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Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

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Minuto Zero

23
Mai12

Lado B

Bruno Carvalho

Os vencedores improváveis

 

 

Este fim-de-semana futebolístico ficou marcado por quatro vencedores improváveis em quatro competições diferentes. Refiro-me ao Chelsea, à Académica, ao Nápoles e ao Montpellier.

No passado sábado, ficámos a saber que o Chelsea é o novo campeão europeu de futebol. Quem diria, no início da época, que o Chelsea ia ganhar a Liga dos Campeões? Provavelmente ninguém, e eu próprio confesso que no início da época estava à espera que tivesse sido o Barcelona ou o Real Madrid a erguer o troféu de campeão europeu. Este foi um momento inédito para a equipa de Londres, visto que foi a primeira vez em toda a sua história que o Chelsea foi campeão europeu. Este título tem também a particularidade de ter sido conquistado por um clube que foi orientado por dois treinadores diferentes durante a época: André Villas-Boas e Roberto di Matteo.

No domingo, foi a vez de a Académica provocar a segunda surpresa do fim-de-semana, ao conquistar, pela segunda vez em toda a sua história, a Taça de Portugal. Com a conquista deste troféu, a Académica assegurou também a entrada direta na fase de grupos da Liga Europa. Mais uma vez pergunto: no início da época, quem apostaria na vitória da Académica na Taça de Portugal? Aqui, penso que a opinião da maior parte dos adeptos de futebol apontava para uma vitória do FC Porto, do Benfica ou do Sporting na segunda prova mais importante do futebol português.

Em Itália, o Nápoles também protagonizou uma surpresa ao derrotar a Juventus na final da Taça Italiana. Com esta vitória, a equipa napolitana quebrou a invencibilidade da equipa orientada por Antonio Conte, impossibilitando que a Juventus terminasse a sua época desportiva sem qualquer derrota.

Já em França, o Montpellier foi o protagonista de uma das grandes surpresas do futebol europeu nesta temporada, ao vencer pela primeira vez em toda a sua história a Liga Francesa de futebol. No início da temporada, sempre pensei que o título ia ser discutido entre Lyon, Lille, Marselha e Paris SG mas pelos vistos enganei-me. O Paris SG, apesar do grande investimento que fez na sua equipa, não conseguiu conquistar o campeonato, enquanto o Marselha teve de se contentar com um modesto 10º lugar, tendo em conta as suas aspirações.

Concluindo, este fim-de-semana ficou marcado por quatro vencedores improváveis em quatro provas diferentes: Liga dos Campeões, Taça de Portugal, Taça Italiana e Liga Francesa.

21
Mai12

Porque a vida também é feita a correr...

João Perfeito

Coração, arte defensiva, capacidade física e … Sonho Europeu de Abramovich concretizado

 

         O Chelsea sagrou-se campeão europeu, pela primeira vez na sua história, ao derrotar o Bayer Munique, na casa deste, nos penaltys após um empate a uma bola que findou o tempo regulamentar e o prolongamento.

         Nove anos depois de milhões e milhões de investimentos, Abramovich vê finalmente o seu sonho europeu realizado, na época onde nada o faria prever.

         A nível interno, o Chelsea de 2011/2012 é claramente uma equipa diferente das pretéritas 8 épocas sob o reinado do multimilionário russo.

         Ao longo da sua estadia em Chelsea, Abramovich conseguiu 9 presenças consecutivas nos oitavos-de-final da Champions e 8 pódios consecutivos na Premier League abrilhantados com três ceptros nacionais.

         Para recuperar o título perdido na época transacta face ao novo (em função da história do Chelsea)  rival Manchester United, Abramovich não hesitou em pagar 15 milhões de euros por André Villas-Boas, fazendo a transferência mais cara da história de treinadores.

         Após uma época de grandes epopeias na cidade invicta Villas-Boas tinha em Stanford Bridge um enorme desafio para a sua curta mas ambiciosa carreira… Apesar da confiança, do estilo inovador e da natural competência que o catapultaram para a elite europeia em tenra idade, Villas-Boas não soube entender a conjuntura humana e futebolística da equipa blue.

         Com o ego elevado, depois duma época apoteótica em solo nacional, Villas Boas olhava para o Chelsea como uma forma de dar continuidade às suas ideias de futebol alegre onde o rigor da posse de entrecruza permanentemente com a fortíssima capacidade de sair em transicção.

         Numa equipa com um ADN claramente definido, que passado 4 temporadas ainda vivia à imagem do grande criador identitário do Chelsea de Abramovich (Mourinho) Villas-Boas via o seu espaço de manobra cada vez mais reduzido.

