22
Dez10
Buzzer - Beater
Minuto Zero
Bases
Esta semana lembrei-me de dar mais uma chave de leitura para quem não está muito familiarizado com o basquetebol. Especificamente, posições. De vez em quando hei-de falar das restantes, mas hoje interessa-me abordar o base. Sendo que a modalidade se joga com 5, é complicado dizer que algum desses é pouco importante no ataque ou na defesa, mas se me pedirem para destacar aquele que é mais essencial nos dois lados do campo, seguramente é o base que irei destacar.
Mas então que faz afinal um base? Pensem nele como o general da equipa. Tipicamente é ele que transporta a bola da defesa para o ataque, onde é ele que também dá início às jogadas ofensivas. A sua zona preferencial do campo é atrás da linha de 3 pontos (mais ou menos no todo do campo, em linha com o cesto, embora deva ser móvel), onde deve ser capaz de ver todos os seus colegas de equipa e também toda a defesa adversária. É ele que toma a maioria das decisões da equipa.
Cabe-lhe também uma série de opções individuais. Deve ser ele o melhor manejador de bola da equipa, aquele com melhor qualidade de passe (são geralmente líderes de assistências), melhor visão de jogo: no fundo melhor liderança. Contudo, há uma série de capacidades adicionais que podem dar grande diversidade ao seu jogo. Porque deve estar sempre pronto a atirar de longa distância quando está sem defesa, um lançamento consistente é uma arma poderosa. A velocidade é também essencial para as penetrações em direcção ao cesto e para neutralizar os seus defesas directos.
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Fonte: sports.espn.go.com |
Mas como no basquetebol 5 atacam e 5 defendem, também um importante papel defensivo recai sobre esta posição. Não se exige a um base que seja o melhor defensor da sua equipa, mas como é o jogador mais afastado do cesto no ataque é ele o primeiro a recuar para a defesa quando a outra equipa ganha posse de bola, e numa situação de contra-ataque é essencial que parta dele a recuperação defensiva da equipa. Não sendo muito correcto, creio que para dar uma imagem mental das funções de um base posso fazer uma analogia futebolística: pensem nele como uma espécie de ‘dez’ no ataque e como um defesa-central na defesa.
E que grandes tem o mundo visto nesta posição? Desde o mais recuado Bob Cousy, passando por um Walt Frazier, um Jerry West, Oscar Robertson, John Stockton, Isiah Thomas e claro, o ilustre Magic Johnson. Mais recentemente (digo, anos 90 e inícios de 2000) dois grandes nomes devo destacar, nomeadamente Gary “The Glove” Payton e Jason Kidd, este ainda em actividade mas já longe do seu auge.
No que toca à actualidade creio que há 6 bases na NBA que se encontram num nível diferente dos restantes, embora outros lhes rivalizem. Chris Paul (um verdadeiro base em todo o sentido do termo, num clássico estilo de prioridade dada ao passe), Deron Williams (com uma vocação mais ofensiva, marcando muitos pontos), Rajon Rondo (inicialmente um defesa exímio, agora tem também uma qualidade de passe fortíssima), Steve Nash (MVP duas épocas seguidas, embora fora do prime é uma delícia vê-lo a construir jogadas e a despejar assistências), Derrick Rose (tremendo domínio de bola e capacidade atlética, tem também fortes vocações ofensivas a nível de pontos) e Russell Westbrook (ainda mais capacidade atlética, provavelmente o melhor base que afunda em toda a NBA, e tem melhorado imenso o seu jogo nesta época).
Vamos aos destaques. Para o positivo destaco esta semana a super troca que teve lugar entre os Orlando Magic, os Phoenix Suns e os Washigton Wizards: Vince Carter, Mikael Pietrus e Marcin Gortat vão de Orlando para Phoenix (juntamente com mais uma escolha de draft), e destes últimos regressa Hedo Turkoglu, que vem ainda com Earl Clarke e Jason Richardson. Sai também de Orlando Rashard Lewis, que passa a jogar pelos Washington Wizards, os quais enviam a sua ex-estrela Gilbert Arenas para Orlando. Parece-me a mim que Orlando conseguiu livrar-se do fardo financeiro de Lewis, embora Arenas tenha mais um ano de contracto e também com um salário considerável, mas tem a vantagem de ser um jogador provavelmente mais rentável. Orlando ganha a grande fragilidade de ficar sem grandes alternativas a Dwight Howard. Quanto a Phoenix, ganha uma alternativa a Brook Lopez e um Vince Carter, que apenas causará estragos se houver alguma magia por parte de Steve Nash. Já os Wizards assumem finalmente que o controlo da sua equipa é para o rookie John Wall, estando a troca de Arenas já implícita desde o draft.
A nível negativo destaco a lesão de 8 a 10 semanas do poste dos Chicago Bulls Joakim Noah, que não irá afastar a equipa de uma corrida aos playoffs, mas que certamente os deixará numa posição menos favorável no que toca às equipas que irão apanhar, perdendo mais jogos do que o que seria de esperar.
by Óscar Morgado