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Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

Minuto Zero

20
Fev11

Fogo sem Fumo

Minuto Zero
Um bom prenúncio

Na passada quinta-feira, as equipas portuguesas presentes na Liga Europa entraram em campo para iniciar a nova fase da competição. Benfica, Braga, Porto e Sporting disputaram a primeira mão dos 16-avos-de-final. Contra adversários diferentes, em situações e performances quase opostos e a jogar em terrenos ora mais fáceis ora mais difíceis, as nossas equipas tiveram sortes e resultados igualmente diferentes. Houve desfechos para todos os gostos. Mas no geral, a primeira “metade” da eliminatória correu bem e traz esperança para todos os emblemas lusos.
O actual campeão nacional, SL Benfica, recebeu e bateu o Estugarda por 2-1. Num jogo em que os encarnados não tiveram o melhor começo, conseguiram dar a volta – à custa de dois grandes golos – e levar por vencida uma partida que se jogou a um elevado ritmo competitivo, com muitos ataques, sprints, disputas de bola bastante quentes. O Benfica poderia ter conseguido uma maior vantagem para a segunda mão que ocorrerá em território germânico, mas uma excelente exibição do guarda-redes do Estugarda impediu tal facto. O resultado é curto, mas o Benfica tem futebol e qualidade suficientes para levar por vencida a equipa alemã.
O Braga, actual vice-campeão português e que não tem tido uma boa prestação interna na presente época, deslocou-se à Polónia para disputar a partida contra o Lech Poznan. Numa exibição em que demonstrou bastante coesão, o Braga acabou por perder devido a uma decisão errada de Hugo Viana que acabou por resultar no golo dos polacos. Não obstante, a equipa bracarense conseguiu chegar com perigo à baliza do Lech por diversas vezes. Poderá falar-se em azar e um pouco de inexperiência em competições europeias, mas não se poderá negar que o Braga se bateu de peito aberto num jogo disputado em condições meteorológicas bastante adversas para a sua equipa e favoráveis para a equipa da casa, habituada a jogar naquele contexto. Em Portugal e a jogar perante os seus adeptos, a equipa de Domingos tem todas as possibilidades para seguir em frente na Liga Europa.
O FC Porto, primeiro classificado do campeonato português, tinha – provavelmente – a deslocação mais difícil neste primeiro jogo da fase a eliminar da Liga Europa. Os dragões deslocaram-se a uma cidade onde já venceram a extinta Taça UEFA para defrontar o Sevilha. Num terreno hostil, contra uma torcida incansável e uma boa equipa, os azuis e brancos conseguiram realizar uma excelente exibição, com bastante segurança a defender e uma excelente eficácia a atacar. O resultado acabou em 2-1 para a equipa de Villas Boas, o que faz com que o Porto tenha a tarefa facilitada na segunda mão quando receber, no Dragão, a equipa da Andaluzia.
Por último, o Sporting tinha uma deslocação difícil à Escócia em que também a história jogava contra os leões – nunca venceu em terras escocesas. O adversário desta vez era o Glasgow Rangers e o jogo acontece numa altura bastante delicada para o clube de Alvalade. Num jogo morno e pouco disputado, o Rangers dominou, de modo geral, a equipa portuguesa. A estratégia de Paulo Sérgio foi segurar atrás para conseguir, através do contra-ataque, importunar o guarda-redes McGregor. Após ter entrado a perder na segunda parte da partida, o Sporting conseguiu, já em cima do cair do pano, empatar a partida com um golo de Matías Fernandez e trazer a decisão final para o jogo de Alvalade. Um bom resultado dos leões.

