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Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

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Minuto Zero

04
Out10

Segunda é o dia

Minuto Zero

Quando as pernas não chegam…
Numa semana de campeonatos do mundo de estrada, o ciclismo continua ensombrado pelo maior flagelo dos últimos tempos na modalidade: o doping. E algo que me parece difícil compreender é como é que ainda há tantos ciclistas que acusam positivo.
Hoje em dia, os controlos anti-doping são tão frequentes como as próprias corridas. E as detecções de casos positivos são tão frequentes que podemos assumir que é muito difícil escapar. Assim, impõe-se a pergunta: o que é que pensa um ciclista quando utiliza doping? Porque é certo e sabido que, quase seguramente, vai ser descoberto.
Poderíamos assumir que os ciclistas não sabem que estão a usar substâncias proibidas. Aliás, quando começou a famosa Operación Puerto, muitos foram os ciclistas que se defenderam dizendo que desconheciam que usavam doping e que tudo não passava de um estratagema do médico da equipa. Mas a verdade é que, ainda que isso fosse verdade, não justifica todos os outros controlos positivos. Até porque grande parte dos ciclistas que acusa doping acaba por admitir o seu consumo.
E o que mais choca no doping no desporto, em especial no ciclismo, é quando vemos que os grandes campeões são os primeiros a usá-lo. E é difícil elencar todos os casos de vencedores de grandes voltas que já acusaram positivo e, quase sempre, depois de grandes exibições nas provas em que participaram. Recorde-se a soberba recuperação de muitos minutos que Floyd Landis fez no Tour de 2006, em solitário, e que lhe permitiu vencer a prova; meses depois, foi desqualificado por doping. E dois anos depois, Bernhard Kohl surpreendeu com um terceiro lugar que, afinal, não merecia. Ou Roberto Heras, que perdeu a Vuelta de 2005, também por doping, apesar de continuar a reclamar inocência. Ou os italianos Danilo di Luca e Ivan Basso, ambos vencedores do Giro e ambos já castigados por doping. Ou Vinokourov (vencedor da Vuelta em 2006) e Valverde (vencedor da Vuelta em 2009). E, bem perto de nós, toda a equipa da Maia, que abandonou o ciclismo após um escândalo de doping. Ou Nuno Ribeiro, vencedor da Volta a Portugal em 2003, que depois se transferiu para a Liberty Seguros onde foi apanhado na teia da Operación Puerto; Em 2009, foi-lhe retirada a segunda vitória na Volta desse ano, por consumo de doping nesse ano.
E agora, rebentou o mais recente escândalo. Ezequiel Mosquera, que fez um “fantástico” segundo lugar na Vuelta deste ano, afinal estava dopado. E, pior que isso, o campioníssimo Alberto Contador vê a sua vitória deste ano no Tour em risco, depois de ter também ele apresentado vestígios de uma substância proibida.
A pergunta que fica, depois de tantos casos é: será que vale a pena? Qual é a vantagem em consumir doping se, depois, se é descoberto? Perdem-se os títulos, perde-se a credibilidade. Só se ganha o dinheiro. É um facto: por muito que se descobrisse que Armstrong estava dopado nas suas sete vitórias do Tour (como muitos insistem em manter), já ninguém lhe tirava o dinheiro que ganhou enquanto ciclista.
Sinceramente, não quero acreditar que alguém usa doping só para vencer e lucrar com isso. Pelo menos, temos que pensar assim, se acreditamos no ciclismo. Porque ainda há ciclistas que correm com paixão e sem batota. E não precisamos ir muito longe: olhemos para o nosso Sérgio Paulinho e vejamos o que é um ciclista a sério. Pode não ganhar grandes voltas, mas é mais ciclista que Vinokourovs e Valverdes.
Antes de terminar, uma última palavra de felicitação para o jovem Nélson Oliveira que, esta semana, foi quarto classificado na prova de contra-relógio sub-23 dos mundiais, que decorreram na Austrália. Poderá muito bem ser mais um grande ciclista português num futuro próximo e, para já, está sem equipa.

By João M. Vargas

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