16
Mar11
Buzzer-Beater
Minuto Zero
Os melhores do mundo
Hoje decidi debater sobre um assunto que conseguiu de alguma maneira causar polémica no seio da NBA. Apenas quero mostrar uma posição simples, e não me alongarei: na passada quinta-feira, defrontaram-se Miami Heat e Los Angeles Lakers na American Airlines Arena em Miami. A vitória foi para Miami, 94-88. Kobe Bryant converteu apenas 8 dos 24 lançamentos que tentou ao longo m da partida, o que prefaz uma percentagem de lançamento que ronda os 33%.
Isto para um jogador como Kobe Bryant é baixo. Aliás, para qualquer um que se preze de querer ser bom na NBA é baixo. E então Kobe fez aquilo que cada vez menos jogadores fazem hoje em dia: ficou no ginásio até mais tarde a praticar o lançamento.
Uma coisa é certa, não é nos jogos o local de praticar. Para isso há os treinos. Mas geralmente os treinos são de equipa, ou de algo específico que o treinador pretende de um jogador. Exceptuando talvez a pré-época, um jogador não tem designado pelos assistentes ou pelo treinador treinos individuais, ainda mais de lançamento. Se um jogador quer ser melhor, tem que fazer por isso.
Fonte: billhustle.com |
Ray Allen, que recentemente se tornou o maior lançador de 3 pontos da história da NBA, vai para o pavilhão 3 ou 4 horas antes do jogo, e lança de todas as formas possíveis durante essas 3 ou 4 horas, porque não é do nada que ele tem o lançamento mais eficiente de toda a liga (e, a título de curiosidade, Allen lança a bola num ângulo tão próximo da altura do aro do cesto quanto possível, tal que a bola faz o trajecto mais curto para o cesto, gastando menos energia do lançador premiando a eficiência). Michael Jordan também o fazia, mas antes dos treinos. Mas no caso dele tinha uma rotina (porque é com rotinas que os atletas se tornam bons em qualquer desporto) de meia hora antes de qualquer treino, punha-se em frente a uma parede a praticar o gesto do seu braço (e de todo o corpo, que ajuda ao lançamento) no acto de lançamento, só para o conseguir fazer sempre da mesma maneira…e acertar. Se calhar todos estes três sabem que uma coisa que os americanos não são assim tão melhores que o resto do mundo é a lançar, portanto é algo no qual treinam diariamente.
Por isso mesmo, lamento os críticos que acharam que por Bryant ir para o ginásio principal onde há câmaras por todo o lado em vez do ginásio reservado. E que ele tenta apenas combater os efeitos dos seus quase 33 anos. Lamento que se tente enxovalhar uma estrela por tentar dar um exemplo de trabalho que já poucos na liga fazem, como dizia o Ray Allen. Se estavam lá as câmaras para documentar toda a hora que Bryant esteve aos berros consigo mesmo quando falhava lançamentos, isso foi algo de extraordinário, porque assim os exemplos passam a todos aqueles que se quiserem inspirar por meio dos grandes. E Bryant é discutivelmente um dos 10 grandes de sempre da modalidade.
Eu espero sinceramente que este tipo de prática volte a estar em voga, para que vejamos mais Allens, mais Bryants e mais Jordans. O tempo extra dedicado a melhorar aquilo que se pode melhorar é essencial, e os bons não são bons por acaso. E se por acaso eles continuam a ser bons por muito tempo também não é por acaso. Se calhar de Kobe não passasse as horas que passa a desenvolver-se individualmente não estava a chegar aos 33 anos em rumo de um possível 3º título da NBA, ou Karl Malone não teria também ganho um MVP nos anos 90 quase aos 40 anos. E se calhar haveria menos daqueles jogadores que se mostram muito num par de épocas e logo se eclipsam.
Pelos Allens, pelos Bryants, pelos Malones, e pelos Jordans.
by Óscar Morgado