by Alexandre Poço
13
Fev11

Fogo sem Fumo

Minuto Zero

Tirem o cavalinho da chuva

Há quem veja na actual situação do Sporting o rumo certo para a sua completa descaracterização, ou seja, que o Sporting não tarda e andará a lutar pela não despromoção ou pelo 8º ou 9º lugar da tabela classificativa. A meu ver, é manifestamente exagerado o que se tem dito. É verdade que o Sporting passa um momento complicado, muito complicado, talvez o pior dos últimos anos. Reina a confusão e o caos, sucedem-se demissões, despedimentos e pedidos para rescisão amigável. Ninguém tem mão no actual Sporting. O treinador, qual timoneiro sozinho ao leme, diz que ainda aguenta mais “pancada” e que vai pegar o “touro pelos cornos”. Diz-se abandonando pela estrutura, mas com a confiança da equipa de futebol. Actualmente, não há presidente, ou melhor, é apenas um corpo presente. Sucedem-se os avanços e os recuos dos notáveis (e daqueles que são menos notáveis) em relação às presidenciais que se aproximam. Os resultados continuam medíocres, empates com a Naval e com o Olhanense que envergonham qualquer um. Tudo isto é verdade. Não nego e até coloco mais lenha na fogueira para que a discussão e a reflexão possam ter um pouco de fumo branco. Mas não nos esqueçamos que o Sporting tem uma grande massa associativa, tem milhões de adeptos e que, nos momentos decisivos, nunca viraram costas ao clube. O Sporting vai continuar a ser um dos grandes do nosso futebol. O Sporting não baixará ao 6º lugar no fim do campeonato como outrora aconteceu a outros. Apesar da hecatombe, ainda está no 3º lugar da tabela classificativa, nas meias-finais da Taça da Liga e nos oitavos de final da Liga Europa. É isto que os sportinguistas querem? Não, não é. Os adeptos leoninos querem o Sporting no 1º lugar ou a lutar pelo 1º lugar, querem o Sporting mais forte e com garra, querem o Sporting presente no Jamor todas as épocas. E querem o Sporting na Liga dos Campeões. É isto que se quer em Alvalade. Por isso, é preciso um grande debate, várias candidaturas e projectos. Com “fundos” ou sem “fundos”, é necessário preparar um projecto de futuro que devolva a esperança - aquela que sempre foi tão verde – a credibilidade e os sucessos ao clube de Alvalade. Os últimos a rir são os que se riem melhor. E estejam descansados ou aflitos, o Sporting não morrerá nem deixará de ser uma grande instituição. Porque acima de tudo, o Sporting é um clube que não é de bairro, nem de cidade, mas de Portugal. Tenho dito.

by Alexandre Poço
07
Fev11

Fogo sem Fumo

Minuto Zero
Notas Soltas

1.Há algum tempo que penso que a presidência de Madaíl na Federação Portuguesa de Futebol atingiu o seu limite. Gilberto Madaíl também deverá reconhecer tal facto, mas vai permanecendo no cargo que mais se parece com o de um monarca. Cresci a vê-lo na FPF e reconheço que teve sucesso, principalmente, com a selecção nacional nas várias competições em que Portugal brilhou. Fez sentido que continuasse bastante tempo, pois os resultados surgiam e para quê mudar o que está bem? Contudo, Madaíl deveria ter batido com a porta após o Mundial de 2006. Se o tivesse feito, sairia pela porta grande. Como não o fez, teve de levar aos ombros a estrutura que se demonstrou um verdadeiro fiasco no Euro 2008 e mais recentemente, no Mundial de 2010. Agora, sabe que se sair não deixará saudades. E Madaíl vai arrastando-se à procura de um novo sucesso com a selecção nacional para que possa, finalmente, sair do cargo de Presidente. Contudo, a FPF necessita de uma estratégia e de correr com alguns malfeitores que revelam a sua qualidade nos momentos cruciais. Veremos se o eterno presidente e recandidato Madaíl conseguirá apresentar um projecto com qualidade e que varra com o sustento de muitas moscas que, por questões de ego e ambição, também tendem a ficar na Federação. 
2. A vitória do Benfica frente ao Porto na Taça de Portugal não foi um facto isolado. O Benfica vem crescendo, vem ganhando jogos atrás de jogos e até voltou às célebres tareias da época passada. Villas Boas, um treinador pouco habituado a perder, é que deve ter um engolido um grande sapo devido à derrota frente aos pupilos do “graúdo” Jesus. Veremos se este percalço não afectará a dinâmica de uma equipa que espalha bom futebol e colecciona vitórias em todos os campos onde se desloca. Se bem conhecemos a estrutura do FC Porto, já foram dados um valentes murros em cima da mesa e lançados alertas a toda a equipa. A firmeza e a disciplina são práticas comuns no Dragão. Contudo, um eventual desaire (que para este Porto até pode ser um empate) no próximo jogo do campeonato poderá abanar aquilo que até aqui parecia inabalável. Será que o campeonato ainda vai aquecer?
3. Numa das minhas últimas crónicas, escrevi um género de texto biográfico de Liedson, nomeadamente da sua passagem pelo Sporting. Passado pouco tempo, o “levezinho” está de saída. 8 épocas em Alvalade, 172 golos e muitos marcos alcançados. Não pude deixar de estar presente no seu último jogo de leão ao peito para festejar os últimos golos e bater as últimas palmas a este grande jogador que passou por Portugal. A ovação final que ouviu dos seus adeptos de sempre foi totalmente merecida. Inesquecível – é a melhor palavra quer para o dito momento, quer para aquilo que Liedson fez no Sporting. O nosso grande 31. Obrigado por tudo!