         Num plantel onde a maturidade e estatuto de Cech, Terry, Cole, Lampard, Essien, Malouda e Drogba se intersectava com a astúcia e capacidade inovadora de David Luiz, Oriol Romeu, Ramires, Raúl Meireles, Sturridge e até Torres (pelo sistema de jogo do Liverpool claramente distinto).

         Dois pólos amplamente antagónicos, onde a homogeneização indispensável para o sucesso da equipa seria um desafio em que a imaturidade de André Villas Boas (ainda) não sabia responder.

         Foi neste contexto de mescla de continuidade e mudança que se construiu o fracasso do mais jovem promissor treinador do Planeta.

         O Chelsea de 2011/2012 era uma equipa ao contrário das épocas anteriores, desacreditada do seu valor, pela constante quebra de auto-estima do núcleo duro do plantel. Para além disso, este Chelsea inovador de Villas-Boas tinha em Mata e Meireles as suas principais contratações o que patenteava um claro abrandamento de investimento financeiro comparativamente com as épocas passadas.

         O Chelsea parecia uma equipa onde as suas unidades de peso iam envelhecendo e a tão precisa renovação estava órfã de qualidade para a substituir. Os resultados foram pois por isso, durante a estadia de André, um autêntico fracasso a uma prestação interna que já não se via desde 1995/1996.

         Com pouco tempo para injetar confiança e muito menos para a solidificar o Chelsea de 2011/2012 necessitava, pois de uma ampla mudança técnica que findasse os problemas futebolísticos e de balneário da equipa ao mesmo tempo que recuperava um pouco do seu ADN legado de José Mourinho.

         Sem hesitar Abramovich voltou a puxar dos cordões à bolsa e pagou uma astronómica cláusula de rescisão a Villas-Boas, tornando-o o desempregado mais rico da europa e apostando em Di Matteo “como o milagreiro salvador” para escassos três meses.

         Com um conhecimento profundo do clube londrino, depois de ter sido jogador durante 6 anos, com uma cultura de futebol italiano altamente desenvolvida Di Matteo montou uma equipa física, mental e estrategicamente talhada para os jogos a eliminar. Com o campeonato perdido, a Taça e a Champions eram as únicas possibilidades de sucesso dos blues.

         E foi com Di Matteo ao leme que o Chelsea recuperou a confiança e em três meses se construiu como a melhor equipa do futebol europeu.

         Sem tempo nem vontade de construir algo novo, Di Matteo preocupou-se sobretudo em recuperar a cultura táctica do Chelsea, o posicionamento defensivo exímio e o ataque demolidor que na última década abrilhantaram os mais belos palcos da Europa do futebol.

         Foi deste modo que jogadores como Terry, Lampard e Drogba recuperaram a sua confiança e resiliência dando ao grupo um sentido unitário altamente eficaz. Do mesmo modo David Luiz, Raúl Meireles, Ramires, Mata e Torres entenderam o seu lugar na equipa e construíram um upgrade inovador extremamente útil à equipa, num contexto onde os antagonismos com o núcleo duro estavam já findados.

         O Chelsea recuperava assim um balneário, abolia as divisões entre dois estilos de futebol e começava a reconstruir a cultura do seu jogo.

         Ultrapassando os transalpinos Nápoles e superiorizando ao surpreendente Benfica o Chelsea estava nas meias da Champions e tinha frente ao todo-poderoso Barcelona o grande desafio da sua história.

         Com uma consistência defensiva, mentalidade ganhadora e transicção ataque amplamente melhoradas, o Barcelona era a equipa ideal para o Chelsea se apurar para a final, sendo por isso na minha óptica o grande favorito para a vaga da final de Munique.

         Do ponto de vista psicológico era uma equipa talhada para jogos a eliminar, com um extraordinário à vontade resultante da desresponsabilização de apuramento criada pelos media. O favoritismo estava todo do lado do Barça, o nervosismo era algo inexistente em Stanford Bridge.

         Do ponto de vista meramente futebolístico, o encurtamento de espaços defensivos, a extraordinária aglomeração de jogadores no seu meio-campo, a concentração elevada ao expoente máximo e uma das melhores transicções atacantes do futebol actual eram tudo ingredientes que previam a quebra do tiki-taka e o aproveitamento do débil rendimento defensivo blaugrana.

         Mas nem tudo foram rosas para a equipa blue, nesta recta final da odisseia europeia mais fantástica dos últimos anos.

