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Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

Minuto Zero

01
Mar12

Buzzer Beater

Óscar Morgado

Os meios vazios e os meio cheios

 

Acabado o fim-de-semana All-Star, estamos a meio da época regular da NBA. Parece estranho dizê-lo no início de Março, quando só há pouco mais de dois meses tem havido acção entre as tabelas dos profissionais norte-americanos. E como se trata de um dos raríssimos períodos de descanso para as equipas nesta liga encurtada mas intensa, parece-me correcto ligar a bola de cristal e lançar as cartas para a mesa, num pouco frutuoso exercício de futilidade de previsões. E como estamos a meio, vou escolher 4 equipas de cada Conferência, 2 que espero que melhorem na segunda metade e 2 que espero que desçam de rendimento significativamente: meio-cheios e meio-vazios.

 

Conferência de Este

 

Meio-Cheios:

 

 

- New York Knicks: estes são claramente os mais fáceis, pelo menos com os dados que se têm até ao momento. Com um 5 inicial que parece estar finalmente completo e mais equilibrado do que quando a época começou, graças à performance de Jeremy Lin, que tem pela frente a árdua tarefa de dividir a bola entre Anthony e Stoudemire, ambos com performances medíocres em relação a anos anteriores. Um bom base poderá ser a solução para levantar aquele que pode ser um 'fantastic five', considerando Tyson Chandler no poste e Landry Fields no base-extremo. De resto continuo a considerar que este não foi um plano cautelosamente deliberado para ter sucesso, mas antes uma estrelinha da Broadway que brilhou em favor da equipa e lhes proporcionou, a preço de salto, um base de qualidade. O treinador Mike D'Antoni já levou os Phoenix Suns às finais do Oeste, e se tivermos em conta que os Knicks estão neste momento em 8º lugar no Este, parece-me que estão a lutar por um lugar no 'top 5' da Conferência. Quem diria. Sorte. Muita sorte.

 

- Detroit Pistons: num espectro bem mais modesto, sem um terço dos recursos, os Pistons começam a ver o que as suas sementes podem vir a produzir um dia mais tarde. Greg Monroe atingiu recentemente a barreira do duplo-duplo nas suas médias para esta época, mostrando-se um jogador com grande inteligência, uma máquina ressaltadora, e com muita técnica ofensiva debaixo do cesto; Brandon Knight vai provando a força dos produtos da Universidade de Kentucky, afirmando-se desde já como o base do futuro. O cada vez mais posicionalmente híbrido Rodney Stuckey parece não se estar a dar assim tão mal com a polivalência entre as duas posições exteriores, e o sueco Jerebko vai compensando o tempo perdido a época passada devido a lesão. Não acredito que cheguem aos playoffs, mas há potencial já nesta época para chegar perto do 9º lugar. Pode parcer parcialidade por torcer por eles, mas que lá está um bom plano para os próximos anos, está.

 

Meio-Vazios


- Orlando Magic: também parece ser razoavelmente fácil, dado que a saída de Dwight Howard está iminente, e esta equipa seguramente irá sofrer desaires semelhantes aos New Orleans Hornets quando perderam Chris Paul. A não ser que a moeda de troca pelo melhor poste da actualidade seja equivalente (do tipo de pechincha que os Nuggets conseguiram a época passada por Carmelo Anthony). Ainda assim, há uma probabilidade de Howard não sair na data limite das transacções, se nenhuma das equipas que este deseja (e com as quais, por conseguinte, renovaria o seu contrato, que termina no final da época) conseguir segurar a venda com um pacote de jogadores e escolhas de draft atractivo para Orlando. Se Dwight sai, os Magic descem para o fundo dos lugares ao playoff, até fora dele na pior das hipóteses. Se ele fica, continuam bons este ano, e resta-lhes fazer magia para o próximo.

 

- Boston Celtics: aqui a questão das trocas torna-se determinante também. Porque o director-geral Danny Ainge parece decidido a trocar Rajon Rondo, a era do já desgastado 'Big Three' de Garnett, Pierce e Allen está mais próxima do fim do que nunca. Mas com a corrida a Chris Paul já fechada e a de Howard muito mal parada para Boston, pergunto-me o que terá esta organização em mente ao querer separar-se do seu valor mais jovem e seguro, não sabendo bem ao certo aquilo que poderá trazer de volta do mercado. E irão manter Garnett e Allen para as próximas épocas com salários mais modestos? Ao final de contas, se Rondo sai, o 7º lugar de Boston no Este está ameaçado.