by Alexandre Poço



30
Jan11

Fogo sem Fumo

Minuto Zero
Os valores e o desporto – Um plano de acção

Ninguém duvida que o espírito desportivo é um elemento indispensável à prática desportiva, tão essencial como a existência de material desportivo e equipas para competirem. Também não é menos verdade, que um Desporto vazio de valores educativos é seguramente um desporto mais pobre e menos justo.

Espírito desportivo é, em primeiro lugar e acima de tudo, observar estritamente todas as regras. É procurar nunca cometer deliberadamente uma falta. Ter espírito desportivo é respeitar o árbitro. Este merece inteiramente o respeito de todos, aceitar todas as decisões do árbitro sem pôr em causa a sua integridade, reconhecer com dignidade a superioridade do adversário na derrota, aceitar a vitória com modéstia, saber reconhecer a boa actuação e os bons desempenhos do adversário, querer competir em igualdade com um oponente. É contar apenas com o seu talento e habilidade para tentar obter a vitória, recusar ganhar através de meios violentos. Ter desportivismo é manter a dignidade em todas as circunstâncias. É demonstrar que temos domínio sobre nós mesmos. É recusar que qualquer tipo de violência tome conta de nós.

A velha regra segundo a qual o conhecimento proporciona o controlo só é válida até um certo ponto. Portanto, alguma coisa tem de ser feita a respeito da política de base. Se o que se pretende é salvaguardar no futuro os valores éticos no desporto, deve dar-se consideravelmente atenção à educação em desportivismo. Todos aqueles que estão envolvidos de uma maneira ou de outra no acontecimento desportivo devem estar conscientes que a pessoa deve ser respeitada em todas as circunstâncias. Uma área importante, se não a mais importante, para o ensino do desportivismo, é a Escola.

A escola, em geral, e os professores de educação física, em particular, devem transmitir claramente os valores e as normas que estão estipulados no desporto. Se o jovem atleta aprende desde o início que certas formas de comportamento e certas atitudes não são toleradas, que não são desportivas, não fará delas um hábito. Exprimindo isto positivamente, pode daqui resultar uma geração de jovens que farão do fair-play um valor básico do seu comportamento no desporto. As autoridades internacionais, nacionais, regionais e locais devem contribuir para a promoção do fair-play e a supressão da violência.

A contribuição das autoridades deverá ser limitada a este nível: enquanto as federações puderem canalizar o acontecimento desportivo dentro das normas sociais aplicáveis, as autoridades não deverão intervir. Os desportos que, devido à sua própria natureza e conteúdo, promovem a violência, devem ser reestruturados profundamente ou devem ser rejeitados por todos aqueles que desejam um desporto são. Para os desportos nos quais as regras proíbem o comportamento agressivo, mas cuja própria natureza proporciona facilmente ocasiões para tal, deve-se tentar determinar se as mudanças estruturais não poderiam diminuir tais comportamentos. Por exemplo, a federação francesa de basquetebol revê as suas regras de 4 em 4 anos para promover o fair-play.

Apesar de complexa, a tarefa de ter um desporto onde o fair-play seja a regra e a violência a excepção, é sempre possível, principalmente se a aposta efectuada for em medidas pedagógicas, estruturais e de carácter sensibilizador que levem a que a violência seja erradicada do Desporto.

