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Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

Minuto Zero

03
Jul11

Área de Ensaio

Pedro Santos

Os Números do Mundial

 

       Continua a contagem decrescente rumo ao Campeonato do Mundo de Rugby. Aquele que é considerado o 3º maior evento desportivo do mundo, será este ano a grande atracção do mundo do desporto.

       Para se perceber a dimensão desta competição, importa conhecer alguns números.

       91 Equipas disputaram a qualificação para o Mundial um pouco por todo o mundo, dessas, apenas 8 conseguiram juntar-se às 12 que haviam conseguido o apuramento na França em 2007. No total mais de 600 jogadores estarão na Nova Zelândia a disputar o título, se juntarmos o número de treinadores e restante staff, rapidamente percebemos o número de pessoas envolvidas.

      Em termos financeiros, a expectativa é que, da parte da organização se gastem cerca de 310 milhões de dólares Neozelandeses. Em termos de receitas, apenas a venda de bilhetes deve gerar um total 280 milhões de dólares. Se se juntar a este valor o restante das receitas vindas do turismo, da venda de produtos relacionados com o Mundial, entre outros, rapidamente se compreende que as receitas irão superar os gastos.

       Este será também o maior evento desportivo alguma vez realizado na Nova Zelândia. A juntar aos milhares de entusiastas Neozelandeses, espera-se ainda que mais de 80.000 pessoas de todo o mundo se dirijam à Nova Zelândia para assistir ao torneio (o número não impressiona, mas há que compreender que a Nova Zelândia fica longe da Europa, continente onde há mais adeptos da modalidade).

       No total haverá 13 estádios a receber os jogos, de onde se destaca o estádio de Auckland, o Eden Park, onde se jogará a final, que tem uma capacidade para 60.000 pessoas. Os restantes estádios apresentam capacidades entre os 40.000 lugares (Wellington Regional Stadium) e os 15.000 lugares (McLean Park e Arena Manawatu).

       No que se refere às transmissões televisivas, há já confirmados pelo menos três dezenas de canais de todo o mundo que irão transmitir os jogos. Desde a Alemanha a Hong Kong, passando pelo Brasil ou a Colômbia, todos terão a oportunidade de ver os jogos.

       Para garantir que tudo corre como previsto, mais de 5000 voluntários já se inscreveram para ajudar.

       Numa altura em que faltam apenas 67 dias para o início do Mundial, tudo parece estar pronto e agora falta mesmo é ver a bola rodar.

 

       Em termos de actualidade, a Nova Zelândia venceu o Mundial de sub-20, derrotando na final a Inglaterra. Os jovens Neozelandeses não deram hipóteses e mais uma vez levaram o troféu.

       Numa semana em que não há etapas do Circuito Europeu de Sevens, houve sim as meias-finais do Super Rugby, e já há finalistas. Na primeira meia-final os Reds (Austrália) mostraram o porquê de terem sido primeiros na fase regular e derrotaram os Blues (África do Sul) por 30 – 13, num jogo onde a inexperiência de alguns jovens sul-africanos ficou bem evidente. No lado dos Reds, destacaram-se Rod Davies (3 ensaios) e Quade Cooper.

       Na outra meia-final, esperava-se um grande jogo entre duas excelentes equipas. De um lado os Canterbury Crusaders de Dan Carter e do regressado Richie McCaw, do outro os Stormer de Schalk Burguer e Brian Habana, sem falar dos restantes internacionais neozelandeses e sul-africanos que pontificavam em ambos os XV’s. A vitória acabou por sorrir aos Crusaders por 29-10. Depois de uma época complicada com muitas lesões e sempre sem sítio certo para jogar poucos apostariam que esta equipa iria chegar à final. Mas a qualidade dos seus jogadores chegou e bastou para o atingirem. A final é dia 9 de Julho (próximo sábado) e aconselho desde já todos a assistirem, pois de certo será uma grande partida de rugby.

       Esta semana começou também o Pacific Nations Cup. Na primeira jornada, Tonga venceu as Fiji (continuam a não conseguir passar os sucessos de sevens para XV) por 45-21, e Samoa também não teve dificuldades em vencer os japoneses por 34-15. No próximo fim-de-semana há mais.

Gostaria de acabar com uma notícia triste para o rugby português. Depois de 5 anos a jogar numa das melhores equipas francesas, Gonçalo Uva abandonou o Montpellier e irá regressar ao seu GD Direito. È difícil ver como um jogador deste calibre passa do Top 14 para o nosso campeonato. Perdemos assim o nosso representante nos grandes campeonatos europeus de rugby.