 

Conferência de Oeste

 

Meio-Cheios

 

- Minnesotta Timberwolves: vão estar a desafiar para um lugar no playoff, tenho certeza disso. Com Kevin Love a candidatar-se para MVP este ano, um quase certo All-Star no futuro em Ricky Rubio, jogadores de alto potencial como Wesley Johnson e Derrick Williams, e até parecem ter encontrado um substituto viável para Darko Milicic em Nikola Pekovic, que tem jogado muito bem com Love, a maioria das peças estão lá. O único senão é a competição no 'deep West' é duríssima. De entre Houston, Memphis ou Denver está o candidato a alvo dos T-Wolves.

 

- Portland Trailblazers: são a equipa mais azarada dos últimos anos, com Houston como um distante segundo. Como se não bastasse Greg Oden simplesmente não parecer ter joelhos para a NBA, Brandon Roy reforma-se devido a problemas semelhantes e os desejos de título, que com esses dois e Aldridge seriam bastante palpáveis, tiveram que ser adiados. Mas apenas um adiamento diga-se. Continuam a ter uma equipa com todas as posições sólidas para os próximos anos, à excepção de poste, que, apesar de Camby estar a produzir, tal como um profissional deve fazer, está assustadoramente perto das 40 primaveras. Mesmo com Jamal Crawford, base-extremo de raiz a jogar no 5 inicial a base substituindo Raymond Felton, que não tem estado à altura das suas capacidades, o ex-Knick-Bobcat et al., tem as ferramentas para conduzir esta equipa, e só se outro desastre os assolar é que não conseguirão passar do actual 9º lugar. Ainda assim, mantém-se forte a competição.

 

Meio-Vazios

 

- Pois, esta conferência é muito forte! Não vejo nenhum nome que mereça estar aqui especialmente. Mesmo sem Billups, não se antevê uma queda vertiginosa para os Clippers, que procuram manter-se, no máximo, dentro dos 3, 4 primeiros do Oeste. Os Lakers, uma vez neste grupo também, não devem descer, salvo alguma lesão grave. Só talvez Dallas, Memphis e Houston estão mais vulneráveis, mas muito mais devido à competição das equipas imediatamente abaixo do que a falhas de cada um destes grupos.

 

 

05
Jan12

Buzzer Beater

Óscar Morgado

Estado de condensação

 

Uma das coisas que torna esta época da NBA tão sui generis é a forma como está estruturada. Devido ao lockout prolongado, houve necessidade de encurtar a quantidade de jogos para se gerir um calendário mais apertado. Em vez de 82 partidas para cada equipa como é normal, vão ser jogadas 66 (um pouco melhor que na última época vinda de lockout, em 1998/1999, onde cada equipa apenas realizou 50 jogos). Mas que implicações traz este novo calendário para a NBA?

Para começar, o facto de haver menos jogos não significa que eles estejam distribuídos da mesma maneira. Enquanto que numa época normal os grandes desafios de resistência para os jogadores são os chamados back-to-back, onde se jogam dois jogos em dois dias, este ano a fasquia sobre: surgem os back-to-back-to-back, três jogos em três dias. Esta realidade, embora não se aplique a todas as equipas, causa as suas mazelas nos atletas. Espera-se que, lá para Fevereiro, o número de lesões aumente em relação ao ano anterior. Até agora só os Lakers passaram por este sistema, tendo curiosamente perdido os dois primeiros jogos e vencendo o último. Mas este aspecto está a ser até reflectido nos sites de apostas desportivas, com factores maiores para equipas no 3º jogo consecutivo.

Ainda relacionado com as lesões, a previsão é que as equipas com jogadores mais jovens irão safar-se muito melhor com os menores tempos de repouso. Equipas como Dallas, San Antonio, Boston ou Lakers estão em maior risco de sofrer derrotas e baixas a um ritmo mais elevado que o costume. Até ao momento ainda não é possível correlacionar directamente as duas variáveis, por apenas se estar a jogar nem há duas semanas, mas a longo prazo é muito provável que aconteça. Até Gregg Popovich, treinador de San Antonio, tem repousado Tim Duncan (ao ponto de não jogar sequer 30 minutos por jogo) para o poupar para momentos mais importantes. Esta estratégia foi usada na época passada, porém Duncan esteve bastante apagado nos playoffs.