         Ao minuto 12 da segunda mão frente ao Barça, o Chelsea perdeu Cahill por lesão e aos 37 minutos viu a dupla de centrais completamente desfeita com a expulsão de John Terry, resultante da agressão bárbara a Alexis Sanchéz. Depois de estar a perder por 1-0, Iniesta aumentou o score para 2-0 colocando a equipa blaugrana na pole position para a final.

         Contudo o Chelsea num ápice operacionalizou a reviravolta. Com uma jogada fantástica de sincronização entre Lampard e Ramires, o chapéu incrível do queniano azul calava Camp Nou e o Chelsea reerguia-se na eliminatória.

         A resiliência blue foi mais uma vez testada pelo penalty cometido sobre Messi. O astro argentino voltou a falhar em momentos capitais e o coração do Chelsea mostrava ter mais vidas.

         Com uma capacidade física invulgar para jogadores de futebol, uma concentração defensiva extraordinária e uma tranquilidade permanente a criatividade defensiva do Chelsea (Bosingwa a central e Ramires a lateral direito) ofuscava o célebre tiki-taka blaugrana, montando uma teia defensiva que atirou para os livros da história do futebol o estilo de jogo do adversário.

         O mal-amado Torres entrou a 10 minutos do fim, defendeu, correu e marcou o 2-2 final. Calou Camp Nou e catapultou a arte defensiva do futebol para a Allianz Arena de Munique.

         Com 4 jogadores castigados, todos eles importantíssimos (Terry, Ivanovic, Raúl Meireles e Ramires), com Cahill com pouco tempo para recuperar de lesão, jogando na casa do poderosíssimo Bayer Munique, só com a Champions por conquistar, o Chelsea tinha neste final da sua saga um teste onde mais uma vez era colocado como outsider.

         Fazendo valer todo o seu valor patenteado nas eliminatórias anteriores, mantendo o mesmo estilo de jogo, o Chelsea jogou nesta final com as mesmas armas e alcançou os mesmos resultados- Glória surpreendente.

         Soube neutralizar os desconcentrantes Robben e Ribery, banalizou Goméz e ofuscou Schweinsteiger a um construtor de jogo intranquilo.

         No meio-campo Lampard foi a bússola da equipa, pautando os batimentos cardíacos da equipa e dando-lhe a resiliência necessária para a concretização de tudo este feito heroico.

         No ataque Drogba foi um gladiador: nos duelos, no golo, na alma, na crença duma equipa que mais do que nunca sentiu que a glória europeia estava cada vez mais próxima.

         Mas mais uma vez o destino quis atraiçoar os blues, mas o Chelsea voltou a operacionalizar uma capacidade de superação fantástica e recuperou… Do golo de Muller, ao penalty falhado de Robben, à desvantagem nos penaltys…

         O Chelsea superou tudo, venceu todos os desafios, ultrapassou todos os obstáculos, com ou sem o seu melhor onze e sagrou-se pela primeira vez na História- campeão europeu.

         Chelsea um justo prélio para uma equipa que finalmente abandonou a tónica dos milhões, fez da sua coragem, coração, resiliência, alma- a sua grande tónica para a vitória. Admitiu as suas limitações, construiu-se a partir delas, deu-nos a arte futebolística numa plataforma defensiva, construiu um estilo de jogo de contenção e transicção inovador e finalmente desfilou na passadeira hegemónica do futebol europeu inscrevendo as sete letras do seu nome no Historial de vencedores da mais importante prova de clubes do Mundo.

         Chelsea- uma equipa, um sonho, uma realidade. A constatação da relatividade do futebol na sua expoente máxima. O melhor entre os melhores (competições europeias), mesmo sendo pior entre piores (nível interno).

         A consagração duma equipa que prova que o futebol não é matemática pura e resultados certos, mas sim uma equação com incógnitas desconhecidas que nos dão resultados surpreendentes…

 

Parabéns Chelsea…

        

09
Mai12

Lado B

Bruno Carvalho

Guardiola a caminho do Chelsea?

 

 

Depois de já ter anunciado que vai abandonar o comando técnico da equipa do Barcelona no final da presente temporada, o treinador Pep Guardiola recebeu uma proposta milionária para orientar a equipa de Roman Abramovich.

Contudo, segundo alguma imprensa inglesa, o técnico catalão recusou a proposta de 12 milhões de libras, cerca de 15 milhões de euros por ano, para se mudar para Londres e comandar a equipa do Chelsea.