 

By Pedro Santos

26
Jun11

Área de Ensaio

Pedro Santos

A Caminho do Rugby World Cup

 

 

        No momento em que esta crónica é publicada, faltam exactamente 74 dias, 17 horas, 19 minutos e 40 segundos para o início do Rugby World Cup 2011, segundo uma contagem da International Rugby Board. Parece pouco, mas acreditem que para os amantes da modalidade, estes 74 dias irão parecer uma eternidade. Valem as competições internacionais que ainda decorrem (o Super Rugby, o Junior World Championship e o Circuito Europeu de Sevens), os jogos internacionais de Julho/ Agosto e claro o 2011 Tri-Nations Series, para atenuar esta espera.

       Portanto, creio que chegou a altura de começar a análise ao Campeonato do Mundo de Rugby.

       Esta será a sétima edição do torneio, que se realiza desde 1987, de quatro em quatro anos. A primeira edição do Campeonato do Mundo de Rugby decorreu na Austrália e na Nova Zelândia, e foi ganha pelos All-Blacks, naquela que é ainda a sua única vitória.

       Quatro anos depois, a competição viajou até à Europa. Esta foi a edição com mais organizadores, 5 no total (as equipas do Torneio das 5 Nações). Mas a Taça Webb Ellis, acabou por voltar à Oceânia, e mais concretamente para a Austrália.

       O Campeonato do Mundo de Rugby de 1995 é certamente o mais famoso. A produção cinematográfica fez questão de imortalizar os feitos de François Piennar e o papel de Nelson Mandela na conquista do título pelos sul-africanos. Contudo poucos sabem que esta foi a última edição não – profissional. Em 1996, as principais selecções profissionalizaram-se e iniciou-se a era do rugby profissional.

       Em 1999, o último Campeonato do milénio, voltou a realizar-se na Europa, no País de Gales, e a Austrália tornou-se a primeira selecção a vencer o Campeonato do Mundo de Rugby por duas vezes. Em 2003 e 2007 os campeonatos realizaram-se respectivamente na Austrália e na França, e viram a Inglaterra e a África do Sul levar os troféus.

       Na edição deste ano, mais uma vez estarão presentes 20 equipa (não há surpresas este ano, em relação a 2007, saí Portugal e entra a Rússia) dividas em 4 grupos de 5 equipas. Destes grupos, as duas primeiras equipas irão avançar para os oitavos-de-final, e o terceiro classificado, apesar de eliminado, irá qualificar-se automaticamente para a edição de 2015 na Inglaterra. Depois seguem-se os habituais jogos a eliminar, até que, duas equipas irão estar presentes no dia 23 de Outubro, no Eden Park, em Auckland.

       Infelizmente este ano não poderemos contar com “Os Lobos”, mas, certamente não irão faltar motivos de interesse para se seguir atentamente o Rugby World Cup.

 

       Num contexto diferente, continuam a decorrer competições internacionais que merecem destaque. O Super Rugby (ou Super 15), a grande competição de clubes do Hemisfério Sul, entrou numa fase final. No dia 2 de Julho, realizam-se as meias-finais com os jogos Reds – Blues e Stormers – Crusaders.

       No IRB Junior World Championship, confirmou-se o que se previa, a Nova Zelândia e a Inglaterra atingiram a final, depois de derrotarem a Austrália por 37-7, e a França por 33-18 respectivamente. A final realiza-se hoje (26 de Junho de 2011). Nestas equipas merecem destaque os dois Médios – de – Abertura, George Ford do lado inglês, e Gareth Anscombe, dois jogadores com um enorme potencial.

       O Circuito Europeu de Sevens viajou esta semana até Moscovo. Depois de seis jogos apenas com vitórias, Portugal não foi capaz de vencer a Inglaterra (como aconteceu no sábado, por 28-21) e acabou em 2º lugar neste torneio. Por um lado, sem dúvida que a selecção portuguesa beneficia bastante da presença de jogadores como Jacques Le Roux, Carl Murray, Gonçalo Foro ou Frederico Oliveira. Por outro lado nota-se claramente que os ingleses finalmente começam a atribuir importância a esta competição.

       E como não só de rugby internacional se vive, o Circuito Nacional de Sevens chegou este fim-de-semana ao fim e teve como vencedor o CF “ Os Belenenses”. Depois de vencer os 4 torneios do circuito, foi com naturalidade que os “Azuis do Restelo” chegaram ao título, superando o CDUL e a Académica de Coimbra, que se classificaram em 2º e 3º lugar.