 by Alexandre Poço
23
Jan11

Fogo sem Fumo

Minuto Zero
A Presidência Bettencourt

O Sporting saltou para as bocas do país e para as aberturas dos telejornais e, mais uma vez, por maus motivos. A honra de tal facto deve-se à demissão do seu Presidente e por consequência, dos seus órgãos sociais. O Presidente Bettencourt não deixará saudades em Alvalade, ao contrário do Director Bettencourt que então mereceu os mais rasgados elogios pela sua prestação. Aliás, foi o Director Bettencourt e o carinho que adquiriu junto dos sócios que permitiu, um dia, ter o Presidente Bettencourt. A sua eleição tratou-se de um passeio, pois ao invés do seu oponente, prometia um caminho sério, honesto, sem aventuras e com um horizonte de títulos. Quando chegou a Presidente, revelou-se um perfeito exemplo do Princípio de Peter, que nos diz que numa hierarquia todo o funcionário tende a ser promovido até ao seu nível de incompetência, o Director Bettencourt era um exemplo, o Presidente Bettencourt foi um fiasco. O princípio não falha. Mas a tragédia não se fica por aqui, pois o incompetente Bettencourt quis estar rodeado dos seus pares e contratou Costinha e José Couceiro. O primeiro demonstrou o seu valor, mais concretamente a falta dele, na sua acção enquanto Director, o segundo já teve tais funções no Sporting e também não deixou saudades. Depois disso, já foi tudo, treinador, seleccionador, treinador adjunto, enfim, qualquer dia é promovido a roupeiro. Pelo meio, o Presidente Bettencourt ainda conseguiu contratar dois treinadores. Se o primeiro – e após ter prometido uma “surpresa” – foi Carlos Carvalhal, ainda se percebeu, era uma solução de última hora, um tapa-buracos depois da saída de Paulo Bento, que para o Presidente Bettencourt seria forever. Quanto ao segundo (e actual) não se percebem os motivos da sua escolha, na medida em que nunca ganhou nada, é um treinador sem experiência que o máximo que alcançou na sua carreira foi uma ida ao Jamor com o Paços de Ferreira. E não se poderá aceitar a desculpa da falta de dinheiro, pois um clube que tem 6,5 milhões de euros para dar por Pongolle e, passado pouco tempo, empresta-o é porque tem dinheiro que sobra. Paulo Sérgio é outro à medida de Bettencourt, um incompetente. Mas não só. É arrogante, teimoso e pouco inteligente nas opções técnicas. Com Bettencourt na presidência, o Sporting não ganhou nada, não construiu uma equipa, reforçou-se mal, continuou um cemitério de jogadores, não teve prestações à altura, ouviram-se as mais estapafúrdias declarações da história do Sporting, as preocupações deslocaram-se da equipa para a vestimenta dos funcionários e conseguiu ainda outro fenómeno, colocou o José de Alvalade às moscas, com assistências a rondar os 15 mil adeptos. Uma vergonha. Não fora as cadeiras serem coloridas e aquilo seria aterrador para jogar. Obrigado Tomás Taveira. O Presidente Bettencourt até na saída foi infeliz, demitiu-se após um jogo, atitude típica de um treinador, não de um presidente. Enfim, para o que estaria o meu Sporting reservado. Um clube histórico transformou-se numa gamela, tudo come à custa do Sporting. Dos 4 principais incompetentes que por lá pairam, um já foi. Agora, só falta correr com os dois directores e com a personagem que orienta a equipa. Que venha um novo Presidente e que corra com esta gente para fora de Alvalade. Queremos um Presidente sério e que não se rodeie de incompetentes para gerir o Sporting. Queremos que o Sporting volte a abrir telejornais, mas não pelo facto de um director do clube querer que os funcionários andem de fato no Estádio. Queremos um Presidente que não chame de “maçã podre” a um jogador e, que passado uns meses, elogie o mesmo jogador pelo seu elevado profissionalismo. Queremos um Presidente que traga vitórias, sucessos, títulos. Que coloque o Sporting no seu devido lugar e que não ande a lutar pelo 4º ou 5º lugar com o Marítimo ou com o Vitória de Guimarães. Basta de mediocridade! É hora de pegar no Sporting e devolver-lhe “esforço, dedicação, devoção e glória”.

by Alexandre Poço
16
Jan11

Fumo sem Fogo

Minuto Zero
As alegrias de um povo

Gostemos ou não de futebol, há uma coisa que não se pode negar – a fortíssima relação que os portugueses têm com este desporto. É a catarse nacional. Para uns é triste, símbolo da nossa pequenez e da mentalidade tacanha do povo, para outros é motivo de orgulho, símbolo de união geral e demonstração de força face ao exterior. A verdade é que é no futebol ou através do futebol que os portugueses dão cartas, vencem prémios e até, aprendem a cantar o hino. Quem é que já se esqueceu das reportagens por alturas do Euro 2004 onde muitos admitiam que foi a assistir a jogos da selecção que aprenderam a cantar A Portuguesa?

