Lado B
Balanço da fase de grupos do Euro 2012
No primeiro dia sem futebol jogado desde o seu início, é altura de fazer o balanço da fase de grupos do Euro 2012, destacando as grandes surpresas e as grandes deceções.
Começando pelas surpresas, a República Checa, a Grécia e porque não Portugal foram as seleções que se destacaram pela positiva na fase de grupos.
No grupo A, em que os grandes favoritos à passagem aos quartos-de-final eram a Rússia e a Polónia, República Checa e Grécia contrariaram todas as expetativas garantindo o apuramento na última jornada. A República Checa alcançou o apuramento à semelhança de Portugal (perdendo o primeiro jogo e ganhando os dois seguintes), sendo que conseguiu mesmo a liderança do seu grupo. Até agora, os jogadores que mais se destacaram na República Checa foram, na minha opinião, Rosicky, Pilar e Jiracek pelo que, no jogo de amanhã, Portugal terá de ter muito cuidado com estas três unidades de ataque de forma a não ser surpreendido. Já a Grécia continua a assentar o seu futebol, tal como em 2004, no cinismo, jogando à defesa e concretizando em golo as poucas oportunidades de que dispõe.
Portugal também acaba por ser, para mim, uma surpresa pela positiva, na medida em que a maioria dos adeptos de futebol (na qual eu me incluo) estava à espera do apuramento da Alemanha e da Holanda, pelo futebol que estas duas seleções apresentaram na fase de qualificação, tendo vencido todos os jogos. A partir do momento em que a nossa seleção chega aos quartos-de-final, acho que Portugal tem tudo para ir pelo menos até às meias-finais, já que na semi-final é muito provável que encontremos a campeã europeia e mundial Espanha, num jogo que a acontecer será muito difícil para a nossa seleção.
Quanto às grandes deceções da fase de grupos, destaco a Rússia e a Holanda. A Rússia pelo que fez na primeira jornada, quando goleou a República Checa por 4-1, parecia estar em condições de garantir um apuramento fácil para a fase a eliminar e até de lutar pela vitória final. No entanto, duas exibições menos conseguidas frente à Polónia e à Grécia atiraram a seleção de Dick Advocaat para fora deste campeonato da Europa.
A Holanda, pelo facto de ser a vice-campeã do Mundo em título, foi para mim uma grande deceção e ainda bem que o foi, porque assim Portugal garantiu o apuramento para a fase seguinte. No meu ponto de vista, o principal fator para este “descalabro” da Holanda foi a má gestão do selecionador Bert van Marwijk relativamente aos egos de alguns jogadores. Marwijk não soube gerir da melhor maneira o facto de ter o melhor marcador da liga inglesa (van Persie) e o melhor marcador da liga alemã (Huntelaar) na mesma equipa e não soube tirar o melhor proveito de van der Vaart, tendo-o deixado no banco de suplentes nos dois primeiros jogos, em detrimento do seu genro (Mark van Bommel).
Outro aspeto que marca pela negativa o fim da fase de grupos do Euro 2012 é as declarações de Michel Platini acerca das equipas que vão estar na final (Espanha e Alemanha). Sendo o presidente da UEFA, Platini devia ter estado calado de forma a garantir ao máximo a imparcialidade dos árbitros neste Europeu. Ainda ontem, no jogo entre Inglaterra e Ucrânia, já se sentiram as palavras de Platini quando o árbitro húngaro Viktor Kassai não validou um golo limpo à equipa da Ucrânia. Ou seja, os árbitros já começaram a beneficiar os mais fortes. Para além deste grave erro ocorrido ontem, acho curioso ter sido um árbitro alemão a apitar o Espanha-Croácia e um árbitro espanhol a apitar o Alemanha-Dinamarca.
Concluindo, espero que os árbitros não se sintam condicionados pelas palavras de Platini nos jogos decisivos que se avizinham e que Portugal vá, pelo menos, até às meias-finais. Venha de lá o mata-mata!