Espera-se agora que a grave crise que afecta o clube, não signifique o fim desta secção, como chegou a ser equacionado, por exemplo para o futsal. O Belenenses além de ser uma das mais competitivas equipas do nosso campeonato, é um clube histórico e cheio de tradição. O nosso campeonato tem muito a ganhar com a sua continuidade.

       Uma situação ainda mais grave, acontece França. Uma das melhores equipas do campeonato francês, o Stade Français está à beira da falência, se não encontrar investidores rapidamente. Para bem do rugby europeu, espero que se encontre uma solução rápida.

 

By Pedro Santos

 

19
Jun11

Área de Ensaio

Pedro Santos

 

IRB Nations Cup, Grand Prix Series 2011 e IRB Junior World Championship

 

      

         O período entre o fim das competições de clubes e o regresso às grandes competições, é normalmente, em vários desportos, um período “morto”. No rugby isso não se verifica, e esta semana que agora acaba foi um exemplo disso mesmo. Várias competições internacionais, algumas onde a nossa selecção esteve presente.

 

       IRB Nations Cup. A competição promovida pelo órgão máximo do rugby mundial, decorreu durante esta semana em Bucareste e brilhantemente viu a Selecção Nacional Portuguesa triunfar sobre a Argentina Jaguares (25-21) e perder com a Namíbia (23-29) e os South Afrikan Kings (12-39), derrotas que não envergonham ninguém certamente. A falta de jogadores importantes como Gonçalo Uva, José Pinto ou Joe Gardener, impediu que a prestação fosse ainda melhor. Houve momentos muito bons no jogo português, mas também fases em que a desconcentração defensiva permitiu aos adversários pontuar de forma fácil. Embora para a história fiquem os resultados, para quem assistiu aos jogos ficará sobretudo a evolução que se tem verificado com o Neo-Zelandês Erol Brain.

 

       O Circuito Europeu de Sevens (ou Grand Prix Series) também já arrancou e com a participação da Selecção Portuguesa. Depois de anos e anos de hegemonia portuguesa que resultaram em sete títulos (em nove anos, Portugal venceu por 7 vezes e a Rússia por 2 vezes), a edição deste ano não começou bem, e na etapa deste fim-de-semana, realizada em Lyon, Portugal acabou em 4º lugar, perdendo precisamente com a selecção da casa no jogo de atribuição do terceiro lugar, por 7-0. Com a Selecção de XV a jogar em Bucareste, o IRB Nations Cup, o Seleccionador Nacional de Sevens, foi obrigado a recorrer a jogadores mais jovens e inexperientes. Na lista de convocados poucos eram os nomes habituais e certamente também isso contribuiu para a prestação menos conseguida da Selecção Portuguesa.

       A final foi disputada entre a Selecção Inglesa e a Selecção Espanhola, com os ingleses a triunfarem por 28-14.

       Em termos competitivos, esta competição ainda deixa muito a desejar, por dois motivos. Primeiro a presença de equipas bastante fracas como a Holanda ou a Moldávia, e segundo porque selecções como a Inglaterra, a França ou a Itália, ou seja as melhores selecções europeias, não atribuem grande importância a este circuito e portanto apresentam sempre equipas sem os seus melhores jogadores.

       A próxima etapa é já no próximo fim-de-semana, em Moscovo e espera-se que ai a Selecção Portuguesa já se apresente em melhor forma.

 

       Ainda em termos internacionais, os jovens valores das melhores selecções do mundo, disputam o Campeonato do Mundo de Sub-20 (Junior World Championship, uma prova também ela organizada pelo IRB), em Itália. Também aqui, a Nova Zelândia se posiciona como a favorita à vitória final especialmente depois de “cilindrar” a Itália por 64-7,o País de Gales por 92-0, e a Argentina por 48-15, em demonstrações fabulosas do valor dos jovens All-Blacks. Finalizada esta semana a fase de grupos, seguem-se os jogos a eliminar, mais precisamente as meias-finais, com os jogos Inglaterra – França e Nova Zelândia – Austrália, já no próximo dia 22.

 

       Por fim, gostaria ainda de referir uma situação caricata. No Campeonato Nacional da 2ª Divisão, o Técnico e a UTAD, garantiram dentro do campo a subida à 1ª Divisão Nacional (2º escalão do rugby português). Contudo, não demonstraram interesse na subida, levando a Federação Portuguesa de Rugby a convidar o Caldas Rugby Clube e o Rugby Clube de Santarém (as equipas que se classificaram logo atrás do Técnico e da UTAD) a ocupar as vagas deixadasem aberto. Cumpre-seassim, por parte da equipa de Caldas da Rainha o desejado regresso a este escalão, depois de vários anos a competir na 2ª Divisão Nacional.