Somos um país pequeno com muitos anos de história, orgulhoso do seu passado, triste e deprimido quanto ao presente e receoso quando ao futuro. Mas há um facto que veio alterar por completo a vivência aqui no burgo. O futebol. Surgido no início do século passado, o futebol – essa importação da aliada Inglaterra – jamais voltaria a arredar pé da nossa vida. Veio para ficar. Caíram reis, vieram presidentes, sem esquecer as ditaduras, revoluções, democracias, europas, e tudo o mais o que caracteriza a nossa história contemporânea, mas o futebol permaneceu. Evoluiu, espalhou-se pelo país, internacionalizou-se e por cá continua. Quando o país está resignado, a caminho da bancarrota ou sem esperança no futuro, eis que surge uma alegria. E vem do sítio do costume: do futebol.
A primeira grande jornada foi o Mundial de 1966 onde o honroso 3º lugar e as lágrimas no rosto de Eusébio deram-nos a conhecer ao mundo. Mais tarde, foi em 1984, quando a selecção de Chalana e companhia conseguiu chegar às meias-finais do Europeu onde só foi travada pela França de Platini, ou em 2000 quando novamente os gauleses se encarregaram de carimbar o nosso passaporte de regresso a casa, em 2004 naquele épico Europeu, logo depois em 2006 quando surpreendemos e só sucumbimos perante (a habitual) selecção francesa. São estas as alegrias de um povo. Do povo português. O Euro 2004 foi a última ocasião em que se viu o país unido na organização, na recepção e na caminhada da nossa selecção. Será sempre inesquecível aquele cortejo popular desde Alcochete até à Luz no dia da final que acabaria por se tornar numa tragédia grega. A vitória frente à Espanha, os penaltis do Ricardo contra a Inglaterra, a exibição de gala diante da laranja mecânica, os relatos do grande Jorge Perestrelo, as enchentes no Marquês de Pombal, enfim, um mês para sempre recordar. Há grandes figuras que consubstanciaram estas conquistas: Eusébio, Figo, Ronaldo, Scolari, Rui Costa, entre outros. Sem esquecer a figura que tanto enaltece o futebol português, apesar de nunca ter servido a selecção – o melhor treinador do mundo, José Mourinho. Sobre eles correram litros de tinta, abriram-se e fecharam-se telejornais, levaram o país às costas, carregaram sonhos e ambições numa vontade única de enaltecer este grande país e de demonstrar que, pelo menos, no futebol somos os melhores e os mais invejados. Que temos excelência, quer em jogadores quer em treinadores.
É com estas linhas que se faz o retrato de um povo, este que só tem alegrias colectivas quando se vence algum jogo de futebol. Um povo que encheu o país de bandeiras a pedido de um simples seleccionador nacional. Um povo que não seria o mesmo sem aquele jogo de 90 minutos, onde 22 seres humanos disputam uma bola. Parece básico demais para ser o orgulho de um país? Talvez, mas não na nossa terra. De tudo isto, algo sugere-me uma reflexão: O que seria hoje Portugal sem futebol?

