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Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

Minuto Zero

09
Fev12

Buzzer Beater

Óscar Morgado

'Snubbed'

 

Com o All-Star à porta, este termo ganha relevância. Todos os anos, são votados dois cincos iniciais para o jogo das estrelas, um para a Conferência de Este, outro para a de Oeste. Esses nomes já foram revelados: Rose, Wade, James, Anthony e Howard do lado Este, e Paul, Bryant, Durant, Griffin e Bynum do lado Oeste. Os restantes 7 suplentes para cada lado são votados pelos treinadores que, mesmo não podendo votar em atletas das suas próprias equipas, conseguem tornar a escolha sempre algo enviesada.

À custa disto, todos os anos há um ou mais jogadores que levam com o rótulo de 'snub', ou seja, aquele atleta que tem um ano fenomenal a nível individual (ou o que mais se destaca num bom colectivo), mas não chega ao jogo final em favor de outro jogador, mais merecedor, ou talvez não.

No ano passado, o grande caso foi o de LaMarcus Aldridge, o extremo-poste dos Portland Trailblazers. Tendo um ano fantástico sendo o motor da sua equipa, quando Brandon Roy e Greg Oden se lesionaram, acabou por ser Blake Griffin quem caiu nas melhores graças dos treinadores, bem como Tim Duncan. O primeiro, estatisticamente, estava a jogar a um nível semelhante ao de Aldridge (sendo os dois da mesma posição), mas enchia mais o olho e a bilheteira com afundanços estrondosos (que continua a fazer) e capacidade atlética fora do comum. O segundo, por outro lado, estava a ter uma época tímida em termos de números, mas traduzia-se em muitas vitórias para San Antonio, a melhor classificada no Oeste, e, com a lesão de Ginobli, parecia mal a equipa não ter mais nenhum All-Star (quando, na verdade, jogavam muito mais com o seu colectivo). E Aldridge tinha até uma equipa mais bem sucedida que Griffin nos Clippers, traduzindo-se a sua performance em mais vitórias, e, estatisticamente, muito mais forte que Duncan. Mas acabou por ficar de fora, devido ao excesso de talento na sua posição (e, neste caso, de alguma falta de brilho), idem para Monta Ellis, base-extremo dos Golden State Warriors, por exemplo.

Este ano, é mais difícil prever quem ficará de fora injustamente, pelo que há mais dispersão nos resultados das várias equipas (Al Jefferson, dos Jazz, Pau Gasol, dos Lakers, Kyle Lowry, Houston e Danny Granger são fortes candidatos), mas é fácil ver que Bynum, Griffin, e, especialmente, Anthony, ganharam o concurso de popularidade. Embora se possa fazer caso para Bynum como o poste mais eficiente no Oeste nestes dias, Kevin Love tem estado à frente de Griffin e Anthony passou à frente da fila bastantes lugares dado o ano terrível que ele e os Knicks estão a ter este ano.

A discussão, porém, já vem à baila para o jogo de rookies e sophomores. Este ano, com um formato diferente, será um conjunto de jogadores já seleccionados que irá ser escolhido à vez por Charles Barkley e Shaquille O'neal para competirem em duas equipas lideradas por cada um. Da lista, muito devido à forte afluência de bases de qualidade no draft deste ano, nem todos se podem dizer que estão a ter anos brilhantes. Jogadores como Markieff Morris ou Tristan Thompson não estão a ter anos tão impressionantes como Norris Cole ou Iman Shumpert, duas surpresas no draft. Para já, eles são os 'snubs'. Quem se seguirá? Hoje à noite são revelados os suplentes do jogo All-Star.

02
Fev12

Buzzer Beater

Óscar Morgado

Estranheza pegada

 

Já se previa que esta época a NBA ia estar um caos. Não tanto como a última época de lockout, em 98/99, mas quase que parece. Na Conferência de Este, há surpresas em grande escala: os Philadelphia 76ers estão neste momento em segundo lugar da classificação, apenas atrás dos Chicago Bulls, liderados por Andre Iguodala, o base Jrue Holiday e o melhor marcador, a liderar um dos bancos com mais qualidade da liga neste momento, Louis Williams; Miami, lar de Dwayne Wade, Lebron James e Chris Bosh, ocupa apenas a 4ª posição (mas faça-se justiça, perdem apenas desempates com 76ers e Atlanta Hawks, dado que todas têm o mesmo número de vitórias e derrotas); Nova Iorque está a algumas vitórias de competir sequer por um lugar no playoff, quando era suposto estarem entre as 3 ou 4 melhores equipas do Este; Cleveland, após a maior sequência de derrotas da história da NBA atingida na época passada, parece estar determinada a chegar aos playoffs, estando numa posição semelhante à de Nova Iorque.

