28
Nov10
Fogo sem Fumo
Minuto Zero
Mundial 2018 e operações de charme
É do conhecimento de todos que Portugal e Espanha apresentaram uma candidatura para a organização do Mundial de Futebol de 2018. A proximidade geográfica, a semelhança entre as culturas, a paixão que ambos os povos têm pelo futebol, as qualidades de bom hospitaleiro – como se viu no Euro 2004 e por fim, a excelência de infra-estruturas desportivas que os países ibéricos são motivos mais do que suficientes para que a FIFA escolha a referida candidatura. A opinião que circula nos media é de que a nossa candidatura é uma das favoritas a ganhar a tão desejada organização. No dia de 2 de Dezembro, em Zurique, será anunciada a decisão. Caso se verifique a preferência pela candidatura que envolve Portugal, pelo menos no futebol, será cumprido o sonho do escritor José Saramago – a união ibérica. Contudo, nem tudo são rosas. Que papel terá o nosso país na organização do evento? Seremos um mero acolhedor de jogos pouco interessantes da fase de grupos ou quanto muito de um jogo dos quartos-de-final? É preciso ter cuidado. Estamos a lidar com espanhóis e como diz o ditado “de Espanha nem bons ventos nem bons casamentos”. Este é um ponto prévio. Uniões e candidaturas conjuntas, tudo bem, mas sempre com um olho no burro e com outro no cigano.
Este processo de apresentação de candidaturas não tem sido totalmente transparente, veja-se o célebre caso da compra de votos, como noticiou o jornal britânico Sunday Times. Portugal e Espanha não se viram livres de andar incluídos nos boatos. A FIFA desmentiu tudo. Há ainda uma questão a realçar, é habitual ver os países que se candidatam realizarem operações de charme junto de Joseph Blatter e dos seus amigos. O governo britânico, chefiado por David Cameron, já realizou a sua. Numa visita muito bem “armadilhada” mostrou aos responsáveis da FIFA as características agradáveis do seu país e enalteceu a relação histórica que a Grã-Bretanha tem com o futebol. Ficou bem na fotografia e não aconteceu de condenável. Contudo, há que observar que o governo britânico foi recentemente eleito, pelo que ainda tem algum crédito junto das cúpulas internacionais. E porque é que é necessário destacar tal facto? Pelo simples facto de que José Sócrates e José Luiz Zapatero irão realizar um evento semelhantes para promover a candidatura ibérica. Não me coíbo de questionar, será uma iniciativa que dará frutos, subentenda-se que afirme e candidatura ou simplesmente, o fim de um sonho? Pela credibilidade de ambos os primeiros-ministros junto do Mundo, aposto mais na segunda. Logo agora que estava tudo a correr tão bem. O Reino Unido agradece.
by Alexandre Poço