by Alexandre Poço
 

09
Jan11

Fogo sem Fumo

Minuto Zero
O 31 que resolve
Fonte: Blog Embaixada de Portugal no Brasil
Chegou a Alvalade em 2003 pela mão de Fernando Santos. Os jornalistas que o esperavam na Portela não tardaram em caracterizá-lo como um avançado franzino e não muito alto. Os adeptos do Sporting, por natureza desconfiados e cépticos face a novas contratações, não viram, à partida, no jogador brasileiro o melhor substituto de Mário Jardel, que abandonara a equipa leonina nesse Verão. A situação parecia ser grave, pois desde meados dos anos 90 que em Alvalade o habitual era a equipa só ter um grande ponta-de-lança. Primeiro, foi o argentino Beto Acosta que ajudou na conquista do campeonato em 2000 e depois, o Super Mário que num só ano fez 42 golos no campeonato. Onde andava o goleador? Perguntavam os adeptos do Sporting. A célebre estreia em que o S do seu nome foi colocado ao contrário na camisola parecia indiciar um futuro caricato, nada estranho nas hostes leoninas. Porém, o camisola nº31 não demoraria muito a começar a encantar e a conquistar a massa associativa de Alvalade, a mesma que lhe colocou a alcunha de “Levezinho”. As claques responderam com uma tarja que ficou conhecida para quem vai ao Estádio José de Alvalade, “LIEDSON RESOLVE”. E estava encontrado o tal goleador de que tanto o Sporting precisou, precisa e continuará a precisar.
Na primeira época (2003-2004), marcou 19 golos em 36 partidas. A segunda época e a melhor de leão ao peito valeu-lhe a distinção como melhor marcador do campeonato português com 25 golos, tendo ao todo feito 35 nesse ano. O seu comportamento, por vezes, irregular e pautado por tensões com os treinadores e colegas foi também notícia, o que levava a que de vez em quando se sentasse no banco de suplentes. Por norma, é um avançado pelo qual não se dá conta, é capaz de passar dois ou três jogos sem marcar, mas quando menos se espera, lá está ele para resolver. E resolveu muitas vezes. É um grande 31 para as defesas contrárias. Tem um especial gosto por jogos contra o Benfica, equipa que já encaixou 10 golos do levezinho ao longo da sua passagem por Alvalade. Em 2008, marcou o seu centésimo golo e tornou-se o melhor marcador do Sporting em competições europeias com 19 golos (actualmente, já conta com 26). Em 2009, passou a ser o melhor marcador estrangeiro da história do Sporting e requisitou a nacionalidade portuguesa com o objectivo de poder actuar pela selecção das quinas. Na sua estreia por Portugal, marcou um golo decisivo contra a Dinamarca durante o apuramento para o Campeonato do Mundo de 2010. Ao longo da sua passagem pelo Sporting, a fasquia mais baixa foram os 17 golos em 2005-2006, o que demonstra a qualidade do jogador luso-brasileiro. Em Alvalade, ainda procura o primeiro título de campeão nacional, depois de já ter vencido a Taça de Portugal, a Supertaça e ter disputado a final da então Taça UEFA. É um jogador muito acarinhado pelos adeptos do Sporting, já faz parte da história do clube e sem margem para dúvidas, é justo dizer que LIEDSON RESOLVE.

by Alexandre Poço
02
Jan11

Fogo sem Fumo

Minuto Zero
Os 3 grandes – Balanço e Perspectivas

Acabou 2010 e como tal, penso que é tempo de fazer um resumo daquilo que foi o ano transacto para os três grandes do futebol português e por outro lado, fazer um género de previsões para a segunda metade da actual época. Como nestas situações a ordem pela qual se escreve é sempre um dos pontos relevantes e indicador de preferências subjectivas, escolhi um critério (objectivo) para expor as minhas ideias – a sequência classificativa do último campeonato de futebol. Assim sendo:
Benfica – Dois mil e dez parece ser o ano do tudo ou nada, do ser e não ser, de uma coisa e do seu oposto para os lados da Luz. Devido à clara clivagem nas performances dos encarnados, o ano divide-se em dois semestres. No primeiro, um Benfica demolidor, uma forma de jogar a que eu nunca tinha assistido nas águias (talvez, justificável pelo facto de ter nascido no início dos anos 90 – altura em que começou a agonia benfiquista), vitórias atrás de vitórias, uma equipa a arrastar o sonho e a vontade dos adeptos. Só em Anfield e aos pés do Liverpool, foi travado um Benfica que se afigurava como potencial vencedor da Liga Europa. No fim do primeiro semestre, os benfiquistas somaram duas conquistas: A Liga e a Taça da Liga. Um semestre que ainda hoje deve estar presente nos sonhos de muitos adeptos, o que se percebe, pois o Benfica tanto ganhava no campo, como também somava pontos cada vez que os confrontos se disputavam em túneis.
O segundo semestre coincide com a nova época (a actual) e a chama, o brilhantismo, as vitórias e as exibições de gala desapareceram. Desde o treinador (outrora, o Messias) aos jogadores, nada parece ser igual. Desde derrotas surpreendentes a humilhações, já tudo aconteceu ao Benfica versão 2010/2011. Recambiado da Liga dos Campeões, onde não se confirmou a antiga promessa de Jorge Jesus para a Liga Europa, o Benfica poderá apenas sonhar com a Taça de Portugal e/ou a Taça da Liga. O campeonato e a Liga Europa parecem estar longe de ser alcançáveis a este Benfica. O ano passado viu o melhor Benfica dos últimos vinte anos, mas também aquele que já vinha sendo hábito desde meados dos anos 90.