A acrescentar ao salário milionário que Guardiola iria receber, o presidente russo ainda lhe ofereceu a oportunidade de ter fundos ilimitados para a contratação dos jogadores que quisesse, incluindo Lionel Messi. No entanto e como já tinha dito, quando decidiu abandonar o Barcelona, Guardiola fez questão de querer tirar um ano sabático para poder recuperar da elevada pressão a que esteve sujeito nas últimas temporadas.

O interesse de Abramovich não é de agora. O dono do Chelsea já tinha demonstrado interesse na contratação de Pep Guardiola desde que o português André Villas-Boas saiu do comando da equipa técnica londrina.

Com esta decisão de Guardiola abandonar o Barcelona, foi só juntar o útil ao agradável, ou seja, Abramovich viu assim a sua oportunidade para levar o técnico catalão para Londres.

Também saiu nas notícias de futebol que, caso Abramovich não consiga a contratação de Guardiola, o italiano Roberto di Matteo poderá ter a oportunidade de ficar definitivamente com o cargo de treinador principal dos blues.

É preciso não esquecer que Roberto di Matteo ficou no comando da equipa depois da saída do português André Villas-Boas e que desde aí tem conseguido alguns bons resultados (apesar da goleada que sofreu ontem do Liverpool, por 4-1), uma vez que o clube de Londres conquistou no último sábado a Taça de Inglaterra e ainda conseguiu garantir um lugar na final da Liga dos Campeões, eliminando precisamente o Barcelona de Josep Guardiola, onde vai defrontar a equipa do Bayern Munique.

Mas na minha opinião, o magnata russo não vai desistir assim tão facilmente de tentar levar Pep Guardiola para Londres, e caso o espanhol continue a recusar, penso que o dono do Chelsea poderá mesmo vir a aumentar a primeira proposta que fez com o intuito de conseguir assegurar um dos melhores treinadores do futebol internacional no comando da sua equipa.

 

24
Abr12

Porque a vida também é feita a correr...

João Perfeito

O triunfo da previsibilidade relativa do futebol- Um destroçado Chelsea melhor que o divino Barça

 

             Aquilo que distingue a competitividade do futebol relativamente com outros desportos (individuais ou colectivos) reside na sua ampla relatividade.

               O futebol não pode ser encarado como um fenómeno absoluto, como um ranking quantitativo que ordena a qualidade das equipas. A equipa A é melhor que a equipa B. A equipa B é melhor que a equipa C, mas isso não significa necessariamente que a equipa A é melhor que a C. É necessário perceber que a cada equipa, mais que um estilo de jogo, existe uma identidade própria que é moldada de maneiras diferentes na intersecção com a qualidade do adversário. De forma mais simples “Uma equipa joga aquilo que a outra deixa jogar”.

             Portanto, parece previsível esta eliminação do Barcelona. O tiki-taka blaugrana - órfão de passes aéreos, diagonais/longos, finalizações a primeiro toque não consegue encontrar maneira para desfeitear a baliza blue. O Barça tem no seu estilo de jogo, uma identidade demasiadamente rígida, pouco adaptável a certas vicissitudes do futebol moderno. Não se trata de defender o futebol praticado pelos londrinos. No futebol actual, qualquer equipa tem que ter mecanismos diferentes que resolvam os diferentes contextos inerentes ao jogo.

              Hoje, viu-se um Barça que não soube inovar o seu jogo e morreu com a sua previsibilidade outrora fantástica, hoje sintomaticamente quebrada.

               Do lado do Chelsea um posicionamento excelente, apenas sofre os golos em transições rápidas do Barça (paradoxo). O Barça não soube perceber que a melhor maneira de encontrar espaço seria deixar o Chelsea subir e por isso viu-se impossibilitado de marcar golos perante o avião blue.

             O Chelsea nos 27% de posse de bola, conseguiu ter uma enorme verticalidade no espaço vazio, um Drogba que jogou sozinho contra o Mundo e um Ramires tacticamente perfeito. Por isso apesar de todo o apetrechamento excessivamente defensivo, o golo de Ramires patenteia a qualidade ofensiva dos blues- antagónica dos blaugranas (incisão- passe espaço vazio- finalização primeiro toque).

              Num contexto actual de pressão sobre o portador da bola é preciso executar rápido e não apenas pensá-lo.

            Nota para mais uma péssima exibição de Lionel Messi. A exibição de Messi é mais uma réplica da ideia de relatividade do futebol Moderno.

Messi é um génio e hoje morreu com todas as adversidades patentes dum ser especial.

            A genialidade é limitativa. As suas finalizações, movimentos, remates, passes em certos contextos são belos, únicos, artísticos. Mas noutros, Messi vê-se impossibilitado de conseguir deixar a sua arte. E Messi sem Arte é reduzido a um jogador banal.