 

By Pedro Santos

12
Jun11

Área de Ensaio

Pedro Santos

O “Parente Pobre” do Desporto Nacional

 

 

     

       Na passada sexta–feira, 10 de Junho às 19:00 horas, mudei de canal para a RTP 2 e nada. Coloquei na Sport TV e nada (em nenhum dos 3 canais), tentei na Eurosport mesmo sabendo que teria pouco sucesso. O resultado foi o mesmo dos outros canais.

       Perante este desinteresse, ninguém diria que uma Selecção Nacional estava a defender o nome do país numa prestigiada competição internacional.

Mas estava. A esta hora, a Selecção Portuguesa de Rugby defrontava, em Bucareste, a equipa Argentina Jaguares, na primeira jornada do IRB Nations Cup deste ano.

       Mas, primeiro, o que é o IRB Nations Cup? È uma competição sob a chancela do IRB (Internationa Rugby Board), que visa desenvolver e fomentar a competitividade em selecções que têm menos oportunidades de o fazer. Ao contrário das equipas que disputam o Torneio das 6 Nações ou o Tri Nations Cup, existem selecções que não entram em competição frequentemente e esta estratégia passa por dar experiência de competição a selecções mais fracas. Na Europa existe o IRB Nations Cup, na Ásia/Pacifico o Pacific Nations Cup e na América, o Americas Rugby Championship.

       O IRB Nations Cup disputa-se anualmente desde 2006, e esta é a segunda vez que a Selecção Portuguesa é convidada a participar. Na edição deste ano estão também presentes a Geórgia, a anfitriã Roménia, a Namíbia e duas equipas convidadas, os Argentina Jaguares (a selecção “B” da Argentina) e também os South African Kings, uma equipa sul-africana.

      Esta edição tem um interesse especial: em ano de Mundial, poderemos assistir a três equipas que estarão em Setembro na Nova Zelândia, Geórgia, Roménia e Namíbia. E também nos argentinos Jaguares existem jogadores que poderão vir a garantir um lugar na principal equipa argentina.

 

       Passemos agora ao segundo ponto: não é dever da televisão pública fazer um acompanhamento das selecções nacionais? Não deveriam eles também ter um papel de levar o desporto às pessoas e desenvolver nelas o gosto pela actividade física? Em última analise, a Sport TV, televisão que tanto tem feito pela modalidades amadoras, como pôde passar ao lado deste jogo e do torneio?

       A partir do momento em que a televisão pública não transmitiu o Rugby World Cup 2007, onde participou a Selecção Portuguesa, tudo é possível. Longe vão os tempos em que a RTP transmitia aos fins-de-semana de manhã, jogos do então Torneio das 5 Nações. Mas há muito que a televisão pública se desinteressou do rugby, pois também há muito que a televisão pública perdeu o seu sentido de dever público. Apenas interessa o que proporciona patrocínios e receitas.

       Nos últimos tempos tem valido a Sport TV, que, apesar de ser um canal privado, tem-se interessado bastante pelas modalidades. Mas nem eles transmitiram o jogo.

       E o argumento de que o jogo era na Roménia não é válido pois, à mesma hora, a Sport TV 2, transmitia um jogo entre a Sérvia e Portugal a contar para a Liga Mundial de Voleibol, em directo de Belgrado. Neste caso pura e simplesmente não houve interesse.

      Acabei por assistir ao jogo de qualquer forma. Contudo garanto que não é agradável seguir o jogo com os comentáriosem romeno. Nunca chegamos a perceber se estão a comentar uma jogada ou simplesmente a insultar-nos.

      Portugal venceu o jogo por 25-21, e apesar de algumas falhas defensivas, esteve bastante bem no jogo, mesmo sendo esta uma selecção “B” da Argentina, o seu valor é inquestionável. Além disso, Portugal não pôde contar com muitos dos seus habituais titulares.

       Na próxima quinta–feira, a Selecção Portuguesa volta a entrar em acção para defrontar a Selecção da Namíbia. Mais uma vez, o jogo não será transmitido por nenhuma estação televisiva portuguesa.

