Steve Field
Sem chama
Portugal venceu, mas não convenceu. A vitória por 1-0 sobre a Guatemala no mundial sub-20 é manifestamente pouco para a (suposta) diferença entre as selecções. Há quem lhe chame falta de humildade, mas para mim é falta de qualidade. Mas neste ponto é melhor não me alongar muito, para não me repetir. Basta dizer que é o efeito bola de neve: má organização, maus resultados nas camadas jovens.
No entanto, atingir os quartos-de-final de um mundial é muito bom. Ainda pode ser melhor, mas o próximo adversário é a toda-poderosa Argentina e com esta qualidade exibicional tudo se complica.
Na baliza, Mika dá cartas. Tem confirmado todas as suas potencialidades e o seu futuro promissor. Os centrais têm transmitido segurança (nenhum golo sofrido até então, que é fabuloso), e dos laterais destaco Cedric, um jovem lateral do Sporting que este ano vai rodar em Coimbra.
No meio campo, quanto a mim, está o sector mais frágil da equipa. Danilo é um jogador única e exclusivamente de força, um recuperador de bolas que tem dificuldade em construir, Ricardo Dias vive na sombra do jogo e Sérgio Oliveira mostra uma ou outra arrancada esporádica, muito pouco para o que se pretende. No banco há Júlio Alves que deveria actuar de início.
No ataque, Alex é um jogador vulgar, mas Caetano e Nélson Oliveira são as armas da equipa. O primeiro pela velocidade e imprevisibilidade que põe no jogo, o segundo pelas bolas que segura e pelo pânico que causa nas defesas contrárias. O “Ibrahimovic” português, como a imprensa estrangeira que chama, tem sido o destaque desta pobre equipa.
O 4x3x3 da equipa tem uma grande consistência defensiva mas tem pouca profundidade ofensiva. A ideia que dá é que caso sofra um golo primeiro, a equipa não conseguirá reagir. Faltam criativos, falta profundidade, imaginação.
Quanto à competição, apesar de haver grandes equipas como Brasil, Argentina ou Colômbia, aposto na Espanha. Para mim é a melhor selecção, tal como foi em sub-19 e em sub-21, já para não falar da principal. A Espanha é a potência actual e a potência do futuro no futebol mundial. O futebol é um desporto imprevisível, mas o que é certo é que se joga 11 contra 11 e no final ganha a Espanha.
By Steve Grácio