Messi será eternamente um jogador que consegue redescobrir a sua arte em 95% dos jogos, mas não consegue adaptar-se aos 5% em que ela é ofuscada na casa táctica do adversário.

           Mais que razões meramente futebolísticas, razões humanas. Messi- a cara dum ser humano completamente desfeito sem capacidade para remar contra a maré, sem capacidade de solucionar problemas em situações extremamente adversas, sem capacidade para pegar no jogo da equipa e impulsioná-la para a vitória.

           Arrostou-se em campo, desistiu do jogo e atirou a eternidade desta equipa para os livros de História.

           Um génio incapaz de acender a lâmpada da vitória com uma magia pessoal. Sem a luz de Xavi e Iniesta a lâmpada de Messi ficará eternamente às escuras.

             Barça- um estilo de jogo, uma identidade, uma atitude, uma filosofia. O futebol construiu-se, moldou-se e melhorou com a marca desta equipa…

             O caminho está no fim e o testemunho está lançado.

            Quem será a próxima equipa a apanhá-lo e a reescrever a História?

              Aceitam-se apostas…

05
Abr12

Porque a vida também é feita a correr...

João Perfeito

       

A ditadura do poder dominante na suposta era da democratização comunicacional

 

 

 

           O Benfica foi ontem eliminado nos quartos-de-final da Liga dos Campeões, perdendo 2-1 frente ao Chelsea.

         Depois da derrota na primeira mão as águias necessitavam duma exibição apoteótica para poder acalentar o sonho da reviravolta em Stanford Bridge.

         Perante uma das equipas mais regulares da Champions da pretérita década à partida, jogando em terreno alheio a tarefa seria árdua para os comandados de Jorge Jesus.

         Não virando a cara à luta, jogando um futebol rápido, prático e circular o Benfica conseguiu juntar à habitual vertigem da velocidade uma organização deveras melhorada.

Ao longo do jogo o Clube da Luz dispôs de diversas oportunidades de golo, dominou o jogo, não deixando o Chelsea ter a bola que pretendia e espelhou em toda a Europa toda a sua qualidade e dignificou o nome histórico que construiu nas últimas 5 décadas.

Tudo fizeram os encarnados para poder sonhar com uma reviravolta histórica em solo britânico, mas mais uma vez prevaleceu a lei do mais forte. Mais uma vez não houve critérios iguais e sempre que o Chelsea se sentia apertado a exibição habilidosa da equipa de arbitragem fazia favor de acalmar as hostes londrinas. Foi assim na grande penalidade cometida sobre Cole, foi assim na dualidade de critérios disciplinares ao longo do encontro e da expulsão da Maxi Pereira.

         Mesmo jogando em inferioridade numérica em mais de metade do jogo, sem os 4 centrais de raíz, tendo que recuperar 2 golos o Benfica construí mais uma noite europeia fantástica, tão similar com tantas outras na história do futebol europeu. Empatou o jogo e teve oportunidades para passar para a frente da eliminatória, no último suspiro Meireles pintou a eliminatória com a injustiça total…

         Com todas as condicionantes o Benfica deixou perante todo o universo futebolístico europeu a qualidade do futebol português. Factores externos impediram o Benfica de figurar entre os 4 melhores do futebol Mundial e de ombrear taco-a-taco com o Barcelona um lugar na mágica final de Munique.

         O capitalismo do futebol actual e os interesses dos grandes europeus não ficaram apenas em Stanford Bridge. Na Catalunha, mais uma vez a vergonha continuou a patentear o reinado de Pep Guardiola à frente da equipa blaugrana, num protecionismo onde já não existem mais palavras que o consigam patentear.

         Depois dos 5 penaltys de Ovrebo, depois da expulsão de Thiago Motta, depois da expulsão de Van Persie e do penalty sobre Messi frente ao Arsenal, depois da expulsão habilidosa de Pepe, depois da simulação da década de Mascherano ainda houve tempo para mais um actuação teatral de Messi, um penalty inventado e um golo limpo ao AC Milan invalidado…

Até quando é que isto vai durar? Até quando a protecção à melhor equipa da história do futebol, para alguns dos desportos colectivos, que precisou destes 13 pormenores para construir o seu legado…

         Fora todos estes casos estranhos sob o comando de Guardiola o Barça eliminou em 2008/2009 o Lyon de França e o Bayer de Munique (que teve um campeonato alemão fraco). Em 2009/2010 eliminou o sexto classificado do campeonato alemão Estugarda e o terceiro classificado do campeonato inglês, desde cedo arredado do título- Arsenal. Em 2010/2011 eliminou o campeão da Ucrânia e em 2011/2012 eliminou o 7º classificado germânico Bayer Leverkusen.