 

By Pedro Santos

05
Jun11

Área de Ensaio

Pedro Santos

All-Blacks

 

      

        27 De Novembro de 2010. Millenium Stadium, País de Gales. Defrontam-se, neste dia, País de Gales e Nova Zelândia numa partida amigável. Ao minuto 51, o Asa Neo-Zelandês Daniel Braid comete uma penalidade e vê o cartão amarelo que o coloca de fora do jogo nos 10 minutos seguintes. O resultado nesta altura é de 13-9 a favor da equipa do Hemisfério Sul. Na sequência da falta, o Médio de Abertura galês Stephen Jones chuta aos postes e coloca o resultado em 13-12. Com apenas um ponto a separar as equipas, e o País de Gales a jogar com mais um homem, espera-se uma quebra anímica dos All-Blacks e uma subida de rendimento por parte dos galeses que os leve a vencer a partida.

       Contudo, o episódio que se passou de seguida veio demonstrar o que é o rugby Neozelandês. Depois de uma série de ataques bem parados pela defesa galesa, a bola chega à linha, onde o ponta Hosea Gear marca um ensaio que acaba definitivamente com as aspirações galesas de uma vitória. Dan Carter, com uma conversão difícil, coloca o resultado em 20-12. A Nova Zelândia acaba por vencer o jogo por 37-25.

       Este episódio demonstra aquilo que para mim é a maior qualidade do estilo de jogo dos All-Blacks, um espírito incrível e, acima de tudo, uma capacidade tremenda de, quando o adversário parece estar por cima, eles virarem o jogo.

       A Nova Zelândia é, sem dúvida alguma, uma das selecções mais famosas do rugby mundial. E contribuiu para isso, por exemplo, o facto de interpretarem o “Haka”, a dança de guerra Maori, antes dos jogos ou jogarem sempre com o seu equipamento integralmente preto. Contudo, aquilo que mais visibilidade deu e continua a dar aos All-Blacks é a sua forma de jogar. Para além da mentalidade guerreira, existem outros aspectos do jogo Neozelandês que se destacam em relação às restantes equipas mundiais. Apesar de sempre ter tido grandes avançados, é nos defesas que a Nova Zelândia se destaca. Jogadores rapidíssimos, com um controlo de bola fenomenal e uma capacidade de passe que, só por si, é capaz de abrir buracos nas defesas contrárias, é isto a imagem dos defesas neozelandeses.

       Ao longo das décadas, a Nova Zelândia tem sempre apresentado grandes equipas, não só nas competições internacionais mas também nos jogos amigáveis em que tem vindo a participar, por isso mesmo a IRB, nomeou os All-Blacks como “Equipa do Ano” em 2005,2006 e 2008, sendo esta a mais bem sucedida equipa da história do rugby.

      Além disso, vários jogadores históricos têm surgido nas fileiras desta selecção: nomes como o Talonador Sean Fitzpatrick, os Pontas John Kirwan e Doug Howlett (o jogador com mais ensaios), ou, mais recentemente, o Centro Tana Umaga, o Médio de Abertura Dan Carter ou o Asa Richie McCaw. E, obviamente, aquele que é por muitos considerado o melhor jogador de sempre, Jonah Lomu.

       O que tem faltado aos All-Blacks tem sido a vitória no Rugby World Cup. Em 6 edições, venceram apenas uma (1987) e jogaram-na em casa. Em 2007, por exemplo, foram eliminados pela surpreendente Argentina, e mais uma vez não corresponderam às expectativas. O problema tem sido mesmo este, partem sempre como favoritos e acabam por sucumbir à pressão. Em termos de Tri-Nations Cup, a grande competição do hemisfério Sul, aí dominam de longe sobre África do Sul e Austrália, tendo vencido dez edições contra apenas três dos sul-africanos e duas dos australianos.

      No Campeonato do Mundo deste ano partirão, mais uma vez, como favoritos.

      Os jogos de Julho/Agosto servirão para mostrar se a forma que apresentaram no final do ano passado se mantém ou não, e se existe alguma equipa que lhes consiga fazer frente.

       Neste momento, no panorama internacional, apenas a África do Sul e a Inglaterra parecem ser capazes de fazer frente à Nova Zelândia, mas também em 2007 ninguém esperava uma vitória argentina e ela aconteceu.

      Teremos de esperar para ver se mais uma vez os All-Blacks falham o objectivo, ou se o espírito guerreiro que os caracteriza emerge nesta competição e os leva à vitória final.

 

By Pedro Santos

29
Mai11

Área de Ensaio

Pedro Santos

IRB Sevens World Series

 

 

     

       Como se deve imaginar, o rugby de sevens é bastante diferente do rugby de XV. E as diferenças não existem apenas no número de jogadores, toda a dinâmica do jogo é completamente diferente.

