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Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

Minuto Zero

06
Jul12

Buzzer Beater

Óscar Morgado

Sem lockout, há animação para o mês todo

 

Bem verdade. A época dos 'free agents' está em altas, e muitas são as novidades, que prometem abanar as classificações na próxima temporada, ou pelo menos tentar. A grande notícia da edição de 2012 é o reforço em peso dos Brooklyn Nets (ex-New Jersey), com a confirmação do regresso de Deron Williams e Gerald Wallace, ambos em contratos milionários, e a troca por Joe Johnson, marcador de serviço dos Atlanta Hawks, que, apesar de possuir um contrato que roça o absurdo, será uma peça importante na demanda dos Nets. E depois a equipa parece não desistir do desejo de obter o mais desejado de todos: Dwight Howard. O poste vencedor de três prémios de Melhor Defesa da NBA já mostrou o seu desejo em ir para os Nets, embora Orlando ainda esteja a ponderar hipóteses de troca, pelo que de Brooklyn os Magic teriam um retorno de Brook Lopez, Marshon Brooks, Kris Humpfries e escolhas de draft. Se alguma outra equipa conseguir o consentimento de Howard em prolongar contrato, há melhores ofertas por aí (leia-se, Andrew Bynum e Pau Gasol dos Lakers ou até Ibaka e Harden de Oklahoma, sendo que este último é apenas uma ideia minha e de outras pessoas, não é uma negociação pensada). Seria, em teoria, um quarteto fantástico de Williams, Johnson, Wallace e Howard, que desafiaria a supremacia no Este dos Miami Heat.

Mas mais aconteceu! Steve Nash, eterno base dos Phoenix Suns e já por duas vezes MVP da época regular, foi finalmente trocado para um local onde poderá perseguir o último galardão que lhe falta: o campeonato. Nos Lakers, a equipa, se não sofrer mais alterações, tem um 5 inicial capaz de destronar Oklahoma no Oeste, e desafiar até os campeões em título Miami Heat. Já lá vai o tempo em que os Lakers têm um base realmente bom e à altura do trabalho, sendo que Derek Fisher não foi a escolha ideal nas últimas épocas, e Ramon Sessions desapareceu um pouco durante os playoffs da época transacta. Nesta negociação ficaram para trás os Raptors, que lançaram dinheiro para cima da mesa de forma a convencer Nash a jogar no seu país natal, e os Knicks, que esperavam reuni-lo com Amare Stoudemire e desafiá-lo a ganhar jogos por uma equipa que tanto precisa das vitórias. Terão que se contentar com Jason Kiddc, que já tem acordo com os nova-iorquinos.

De resto mais equipas têm feito movimentos significativos, com Eric Gordon a aceitar acordo com os Phoenix Suns (embora os Hornets tenham o direito de reter o jogador se igualarem a oferta feita), Brandon Roy a voltar da reforma com os Timberwolves, juntando-se a ele Nicolas Batum, também ex-Trailblazer, e mesmo Jeremy Lin, que fez um acordo semelhante ao de Gordon com os Suns (mas por menos dinheiro) com os Rockets, podendo os Knicks igualar, o que se espera que aconteça numa equipa que precisa desesperadamente de gente para a organizar do caos que a eterna Gotham City Batmaniana necessita.

Para finalizar vou apenas destacar aqueles que parecem os grandes derrotados destes processos até aqui: os Dallas Mavericks. Tendo Nowitzki assinado por menos dinheiro do que seria de esperar no final da época 2010/2011, de forma a conseguir flexibilidade para as contratações desta época, todos parecem fugir do barco de Mark Cuban: Deron Williams não foi convencido pelos texanos e ficou em Brooklyn, Jason Terry tem acordo com os Celtics, Kidd foi para Nova Iorque, e Lamar Odom para os Clippers. De notar que da equipa que ganhou o título frente aos Miami Heat também já sairam Caron Butler e Tyson Chandler. Nisto, Nowitzki fica realmente sozinho. Mas conhecendo a sagacidade de Mark Cuban, talvez não seja boa ideia decretar a derrota para os Mavericks, pelo que o ambicioso dono não se ficará pelas soluções de recurso.

08
Mar12

Buzzer Beater

Óscar Morgado

No Flow

 

Hoje penso que seja oportuno abordar questões psicológicas complexas e pouco exploradas, que há já muitos anos se adequam ao mundo desportivo, concretamente à NBA. O conceito de 'flow', vindo da psicologia (traduzindo à letra 'fluxo'), designa um estado mental que faz um indivíduo operar numa dada tarefa com um grau de concentração e envolvimento completo, no limite do que um ser humano consegue fazer, levando-o ao seu potencial total de aprendizagem e performance em qualquer tarefa. É um estado impossível de desbloquear propositadamente, embora certas condições devam ser satisfeitas: a actividade em questão deve ter objectios claros para o executante, o qual deve estar ainda bem ciente desses objectivos e da sua real capacidade para os cumprir, vendo-se a si próprio como absolutamente capaz de estar à altura da execução, e a tarefa deve proporcionar um feedback imediato nas suas várias fases.

