Voleibol à Sexta
Gilda, novamente em grande
Nada como regressar à escrita a bater (ainda mais) no ceguinho: é uma coisa de que gosto, sobretudo quando tenho mais que razão para o fazer.
A seleção sénior feminina disputará, hoje - sexta - e amanhã, a eliminatória para o Torneio de pré-Qualificação para os Jogos Olímpicos de 2012. Sim, a seleção portuguesa tem uma tal qualidade que, enquanto os homens disputam a Liga Mundial, as meninas - já lá chegamos - têm que ver se estão aptas a chegar à fase pré-eliminatória dos JO. É mais ou menos como estar no piso -4.
Eu podia ficar por aqui. Cascar nos péssimos resultados que a equipa liderada por Gilda Harris far-me-ia feliz, mas porquê parar agora? Já aqui comentei várias vezes a predisposição da técnica para preencher com criancinhas o espaço destinado a jogadoras do plantel. Desta vez, no entanto, tenho que dar crédito à senhora: excedeu-se e conseguiu, numa convocatória de 12 atletas, incluir 7 séniores. São progressos, meus senhores, são progressos - o facto de duas dessas séniores terem subido de escalão no último ano é um mero pormenor.
Para melhorar a coisa um bocadinho mais, as pequenas nascidas em 1996 e 1997, que faziam parte da pré-convocatória, até foram deixadas de fora desta viagem à Áustria - agora, a «nossa» benjamim tem 16 anos, vejam bem. É quase uma senhora!
Algo tem que mudar - e muito - na direção técnica desta seleção. Deixa de ser admissível tal brincadeira com a representação de Portugal no panorama internacional. As equipas de cadetes e juniores devem servir como experiência e formação para jovens atletas promissoras: esse papel não pode continuar a ser da seleção sénior.
Mais ainda: seria bom que as atletas séniores chamadas à seleção tenham, de facto, qualidade para lá estar. Que tal apostar em jogadoras das equipas de topo do campeonato nacional? Nem o CD Ribeirense nem o CA Trofa têm qualquer jogadora no plantel convocado. E, sim, são apenas os dois primeiros classificados do ano transacto. Mesmo o CS Madeira, terceiro, tem apenas uma atleta convocada...
Parece-me, ainda assim, que isto só mudará quando Gilda Harris decidir - ou decidirem por ela - ir para um sítio onde fizesse falta. Em última análise, e porque eu sou um ás da economia, isto é brincar com os fundos que a Federação Portuguesa de Voleibol tem para o projecto. É pagar a viagem à Áustria a 12 atletas mais comitiva para irem ver vistas, já que qualquer vitória poderá ver-se... pelo telescópio.
by Sarah Saint-Maxent
Esta crónica foi escrita ao abrigo do novo Acordo Ortográfico