Na Conferência Oeste só não sobressaem tanto as surpresas porque o caos é maior e a capacidade de ver no meio de tanta poeira é escassa: das 15 equipas, as 10 primeiras (tendo em conta que apenas 8 chegam a playoff) estão apenas separadas por 6 vitórias entre a primeira e a 10ª posição, causando uma classificação extremamente volátil, onde os deslizes saem mais caro que o costume e as vitórias dão mais satisfação que o normal. Denver Nuggets mantém-se no 3º posto sem grandes estrelas; LA Clippers parecem estar a aguentar o barco em 2º à custa das contratações de Chris Paul, Chaucey Billups e Caron Butler, que vieram solidificar o núcleo de Blake Griffin e Deandre Jordan; os Utah Jazz, também sem astros de renome, mas com um jogo sólido de Paul Millsap, Al Jefferson e Devin Harris, seguram um 6º lugar; LA Lakers sofrem alguns desaires, mas que curiosamente não são fruto da idade, estando a ocupar neste momento um 8º lugar que daria, neste momento, uma autêntica final na primeira ronda do playoff, enfrentando Oklahoma City; Ricky Rubio e Kevin Love também se lembraram de elevar o seu jogo para um novo nível e dar esperanças a Minnesota como não se via desde Kevin Garnett.

Mas quer dizer, isto não é inédito pois não? Na época após o último lockout, os New York Knicks de Patrick Ewing (fazendo uma referência rápida, alguém se lembra de ele ser uma das estrelas do filme 'Space Jam'?) foram os 8º classificados no Este e chegaram às Finais da NBA, sendo depois derrotados pelas Torres Gémeas dos San Antonio Spurs, Tim Duncan e David Robinson, passando de uma das piores equipas na época anterior para a melhor (o reverso aconteceu com os Chicago Bulls).

Portanto, o que esperar? Confrontos desiquilibrados em rondas avançadas dos playoffs é um bom exemplo, dadas as classificações. Algumas equipas, como LA Lakers, Memphis Grizzlies, Miami Heat, podem estar em lugares abaixo do que se espera na época regular, mas no playoff vê-se sempre quais as melhores equipas. O contrário também acontece com os Utah Jazz, 76ers, Atlanta Hawks, e, quem sabe, New York Knicks, se é que alguma vez conseguirão por a actual equipa a funcionar sem um base competente. Por outro lado torna a competição mais interessante, menos previsível (deixem-se de apostas este ano), mas também de menor qualidade por vezes, dado que se tem notado um grau mais baixo de jogo devido à falta de uma pré-época em condições. Algumas equipas, como os Washington Wizards (que vão jogando com uma maturidade de uma equipa de liceu, e a sua jovem estrela, John Wall, parece não ter encontrado um ritmo para o seu desenvolvimento este ano), Charlotte Bobcats (onde o talento, simplesmente, é muito escasso, excepção feita a alguns jogadores, que simplesmente prometem para o futuro mas não têm todas as capacidades agora, como Kemba Walker ou Bismack Biyombo) e Detroit Pistons (onde só Greg Monroe se destaca claramente como uma estrela para o futuro) fazem desejar que um Real Madrid, um Regal Barcelona ou um CSKA viessem mesmo jogar para os Estados Unidos.

26
Jan12

Buzzer Beater

Óscar Morgado

A morte dos 'Boston Three Party'?

 

Corria o Verão de 2007 quando Danny Ainge, ex-estrela e Director-Geral dos Boston Celtics tomou duas decisões que iriam mudar a cara da equipa mais galardoada da NBA. A época anterior tinha sido um desastre, com a equipa a averbar o segundo pior resultado da temporada com apenas 24 vitórias e 58 derrotas, já para não falar da morte do histórico ex-treinador dos Celtics, Red Auerbach, figura incontornável dos primórdios da NBA. E como se isto não bastasse, até as esperanças de uma boa escolha de draft que permitisse ir buscar Greg Oden ou Kevin Durant, na altura dois jovens vindos da universidade com um potencial tremendo, foram por água abaixo, com o sorteio a correr mal aos Celtics, que apenas conseguiram a 5ª escolha, muito abaixo do que seria possível para adquirir qualquer um dos outros dois.