Porto – Se o compararmos ao Benfica, é o inverso: 1º semestre – recusou-se jogar futebol, 2º semestre – um Porto à Porto, isto é, uma equipa a jogar como nos habituou nas últimas décadas. O azarado Jesualdo deu lugar a um talentoso Vilas Boas e os dragões que já não se viam afastados da Liga dos Campeões há uns anos, estão a demonstrar esta época que têm saudades e que o regresso está para breve. De positivo nos últimos tempos do 1º semestre, destaca-se a conquista da Taça de Portugal. Facto que não conseguiu fazer esquecer o 3º lugar no campeonato. Esta época viu chegar ao Porto um treinador novo e com fama de ser “parecido” com José Mourinho, seu mentor. Da desconfiança geral passou-se a uma certeza absoluta, o Porto de Vilas Boas joga tanto ou mais futebol que aquele que dominou a Europa durante o reinado do Special One. Este Porto caminha a passos largos para mais um título de campeão nacional e promete na Liga Europa. A Taça de Portugal e a Taça da Liga, se forem encaradas de uma forma séria e não servirem para rodar a equipa, também não escaparão aos azuis e brancos. A segunda metade do ano foi um passeio para os dragões e pelo meio, ainda conseguiram golear os seus velhos rivais, o Benfica, com uns expressivos 5-0. Uma tareia das antigas.

Sporting – Em Alvalade, não há semestre, trimestres ou o quer que seja. Mudam jogadores, equipas técnicas, directores, mas o futebol lento, desagradável e chato não se altera. O Sporting atravessa um difícil período e 2010 foi mais um ano para esquecer. Das declarações infelizes dos dirigentes às prestações medíocres dos jogadores, nada fica a registar como positivo. Na época passada, a Liga Europa ainda parecia prometer algo, mas num jogo quente frente ao Atlético de Madrid, o Sporting de Carlos Carvalhal acabou eliminado. Liga, Taça e Taça da Liga foram igualmente outras desgraças. O 4º lugar da época passada garantiu a Liga Europa ao Sporting deste ano e para já, as coisas parecem melhores, vitórias folgadas e exibições mais sólidas demonstram que existe um Sporting a nível interno e outro – consideravelmente melhor – a nível europeu nesta época 2010/2011. A Taça de Portugal terminou no Bonfim. A Taça da Liga, apesar de parecer enguiçada para os leões, começa por estes dias e ainda poderá reservar surpresas. O campeonato, esse há muito que terminou para a equipa de Paulo Sérgio. Deve lutar para manter o 3º lugar, se o conseguir já se pode dar por contente, em razão do futebol que tem praticado. O Sporting necessita de uma grande reflexão ou habilita-se a que anos como o de 2010 passem a ser o habitual nas hostes leoninas.

Em suma, 2010 deu para assistir a um Benfica que de águia passou a passarinho, a um Porto que após um interregno de meio ano voltou a ser aquilo que tem sido nos últimos anos e a um Sporting bastante regular – isso é indiscutível – o problema é o facto de ser regular em mau futebol e em fracassos. Em relação a 2010, estamos conservados… Então, que venha 2011 que é preciso a bola para animar a malta.

by Alexandre Poço


26
Dez10

Fogo sem Fumo - Semana Melhores do Ano (2010)