Uma outra consequência virá no final da época: as conquistas desportivas serão mais facilmente criticáveis. Phil Jackson, mítico treinador dos Bulls de Michael Jordan e dos Lakers de Shaq e Kobe, agora reformado, desvalorizou o título conquistado pela equipa de San Antonio na época 1998/1999 por se tratar de um calendário muito mais permissivo, bem como de playoffs desregulados para os padrões normais (os New York Knicks de Patrick Ewing foram os 8º classificados na conferência de Este e derrotaram o 1º classificado, a equipa de Miami, na altura liderada por Alounzo Mourning). Pelo que me parece dos resultados e dos jogos que já vi, este tipo de disparidades não será muito significativo nos 3 ou 4 primeiros lugares de cada conferência, mas poderão haver algumas equipas "fora do lugar" nas posições inferiores.

Uma última dura realidade desta época: cada vitória vale mais, em termos relativos, mas cada derrota é mais difícil de recuperar. Uma motivação interessante que espero que vá ser usada de treinadores para jogadores...

fonte: espnLA.com
fonte: espnLA.com
05
Jul11

Buzzer - Beater

Óscar Morgado

Bem-vindos ao reino da incerteza

 

É uma pena. Agora que a NBA estava a renascer de alguma falta de popularidade mundial do início da década passada, com os últimos dois anos a oferecerem rivalidades épicas (Lakers x Boston) e outras mais recentes repescadas (Dallas x Miami), bem como jogadores para tomarem conta da equipa de Michael Jordan (Derrick Rose), etc, as ‘verdinhas’ puseram-se no caminho.

Começou o lockout. O acordo salarial de alcançado em 1999 após um outro longo lockout expirou no início de Julho e não há acordo entre o sindicato de jogadores e o conjunto dos proprietários das equipas para que se chegue ao consenso e o basquetebol continue. Curiosamente, foi em 98 que Jordan escreveu mais umas páginas de história ao enterrar um lançamento nos últimos segundos das finais contra os Utah Jazz e a garantir o seu sexto campeonato pelos Chicago Bulls. A NBA viveu uma década de ouro nos anos 90, muito devido a esse senhor. E parece que após esse período ainda não houve outro semelhante. O curioso está no lockout ter surgido como que para o terminar. E agora que se estava a recuperar algo do que foi perdido, eis que surge outra vez.

Nestas conversações que já duram desde o início da época, já fui de ambas as opiniões. Já estive do lado dos jogadores. Se são eles que jogam, porque é que não podem ter os salários que merecem? Já estive do lado dos proprietários. Se é por causa deles que as equipas funcionam, porque é que não podem ter a liquidez necessária e não terem a obrigação de pagar contractos milionários a jogadores medíocres? Hoje, para ser sincero, não me preocupo muito com nenhum dos lados. É por causa de ambos que o acordo está ainda na estaca zero, como há muitos meses atrás.

Jogadores, porque não aceitam as receitas dos direitos televisivos das vossas equipas divididas 50-50 entre vocês e os donos? Donos, estão a perder assim tanto dinheiro? Não sabiam no que se estavam a meter quando compraram as equipas? Que os preços dos charters, do gasóleo, dos hotéis, dos planos de saúde, dos treinadores e dos jogadores sobem todos os anos?

Estou apenas a dar a palavra de um adepto da modalidade que está frustrado com as ambições pessoais dos envolvidos que afectam milhões de apaixonados pela beleza do basquetebol. Os jogadores fazem milhões e têm um emprego fixo por muitos anos, algo que a maioria do planeta não se pode dar ao luxo. Os donos se perdem uns milhões num negócio vão buscá-los a outros. Aqui fica o meu voto que esta gente ganhe juízo, e depressa.

 

by Óscar Morgado

28
Jun11

Buzzer - Beater

Óscar Morgado

“Free Agency” 2011

 

            Este ano não esperem loucuras nem programas de uma hora na época de contratações da NBA. Duas razões – os jogadores disponíveis não são do mesmo calibre do ano passado e o lockout, estando eminente, irá impedir qualquer tipo de negociação que envolva jogadores.

