade das classificações colectivas, leva a que o nível de motivação dos atletas caia em flecha, felizmente a ansiedade de conseguir mínimos para o europeu da categoria acaba com toda esta aparente facilidade.
Assim, no plano geral, mais do que falar em proeza colectiva, nada mais do que o efectivamente esperado, é essencial observar as prestações individuais e perspectivar o modo como podem contribuírem para o futuro do atletismo nacional.
Por isso, antes de mais, as minhas felicitações para Tiago Aperta. A jovem pérola do dardo nacional despediu-se do escalão júnior em terras lusas, com o record nacional sénior- 73,94 metros. Sem ainda completar 20 anos de idade, Tiago Aperta é já o melhor lançador de dardo da história do nosso país, uma proeza que mesmo face à mediocridade de nível que sempre tivemos nos lançamentos, jamais poderá ser desvalorizada. É preocupante, pensarmos que o nosso recordista nacional sénior, ainda júnior apenas tem a sexta melhor marca europeia júnior do ano. Contudo, este é o primeiro passo, rumo à inversão da mistificação de que no nosso atletismo apenas sabemos correr.
Quem também esteve em destaque, mas sim pela surpresa foi Rui Pinto. O único júnior luso de sempre, medalhado num europeu de cross, venceu os 800 metros. Abdicando dos 1500, 3000 e 5000 metros. Depois duma formação repleta de êxitos e de marcas de valia nestas distâncias, Rui Pinto certamente quis completar o pleno de medalhas em todas as provas de meio-fundo e apurar a sua velocidade para os europeus que se avizinham.
Emanuel Rolim, não marcou presença nos nacionais, o que levou a uma disputa cerradíssima nos 1500 metros, como há muito não se via. O juvenil Bruno Varela confirmou a excelente época que tem vindo a realizar e sagrou-se campeão nacional júnior destronando toda a concorrência.
Nos 100 metros destaque para a vitória do benfiquista, Diogo Antunes que superou o favorito Gorga Biveti, carimbando o passaporte para o europeu.
No duplo hectómetro, no sector feminino, Diana Cerqueira acabou com a total hegemonia na velocidade da barreirista Eva Vital, conseguindo in extremis os mínimos para os europeus.
Quem também estará em Tallin, a representar Portugal, será Débora Santos, a ex-campeã nacional júnior de corta-mato, aproveitou a boleia, da recordista nacional júnior, Catarina Carvalho e com 10.43 nos 3000 metros obstáculos fixou os mínimos exigidos.
Rúben Miranda voltou a suplantar largamente toda a concorrência, vencendo destacadíssimo no Salto à Vara, ameaçando um futuro risonho na variante.
André Biveti nos 200 metros, Elisabete Silva no dardo foram os últimos atletas a carimbaram a presença no europeu.
No total, serão 21 os representantes lusos no europeu, sendo 12 do Benfica, uma delegação felizmente bem numerada, onde Emanuel Rolim, Rui Pinto, Tiago Aperta e Eva Vital pontificam como expoente máximo, rumo ao desejo incessante de medalhas internacionais na formação, que bem escasseiam no nosso palmarés recente.
By João Perfeito