Fogo sem Fumo
Do céu ao inferno
Várias vezes falei neste espaço de que o Benfica 2010/2011 era um fiasco comparado com o do ano transacto. As minhas análises e opiniões foram sempre comentadas como sendo as habituais vindas de um adepto do arqui-rival da 2ª Circular, porém, agora que tudo terminou – para as águias, é claro – posso reclamar o meu quinhão de razão. Normalmente, diz-se que ter razão antes do tempo não é lá muito bom, mas como de futebol se trata e as subjectividades são o “pão nosso de cada dia”, não surge daí grandes problemas.
É também verdade que várias foram as vezes que perante as minhas opiniões, outros mostravam factos, análises estatísticas, trabalhos meritórios e dignos de realce académico com o objectivo de provar o seguinte – este Benfica não era inferior ao do ano passado e (espantem-se os mais desprevenidos) até o suplantava em alguns indicadores. Pois bem, no futebol é muito interessante ter 80% de posse de bola, fazer 60 remates à baliza, enviar 8 bolas aos postes, mas no fim o que conta, o que sempre contou e – já agora – o que sempre contará é o resultado final, é a posição na tabela e a conquista ou não de troféus.
O Benfica deste ano começou a época como candidato a vencer a Liga dos Campeões, quase certo como bicampeão (eram favas contadas), candidato a vencer a Taça de Portugal, candidato a vencer a Supertaça Cândido Oliveira e por fim, candidato a vencer a Taça da Liga. Estes eram os objectivos dos encarnados para o ano que agora terminou. No campeonato, não tiveram a mínima hipótese. Na Champions, acabaram eliminados e com sorte lá caíram na Liga Europa (outro objectivo após Fevereiro/Março) e que terminou em Braga numa exibição muito fraca das águias. Na Taça de Portugal, não conseguiram aproveitar a vitória no Dragão e acabaram humilhados pelo Porto na Luz. A Supertaça foi a primeira das muitas desilusões, na altura vista como um mero acidente de percurso. E no fim de tudo, o que fica: a Taça da Liga. A equipa, que iria voltar a brilhar na Europa e afirmar-se como a imbatível em Portugal, termina a época com aquela vitória de Pirro em Coimbra perante o Paços de Ferreira.
Mais uma vez, tudo isto era previsível. Eu lá fui dizendo, sem estatísticas e com base em apreciações que não precisam de ser validadas pelo Luís Freitas Lobo ou pelo Rui Santos. Eram meros comentários de alguém leigo na matéria, como se costuma dizer – alguém da rua. Ao longo da época, várias vezes e várias pessoas me disseram que se o Benfica conquistasse a Liga Europa e a Taça de Portugal já seria uma grande época. Eu sorria ou melhor ria ironicamente. E no fim de tudo, o que fica é a Taça da Liga. Para o ano há mais e como já prometeu o Messias, com o campeonato na algibeira.
by Alexandre Poço