Fogo sem Fumo
Da menoridade
A Taça da Liga é uma competição menor. Não tem competitividade nem rivalidades. Como se diz na gíria futebolística, é uma “taça do bairro”. Pensarão os leitores, “lá está o lagarto a desvalorizar o que o Benfica consegue ganhar” ou melhor “se não interessa a ninguém, porquê a escandaleira que o Sporting fez há dois anos devido ao célebre penalty do Lucílio Baptista?”. Quanto à primeira observação, faço o seguinte reparo – benfiquistas, sentem orgulho e alegria em conquistar a Taça da Liga? E no que toca à segunda – foi uma questão de verdade desportiva e de perder com o maior rival de sempre. A Taça ali era secundária, o importante era ganhar ao Benfica.
Tirando os argumentos e os contra-argumentos típicos das acesas rivalidades lisboetas, é mais plausível aceitar o argumento da falta de maturidade e expressão desta taça. É verdade, vai apenas na 4º edição. Mas reparem, os anos passam e esta competição serve somente para rodar jogadores e descansar os titulares. Se é necessário abdicar de algum troféu por calculismo, é a Taça da Liga a sacrificada. Esta atitude permanecerá com o tempo e os anos não alterarão em nada esta questão, que a meu ver é central. E não são só os ditos três grandes, as outras equipas também a utilizam com os mesmos fins. Para não falar do sistema de grupos que é um claro favor a Porto, Sporting e Benfica. Repensar este método também seria interessante. Porque não eliminatórias como na Taça de Portugal?
Admito que posso ser precipitado, mas entendo que esta não foi uma experiência muito feliz do futebol português. É um troféu sem interesse e que a sua existência ou não pouco traz ao desporto e aos adeptos. A Taça da Liga foi incluída no nosso calendário para tapar os buracos que a redução de equipas na primeira e segunda liga deixou. O seu surgimento não foi natural, mas sim, devido a uma alteração que esvaziava a época de futebol. Eu gosto de ver futebol a sério, competição, garra e paixão em campo, não perco tempo a ver jogos que se arrastam até ao fim. Não quero nem gosto de ver competições que não servem para outra coisa – e perdoem-me a expressão – senão para “encher chouriços”.
by Alexandre Poço