21
Jan11
Voleibol à Sexta
Minuto Zero
O Serviço
fonte: redemaranhao.blogspot.com |
Devo confessar: sou algo fanática por três dos grand slams do ténis (Roland Garros, Australian Open e US Open). E isso tem tudo a ver com o pequeno apontamento que farei aqui hoje: a importância, ou não, do serviço, no jogo de voleibol. Ao longo destes últimos cinco dias, tenho-me confrontado várias vezes com a questão óbvia: no ténis, deter o serviço é, à partida, uma vantagem importantíssima - torna-se ainda mais importante, muitas vezes, em situações críticas.
No voleibol, essa vantagem não é tão óbvia. Ou, por vezes, não é nenhuma. Porquê? Bem, farei aqui uma breve comparação para tentar explicar a minha opinião: por um lado, uma questão fundamental é o facto de uma jogada de voleibol se constituir por três toques por parte de uma equipa. No ténis, é uma única pancada e a bola volta ao adversário. Isso quer dizer que apesar de uma recepção menos boa por parte de um jogador de voleibol hipotecar, em muito, o sucesso do ataque, não o destrói. Já uma má "recepção" no ténis, a não ser que se tenha uma... sorte dos diabos... acaba logo ali com o ponto.
Este aspecto está estreitamente relacionado com outro: a vantagem no voleibol está, quase sempre, no side-out. O side-out quer dizer que é a equipa que pode construir uma jogada que detém a vantagem, por duas razões: primeiro, porque tem mais pontos de ataque disponíveis (o "ataque" do serviço vem sempre de quem está a servir, não há volta a dar); depois, porque o tempo de preparar a recepção é muito maior que o disponível para defender uma bola. É por isto, aliás, que os ataques são muitíssimo mais eficazes que os serviços, como é claro a todos.
Voltemos ao ténis: aqui, quem tem a primeira pancada, porque não tem menos número de pancadas (ou toques) que o adversário, tem vantagem e pode ditar, desde logo, o espírito do ponto. No voleibol, pelo contrário, o jogador que está ao serviço tentará fazer sempre o máximo de estragos possíveis mas, na maioria das vezes - e a não ser em casos de grade desnível entre as equipas - não os suficientes para começar desde logo a ganhar o ponto.
Tudo o que disse até aqui não invalida que o serviço seja, actualmente, uma das mais fortes armas - e capaz de ditar resultados - do voleibol mundial. Já aqui falei disso. De facto, e sobretudo em equipas que estejam ao mesmo nível, podem ser aqueles dois pontos conquistados pelo serviço que ditam o resultado do set. Aliás, só reforça o que aqui digo: o side-out das equipas de topo é tão eficaz, na maioria das vezes, que apenas um serviço fora de série pode fazer pender o resultado para um dos lados.
Não se trata aqui, portanto, de desvalorizar a acção de serviço no voleibol - antes pelo contrário! -, mas sim de mostrar a sua importância no contexto da modalidade, realçando o poder que tem para... "desempatar".
by Sarah Saint-Maxent