            Apenas vou dar um cheirinho do que costuma acontecer. Os jogadores têm contratos que podem ter até seis anos de duração (no actual modelo de acordo salarial, que está a expirar no final deste mês). Esses contratos são de quatro tipos:

- Opção do jogador: 1 ano do final do contrato apenas são exercidos se o jogador o desejar;

- Opção da equipa: idem mas a favor das equipas;

- Cláusula de rescisão antecipada: o jogador não pode exercer esta cláusula antes do final do quarto ano do seu contrato;

- Sem opções especiais: há apenas um número de anos estipulado ao fim dos quais o jogador é livre para ir jogar onde quiser;

            Depois, no final de cada contrato, os jogadores podem ter dois estatutos diferentes:

- “Free Agents” Restritos: jogadores que podem assinar propostas de equipas diferentes daquelas de onde vêm, mas a equipa original tem o direito de igualar ou superar essas ofertas e ficar com o jogador. Só são afectados por esta condição jogadores no fim do 4º ano do seu primeiro contracto de carreira (tipo rookie), caso tenham sido escolhidos na primeira ronda do respectivo draft, bem como veteranos com 3 ou mais anos de carreira na NBA cujas equipas o desejem;

- “Free Agents” Livres: não estão ligados a qualquer equipa onde já tenham jogado podendo ser contratados por qualquer equipa;

            E portanto aí estão as condições de todo o processo. E este ano, quem anda por aí à venda?

            Nenê Hilário e J.R. Smith (Denver Nuggets), Tayshaun Prince e Rodney Stuckey (Detroit Pistons), David West (New Orleans Hornets), Jamal Crawford (Atlanta Hawks), Caron Butler e Tyson Chandler (Dallas Mavericks), Glen Davis (Boston Celtics), Tim Duncan (San Antonio Spurs) Yao Ming (Houston Rockets) e Grant Hill (Phoenix Suns), são na minha opinião os nomes que mais diferença poderão fazer caso mudem de equipa. Mas todo o processo só começa oficialmente a 1 de Julho.

            E portanto, tal como o draft, o grupo de jogadores ‘para venda’ é mais fraco este ano. Mais preocupados andam com o lockout e se vai haver época em Outubro ou se só lá para Fevereiro (como da última vez). De todos estes nomes é provavelmente Nenê Hilário que vai levantar mais sobrancelhas. Em Fevereiro, rumores que Miami queria o poste brasileiro para se tornar invencível acrescentaram-lhe valor. A seguir a Dwight Howard, Nenê é provavelmente o melhor poste da NBA na actualidade (a ombros com Al Horford e Joakhim Noah). Além disso, muitas equipas (Golden State, Boston, Nova Iorque, Houston, entre outras) precisam muito de jogadores na posição, que nos últimos anos tem sido algo rarefeita em qualidade em comparação com outras na NBA.

 

by Óscar Morgado

14
Jun11

Buzzer - Beater

Óscar Morgado

Impróprio para apostas

 

         Bolas pá! Vim para aqui apostar que a série ia a sete jogos e afinal foi só a seis. Quem apostou alguma coisa nestes playoffs provavelmente não teve muita sorte e deve até ter perdido dinheiro.

         A previsão dos especialistas era que Miami ganhava em seis, 4-2 contra Dallas portanto. Inverteu-se, e Dallas ganhou em seis a Miami. Não eram favoritos, mas a disparidade não era mais que 60%/40%. Tendo acompanhado em pleno apenas 4 dos seis jogos (nomeadamente o 1º, 3º, 5º e 6º), vi (muitas horas de sono perdidas depois) duas vitórias para cada lado. De resto, apenas vi resumos. E creio que posso então dar-vos uma ideia imparcial daquilo que foi…

         A série fez-se da inconsistência. Tendo-se tratado sempre de jogos equilibrados, o certo é que os resultados foram construídos de parciais gigantescos: ora uma equipa marcava 15 pontos sem resposta, ora a outra respondia com 17. Não chegam duas mãos para contar os momentos de diferença pontual significativa.