       Esta variante é muito previsível, ou seja, há jogadas que por vezes ainda não chegaram a meio do campo e já se sabe que vai ser ensaio. Há muito espaço para tão poucos jogadores, logo menos contacto e menos placagens. Exige–se a cada jogador mais velocidade, visão de jogo e poder de arranque do que propriamente capacidade de placar ou de lutar pela bola nas fases estáticas do jogo.

       Contudo, reconheço que a variante de sevens tem mais espectáculo. Há mais ensaios, boas jogadas, e o facto de nos torneios se realizarem vários jogos (um jogo de sevens tem apenas 14 minutos) cria um ambiente nos estádios que a variante de XV não consegue proporcionar. E também por isto, será esta a variante a representar o rugby nos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro.

       E escrevo sobre esta variante, porque se realiza, neste fim-de-semana, a etapa final do Circuito Mundial de Sevens. O IRB Sevens World Series (é este o nome do circuito) realiza-se ao longo de uma época desportiva, e está dividido em oito torneios. Ou seja em vez de se concentrar o circuito apenas num período de tempo, divide–se por torneios que se distribuem no tempo (de Dezembro a Maio) e no espaço, pois as etapas realizam–se por várias partes do mundo. Desde os Emirados Árabes Unidos à Escócia, são vários os países que recebem, durante um fim-de-semana, uma etapa deste prestigiante circuito.

       Em cada etapa do circuito mundial, 16 selecções (algumas residentes, outras convidadas) competem numa primeira fase divididas em 4 grupos de 4 equipas. Consoante a classificação desta primeira fase, as equipas avançam para outras fases. Ou seja o primeiro classificado jogará com os primeiros dos outros grupos na disputa da Taça Cup, os segundos disputam a Taça Plate, os terceiros a Taça Bowl e os últimos a Taça Shield. Mais tarde, as equipas que vão perdendo em cada taça vão sendo repescadas para a taça anterior, ou seja uma equipa que seja eliminada na Taça Bowl, irá de seguida “cair” para a Taça Shield. No final, as equipas, consoante a sua classificação, recebem pontos, e esses pontos vão transitando de etapa em etapa. No final do circuito, a equipa que tiver somado mais pontos nas diversas etapas/torneios, sagra–se vencedora da IRB Sevens World Series. As crónicas selecções que dominam a variante são a Nova Zelândia e as Ilhas Fiji. E, este ano, nem foi preciso chegar ao último torneio desta edição para se conhecer o vencedor. A Nova Zelândia, 3 anos depois voltou a vencer o circuito, sucedendo a Samoa.

       Nesta variante, Portugal pode afirmar que joga de igual para igual com qualquer selecção. Embora equipas como a Nova Zelândia, as Fiji ou a África do Sul continuem a ser superiores a Portugal, as diferenças abismais que se verificam no rugby de XV, aqui são muito menos evidentes. Portugal é actualmente considerado uma das melhores equipas europeias de rugby de sevens, pois já mostrou que pode vencer qualquer equipa. Por exemplo o jogador Pedro Leal, é considerado um dos melhores executantes nesta variante. No circuito deste ano, Portugal mostrou ser capaz do melhor e do pior. Por exemplo em Hong Kong atingiu uma fase adiantada da Taça Plate, o que valeu os únicos pontos no circuito deste ano. Mas tanto a semana passada em Londres como esta semana em Edimburgo, a prestação dos “Lobos” foi medíocre, o que em parte se pode explicar pela ausência de jogadores importantes devido a lesão.

       O que também tem impedido a Selecção Portuguesa de Sevens de se afirmar ainda mais no panorama mundial é o facto de os jogadores de sevens serem os mesmos de XV. Ora isto é uma situação que não faz sentido. São pouquíssimas as selecções que disputam o circuito mundial e não fazem uma separação das suas selecções. Apenas Portugal, a Espanha, a Rússia e a França (mas a França não aposta deliberadamente nos sevens, apenas o começou a fazer há pouco tempo) e pequenas selecções que são convidadas a disputar algum torneio continuam a registar este curioso facto.

       Esta situação apenas traz problemas. Obriga os jogadores a disputarem mais jogos e a desgastarem-se mais, muitas vezes os jogadores vão para os sevens com as dinâmicas do rugby de XV que são completamente diferentes. E claro que ainda há a questão das datas dos jogos que por vezes se sobrepõem.