E então tudo estava péssimo, até que Ainge realiza as transacções da década (os 3 reis magos de Miami ainda não resultaram em campeonato, e vieram todos pela 'free agency'): na noite do draft, envia a sua 5ª escolha, Jeff Green, Wally Szczerbiak e Delonte West para os então Seattle Supersonics (actualmente Oklahoma City Thunder) em troca do que é, discutivelmente, o melhor atirador de 3 pontos de todos os tempos e um grande marcador de pontos, Ray Allen, mais uma escolha de 2ª ronda desse mesmo draft, usada em Glen Davis. Finalmente uma estrela para jogar ao lado de Paul Pierce desde Antoine Walker. Isto tornava os Celtics uma equipa já de si importante, de playoff no mínimo, mas não era suficiente. Ainge ainda conseguiu aproveitar o descontentamento de Kevin Garnett em Minnesota, obtendo o ex-MVP em troca de Ryan Gomes, Gerald Green, Al Jefferson, Theo Ratliff e Sebastian Telfair, trocando ainda com a equipa as escolhas de 1ª ronda no draft do ano seguinte. Estava feita uma equipa de veteranos muito decorados individualmente, mas não no colectivo. Sendo 3 estrelas com maturidade já mais que provada, e com papéis bem definidos, vontade de vencer sacrificando o invidual se necessário e em grande forma, juntos alcançaram nessa mesma época o título da NBA, aniquilando por completo os LA Lakers nas Finais ao 6º jogo.

E a artimanha ainda fez desabrochar dois anos depois uma 4ª estrela, Rajon Rondo, que tornou o quarteto fantástico uma força temível na NBA.

Mas a idade chega a todos. E já se sabia que haveria de terminar assim, não se trata de Miami que foi buscar dois jovens talentosos (um deles mais a puxar para o super-herói) em Chris Bosh e Lebron James para se juntarem á superestrela Dwayne Wade e fazer uma equipa para muitos anos, já era de esperar que três veteranos já não funcionassem tão bem ao fim de 4, 5 anos. A produção de todos diminuiu, ainda por cima numa época muito condensada em que as pernas sofrem mais, os resultados não são os mesmos. Em 7º lugar na Conferência de Este, com 7 vitórias e 9 derrotas, os Celtics já não inspiram medo de equipa de campeonato como há um par de anos, embora ainda sejam uma força a considerar em termos de playoff, e sempre com um mínimo de chances de surpreederem tudo e todos.

Resta esperar que os dispendiosos contractos de Garnett e Allen expirem esta época para os renovar por muito menos ou até enviar os jogadores para outra equipa, para recalibrar o nível de talento em torno de Rajon Rondo. É possível que a reconstrução não demore tanto como antes de Garnett e Allen, mas será preciso um ou dois nomes de peso, especialmente um deles sendo um jogador interior de muita qualidade, para tornar a equipa uma potência novamente.

19
Jan12

Buzzer Beater

Óscar Morgado

Fonte da juventude

 

Como já tenho vindo a salientar em crónicas anteriores, sou um grande 'indignado' com as lesões desportivas. Ver grandes atletas no mundo do desporto a não conseguirem actuar em todo o seu potencial devido a problemas físicos deixa-me perturbado: porque eles podiam chegar mais longe e o seu corpo não deixa, e porque não posso testemunhar grandiosas obras.

Não tendo tido mais do que uma lesão prolongada (pulso esquerdo torcido, 3 meses) enquanto fui praticante de basquetebol, convivi com muitos que não tiveram a mesma sorte, ao ponto de terem problemas crónicos em certas zonas do corpo. Posso dizer-vos que nesta modalidade ums sérios candidatos a lesão mais grave e impeditiva são os joelhos (não ficando atrás tornozelos e articulações). É um problema muitas vezes crónico (a nível de artrites) e cujas soluções, incluindo a cirurgia, raramente são permanentes para um atleta de alta competição.

No basquetebol, dada a constante explosividade do jogo, um joelho está sujeito a mais esforço e danos que provavelmente qualquer outra parte do corpo - além disso, não é certamente aquela que aguenta melhor esses danos e esforço. Por vezes há dores daí resultantes que são suportáveis, mas na grande maioria dos casos não são.

E na NBA (onde eu realmente quero chegar com isto), muitas estrelas e jovens de grande potencial já viram as suas carreiras terminadas ou limitadas por problemas nos joelhos: Brandon Roy, dos Portland Trailblazers, reformou-se recentemente devido a já não ser capaz de suportar a intensidade de muitos jogos da NBA, com dois joelhos cirurgicamente reparados. Estava limitado a poucos minutos por jogo e conseguia ser um All-Star, mostrando rasgos e por vezes partidas de excelência. Mas o físico falou mais alto. Na mesma equipa, Greg Oden, visto em 2008 como um quase-certo All-Star por muitos anos quando se tornou profissional, mal conseguiu ver alguma actividade consistente devido a um problema semelhante. Outra das grandes perdas da NBA deu-se com o declínio de Tracy Mcgrady, outro atleta soberbo que após muitas lesões nos joelhos apenas consegue dar minutos consistentes vindo do banco dos Atlanta Hawks...espera aí...