Ora, vendo por partes, isto serve que nem uma luva a um jogo de basquetebol. O objectivo é o de vencer a equipa adversária, e o jogador pretende ter um desempenho superior ao dos seus adversários para o conseguir. Além disso, é expectável que o seu treinador transmita a cada atleta os seus objectivos específicos para servir o propósito geral da equipa. O jogador, assim posto, sabe o que tem que fazer, bem como o treinador, que lhe delega as tarefas em função da sua capacidade para as cumprir. No caso da NBA, o seu estilo orientado para a iniciativa dos atletas em muitas situações, dada a sua qualidade, faz com que haja uma grande capacidade criativa na execução em campo.

E depois chegamos ao feedback imediato: o rugir do público com um lançamento de 3 pontos convertido, o 'dá cá mais 5' do colega depois da assistência concluída ou a palmadinha nas costas do treinador no final de um jogo bem conseguido são mais que suficientes.

E isto tudo para quê? Eu tenho a certeza que vi um jogador no flow no passado Domingo. Deron Williams, base dos New Jersey Nets, despejou 57 pontos nos Charlotte Bobcats numa vitória de 104-101 sobre estes.

E agora voçês dizem: "Ah mas são só os Bobcats que estão quase em último...". Mas se vos disser que este é o marco pontual mais alto da época regular da NBA desde 22 de Janeiro de 2006, quando Kobe Bryant despedaçou os Toronto Raptors com os seus 81 pontos, já agora 2ª melhor performance pontual desde os 100 pontos de Wilt Chamberlain há 50 anos, a perspectiva muda.

Mas não foram só os pontos que me chamaram à atenção. Podiam ter todos vindo de jogadas fáceis, de assistências exímias, de factores quase externos ao jogador. Mas não. Uma postura quase animalesca de Williams, que normalmente é já um jogador de elite, com uma confiança tremenda a jogar, que põe uma equipa inteira a funcionar e com um jeito já de si natural para marcar pontos, neste jogo ele estava sob o efeito do flow, claramente. A confiança estava acima do que alguma vez esteve para Williams na NBA, que lançou triplos em corrida e os converteu, jogou de costas para o cesto, qual poste, e sabia exactamente o que tinha que fazer, quando fazer, e como fazer. E provavelmente não sabe explicar como é que aquilo aconteceu, nem conseguirá, conscientemente, replicar as condições novamente para fazer algo semelhante. Acredito que poderá voltar a fazê-lo até ao final da sua carreira, mas não o poderá antecipar.

NBA, where amazing happens? Nah, NBA, where out of this world psychological phenoms happen!

12
Jan12

Buzzer Beater

Óscar Morgado

Crise de bases? Nem por sombras

 

Ainda é estranho estarmos em Janeiro e a época da NBA estar muito precoce, com pouco mais de 10 jogos realizados por equipa. Contudo uma tendência que já apontei a época passada está mais afincada este ano: a posição de base tem um vasto mercado de talento e qualidade já demonstrada, e quase todas as equipas têm um ou mais jogadores  nessa posição com qualidade suficiente para levar uma equipa a vitórias.

Daquilo que posso constatar nas 30 equipas, há apenas no máximo 4 ou 5 que não têm alguém minimamente competente na posição 1. Na Conferência de Este há estrelas, com Rose em Chicago, Williams em New Jersey e Rondo em Boston, atiradores ou bases focalizados em marcar pontos, com Chalmers e Cole (o impressionante rookie que Miami foi buscar ao draft) em Miami, Calderon em Toronto, Jennings em Milwaukee e outro rookie, Kemba Walker, em Charlotte. Há ainda passadores competentes e bases polivalentes, como Holiday e Lou Williams em Philadelphia, Teague em Atlanta, Collison em Indiana, Nelson em Orlando, Irving em Cleveland, Stuckey e Knight em Detroit, e John Wall em Washington.

E quando chegamos à Conferência de Oeste o padrão mantém-se: as estrelas são Westbrook em Oklahoma City, Chris Paul nos Clippers e Stephen Curry em Golden State (na minha opinião só as lesões o impedem de produzir mais, sendo um dos melhores atiradores da liga). Há outro estrato de jogadores que já foram estrelas, mas estão no declínio da sua carreira, contudo, produzem melhor que a maioria, como Nash em Phoenix e Kidd em Dallas. Seguem-se os restantes bases de qualidade ou com muito potencial: Felton em Portland, Parker em San Antonio, Harris em Utah, Lawson em Denver, Conley em Memphis, Lowry em Houston, Ricky Rubio em Minnesota (e que ano de estreia que o espanhol está a ter na NBA) e Fredette em Sacramento (porque eu cá não acredito em Tyreke Evans como um base, e que este é desaproveitado naquela posição: Evans é, a meu ver, um protótipo precoce de um Dwayne Wade).

