Porto Campeão 2010\2011
1.Vencendo o arquirival na sua própria casa, o Fc Porto de Vilas Boas tronou-se pela 25 vez campeão nacional. Fica assim a 6 títulos do recorde do Benfica, o qual mais uma vez não consegue sustentar um ciclo de vitórias na liga.
No final da partida do título é interessante ouvir as palavras de André Vilas Boas, nas quais fala da identidade dos dragões, e sobretudo da sua imotabilidade.
Em termos de esquema mantem-se o 4x3x3 que foi imposto na “era” Jesualdo Ferreira, com meio campo em 1x2 (Fernando, Moutinho e Bellushi ou Guarín). Em termos dinâmicos no entanto, André Vilas Boas trousse para o Dragão uma ideia de 4x3x3 em “várias velocidades”.
Falando sobre o Benfica, o qual havia minutos antes derrotado, Vilas Boas chamou-lhe de “equipa que joga sempre na vertigem da velocidade”, sobretudo remetendo para as transições ofensivas dos encarnados. Em 4x1x3x2, mas sobretudo olhando para o meio campo com Salvio, Gaitan e Aimar, vemos 3 médios de caracteristicas ofensivas, todos eles com tendencia para o transporte de bola: Salvio mais próximo da faixa,forte no 1x1 e na acelaração, Gaitan partindo da esquerda mas mais em posição interior na procura de tabelas curtas, e Aimar que “esconde” a bola do adversário e a faz “aparecer” no ataque. Para trás fica apenas Javi Garcia, um pouco mais adiantado do que na época passada, tentando em antecipação cobrir as percas de bola dos seus interiores\alas- daí a inpetuosidade excessiva em alguns lançes.
Olhando para os Dragões, a equipa parece no entanto ter um “batimento cariaco diferente”. A própria forma como são cobrados os pontapés de baliza de Heltón indiaca que o Porto inicia a transição em posse, baixando o ritmo do jogo e obrigando o adversário a desgastar-se, sobretudo quando em resultado adverso. Ao entrar nos centrais, logo os lateriais abrem ambos nas faixas, fazendo o campo ganhar largura, ao mesmo tempo que Fernando, peça chave do meio campo, baixa para junto dos centrais tentando oferecer linha de passe de recurso. Acompanhando o movimento ora Moutinho, ora Bellushi baixam para vir receber a bola, que entretanto entra ora no lateral, ora mesmo no pivot, quando este tem tempo e espaço para rodar. Transição apoiada, com bastantes troca de bola, longe das vertigens de Gaitan, Sálvio, ou mesmo do acelarado lateral Coentrão.
Apesar da tendência dos 4x3x3 em Portugal ser para a bola chegar o mais rápido possível aos extremos, pedindo-lhes que sejam eles a agarrar a bola ainda a 30 ou 40m da baliza adversária, no caso do Porto ocorre uma situação mutável: ora em transição de posse os extremos (Hulk, Varela e até mesmo James) foguem para as laterias para dar maior largura, aparecendo so em diagonais nos ultimos metros de terreno, ora, sobretudo recorrendo a Hulk, a equipa coloca uma bola mais longa, numa transição mais rápida, pedindo a Hulk que queime as etapas da transição. Na fase de grupos da liga Europa e no primeiro jogo contra o Benfica este foi o modelo utilizado durante grande parte do tempo, e com muitos golos e lançes do brasileiro como resultado.
Para gerir os batimentos sincronizados do Dragão, Fernando e João Moutinho controlam os ritmos, gerindo a posse de bola, sem nunca perder de vista a possiblidade real de a perder para o adversário.
2. Importante também a capaciade de Vilas Boas recriar e criar novos jogadores. Guarin, James, Fucile, Sapunaru são exemplos de suplentes de excelencia, que para além de substituir acrescentam algo de novo a cada partida.
Muita da capacidade deste Porto vem do entendimento que faz das diferentes fases pelas quais passa um jogo. Nesse ponto, não só as variações na dinâmica de jogo das quais falei são os unicos exemplos.
A capacidade para fazer entrar mais do que jogadores, novas armas no jogo, utilizando as substituições, parte de um trabalho bem orientado pela equipa técnica. Tal como não existem jogadores iguais, todas as substituições trazem algo de novo que não o renovar da condição física.
O melhor exemplo será sem dúvida Guarín. Começou a época como pivot, suplente de Fernando. Acabou como interior, sua posição de origem, aproveitando não só a sua capacidade física, como sobretudo a grande tendencia para aparecer em zonas de finalização, fazendo valer o excelente pontapé. O resultado foram mais do que os golos decisivos, muitos mais minutos jogados.
James é outro caso, ainda não tão reconhido como o compatriota, vai vivendo da suplência de Varela sobretudo. Se o ex-Sporting se destaca pela verticalidade e poder de acelaração, sempre em passada larga, James vive de diagonais para o espaço interior, na busca do passe ou remate dentro de área. Na sua formação foi médio ofensivo, na meia esquerda, muito na lógica do 10\ala do futebol sul americano da atualidade… na europa e no Porto tem de aprender a fazer valer o seu futebol em sistemas táticos mais posicionais.
fonte: record.xl.pt
By Tiago Luís Santos