         Um legado construído e difundido em mentiras, calúnias, favores e uma ignorância estatística absolutamente assombrosa.

         Pelo meio duas vitórias merecidíssimas frente ao Manchester United… Se só com o United conseguem ganhar sem polémica, como podem ser a melhor equipa da história?

         Guardiola- 6 confrontos frente a pretendes à Champions, 5 vitórias (3 com a ajuda arbitral) e uma derrota (mesmo com favorecimento).

         Mas precisamos de espectáculo e de ser réplicas e veneramo-nos a este Barcelona, construído, consolidado e difundido numa mentira que só o sistema actual de comunicação social pode propagandear… Nós continuamos activamente passivos a subvertemo-nos à logica do poder dominante… Sem questionar, sem problematizar, na era da democratização comunicacional…

         Até quando?

20
Fev12

Livre Directo

Cláudio Guerreiro

Chelsea em queda

 

 

Quando o Chelsea era treinado por José Mourinho, as restantes equipas inglesas e as estrangeiras (na Liga dos Campeões) temiam defrontá-lo. Com o treinador português esta equipa tornou-se num grande de Inglaterra, graças também aos milhões que Roman Abramovich trouxe para o clube uns anos antes.

 

Contudo, desde a saída de Mourinho o estatuo da equipa tem vindo a descer significativamente. Os restantes treinadores que têm passado pelo banco dos “blues” não têm conseguido fazer esquecer o legado do “special one”. É verdade que alguns tiveram perto de ser recordados, como Avram Grant que chegou à final da Liga dos Campeões e Carlo Ancelotti que até ganhou uma Liga Inglesa, mas apesar disso nunca foram muito unânimes nas bancadas de Stamford Bridge.

 

Com a chegada de André Villas-Boas ao clube no Verão passado todos pensaram que seria possível levar o Chelsea ao topo, pois estávamos perante um jovem treinador que tinha conseguido ganhar uma competição europeia para uma equipa portuguesa novamente.

 

No entanto, apesar de até ter tido um bom inicio de campeonato, as coisas foram-se desmoronando aos poucos. O Chelsea encontra-se, neste momento, no 5º lugar e está fora da luta pela Premier League, que ao que tudo indica será disputada pelas equipas de Manchester.

 

A verdade é que apesar de algumas contratações de grande nível, como são o caso dos espanhóis Juan Mata e Oriol Romeu, o Chelsea não consegue jogar com uma qualidade suficiente que lhe permita estar a lutar pelo campeonato neste momento. Apesar de ainda em prova na Liga dos Campeões, a equipa de Londres não se afigura como uma grande candidata a ganhá-la.

 

A juntar ao baixo rendimento da equipa, Villas-Boas enfrenta todas as semanas as mesmas questões em relação à falta de produção de Fernando Torres (jogador que já não se sabe como motivar) e de outros jogadores da equipa. O jovem treinador português tem muito trabalho pela frente para colocar esta equipa de encontro com o êxito. Caso falhe a qualificação para a Liga dos Campeões, Villas-Boas poderá ter um grave problema entre mãos.

 

 

Por Cláudio Guerreiro

06
Fev12

Porque a vida também é feita a correr...

João Perfeito

O fracasso do futebol de elite (na era do investimento)

 

         André Villas-Boas e Domingos Paciência, finalistas da última edição da Liga Europa, terminaram a época passada afirmando-se como certezas, enquanto treinadores de top, não só a nível nacional mas também a nível internacional.

         A mudança de paradigma de treinador nacional, cimentada por José Mourinho veio dar novas oportunidades aos treinadores portugueses. Contudo a velocidade dessa mudança foi rápida demais, não respeitando todos os processos de transição que uma mutação como esta acarreta.

         De feitos heróicos, treinadores endeusados e promessas rotuladas de sucesso vemos a presente época como um enorme fracasso, que mesmo para todos aqueles que desconfiavam do valor dos referidos técnicos (o que não é o meu caso), mal podiam prever um cenário tão pessimista.

         Apesar da mentalidade renovada que deram ao futebol Nacional, da eficácia que as suas ideias produziram nas equipas que orientaram nem tudo foram rosas. O principal problema da sua juventude não é capacidades técnicas ou tácticas mas simplesmente de gestão de carreira.