Portanto isto deixa apenas 3 equipas de fora: Nova Iorque, que apenas com Toney Douglas e o rookie Iman Shumpert (que no futuro pode almejar a algo mas é muito cedo para o prever) estão desfalcados apenas na posição de base, Los Angeles Lakers, onde Derek Fisher já não é a peça complementar de outros tempos, e New Orleans, onde Jarret Jack não chega para as encomendas de uma equipa que agora já não tem Chris Paul.

E enquanto alguns destes nomes que referi ainda não estão a produzir a níveis aceitáveis, todos têm pelo menos um fundo plausível de potencial que, a ser explorado pelas equipas, pode-lhes assegurar a posição por alguns anos. O draft que se espera neste ano de 2012 foca-se mais em jogadores de estatura e para as posições mais interiores, onde a NBA tem muito mais escassez de talento de qualidade do que a base, e portanto estas equipas poderão colmatar esse tipo de falhas. E isto faz-me acreditar cada vez mais na preponderância da posição de base em relação às restantes, por fazer o jogo funcionar mais fluidamente e criar oportunidades para os restantes jogadores. É claro que uma equipa desfalcada de qualquer uma das posições terá dificuldades em partes fulcrais do jogo, mas mesmo que não tenha um base competente, pelo menos algum jogador que consiga impor um ritmo e ordem ao jogo é essencial.

fonte: Boston.com
19
Jul11

Buzzer - Beater

Óscar Morgado

Quando a Europa pisca o olho…

 

                Afinal dá para haver notícias na NBA. O assunto que me proponho a comentar hoje é a razia de conversações que tem havido nas últimas semanas entre clubes europeus e jogadores da NBA, para potenciais prestações no Velho Continente.

                Quem anda a ser falado? Vamos começar pelos confirmados. Deron Williams é o grande nome até ao momento, já confirmado para jogar no Besiktas da Turquia na próxima época, na eventualidade de um lockout que chegue a cancelar alguns jogos nos Estados Unidos, com um contrato de quase 4 milhões de euros ao ano. Esta estrela, como muitas outras procuram, tem uma cláusula que lhe permitirá voltar imediatamente aos New Jersey Nets assim que a liga recomeçar. Com outros o caso não é semelhante. Falo de Sonny Weems dos Toronto Raptors, que assinou com uma equipa europeia durante um ano garantido, sem cláusula para voltar à NBA e Sasha Vujacic, que assinou com o Anadolu Efes, também da Turquia e sem cláusula de rescisão por lockout.

                Mas há mais, ainda em fase de especulação. Dwight Howard, actualmente o melhor poste do planeta, já afirmou várias vezes perante os media que está a ponderar seriamente jogar fora dos Estados Unidos, ponderando o continente europeu e até a China, onde é extremamente popular. Também Avery Bradley, base suplente rookie dos Boston Celtics, após um ano de lesões em que perdeu toda a pré-época e boa parte da época regular, faltando-lhe minutos de jogo, também está na corda bamba.

                Mas um rumor, que já é um pouco mais que isso, na ordem das negociações, é o que envolve Kobe Bryant. É o Besiktas que anda(va) atrás da maior estrela de Hollywood fora do grande ecrã. O clube turco chegou a oferecer 500 mil dólares mensais ao norte-americano, uma proposta algo fantástica para os padrões europeus. Contudo, Kobe pede 700 mil euros, de acordo com a Bola. Grau de exorbitância? Theodorus Papaloukas é o jogador mais bem pago a actuar na Europa, averbando 3,5 milhões de euros anuais no Olympiakos, o que dá cerca de 300 mil euros mensais. O colega de Bryant nos Lakers, o espanhol Pau Gasol, também já manifestou vontade de voltar a jogar no Barcelona, caso a época continue parada durante mais tempo.

                Este êxodo desportivo, a confirmar-se nestas proporções, será algo muito positivo para o basquetebol europeu. Estrelas como só no Europe Live se vêm no Verão aqui pelo nosso continente iriam trazer muito dinheiro de publicidade e merchandising aos clubes europeus, que lhes permitiriam arrecadar muitos milhões para desenvolverem ainda mais o desporto do lado de cá do Atlântico. Além do mais, a maioria dos jogos que consigam disputar, enquanto a

NBA estiver parada, com jogadores deste calibre, desde que não enfrentem outras equipas armadas com armas semelhantes, têm muitas hipóteses de roubar vitórias importantes. O Besiktas teria o melhor duo de longe do cesto não só da Europa, mas de todo o mundo, pelo que o conjunto Deron Williams – Kobe Bryant nem na NBA se compara a outro dessas posições.

                E o que acho eu disto tudo? Venham eles, e quantos mais para Espanha melhor, para os poder ver jogar mais perto. Já que o lockout é algo triste que parece ter vindo para ficar, que se aproveite o que houver de positivo nele, e trazer estrelas do basquetebol para a Europa parece-me a melhor solução. É claro que muitos, tal como diz Charles Barkley, não deveriam vir por questões de lesões, e, sendo estrelas, tendo dinheiro garantido nos Estados Unidos poderiam deixar de o ter se contraíssem uma lesão fora do país. Mas para muitos a paragem desportiva pode ser pior, os atletas precisam de minutos.

 

by Óscar Morgado