Ele consegue dar minutos consistentes. Eis uma excepção que se tem vindo a confirmar tarde para T-Mac. Após um tratamento numa clínica em Dusseldorf, na Alemanha com um tratamento inovador, que muito sumariamente consiste na manipulação do sangue dos pacientes (redistribuido pelo corpo após adição de alguns elementos que afectam o envelhecimento e o desgaste do corpo) para lhes minimizar o risco de lesão em zonas críticas. Na época passada, ao serviço dos Detroit Pistons, McGrady conseguiu realizar 72 jogos durante a época, algo que a última vez que tinha estado perto de alcançar ocorreu na época 2006/2007, quando ainda estava nos Houston Rockets (71 jogos).

Agora nos Hawks, e já com 33 anos, T-Mac tem sido uma opção viável e produtiva no banco de Atlanta, averbando 7,6 pontos, 3,7 ressaltos e 2,1 assistências por jogo em 19 minutos por partida. E não tardou a aconselhar outra estrela ainda maior a recorrer ao tratamento.

No Verão de 2011, Kobe Bryant, já há alguns anos atormentado por um joelho esquerdo com artrite, tinha vindo a decrescer na sua produção em campo, e muitos já o descartavam como uma força de top 3 na NBA, pelo que a sua produção vinha a diminuir desde 2008, quando foi eleito o MVP da época regular. Esta época, vai com 30,8 pontos de média, 5,7 ressaltos e 5,5 assistências por jogo, a saltar que nem um miúdo a meio dos seus anos 20.

Este é um caso de sucesso, com Bryant a vir recentemente de uma sequência de 4 jogos com mais de 40 pontos marcados. Um outro caso é o de DeJuan Blair, poste dos San Antonio Spurs, que tem tido uma carreira bem sucedida como profissional apesar de ter substituído ambas as rótulas. Com tratamentos semelhantes, podemos estar perante uma revolução positiva no mundo desportivo. Esperemos.

12
Jan12

Buzzer Beater

Óscar Morgado

Crise de bases? Nem por sombras

 

Ainda é estranho estarmos em Janeiro e a época da NBA estar muito precoce, com pouco mais de 10 jogos realizados por equipa. Contudo uma tendência que já apontei a época passada está mais afincada este ano: a posição de base tem um vasto mercado de talento e qualidade já demonstrada, e quase todas as equipas têm um ou mais jogadores  nessa posição com qualidade suficiente para levar uma equipa a vitórias.

Daquilo que posso constatar nas 30 equipas, há apenas no máximo 4 ou 5 que não têm alguém minimamente competente na posição 1. Na Conferência de Este há estrelas, com Rose em Chicago, Williams em New Jersey e Rondo em Boston, atiradores ou bases focalizados em marcar pontos, com Chalmers e Cole (o impressionante rookie que Miami foi buscar ao draft) em Miami, Calderon em Toronto, Jennings em Milwaukee e outro rookie, Kemba Walker, em Charlotte. Há ainda passadores competentes e bases polivalentes, como Holiday e Lou Williams em Philadelphia, Teague em Atlanta, Collison em Indiana, Nelson em Orlando, Irving em Cleveland, Stuckey e Knight em Detroit, e John Wall em Washington.

E quando chegamos à Conferência de Oeste o padrão mantém-se: as estrelas são Westbrook em Oklahoma City, Chris Paul nos Clippers e Stephen Curry em Golden State (na minha opinião só as lesões o impedem de produzir mais, sendo um dos melhores atiradores da liga). Há outro estrato de jogadores que já foram estrelas, mas estão no declínio da sua carreira, contudo, produzem melhor que a maioria, como Nash em Phoenix e Kidd em Dallas. Seguem-se os restantes bases de qualidade ou com muito potencial: Felton em Portland, Parker em San Antonio, Harris em Utah, Lawson em Denver, Conley em Memphis, Lowry em Houston, Ricky Rubio em Minnesota (e que ano de estreia que o espanhol está a ter na NBA) e Fredette em Sacramento (porque eu cá não acredito em Tyreke Evans como um base, e que este é desaproveitado naquela posição: Evans é, a meu ver, um protótipo precoce de um Dwayne Wade).

Portanto isto deixa apenas 3 equipas de fora: Nova Iorque, que apenas com Toney Douglas e o rookie Iman Shumpert (que no futuro pode almejar a algo mas é muito cedo para o prever) estão desfalcados apenas na posição de base, Los Angeles Lakers, onde Derek Fisher já não é a peça complementar de outros tempos, e New Orleans, onde Jarret Jack não chega para as encomendas de uma equipa que agora já não tem Chris Paul.

