Buzzer - Beater
O fim de uma dinastia
É oficial. Os Los Angeles Lakers foram ‘varridos’ a 4-0 nas semi-finais da Conferência de Oeste pelos Dallas Mavericks. Ninguém esperava, mas aconteceu. A década que foi dos Lakers (5 dos 10 campeonatos foram por eles conquistados) está oficialmente terminada.
Confesso que como amante da modalidade foi triste ver grandes jogadores como Lamar Odom ou Andrew Bynum desatarem em faltas flagrantes (que expulsam jogadores) desnecessárias, uma delas que podia ter tirado largos meses de competição ao pequeno base de Dallas, J.J. Barea. Por muito que a frustração tome conta dos jogadores, é impraticável descarregar a fúria em colegas de profissão. Também foi lamentável um jogador que há umas semanas aqui louvei (e defendi), Pau Gasol (e continuo a defender), não tenha estado nem sequer perto nem a meia distância do rendimento que pode dar a uma equipa como Los Angeles. Embora tenha sido um mal de toda a época, apesar de a ter começado em grande forma, sentiu-se mais no playoff.
E Phil Jackson, treinador mais condecorado da história da NBA (os seis títulos dos Chicago Bulls de Michael Jordan dos anos 90 foram ganhos sob a sua orientação como treinador principal), vai para a sua anunciada reforma (que tanto quanto se sabe pode ser temporária) sem que o queiram deixar sair pela porta grande, o que também é lamentável, dado o seu ilustre trabalho. Se esta época os Lakers não conseguiram alcançar mais a culpa não foi sua, parece-me.
Mas obviamente não foram só os Lakers que perderam a eliminatória. Os Dallas Mavericks, principalmente, ganharam-na. E são eles que têm mais mérito que Los Angeles tem desmérito: execução sem falhas, 4 vitórias consecutivas, record de playoff para mais lançamentos de 3 pontos convertidos (20!) num jogo (jogo 4), e toda uma equipa equilibrada e bem orquestrada com o alemão Dirk Nowitzki à dianteira. Um veteraníssimo base em Jason Kidd que aos 37 anos ainda é uma das melhores visões de jogo da NBA. Jason Terry aos 34 anos é uma máquina de marcar pontos e de lançar do exterior, sendo apenas um jogador que começa do banco por questões tácticas, pois faz os mesmos minutos de um jogador do 5 inicial. No fundo, uma equipa veterana com uma execução veterana, que foi capaz de neutralizar os astros da Califórnia.
E de entre os astros, o maior de todos eles nunca desistiu, nem no playoff nem em toda a época: Kobe Bryant, aquele que para mim ainda é o melhor no que faz, apesar de ligeiramente pior em termos estatísticos em relação a épocas anteriores, continuou no topo da discussão por MVP e manteve a sua equipa no topo da discussão pelo título. A idade começa a pesar-lhe mas, enquanto tiver uma palavra a dizer, os Lakers são a sua equipa e são capazes de tudo.
E aí devemos levantar a questão: terá mesmo a dinastia Lakeriana acabado? Vejo que com a equipa actual as possibilidades de vencer dois ou três títulos seguidos nos próximos anos é relativamente diminuta. Na próxima época é ainda bastante plausível, pois também os Boston Celtics, de idade mais avançada, se vão aguentando com os ‘Super Friends’ dos Miami Heat. Eu vejo os Lakers neste momento como um animal ferido (Lakers e animal podem ser trocados na frase por Kobe Bryant e orgulho), que se não teve motivação esta época para fazer mais devido ao sucesso anterior, tem muitas críticas para silenciar na próxima época desportiva. A dinastia e o domínio incontestado podem ter acabado, mas os Lakers sempre voltaram das suas crises (veja-se há poucos anos quando Shaquille O’neal saiu da equipa e Kobe Bryant a carregou até à chegada de Pau Gasol) e voltaram a erguer-se. E voltarão. Mas com mais ajuda para Kobe, espero eu.
by Óscar Morgado