Fogo sem Fumo
O velho Benfica
O campeonato está a terminar e a surpresa da época, mais do que o Super-Porto de Villas Boas, foi o fracasso do Benfica. A equipa de Jesus prometia, mas não cumpriu. Na verdade, a época passada terá sido uma excepção à regra. Este ano voltou o velho Benfica. A mentalidade e a forma de colocar a equipa em campo de Jorge Jesus não mudou, o que mudou foram os jogadores. Os problemas do Benfica começam na baliza e percorrem quase todos os sectores, terminado no ataque.
De trás para a frente, a equipa possui um guarda-redes que não oferece a confiança desejável, quando a bola entra no último reduto das águias, tudo treme com o receio de que a bola possa ir em direcção à baliza. Roberto custou 10 pontos ao Benfica e acaba a época da mesma forma que começou, a claudicar. Na defesa, a maçã podre é Sidnei, que no ano passado estava tapado por David Luiz. Este ano não houve desculpas para um jogador que é capaz do bom e do mau, mas isso não chega para uma equipa que luta pela vitória em todas as competições. Maxi cumpre bem o seu papel e não tem concorrência à direita, Luisão é a referência de estabilidade de todo o sector, embora a sua missão seja dificultada pelos erros de Sidnei e Roberto, quanto a Coentrão trata-se do melhor jogador da equipa. O ‘contracto vitalício’ com o Benfica deverá terminar já no fim da época, por isso, advinha-se mais um problema para o técnico dos encarnados. No meio campo, Aimar destoa dos companheiros Javi, Salvio e Gaitán. O argentino é o 10 que o Benfica necessita, caso conseguisse jogar sempre os 90 minutos. Deve estar para breve o seu regresso à Argentina, Carlos Martins e Bruno César – eventuais substitutos – não convencem para ocupar o lugar vazio. Na frente, a dupla que no passado funcionou às mil maravilhas, este ano andou longe das balizas. Porém, há uma diferença entre Cardozo e Saviola. O último, embora discreto, cumpriu o seu papel no auxílio ao paraguaio goleador. É exímio no último passe e nas desmarcações. O problema residia ao seu lado: Este Óscar Cardozo não é o mesmo dos anos anteriores. Este ano só conta com 9 golos na liga, enquanto no ano passado, em Outubro, já levava 10 apontados (fez 38 em todas competições). Quanto às alternativas, poderá dizer-se que são de fugir: Jara não resolve, Kardec desapareceu, Nuno Gomes e Weldon não foram opções.
É este o retrato de uma equipa que no início do ano era apontada como grande favorita a conquistar o campeonato, pelo segundo ano consecutivo. Tal não se concretizou. Um ano nos céus e o regresso à agonia encarnada. No passado, a estratégia passava por contratar uma equipa inteira sempre que não se vencia o campeonato. A imprensa desportiva delirava, os benfiquistas sonhavam e no fim, a equipa fracassava. Aprenderam com os erros do passado ou teremos reedição?
by Alexandre Poço