       À parte disto, Portugal tem-se conseguido destacar nesta variante, e há que saber retirar as ilações necessárias para se puder aproveitar o que de bom tem sido feito para adaptar no rugby de XV.

 

By Pedro Santos

 

22
Mai11

Área de Ensaio

Pedro Santos

Nestum Rugby

 

 

      

       Na crónica da semana passada, referi em jeito de balanço, que a Federação Portuguesa de Rugby tinha a obrigação de definir o caminho pelo qual o nosso rugby deveria seguir, e sobretudo deveria criar as condições para que cada vez mais jovens pudessem experimentar este desporto e começar a praticá-lo de forma progressivamente mais séria.

       Continuo a acreditar que só uma estratégia concertada entre os clubes e a Federação, com uma forte aposta na formação será capaz de nos tornar uma selecção cada vez mais forte. Como esta estratégia ainda não parece ser uma prioridade, vão valendo algumas iniciativas de levar o rugby às escolas e aos jovens, que podem muito bem ser o futuro deste desporto em Portugal.

       A iniciativa que gostaria de apresentar, chama se “Nestum Rugby”, e tal como o nome indica, é uma parceria entre a marca de cereais, a Federação Portuguesa de Rugby e o Desporto Escolar.

       O principal objectivo desta iniciativa é pôr os jovens, em idade escolar, em contacto com o rugby e com os valores deste desporto, permitindo-lhes não só praticar desporto mas também conviver e socializar com outros jovens.

       A iniciativa já se concretiza há alguns anos, e tem sido também responsável pelo aumento do número de jogadores nos nossos clubes. Vale a pena lembrar os números da edição deste ano para vermos a dimensão da iniciativa. Ao longo do ano lectivo que agora está prestes a acabar, cerca de 35.000 jovens, entre o 5º e o 9º ano de escolaridade participaram na iniciativa. O número é absolutamente fabuloso quando comparado com o total de jovens que frequentam o ensino obrigatório.

       Na altura em que publico esta crónica, já a edição deste ano do “Nestum Rugby” chegou ao fim. Ontem (dia 21 de Maio), realizou-se, no Entroncamento, a Festa Final do Nestum Rugby. Cerca de 1100 jovens de 130 equipas diferentes vindos de 80 escolas de todo país, competiram pela vitória na iniciativa. Contudo acho que todos ganharam com este evento. Ganharam os miúdos que tiveram a oportunidade de praticar desporto e viver os valores do rugby. Ganharam os restantes participantes (professores, escolas, marcas, etc.), em experiência, publicidade ou visibilidade. E claro que ganhou o rugby português.

       Já referi que para mim só há um caminho para o nosso rugby. A aposta tem de passar sempre pela formação de jovens valores. Só assim é possível descobrir talentos e formar jogadores minimamente competentes. E essa formação tem de começar o mais cedo possível para que quando os jovens atingirem os 16/17 anos já saibam exactamente o que têm de fazer, e a sua formação técnico/táctica esteja já muito perto de estar finalizada, servindo os anos seguintes apenas para colmatar alguma pequena falha e sobretudo para se fazer uma evolução ao nível físico.

       Este tipo de iniciativas, à falta de uma estratégia concreta, vai pelo menos levando o rugby aos jovens e só por isso já merece ser saudada. Aprenda-se com isto, veja-se o que se está a ganhar e sobretudo compreenda-se que é este o caminho. Haja vontade, e já agora patrocinadores, e de certo que se começarmos a apostar na formação, daqui a 10/12 teremos uma selecção ainda mais forte.

      

        Para concluir, gostava de informar que este foi um final de semana de muito rugby internacional. Na sexta – feira (20 de Maio), os Harlequins, de Inglaterra venceram a Amlin Challenge Cup, a segunda competição de clubes mais importante do hemisfério norte, derrotando na final o Stade Français por 19 – 18. Ontem o (21 de Maio), o Leinster, da Irlanda, venceu os Northampton Saints, de Inglaterra por 33 – 22, conquistando assim a Heineken Cup, a “Liga dos Campeões de Rugby”. A parte de isto disputou – se também mais uma etapa do Circuito Mundial de Sevens, a penúltima, em Twickenham Stadium, e que contou com a participação da Selecção Portuguesa, que após vencer os EUA, atingiu a final da taça Shield.

 

by Pedro Santos

15
Mai11

Área de Ensaio

Pedro Santos

 

A Participação de Portugal no Campeonato do Mundo de Rugby

 

 

               Numa altura em que nos aproximamos do Campeonato do Mundo de Rugby, que terá lugar na Nova Zelândia já a partir de Setembro, creio ser altura de reflectir sobre a participação de Portugal no último Mundial e quais os dividendos que daí retirámos.