         Comecemos por André Villas-Boas… O ex-adjunto de Mourinho, por muito que o tente negar, por muito que tente fugir, apenas constrói a sua carreira devido ao seu mestre. Por muito que o discípulo se tente emancipar do mestre parece que o caminho os entrecruza dando ao discípulo uma posição invariavelmente ingrata. Se ir para o Futebol Clube do Porto é uma decisão normal de cada treinador português; aceitar o convite do Chelsea não é mais do que não querer modificar o seu próprio destino determinado. Os novos olheiros do futebol internacional olham em Villas-Boas um novo Mourinho e por isso tanto Chelsea como Inter manifestaram interesse na sua contratação, visto que esperam que ele alcance o mesmo que o melhor Treinador do Mundo.

         Apesar de toda a epopeia transacta do Futebol Clube do Porto a época passada foi escassa em duros testes para a equipa invicta. Fora do panorama Nacional o Sevilla e o Villareal foram as melhores equipas que o Futebol Clube do Porto defrontou e em ambas os dragões não conseguiram fugir sem perder, tendo mesmo no jogo com o Sevilha suspirado pelo apito final. Não está em causa o sucesso do Porto, mas simplesmente a equipa não foi testada perante tubarões do futebol europeu e a capacidade do seu Treinador jamais pode ser endeusada por eliminar Sevilha (que até o Braga eliminou de forma mais veemente) e Villareal (que este ano está a fazer uma época miserável).

         O que sobra em talento e capacidade falta em planeamento e gestão em Villas-Boas. A missão Chelsea destinava-se como um fracasso autêntico, só não via quem não queria ver. Com uma equipa ainda à margem de Mourinho, Villas-Boas quis dar uma lufada de ar fresco, introduzindo as suas ideias e dando um cunho pessoal à equipa. Mata, Sturridge, Oriol Romeu e Raúl Meireles são exemplos dessa mutação. Contudo, Malouda, Kalou, Drogba, Torres, Anelka, Lampard, Ashley Cole, Essien continuaram todos nos blues. Não é fácil prever a colisão de dois pólos amplamente antagónicos no seio duma mesma equipa.

          Por muito dinheiro que Abromovich esteja disposto a gastar em nada vai melhorar o rendimento da equipa londrina, enquanto não matar todos os fantasmas de Mourinho. Os problemas de balneário e a dificuldade em seguir um modelo de jogo são as consequências óbvias. A grande pergunta que faço é: E então agora André? Queres fugir mas não te podes esconder… Quer fugir de Mourinho, mas o fracasso do Chelsea vai-lhe perseguir a carreira e no vs estipulado pela comunicação social sai irremediavelmente a perder…

Villas-Boas preferiu o caminho mais fácil, o caminho dos milhões, da elite, em vez de abraçar um projecto que estava a ser construído por si que tinha muito mais probabilidades de ter sucesso internacional que o Chelsea.

          Domingos Paciência ainda era uma incógnita, uma vez que nas duas épocas ao serviço da equipa bracarense nunca conseguiu na plenitude concretizar os seus objectivos. Uma vez que na primeira época ficou arrecadado da Europa em Julho, podendo descansar os seus jogadores durante todo o ano, lutando assim pelo título com o Benfica. Já na segunda época os papéis inverteram-se. Uma carreira europeia fantástica, mas um campeonato absolutamente medíocre (rapidamente esquecido pela comunicação social).

         Contudo, Domingos era a peça chave de António Salvador. O treinador ideal para a equipa ideal. A construção duma identidade de jogadores simultaneamente virtuosos e carregadores de piano permitiu ao Braga redimensionar as suas expectativas e crescer tanto como equipa como Clube.

Com um balneário unido, uma cidade agora em prol do clube e uma onda bracarense cada vez mais em ascensão Domingos tinha tudo para continuar a semear o upgrade desta equipa, mas mais uma vez preferiu o caminho mais fácil.

         Preferiu ir ganhar mais dinheiro… Acreditar numa equipa que investiu 25 milhões, mas mais uma vez quis dar um passo maior que a perna. Não porque como no caso de Villas-Boas, esteja a copiar a carreira de alguém, mas sim porque o Sporting é um clube em falência não técnica mas desportiva. Comemora em 2014, o 60º aniversário da conquista do último bicampeonato. Com uma estrutura arcaica a grande base de apoio da equipa leonina é a elite. Se até aos anos 50 anos, fruto da pouca importância do futebol no contexto social de Portugal permitiu ao Sporting dominar o futebol português, a massificação e proliferação do interesse permitiu ao grande rival da segunda circular, Benfica difundir a sua massa. O Sporting não foi renovando ideias, não se foi adaptando ao contexto social do futebol e foi perdendo adeptos e sócios, tendo no momento presente apenas cerca de 40% dos sócios do seu eterno rival. Com uma péssima estrutura directiva e sem uma ideia de mutação o Clube está destinado ao fracasso. Se o Homem precisa de causas para se mover, falta definir a causa sportinguista que permita ao clube reentrar no panorama Nacional. Uma causa política, não desportiva. O discurso é pomposo na forma e vazio de conteudo, o que destina um fracasso previsível.