         Outro reparo que faço é o do tipo de jogo: não descurando o efeito que as defesas tiveram nas finais (até porque se vê pelos resultados relativamente baixos), o lançamento de 3 pontos foi absolutamente decisivo. Nestas finais Dallas manteve 41,1% de eficácia para lá da linha de 3 contra Miami, mais 10% do que a média nas outras rondas dos playoffs. Miami também lançou 10% mais dessa distância que em rondas anteriores (não tendo convertido esse excesso).

         De resto, já fui por aqui mostrando a minha perspectiva dos playoffs 2010/2011: surpresa. Memphis, em 8º lugar da época regular, eliminou San Antonio, super-favorito em 1º lugar. Dallas “varreu” os até então campeões em título Lakers num espantoso 4-0 que deixou todo o mundo de boca aberta. E mesmo Miami apenas permitiu a Boston uma vitória nas semi-finais da Conferência de Este.

         E depois temos os dramas: Boston que tentou por uma última (espera-se) vez com o actual plantel disputar o título; Dallas que fez (e conseguiu) o mesmo com um grupo de veteranos; Tim Duncan que não voltou a ser o mesmo para resgatar os Spurs do desaire contra Memphis; Memphis que por sua vez jogou endiabradamente atrás de Zach Randolph; Kobe Bryant que não teve grande ajuda do resto da equipa (alô, Pau Gasol?) para suplantar Dallas; Miami que tentou silenciar as críticas que choveram qual granizo durante toda a época, sendo Lebron James a principal figura da crítica, que se mostrou implacável face à falta de produção do MVP de 2009 e 2010 (o que talvez não aconteceria se Miami tivesse uma equipa equilibrada que não o fizesse mudar constantemente de posição para tapar buracos).

fonte: the startingfive.net

         E assim Dallas ganhou o primeiro título da sua história como equipa da NBA. A paciência e a equipa construída durante uma década prevaleceram sobre o “alinhamento estelar” de Wade, James e Bosh e o conceito de “equipa pronta a ganhar”. De uma perspectiva dos media que deram cobertura ao evento, ganharam os “bons” e perderam os “maus”. Eu diria que ganharam os melhores e perderam os que não o conseguiram ser. E os Dallas Mavericks são neste momento os melhores. Se conseguem repetir a façanha para o ano? A idade é implacável, só talvez com uma revigoração do plantel (Kidd, Terry, Nowitzki e Marion, do 5 inicial, têm todos mais de 30 anos). Miami não me parece que se tenha que preocupar demasiado em querer dominar os próximos anos, porque vai estar na melhor posição para tal. Mas com os contratos a aumentarem o seu peso nos próximos 5 anos, e com um acordo salarial que tarda em chegar (com um possível adiamento de meses do início da próxima época), o próximo ano é fulcral para Miami adicionar as peças que faltam enquanto os tectos salariais o permitem.

         A época pode ter terminado, mas as minhas crónicas vão continuando. Acreditem que há muito para se falar…

 

by Óscar Morgado

31
Mai11

Buzzer - Beater

Óscar Morgado

Corrida pelo Larry…

 

            …O’Brien Trophy. Eu sei, pensavam que era o Bird dos Celtics. Mas não. Calhou bem ter previsto a semana passada as equipas que se vão defrontar logo à noite. Miami Heat no Este. Dallas Mavericks no Oeste. Não foram as duas melhores ao longo da época, mas foram as duas melhores ao longo dos playoffs. Têm em Nowitzki (Dallas) e James (Miami) os dois melhores jogadores nos playoffs até então.

