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Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

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Minuto Zero

22
Jun11

Porque a vida também é feita a correr...

João Perfeito

Portugal (11º) não evita descida da SuperLiga Europeia

 

               Decorreu, no pretérito fim-de-semana, a segunda edição da Superliga de Atletismo. A competição, que contempla, em equipas mistas, as 12 mais poderosas selecções do velho continente. Em cada uma das provas do atletismo, 12 representantes de cada um dos 12 países competiram entre si pela disputa de pontos, ordenados respectivamente consoante a classificação.

               À partida para Estocolmo, a delegação lusa exprimia algum receio sobre a manutenção na liga dourada europeia. As 3 piores delegações desciam à 1ª Divisão. Face às dificuldades com que o atletismo nacional se depara, o receio era natural, mas a capacidade dos atletas poderia fazer sonhar os portugueses com uma classificação que outrora parecia impossível.

               Foi com este sentimento de tentativa de contrariar o destino traçado que Jorge Paula, Francis Obikwelu, Vera Barbosa e Maria Eleonor Tavares alcançaram resultados deveras positivos - nalguns casos, surpreendentes.

               No final da primeira jornada de sábado, e depois no final da jornada de Domingo, veio a constatar-se o inevitável - 11º lugar e despromoção.

                     Fazendo uma retrospectiva do desempenho luso, fico simultaneamente feliz e simultaneamente frustrado e infeliz. Feliz com o utópico 4º lugar de Jorge Paula, o surpreendente 6º lugar de Maria Eleonor Tavares e o sempre importante 3º lugar de Francis Obikwelu.

               O 4º lugar de Jorge Paula foi, se calhar, o grande impulso para Portugal trabalhar mais as barreiras e colmatar melhor esta lacuna do nosso atletismo. É necessário que o nosso atletismo tenha mais completude. As desastrosas prestações no salto em altura e nos lançamentos comprometem a restante delegação nacional. Apenas Vânia Silva e Marco Fortes conseguiram amenizar os resultados dos lançamentos, mas em vão. Por outro lado, Patrícia Mamona, Sónia Tavares (velocidade) Arnaldo Abrantes (velocidade) não deram o passo seguinte na ascensão que as suas carreiras estavam a prometer.  

               Para ainda agradar mais à festa, Portugal teve, a espaços, um desempenho completamente assombroso no meio-fundo - contrastando com os pergaminhos que outrora a nível Mundial e hoje apenas a nível europeu tivemos com tanto mérito.

               É incompreensível que um campeão como Rui Silva não dobre os 1500 e os 3000 para tentar ajudar o seu país na manutenção. Coube a uma das grandes esperanças do atletismo nacional, Rui Pinto (com quem já tive a oportunidade de correr), representar o país nos 1500 metros. Uma estreia de fogo para este jovem que, não obstante todo o talento que possui, aos 18 anos ainda está manso para ser lançados às mais poderosas feras do meio-fundo europeu. Quem também acusou a pressão foi Tiago Aperta - o ainda júnior do Benfica não conseguiu melhor que o último lugar, a quase 10 metros do seu record nacional sénior, brilhantemente batido no mês transacto. El Kalai não confirmou a excelente época de corta-mato e quedou-se pelo 9º lugar nos 5000, enquanto Dulce Félix, tal como Kalai, bronze nos europeus de corta-mato, pagou nos 3000 cara a factura dos treinos da maratona, igualando o resultado de Kalai (9º). Nos 800 metros voltámos a não fugir às últimas posições.

               Positivas e animadoras foram as prestações de Sara Moreira e Rui Silva. Sara Moreira foi, até à última volta, com a campeã olímpica Gulnara-Galkina, uma prova em que demonstrou que será nesta distância a sua principal oportunidade de brilhar nos jogos de Londres. Com o segundo lugar conseguiu a melhor classificação Nacional. Rui Silva (3º) perdeu, por menos de um segundo, o 1º lugar nos 3000, marcando 8.03 - uma corrida táctica - mas um bom indicador para os 5000 e 10000 que provavelmente correrá em Daegu.

               Francis Obikwelu apenas voltou a perder para Chambers e Lemaitre. Cada vez parte melhor e desenvolve pior. Talvez por isso tenha ganho os 60 metros, mas nos 100 será difícil recuperar o sucesso que outrora foi inteiramente seu. Lemaitre. com 9.95, lançou para o Mundo a ameaça ao record europeu de Obikwelu (9.86) e declarou-se confiante para bater Bolt em 2012. Enfim, sonhar não custa.

                   Mas desanimadoras foram as prestações de Nélson Évora e Naide Gomes. As duas únicas aspirações reais a medalhas nos Mundiais de Daegu tiveram desempenhos e marcas modestas. Naide com o 4º lugar, a 6.58, provou que poderá ser uma miragem os 7.00 nos Mundiais, que lhe dariam de certeza uma medalha - terá que esperar um concurso falhado por parte da concorrência para aspirar a um das poucas medalhas que ainda lhe falta conquistar.

                   Nélson Évora está a milhas do desempenho que recentemente elevou a nossa bandeira aos 4 cantos do Mundo. Com 16.33 e apenas o 6º lugar (pior classificação de sempre nos últimos 5 anos em provas europeias), colocou sérias dúvidas à celeridade da sua recuperação que todos os portugueses confiavam. Ou está a fazer um tremendo bluff ou em Daegu será uma desilusão.

                     Concluindo, os resultados foram os esperados. Houve surpresas e desilusões. Mas, mais importante que isso, é necessário que o momento sirva para reflectir e que se tente trabalhar para de uma vez por todas resolver as nossas lacunas no atletismo. Por outro lado, é importante não descurar o meio-fundo e o fundo nacional e desenvolver mecanismos para atletas consagrados mundialmente, como Obikwelu, Rui Silva, Naide Gomes e Nélson Évora, não sejam só passado e no presente e futuro ainda tenham possibilidade de fazer entoar bem alto o nosso hino nos 4 cantos do Mundo.        

                  Assim esperemos… Não teremos outro destino senão sonhar, acreditar e redimensionar os nossos objectivos. Só assim poderemos ser melhores, só assim deixaremos de nos lamentar de dizer que perdemos porque somos um país pequeno.

 

By João Perfeito

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