Domingos não conseguiu entender os problemas estruturais do Sporting e perceber que é impossível fazer algo duma equipa que não tem bases para crescer… Não soube gerir os maus, mas sobretudo bons momentos e vê-se ultrapassado pelo seu Braga com condições económicas e de massa associativa claramente inferior. Domingos não soube homogeneizar um plantel para um objectivo comum, começando a época com uma clara divisão ente o passado e o presente da equipa. Atribuindo a titularidade a jogadores como Postiga e Djálo que depois saíram do clube e perdendo nas primeiras três jornadas estupidamente 7 pontos, quando todas as experimentações deveriam ter acabado na pré-época. Aqui como Villas-boas, não soube enquadrar-se no plantel que tinha e se hoje se queixa da heterogeneidade de nacionalidades e nas condições que os jogadores vivem (com a namorada, sem sustento familiar), ele é o grande culpado, ao ser ele o selector dessas escolhas.

         No tempo de aceleração de movimento de capitais, do imediatismo, do sucesso fácil e rápido a estrutura mais uma vez vem nos mostrar que está primeiro e sempre estará com investimento, sheikes ou o que quiserem falar.

         Porque afinal o futebol é do povo e não das elites…

18
Jan12

Lado B

Bruno Carvalho


 Diogo Ribeiro seguido pelos “tubarões” europeus

 

 

Diogo Ribeiro tem 21 anos, joga actualmente na equipa de futebol do Sertanense da II Divisão (Zona Sul), é ponta-de-lança e, no passado domingo, foi observado por emissários do Arsenal e do Chelsea no jogo entre o Fátima e o Sertanense, que o Sertanense perdeu por 3-2, mas em que Diogo Ribeiro foi o autor dos dois golos da equipa da Sertã.

Diogo Ribeiro é um exemplo concreto de que nos escalões secundários do futebol português há jogadores com muita qualidade e, se calhar, não é necessário para as principais equipas portuguesas de futebol recorrer a jogadores estrangeiros com tanta frequência, se estiverem mais atentas aos jovens jogadores portugueses que actuam nos escalões secundários.

Para além do Arsenal e do Chelsea, também o Wolfsburgo, o Marselha, o Mónaco e o FC Porto estão a seguir atentamente a prestação deste jovem avançado português.

Diogo Ribeiro é o melhor marcador da II Divisão (Zona Sul) com 9 golos apontados em 15 jornadas e despertou a cobiça dos chamados “tubarões” europeus pelo facto de já ter feito dois “hat-tricks” esta temporada.

Diogo Ribeiro é um jogador formado nas escolas da Académica de Coimbra, tendo sido sucessivamente emprestado pela Académica ao clube satélite da Briosa, o Tourizense, estando agora ao serviço do Sertanense.

Diogo Ribeiro é também um jogador internacional sub-20 por Portugal e, apesar de não ter participado no Mundial de sub-20 disputado na Colômbia no passado Verão, é frequentemente chamado à selecção de Portugal orientada por Ilídio Vale.

Diogo Ribeiro é um jogador que se assemelha a Nélson Oliveira (jogador do Benfica), pelas suas características físicas e técnicas, e quem já o treinou augura-lhe um futuro muito promissor.

Será Diogo Ribeiro o ponta-de-lança que o FC Porto procura? Ou será que o Arsenal e o Chelsea não vão perder tempo e vão querer assegurar já os serviços deste jovem avançado português?

Estas são questões para serem respondidas nos próximos dias ou nas próximas semanas. 

Na minha opinião, Diogo Ribeiro deveria passar primeiro por um “grande” do futebol português e só depois dar o salto para um colosso do futebol mundial, como o Arsenal ou o Chelsea. Digo isto porque penso que passar de uma equipa não profissional para uma equipa de topo mundial é uma mudança muito grande e pode ser prejudicial para a evolução deste jovem talento português.

Termino com esta questão: Será Diogo Ribeiro um dos futuros pontas-de-lança da Selecção AA Portuguesa de futebol, a par de Nélson Oliveira, daqui a cerca de 5 anos?