            A maioria dos analistas prevê uma vitória para Miami. Folgada até. Dos 7 jogos, dizem que Miami ganha em 5 ou 6. Acho muito sinceramente que não se está a levar Dallas a sério. Que não o fizessem no início dos playoffs era compreensível, dados os desaires da equipa nas últimas épocas nesta altura da competição. Que o façam depois de destronar os campeões Lakers, os renovados Trailblazers e os explosivos e jovens Thunder é de uma grande ingenuidade. Sim, Miami vai ter ao longo da série 4 jogos em casa (os últimos dois são também os dois da série inteira, portanto para despachar a ronda em 5 ou 6 jogos teriam que ganhar pelo menos um fora de casa), sim têm o MVP dos últimos dois anos, e sim, o Big Three mostrou já que será talvez a força mais dominante nos próximos 5 ou 6 anos.
            Mas Dallas tem um dos melhores (não digo o melhor por existir um senhor chamado Steve Nash) jogadores não americanos de todos os tempos, a atravessar o melhor momento da carreira (embora tenha sido MVP em 2006). Tem muito mais banco que Miami, e uma equipa mais equilibrada e completa, com a sua âncora em Nowitzki. Acredito que, se Miami ganha os dois primeiros jogos em casa, a sua motivação irá diparar para níveis muito difíceis de Dallas controlar. Mas há um dado interessante: nas últimas 12 vezes que as duas equipas se defrontaram, Dallas ganhou… 12 jogos. É claro que a equipa de Miami deste ano é diferente, mas também nos dois jogos deste ano, Dallas saiu por cima. Eles saberão como os parar ofensivamente e quebrá-los defensivamente. Miami tem a melhor defesa, mas acredito que Dallas tem o maior ataque.

               Mesmo que não aconteça, acredito que é apenas justo avaliar esta série como chegando aos 7 jogos. Pode-se argumentar que Miami está na melhor fase da época, mas Dallas também. E temos o factor vingança de Dallas. E o factor redenção de James e Bosh. Espero que seja um confronto épico. Hoje, às 02h00m, hora de Lisboa.

24
Mai11

Buzzer - Beater

Óscar Morgado

Vingança em curso

 

         Payton defende a tentativa de lançamento de Jason Terry. Terry lança, Payton desarma, a bola vai parar ao lado esquerdo do campo perto do canto dos 3 pontos onde Wade recebe a bola. Esgotam-se os últimos 3 segundos no marcador, e Wade atira a bola ao ar em êxtase. E Miami ganha o seu primeiro campeonato da NBA da história.

        Estávamos então em 2006, e o duo de Dwayne Wade e Shaquille O’neal fazia sucesso nos Miami Heat, pela segunda época que estavam juntos, após a mediática saída de ‘Shaq’ dos Galácticos do basquetebol, os Los Angeles Lakers.

        Do lado dos Mavericks, Nowitzki, Terry, Josh Howard e Jerry Stackhouse eram algumas das estrelas. Os dois primeiros obviamente eram os motores da equipa. Fizeram uma campanha espantosa, e estiveram a ganhar nas finais por 2-0 contra Miami, mas no final a equipa de South Beach levou a melhor, ganhando os 4 jogos seguintes de seguida.

        Pelo andar das coisas, é possível que se veja uma vingança ao fim do túnel. Miami ganha 2-1 a Chicago na final da Conferência de Este, e Dallas ganha 3-1 a Oklahoma City na final de Oeste. Embora não seja certo que qualquer uma das duas avance à próxima fase, está-me a parecer que será o jogo mais interessante que pode aparecer nas Finais: dum lado a mesma equipa de base dos Mavericks de 2006, com Nowitzki ainda melhor (o que não parece muito possível) e Jason Terry ao mais alto nível, mas com um grupo secundário mais sólido que na última ida às finais: Tyson Chandler como autêntico polícia das tabelas, Jason Kidd como um general no final de carreira mas um dos melhores bases de sempre, e um Shawn Marion algo que resuscitado dos seus tempos de All-Star dos Phoenix Suns, que se revelou um substituto competente ao lesionado Caron Butler (que na altura da sua lesão levou a imprensa a retirar os Mavericks da luta pelo título).

        Do outro lado, uma equipa totalmente diferente, apenas com Dwayne Wade e Udonis Haslem restantes da equipa que ganhou o título em 2006. Já não têm O’neal, mas James e  Bosh mais do que compensam essa falta. A receita para o sucesso que fez juntar o ‘Big Three’ este Verão está finalmente a dar os frutos desejados, bem como começou a afastar a crítica de que esta equipa nunca funcionaria.

        Além disso há o tal factor de vingança que deve motivar os Mavericks, caso cheguem à final, de provar de uma vez por todas que são uma equipa capaz de ganhar campeonatos e não apenas de espantosas épocas regulares. E, já agora, de mostrar que foi apenas por acaso que perderam 4 jogos seguidos contra um endiabrado Wade e os restantes Heat.