E enquanto alguns destes nomes que referi ainda não estão a produzir a níveis aceitáveis, todos têm pelo menos um fundo plausível de potencial que, a ser explorado pelas equipas, pode-lhes assegurar a posição por alguns anos. O draft que se espera neste ano de 2012 foca-se mais em jogadores de estatura e para as posições mais interiores, onde a NBA tem muito mais escassez de talento de qualidade do que a base, e portanto estas equipas poderão colmatar esse tipo de falhas. E isto faz-me acreditar cada vez mais na preponderância da posição de base em relação às restantes, por fazer o jogo funcionar mais fluidamente e criar oportunidades para os restantes jogadores. É claro que uma equipa desfalcada de qualquer uma das posições terá dificuldades em partes fulcrais do jogo, mas mesmo que não tenha um base competente, pelo menos algum jogador que consiga impor um ritmo e ordem ao jogo é essencial.

fonte: Boston.com
05
Jan12

Buzzer Beater

Óscar Morgado

Estado de condensação

 

Uma das coisas que torna esta época da NBA tão sui generis é a forma como está estruturada. Devido ao lockout prolongado, houve necessidade de encurtar a quantidade de jogos para se gerir um calendário mais apertado. Em vez de 82 partidas para cada equipa como é normal, vão ser jogadas 66 (um pouco melhor que na última época vinda de lockout, em 1998/1999, onde cada equipa apenas realizou 50 jogos). Mas que implicações traz este novo calendário para a NBA?

Para começar, o facto de haver menos jogos não significa que eles estejam distribuídos da mesma maneira. Enquanto que numa época normal os grandes desafios de resistência para os jogadores são os chamados back-to-back, onde se jogam dois jogos em dois dias, este ano a fasquia sobre: surgem os back-to-back-to-back, três jogos em três dias. Esta realidade, embora não se aplique a todas as equipas, causa as suas mazelas nos atletas. Espera-se que, lá para Fevereiro, o número de lesões aumente em relação ao ano anterior. Até agora só os Lakers passaram por este sistema, tendo curiosamente perdido os dois primeiros jogos e vencendo o último. Mas este aspecto está a ser até reflectido nos sites de apostas desportivas, com factores maiores para equipas no 3º jogo consecutivo.

Ainda relacionado com as lesões, a previsão é que as equipas com jogadores mais jovens irão safar-se muito melhor com os menores tempos de repouso. Equipas como Dallas, San Antonio, Boston ou Lakers estão em maior risco de sofrer derrotas e baixas a um ritmo mais elevado que o costume. Até ao momento ainda não é possível correlacionar directamente as duas variáveis, por apenas se estar a jogar nem há duas semanas, mas a longo prazo é muito provável que aconteça. Até Gregg Popovich, treinador de San Antonio, tem repousado Tim Duncan (ao ponto de não jogar sequer 30 minutos por jogo) para o poupar para momentos mais importantes. Esta estratégia foi usada na época passada, porém Duncan esteve bastante apagado nos playoffs.

Uma outra consequência virá no final da época: as conquistas desportivas serão mais facilmente criticáveis. Phil Jackson, mítico treinador dos Bulls de Michael Jordan e dos Lakers de Shaq e Kobe, agora reformado, desvalorizou o título conquistado pela equipa de San Antonio na época 1998/1999 por se tratar de um calendário muito mais permissivo, bem como de playoffs desregulados para os padrões normais (os New York Knicks de Patrick Ewing foram os 8º classificados na conferência de Este e derrotaram o 1º classificado, a equipa de Miami, na altura liderada por Alounzo Mourning). Pelo que me parece dos resultados e dos jogos que já vi, este tipo de disparidades não será muito significativo nos 3 ou 4 primeiros lugares de cada conferência, mas poderão haver algumas equipas "fora do lugar" nas posições inferiores.

Uma última dura realidade desta época: cada vitória vale mais, em termos relativos, mas cada derrota é mais difícil de recuperar. Uma motivação interessante que espero que vá ser usada de treinadores para jogadores...

fonte: espnLA.com
fonte: espnLA.com
22
Dez11

Buzzer - Beater

Óscar Morgado

Uma triste história

 

Mal tinha começado a época 2008/2009 da NBA e já uma equipa que fez dinastia na década que ia a acabar estava a renovar o plantel, que envelhecia gradualmente: os Detroit Pistons trocavam o experiente base Chauncey Billups pelo igualmente experiente Allen Iverson (mas menos estável em termos de personalidade). Billups contribui para dar a Detroit um campeonato em 2004 e umas quantas presenças nas Finais nos anos seguintes, mas o seu contrato pesava imenso nas contas da Cidade Automóvel. Iverson vinha de uma boa prestação em Denver, abaixo dos padrões que estabeleceu nas sua época de MVP e algumas seguintes em Philadelphia, mas compreensível com a idade.