Minuto Zero
Sebastian Vettel - O mais jovem da F1

Fonte: guardian.co.uk
Tem 23 anos, é alemão e em 2010 confirmou-se que tem jeitinho ao utilizar as mãos. Chama-se Sebastian Vettel e o mais jovem campeão do mundo de Fórmula 1. Apesar de ser um jovem, já tem uma longa experiência no automobilismo: Aos 7 anos já participava em competições de Kart e aos 18 anos na competição de juniores (F-BMW) venceu 18 das 20 corridas da competição.
Nos anos seguintes, disputou o campeonato de Formula 3 na Europa e demorou muito a despertar o interesse da escudaria da BMW. E assim aos 19 anos, já era o 3º piloto da equipa BMW Sauber, tendo chegado a participar nos treinos livres para GP da Turquia, o que fez dele o mais jovem piloto a participar numa competição de F1. A sua estreia oficial ocorreu em 2007, no GP dos Estados Unidos da América, onde substituiu o piloto titular Robert Kubica. No fim da prova, terminou em oitavo lugar e conquistou os primeiros pontos da sua carreira. Ainda no ano de 2007, Vettel transferiu-se para a Scuderia Toro Rosso e foi ao serviço desta que, no dia 14 de Setembro de 2008 em Itália, conquistou o primeiro Grande Prémio da sua carreira na categoria – o que fez do automobilista alemão o mais jovem de sempre a conquistar um grande prémio. Já nesta altura, o futuro parecia risonho a Vettel.
Em 2009, transfere-se para a Red Bull, onde foi o ocupar o lugar que era do histórico David Coulthard, e na sua época de estreia consegue um orgulhoso segundo lugar, ficando apenas atrás do então campeão Jenson Button. O céu estava cada vez mais ao alcance do jovem alemão e na temporada de 2010, venceu 5 Grande Prémios (Malásia, Europa, Japão, Brasil e Emirados Árabes Unidos) tendo conquistado o campeonato do mundo de F1 com 256 pontos, quatro pontos a mais que o vice-campeão, Fernando Alonso da italiana Ferrari. A última corrida e que deu a vitória a Vettel ocorreu no dia 14 de Novembro na corrida de Abu Dhabi.
Assim, aos 23 anos, 4 meses e 11 dias, Sebastian Vettel tornou-se o campeão de F1 mais novo da história. O jovem alemão já tinha sido o piloto mais novo a participar numa corrida, bem como, a vencer um Grande Prémio. Sem dúvida, nasceu para vencer e ao que parece tem muita pressa. O ano de 2010 já lhe valeu o prémio de melhor desportista da Alemanha, distinção com a qual concordo plenamente. No desporto, o ano de 2010 e o campeão Vettel são indissociáveis.

by Alexandre Poço
19
Dez10

Fogo sem Fumo

Minuto Zero
O Messias da Luz

O futebol é um jogo amoral, não vive de grandes raciocínios, só contam as consequências. O seu tribunal apenas decide em função do último resultado. É esse o grande drama de Jorge Jesus na Luz. Ele nunca será julgado ou condenado pelas suas brilhantes e inconsequentes frases que, normalmente, contradizem o que foi dito no minuto anterior, na semana anterior ou no mês anterior. Jorge Jesus é a contradição em pessoa porque não tem ideias formadas. Hipnotizado por um ano de sucesso julgou que não precisava de crescer intelectualmente. Prometeu a Champions League e agora está na Liga Europa por sorte. Disse que ia revalidar o título de campeão e este ano acabou vexado no Dragão. Agora o céu caiu-lhe em cima da cabeça. Não havia limites aos sonhos de Jorge Jesus e dos fiéis adeptos benfiquistas.

O problema de Jorge Jesus foi que se no primeiro ano como treinador do Benfica pode adoçar o seu ego como queria, porque ia ganhando e os jogadores aceitavam a sua liderança, este ano essa arquitectura desmoronou-se. O Benfica deixou de ganhar e aí começou o calvário de Jorge Jesus. E a bola de neve foi aumentando: os novos reforços não convenceram, as suas frases de auto-elogio esquecendo os jogadores tornaram-se patéticas, as exibições tornaram-se depressões contínuas. Sabe-se como é no futebol. Uma vitória vale a unanimidade. Várias derrotas transformam o herói de ontem no vilão de hoje. De bestial passa-se, num abrir e fechar de olhos, a besta. O treinador Jorge Jesus deixou de ser o Super-homem. O que vale para ele vale para os jogadores: quando alguém usa o drible e sai bem é um génio. Se sai mal é uma galinha. Na época passada, Jorge Jesus era um mestre: transformara o Di Maria num mago. Esta época é um asno: onde toca faz asneira. Veja-se a equipa que fez alinhar no jogo contra o FC Porto. Na época transacta cada substituição era um toque de génio. Esta cada vez que faz uma substituição afunda a equipa.

Os adeptos de futebol não têm paciência para grandes discursos. Querem resultados. Ou ganham ou pedem a cabeça de treinador e jogadores. No futebol não há tempo. Há liderança, vontade de vencer e vitórias. Tudo o resto é irrelevante. As declarações bem-intencionadas valem zero. As desculpas em conferências de imprensa idem aspas. O discurso do futebol não muda, por mais estatísticas, SAD e projectos a prazo que se inventem. É um desporto básico que causa alegrias e frustrações com facilidade. Quem o encarar de outra maneira está errado. Levá-lo a sério, como tenta fazer o sr. Jorge Jesus, sai caro. Ao próprio, é claro. Como o verdadeiro Messias, Jorge Jesus estará provavelmente na sua quaresma, não tarda muito e é crucificado.

fonte: futebol mundial

by Alexandre Poço