 

Nota: em virtude deste cronista ter apostado com outro cronista um almoço em como seria Boston a ganhar o título e não Chicago, o meu desejo que Miami vença esta série torna-se mais forte.

 

by Óscar Morgado

10
Mai11

Buzzer - Beater

Óscar Morgado

O fim de uma dinastia

 

      É oficial. Os Los Angeles Lakers foram ‘varridos’ a 4-0 nas semi-finais da Conferência de Oeste pelos Dallas Mavericks. Ninguém esperava, mas aconteceu. A década que foi dos Lakers (5 dos 10 campeonatos foram por eles conquistados) está oficialmente terminada.

      Confesso que como amante da modalidade foi triste ver grandes jogadores como Lamar Odom ou Andrew Bynum desatarem em faltas flagrantes (que expulsam jogadores) desnecessárias, uma delas que podia ter tirado largos meses de competição ao pequeno base de Dallas, J.J. Barea. Por muito que a frustração tome conta dos jogadores, é impraticável descarregar a fúria em colegas de profissão. Também foi lamentável um jogador que há umas semanas aqui louvei (e defendi), Pau Gasol (e continuo a defender), não tenha estado nem sequer perto nem a meia distância do rendimento que pode dar a uma equipa como Los Angeles. Embora tenha sido um mal de toda a época, apesar de  a ter começado em grande forma, sentiu-se mais no playoff.

      E Phil Jackson, treinador mais condecorado da história da NBA (os seis títulos dos Chicago Bulls de Michael Jordan dos anos 90 foram ganhos sob a sua orientação como treinador principal), vai para a sua anunciada reforma (que tanto quanto se sabe pode ser temporária) sem que o queiram deixar sair pela porta grande, o que também é lamentável, dado o seu ilustre trabalho. Se esta época os Lakers não conseguiram alcançar mais a culpa não foi sua, parece-me.

      Mas obviamente não foram só os Lakers que perderam a eliminatória. Os Dallas Mavericks, principalmente, ganharam-na. E são eles que têm mais mérito que Los Angeles tem desmérito: execução sem falhas, 4 vitórias consecutivas, record de playoff para mais lançamentos de 3 pontos convertidos (20!) num jogo (jogo 4), e toda uma equipa equilibrada e bem orquestrada com o alemão Dirk Nowitzki à dianteira. Um veteraníssimo base em Jason Kidd que aos 37 anos ainda é uma das melhores visões de jogo da NBA. Jason Terry aos 34 anos é uma máquina de marcar pontos e de lançar do exterior, sendo apenas um jogador que começa do banco por questões tácticas, pois faz os mesmos minutos de um jogador do 5 inicial. No fundo, uma equipa veterana com uma execução veterana, que foi capaz de neutralizar os astros da Califórnia.


 

       E de entre os astros, o maior de todos eles nunca desistiu, nem no playoff nem em toda a época: Kobe Bryant, aquele que para mim ainda é o melhor no que faz, apesar de ligeiramente pior em termos estatísticos em relação a épocas anteriores, continuou no topo da discussão por MVP e manteve a sua equipa no topo da discussão pelo título. A idade começa a pesar-lhe mas, enquanto tiver uma palavra a dizer, os Lakers são a sua equipa e são capazes de tudo.

      E aí devemos levantar a questão: terá mesmo a dinastia Lakeriana acabado? Vejo que com a equipa actual as possibilidades de vencer dois ou três títulos seguidos nos próximos anos é relativamente diminuta. Na próxima época é ainda bastante plausível, pois também os Boston Celtics, de idade mais avançada, se vão aguentando com os ‘Super Friends’ dos Miami Heat. Eu vejo os Lakers neste momento como um animal ferido (Lakers e animal podem ser trocados na frase por Kobe Bryant e orgulho), que se não teve motivação esta época para fazer mais devido ao sucesso anterior, tem muitas críticas para silenciar na próxima época desportiva. A dinastia e o domínio incontestado podem ter acabado, mas os Lakers sempre voltaram das suas crises (veja-se há poucos anos quando Shaquille O’neal saiu da equipa e Kobe Bryant a carregou até à chegada de Pau Gasol) e voltaram a erguer-se. E voltarão. Mas com mais ajuda para Kobe, espero eu.

 

by Óscar Morgado