 

Mas Billups não estava a sair pela porta dos fundos do clube: Detroit precisava de algumas remodelações e um base do pior lado dos 30 com um contrato que Detroit não podia acartar com objectivos de remodelação parecia aceitável. Aliás, Billups ia para Denver, a sua terra natal, onde possivelmente se iria reformar. Acabou por ser nas épocas seguintes a segunda opção na equipa, complementando o prolífico marcador da equipa, Carmelo Anthony. Mas o precedente estabelecido na época passada por Lebron James, Chris Bosh e Dwayne Wade, em que os três negociaram entre si contratos mais pequenos que lhes permitiam coexistir financeiramente no mesmo clube mudou a mentalidade de muitos jogadores e dirigentes. Os três passariam de astros a uma forte constelação.

 

Então outros jogadores começaram a seguir o exemplo, começando por Anthony: via que em Denver não iria conseguir o talento suficiente atrás de si para competir por um título e tratou de requisitar uma troca. Acabou por ir parar aos New York Knicks, onde outro astro, Amare Stoudemire, jogava. Mas como as equipas negoceiam entre si, e a NBA, como se tem visto ultimamente, pouco é mais do que um negócio, essa transacção iria incluir outro jogador de qualidade para Nova Iorque, dado que essa esta equipa, apesar de ir receber uma estrela, não queria perder todas as suas jovens promessas. Então Billups veio. Meio da época, jogador com 34 ou 35 anos, são-lhe retirados os planos de uma tranquila reforma daqui a poucos anos. Aborrecido, até acabou por ir na conversa porque ia para uma equipa para desafiar um título no ano seguinte.

 

Mas os Knicks sonham alto. Vindo um lockout prolongado, tiveram tempo para pensar nas opções. E afinal Billups nada mais era do que uma casualidade para obter Anthony, com um (ainda) grande contrato para 2010/2011 que lhe pagaria 14M, que estrangulava o tecto salarial dos ianques. Como os postes fazem falta nos dias que correm, e Nova Iorque não tinha nenhum capaz para os seus objectivos, e bases, apesar da importância da posição, há muitos, Billups foi novamente moeda de troca: é-lhe usada a cláusula de amnistia para retirar o contrato das contas de Nova Iorque, e o veterano foi parar aos 'waivers', uma espécie de leilão em que qualquer clube pode pegar nos jogadores colocados à disposição por outras equipas, vencendo quem fizer a melhor oferta.

 

Os LA Clippers, tendo já um negócio fantástico que lhes trouxe aquele que é na minha opinião o melhor base da liga, Chris Paul, presisavam de um atirador para o perímetro, e Billups, apesar de ser outro base, tinha as características necessárias. Mesmo depois de o jogador ter ameaçado não jogar se não pudesse escolher a equipa para onde iria (pensa-se que, traído por tantas organizações, o base quisesse fazer o melhor da situação e juntar-se aos Miami Heat, tornando a constelação a mais absoluta favorita ao título deste ano), os negócios apanharam-no.

 

Moral da história? Tal como Billups, Lamar Odom dos Lakers foi uma mera peça de negócio, apesar dos títulos e da coesão de balneário que trouxe à sua equipa ao longo de tantos anos como profissional da casa. O mesmo vai acontecendo com Brook Lopez, que vai sendo constantemente avaliado pelo seu valor de mercado para ser trocado com Dwight Howard, que também quer sair de Orlando. Ou até Rajon Rondo, que se falava ser parte de um pacote por Chris Paul antes de se confirmar o negócio com os Clippers. E assim as relações já tremidas que existiam entre os jogadores e os dirigentes na época passada e algumas anteriores caíram completamente por terra após o lockout. Hoje, just business. Sendo provavelmente os assalariados mais bem pagos e com mais regalias de todo o planeta, os jogadores da NBA conseguiram manter muito tempo uma posição de vantagem sobre os donos, mas, sendo estes que pagam as contas, acabaram por sucumbir a algumas exigências. Mas como toda a gente tem que ceder, os problemas que já existiam mantém-se quase inalterados, e garanto-vos que assim que este acordo salarial (que dura no máximo dez anos, não sei precisar) terminar haverá outra paragem de trabalho, porque os problemas ir-se-ão manter: jogadores medianos com salários de estrelas, prejuízos para equipas de cidades mais pequenas, and so on. Todas estas transações na hora, total desrespeito pela estabilidade dos jogadores, mas também o poder desmedido que alguns desses jogadores têm de, simplesmente, tornar equipas reféns das suas decisões ou exigências são um mero resultado de um lockout como este foi, prolongado, marcado por decisões economicistas para os dois lados, bem como alguma arrogância. Your bad jogadores, your bad, dirigentes.

