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Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

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29
Nov10

Segunda é o dia

Minuto Zero
Perguntas inconvenientes

Na fash interview no final do jogo entre o Beira-Mar e o Benfica, este domingo, o jornalista da TVI que entrevistava Jorge Jesus perguntava ao treinador encarnado como estava o ambiente no balneário benfiquista e se era verdade que a sua liderança era criticada. Jesus recusou-se a responder, dizendo que só falava do jogo. O jornalista da TVI, perante tal ultimato, atirou algo do género “Aqui quem decide as perguntas sou eu!”. Jorge Jesus não foi de modas e abandonou a entrevista.
Este episódio entre o jornalista da TVI e o treinador do Benfica é apenas um de muitos que ao longo dos anos têm acontecido. Não só no mundo do futebol e do desporto, mas também um pouco por toda a sociedade (recorde-se as respostas de Carlos Cruz a Rita Marrafa de Carvalho quando saía da leitura da sentença do caso da Casa Pia), tem-se tornado uma prática corrente tentar responder apenas às perguntas convenientes. Alberto João Jardim é talvez o maior ás na arte de instrumentalizar entrevistadores, mas, uns mais, outros menos, muitos são os personagens da vida pública portuguesa que vão tentando levar a sua a melhor.
No caso do futebol, todos no lembramos da tomada de posição do Porto, há uns meses, quando se recusava a responder a perguntas dos jornalista do jornal A Bola, por não gostar do que a publicação escrevia. Ou os célebre black-outs do tempo de José Mourinho, também no dragão.
Depois, há também exemplos daqueles que intervêm por sua livre espontânea vontade para fazer um pouco da sua propaganda. Um exemplo disso é Luís Filipe Vieira que, há uns anos, “invadiu” o estúdio do programa da SIC Notícia “O dia seguinte” para apresentar a sua versão sobre os factos em análise. Ou ainda outro episódio com o mesmo protagonista, em que Vieira ligou para o programa da RTP “Prós e Contras”, também para dar a sua opinião sobre a discussão.
Muitos outros exemplos poderíamos trazer para este texto, mas os apresentados são já suficientes para mostrar o fundamental: ao longo dos anos, e a partir do momento em que a liberdade de imprensa passou a ser dada como adquirida, o jornalista perdeu muito do brilho que tinha como defensor da verdade, como peça fundamental para uma democracia saudável. Hoje, os jornalistas são já vistos por muitos como meros “intrometidos” que só querem publicitar o que lhes dê mais visibilidade. E são, também, utilizados pelos actores sociais para passarem apenas as mensagens que lhes interessa (a esses actores sociais).
Porém, no futebol, como em todos os domínios, não podemos admitir que os jornalistas sejam instrumentalizados e manipulados pelos “tubarões”. Como muito bem explicou e se justificou o jornalista da TVI após Jorge Jesus abandonar a entrevista, o treinador do Benfica está habituado a responder apenas às perguntas convenientes do Benfica TV. É urgente que se acabem com tantos “Benficas TVs” que andam por aí…

by João Vargas

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