Voleibol à Sexta
O voleibol feminino não é bonito, é verdade
Já aqui dei a entender, várias vezes, que não sou grande apreciadora de voleibol feminino. Acho, no entanto, que nunca expliquei porquê – e não consigo pensar em melhor altura para fazê-lo do que neste momento. E sim, a culpa também é de um dos jogos dos play-offs da meia-final do campeonato italiano que vi ontem à noite.
O voleibol feminino é inestético. Só essa era razão mais do que suficiente para não gostar de ver o desporto, mas não é a única – e não é, certamente, a mais importante. Ainda assim, é uma razão. Os jogos de voleibol feminino – aqueles a sério – fazem-me constantemente lembrar um bando de girafas aos saltos. É a mais pura das realidades.
Vamos lá por partes, então. Distinguir o voleibol «a sério» do voleibol «meio a brincar» é um passo importante nesta explicação. Por voleibol «a sério» entendo aquele praticado pela maioria das seleções nacionais – não a nossa, claro está – e por vários campeonatos europeus, americanos e asiáticos. Pondo as coisas mais fáceis, estou a falar daquele em que as raparigas têm uma média de alturas, vá lá, que ronda o metro e oitenta. Esse voleibol é particularmente feio mas, mais do que isso, é lento na defesa baixa.
Sempre fui fã da defesa baixa – é aquilo que gosto de fazer, de ver, de criticar e melhorar. O libero sempre foi o meu jogador preferido. É muito por causa disso que não gosto de ver – é mesmo uma questão de ver, não se trata de desgostar do desporto em si – voleibol feminino. As atletas de alta competição são normalmente enormes e com pouca coordenação (estou a compará-las aos atletas do mesmo estatuto, claro está) na defesa baixa. É verdade que, por serem altas, conseguem atacar a bola de formas que outras não conseguem, mas perdem muita da velocidade e reflexos necessários para aquelas defesas impossíveis que são a alma do voleibol. Este ponto está claro.
No voleibol «meio a brincar» – e aqui insiro a maioria das equipas portuguesas –, o problema é o contrário: não são altas o suficiente para fazer, na maioria das vezes, ataques estrondosos. Não são capazes, muitas vezes, de bater a bola para dentro dos três metros. Mesmo o bloco não costuma ser espetacular. É verdade que se mexem muito mais rapidamente na defesa e receção, mas de que serve isso se não há um ataque de deixar o queixo caído do outro lado?
Como se vê, é um problema pelos dois lados. E que continua, porque elas parecem sempre «ocupar pouco campo». São magrinhas, não se sabem alargar para impedir que se veja superfície, tornam o jogo chato. É, muitas vezes, tão previsível saber onde podiam pôr a bola para que fosse ponto!
Posto isto – e porque valia a pena dadas as minhas constantes «bocas» a este respeito – não posso deixar de terminar dizendo que isso não tira nenhum mérito ao desporto em si. O voleibol (masculino ou feminino) continua a ser um desporto com uma aura especial, envolvido por uma atmosfera fantástica e com uma beleza – chamemos-lhe interior – fantástica. Só não é perfeito neste pontinho (e sei que a opinião não é geral). Mas continua a ser «do caraças».
by Sarah Saint-Maxent
Esta crónica foi escrita ao abrigo do novo Acordo Ortográfico