07
Set11

Buzzer - Beater

Óscar Morgado

No país do basquetebol


            Após ausência por motivos profissionais, eis que o buzzer-beater volta à acção. E nesta semana em que ainda nada se sabe de NBA para a próxima época e o fim da WNBA aproxima-se, há algo de muito mais importante a acontecer.

            Eurobasket 2011. A Lituânia tem sido palco do europeu estes últimos dias. Agora que a segunda fase vai começar, os confrontos tornam-se mais interessantes e as grandes equipas seguem em frente. Portugal, infelizmente, não conseguiu uma única vitória na fase de grupos, ficando abaixo das expectativas. É certo que estávamos no grupo mais difícil, com a super-poderosa Espanha, que, na minha opinião sem grande discussão, tem o melhor trio de grandes de todo o mundo (incluindo a NBA), a fortíssima Turquia de Turkoglu, Ilyasova, Asik, e daqui a uns anos de Kanter, e a sempre coesa equipa da Lituânia, que fora das individualidades sempre alcança os seus resultados.


           

 

02
Ago11

Buzzer - Beater

Óscar Morgado

Um por todos

      Estamos a 9 de Dezembro de 2004. O local é o Toyota Center, em Houston, no Estado norte-americano do Texas. Jogam os Houston Rockets contra os San Antonio Spurs, que estão a ganhar à equipa da casa 76-68. Após um lance livre convertido dos Spurs, faltam 44.2 segundos para terminar o quarto período da partida.

      Tracy McGrady, estrela da equipa na altura, recebe a bola na reposição da linha de fundo. Já toda a gente se convenceu que o jogo terminou, excepção feita a este homem. McGrady leva a bola para o ataque, sendo defendido por aquele que é nesse ano, discutivelmente, o melhor defesa do perímetro do mundo, Bruce Bowen.

      McGrady segue pela esquerda a todo o gás. Bowen, já na linha de 3 pontos, fica num bloqueio de um jogador de Houston, que deixa T-Mac livre. O base-extremo dribla para a zona central e atira um triplo. O defesa dos Spurs ainda levanta o braço mas sem sucesso. T-Mac marca com 35 segundos para terminar, e o resultado fica 76-71, ainda a favor dos Spurs.

      Na reposição, Bob Sura faz a falta intencional sobre o jogador de San Antonio, que vai para a linha de lance-livre. Converte os dois lançamentos, e o resultado passa a 78-71, na mesma para a equipa que joga fora. McGrady leva novamente a bola. Bowen fica mais uma vez num bloqueio, desta vez de Yao Ming, e McGrady, do lado direito do campo, lança de 3 pontos mais uma vez. Desta vez é Tim Duncan que levanta o braço. T-Mac joga com o seu corpo e coloca-se debaixo do defesa, sacando a falta. A bola vai no ar com 24 segundos para jogar, e entra. Jogada de 3 pontos e falta. T-Mac à linha de lance-livre – converte. Resultado: uns inimagináveis 78-75 contra os Rockets.

Segue a partida. Barry, dos Spurs, coloca a bola em Tony Parker, que dribla até ao meio campo ofensivo e, vendo-se com dois defesas a tentar fazer falta, solta a bola para Brown, que a solta para Tim Duncan assim que se vê na mesma situação do base francês. Duncan sofre falta, e com 16.2 segundos para jogar, converte os dois lances-livres, e San Antonio respira de alívio. 80-75 para os Spurs.

     

Andre Barret, dos Rockets, repõe a bola com imensa dificuldade, até que chega a quem? Tracy McGrady. T-Mac, mais uma vez com Bowen à sua frente, sem ficar em bloqueio nenhum, força o lançamento de 3 pontos a faltarem 11 segundos…e, espantosamente, entra. O público está ao rubro e começa a acreditar que tudo é possível. 80-78 a favor dos Spurs.

      San Antonio pede desconto de tempo. Gregg Popovich está estupefacto mas desenha uma estratégia ainda assim. Barry repõe novamente, e apenas Brown, após usar dois bloqueios, está livre. Recebe a bola, e após colocar um drible no chão, escorrega e perde o seu controlo. Faltam 8 segundos. Não há mais descontos de tempo que Houston possa usar. McGrady pega na bola perdida perto da linha de fundo do meio campo defensivo e avança desesperado para o cesto contrário.

