Em Frente
Tratamento de Grande
Dá-me um gosto bastante grande ser do clube que sou. Saber que somos tratados de forma séria e justa (dependendo do adversário) como seria de esperar num desporto que tem como principal slogan “fair-play”. Gosto bastante de árbitros justos e correctos, capazes de manter a fluidez do jogo, mas assumindo o que há a assumir no momento oportuno.
Dá-me enorme tristeza ver a forma como uns são filhos e outros são enteados. Viver uma modalidade, no meu país, cada vez mais bipolarizada para corresponder aos desejos de algo não tão claro. Não consigo perceber (talvez, até consiga…), como alguns árbitros aplicam as leis exactamente dentro do esperado perante algumas equipas e, para outras, deixam que a anarquia reine, qual selva, qual quê, regendo-se o jogo somente pela lei do mais forte.
Apelava Carlos Freitas a uma igualdade de critérios para todos. Apelava a que não se fizesse do Sporting o parente pobre dos grandes de Portugal. (Mas que raio de desejo sinistro é este de, sabendo a miséria actual do clube, tentar sempre mantê-lo assim, por meios não necessários…) Isto deixa-me a pensar que talvez o clube adormecido, falido, ou lá como lhe queiram tratar, ainda assusta alguém.
Eu vejo um André Santos bem expulso, mas depois penso e vejo que, por exemplo, um Javi Garcia faz o mesmo ou pior constantemente e, para ver um amarelo, é preciso que quase parta a perna a alguém. Diferença? O primeiro é violento, o segundo é viril e somente joga duro.
Eu vejo um João Pereira expulso por palavras a um árbitro, quando há bem pouco tempo o Fábio Coentrão teve a trocar carícias com um árbitro, para no final ter tratamento oposto. Mas espera, o árbitro era o Duarte Gomes! O belo do árbitro que depois de levar uma peitada do Belluschi se encolheu e lhe mostrou um tímido cartão amarelo. Diferenças? “Tá calado pah! Só choradinho! Então não viste que aquilo foi assim porque... (o argumento não chega) … Terceiro lugar toma! (bom argumento) ”
Num país com elevada crise de valores morais, o futebol tende, como aliás sempre tendeu, a seguir exactamente esse caminho. Descaradamente. Temos um jogador que por tentativa de agressão apanha um mês, quando o treinador que o agrediu apanha 11 dias (remetendo-se o castigo somente para uma altura em que os jogos em disputa para nada já contavam).
E depois querem falar em justiça? Em corrupção? Falem à vontade! Fala o lá de cima, fala o cá de baixo e eu, que graças a deus sou de um clube que passe ao lado disso (também por culpa própria: somos demasiado transparentes para entrar nesses jogos e termos o nosso nome associado ao que quer que seja) é que abano a cabeça e rezo pelo dia em que se actua seriamente em Portugal. Até lá, circo e pão para quem quiser que isto tem é piada um guarda Abel aqui, um Diabo de Gaia a agredir árbitros ali e a polícia de choque a invadir bancadas em Alvalade.
Não somos já grandes? Então não nos chateiem.
Saudações Leoninas,
by Jorge Sousa