Steve Field
Sporting, a lacuna intermédia
Com o maior investimento dos últimos anos, a equipa de Alvalade encontra-se, no final da primeira volta, praticamente arredada da luta pelo título. Aconteça o que acontecer nas taças, só a Liga Europa poderá salvar a época. Com um dos melhores treinadores portugueses e um bom plantel, um dos principais problemas da equipa prende-se com a zona de construção.
O Sporting quando inicia o seu jogo a partir da linha defensiva usa, preferencialmente, o passe longo, quando não consegue sair pelas laterais. Assim, construção do jogo do Sporting fica previsível, pois os adversários sabem que a bola quando está nos centrais vai procurar, na maioria das vezes, Wolfswinkel. Ou seja, o Sporting abdica de um dos sectores na sua fase de construção, o meio campo, o cérebro de qualquer equipa. Isto ocorre muito por culpa dos médios da equipa que, embora grandes jogadores, não tem características para o que o Sporting precisa: o Sporting precisa de pelo menos um jogador que recue e pense o jogo. Comparando com os seus rivais, observamos que o Benfica tem em Witsel e, sobretudo, Aimar essa tarefa (o argentino, apesar de ser o médio mais avançado recua muitas vezes para a zona dos centrais e de Javi) e observamos Moutinho ou Defour no Porto a pegar no jogo da equipa.
Deste modo, julgo que a derrota em Braga não se deve só a um meio campo destemido, com Schaars, Elias e Matias, mas também a esta lacuna na equipa. Com uma profundidade nas alas acima da média, o Sporting crescerá quando alguém recuar e organizar o jogo, ao invés de abusar do passe longo.