     

    Faltam 5 segundos e a estrela dos Rockets chega ao meio campo. Com 4 defesas da equipa contrária em cima dele, dirige-se ao lado direito do campo. T-Mac pode usar mais um segundo e lançar, de forma segura, de 2 pontos, empatar o jogo e tentar vencê-lo no prolongamento…mas não. Não é isso que o instinto lhe comanda, e então dispara de 3, com o Toyota Center aos berros. 3 segundos, é para a vitória…!

      E, com 1 segundo de sobra, entrou.

    Parker ainda tentou lançar de muito longe, disparando pelo campo após a reposição, mas já era tarde de mais. Os Rockets ganhariam o jogo, 81-80. Tracy McGrady passava a ser conhecido como O Homem que Marcou 13 Pontos em 30 Segundos. Este é um dos meus momentos favoritos no basquetebol, sem dúvida alguma.

      Preciso de dizer mais alguma coisa (http://www.youtube.com/watch?v=nfurCV1FDpM)?

19
Jul11

Buzzer - Beater

Óscar Morgado

Quando a Europa pisca o olho…

 

                Afinal dá para haver notícias na NBA. O assunto que me proponho a comentar hoje é a razia de conversações que tem havido nas últimas semanas entre clubes europeus e jogadores da NBA, para potenciais prestações no Velho Continente.

                Quem anda a ser falado? Vamos começar pelos confirmados. Deron Williams é o grande nome até ao momento, já confirmado para jogar no Besiktas da Turquia na próxima época, na eventualidade de um lockout que chegue a cancelar alguns jogos nos Estados Unidos, com um contrato de quase 4 milhões de euros ao ano. Esta estrela, como muitas outras procuram, tem uma cláusula que lhe permitirá voltar imediatamente aos New Jersey Nets assim que a liga recomeçar. Com outros o caso não é semelhante. Falo de Sonny Weems dos Toronto Raptors, que assinou com uma equipa europeia durante um ano garantido, sem cláusula para voltar à NBA e Sasha Vujacic, que assinou com o Anadolu Efes, também da Turquia e sem cláusula de rescisão por lockout.

                Mas há mais, ainda em fase de especulação. Dwight Howard, actualmente o melhor poste do planeta, já afirmou várias vezes perante os media que está a ponderar seriamente jogar fora dos Estados Unidos, ponderando o continente europeu e até a China, onde é extremamente popular. Também Avery Bradley, base suplente rookie dos Boston Celtics, após um ano de lesões em que perdeu toda a pré-época e boa parte da época regular, faltando-lhe minutos de jogo, também está na corda bamba.

                Mas um rumor, que já é um pouco mais que isso, na ordem das negociações, é o que envolve Kobe Bryant. É o Besiktas que anda(va) atrás da maior estrela de Hollywood fora do grande ecrã. O clube turco chegou a oferecer 500 mil dólares mensais ao norte-americano, uma proposta algo fantástica para os padrões europeus. Contudo, Kobe pede 700 mil euros, de acordo com a Bola. Grau de exorbitância? Theodorus Papaloukas é o jogador mais bem pago a actuar na Europa, averbando 3,5 milhões de euros anuais no Olympiakos, o que dá cerca de 300 mil euros mensais. O colega de Bryant nos Lakers, o espanhol Pau Gasol, também já manifestou vontade de voltar a jogar no Barcelona, caso a época continue parada durante mais tempo.

                Este êxodo desportivo, a confirmar-se nestas proporções, será algo muito positivo para o basquetebol europeu. Estrelas como só no Europe Live se vêm no Verão aqui pelo nosso continente iriam trazer muito dinheiro de publicidade e merchandising aos clubes europeus, que lhes permitiriam arrecadar muitos milhões para desenvolverem ainda mais o desporto do lado de cá do Atlântico. Além do mais, a maioria dos jogos que consigam disputar, enquanto a

NBA estiver parada, com jogadores deste calibre, desde que não enfrentem outras equipas armadas com armas semelhantes, têm muitas hipóteses de roubar vitórias importantes. O Besiktas teria o melhor duo de longe do cesto não só da Europa, mas de todo o mundo, pelo que o conjunto Deron Williams – Kobe Bryant nem na NBA se compara a outro dessas posições.

                E o que acho eu disto tudo? Venham eles, e quantos mais para Espanha melhor, para os poder ver jogar mais perto. Já que o lockout é algo triste que parece ter vindo para ficar, que se aproveite o que houver de positivo nele, e trazer estrelas do basquetebol para a Europa parece-me a melhor solução. É claro que muitos, tal como diz Charles Barkley, não deveriam vir por questões de lesões, e, sendo estrelas, tendo dinheiro garantido nos Estados Unidos poderiam deixar de o ter se contraíssem uma lesão fora do país. Mas para muitos a paragem desportiva pode ser pior, os atletas precisam de minutos.

 

by Óscar Morgado