               A Selecção Portuguesa de Rugby qualificou-se em Março de 2007, vencendo o Uruguai depois de uma série de repescagens. Logo a seguir à qualificação ficou a saber-se que os adversários no Mundial seriam de peso (Escócia, Itália ou os All Blacks). Foi logo estabelecido que a preparação dos jogadores seria de cariz profissional (apesar dos jogadores serem amadores) de forma a fazer a melhor prestação possível. E mesmo sem vencer qualquer partida, a postura dos jogadores dentro e fora do campo foi excepcional, defendendo sempre o nome de Portugal.

               Contudo não é isto que pretendo analisar, pois creio que os jogadores fizeram tudo o que podiam.

               Logo a seguir à qualificação, e durante todo o certame, “choveram” felicitações de vários quadrantes da sociedade. Felicitações e promessas.

               Tanto da parte da Secretaria de Estado do Desporto, como da Federação Portuguesa de Rugby ou mesmo do próprio IRB (International Rugby Board, o órgão que tutela o rugby mundial), foram feitas promessas de que o rugby português seria ajudado a crescer. Acreditou-se que iríamos “dar o salto” e conseguiríamos criar as bases para um desenvolvimento sustentado que nos permitisse assumirmo-nos como uma equipa de segunda linha europeia logo depois das crónicas participantes do Torneio das 6 Nações. Fizeram-nos crer que as ajudas chegariam, que se criariam infra-estruturas condignas e que se apostaria na formação tentando por esse caminho descobrir novos valores.

              Quatro anos passaram e o que é que mudou? Chegou o dinheiro para desenvolver os campos e as restantes infra-estruturas? O rugby em Portugal desenvolveu-se ao ponto de conseguirmos uma nova qualificação para outro Mundial? Conseguimos que os nossos clubes passassem a disputar alguma competição europeia de clubes? O nosso campeonato tornou-se mais competitivo? Criaram-se condições para que os nossos jogadores construíssem carreiras a nível europeu? Infelizmente a resposta a todas estas perguntas é não. Nada disto se conseguiu. Falhámos a qualificação para o Mundial deste ano, os nossos clubes não têm sequer hipótese de disputar uma qualificação para a Heineken Cup ou para a European Challenge Cup, aliás o nosso campeonato continua tão “competitivo” que quando começa já se sabe quais serão os 4 que se qualificarão para o play off do título. Salvo raras excepções, Direito, CDUL, Belenenses e Agronomia são os crónicos candidatos actualmente (e os restantes clubes não parecem importar-se muito). Em relação aos nossos jogadores, alguns houve que a seguir ao mundial conseguiram oportunidades em alguns clubes na França, Itália ou Espanha, mas a maioria regressou a Portugal passado pouco tempo.

                À luz de tudo isto, podemos concluir que a participação de Portugal no Campeonato do Mundo de Rugby na França em 2007, pouco ou nada trouxe de positivo ao rugby português uma vez que está praticamente tudo na mesma, pouco ou nada se aproveitou e desenvolveu e muitas das promessas que foram feitas ou nunca se chegaram a materializar ou foram certamente muito mal aproveitadas.

               Mas não podia concluir sem referir alguns aspectos positivos pois, apesar de poucos, também os houve. Reafirmo que não por culpa de quem prometeu e não cumpriu, mas sim por causa dos homens que dentro do campo deram tudo para honrar as camisolas que envergavam (sim porque no rugby, especialmente na selecção, ainda há “amor à camisola” pois só assim se explica que os jogadores façam os sacrifícios que fazem).

               É indiscutível que hoje se fala mais de rugby do que antes da nossa participação no mundial. Hoje em dia muito mais gente conhece o desporto e aprecia-o. Associado a isto, cresceu também o número de jovens que pratica a modalidade, algo que para mim é imprescindível para o sucesso e crescimento da modalidade.

               Creio que foi sobretudo isto que se aproveitou na nossa presença.

               Obviamente que as ajudas que nos prometeram teriam sido bem-vindas, contudo tem que partir das instituições que tutelam o nosso rugby o caminho a seguir. Caberá à federação, e aos clubes, definir se querem “dar o salto” que nos permita batermo-nos de igual para igual com qualquer outra selecção, ou se querem continuar neste paradigma em que os sucessos são espontâneos e fruto do trabalho e paixão de umas dezenas de jogadores.

 

By Pedro Santos