25
Nov10
Steve Field
Minuto Zero
Equipas B
Corria o final da época 2005/06 quando o Futebol Clube do Porto extinguiu a sua equipa B. A partir desse momento, tanto o Porto como os o Benfica e o Sporting (assim como Braga ou Guimarães, mas não de forma tão evidente e extensa) começaram a estabelecer protocolos com clubes de menor dimensão, tanto da primeira, como da segunda ou até da antiga segunda divisão b.
Será que o nosso futebol beneficiou com essas extinções?
Com excepção do Marítimo, nenhum clube manteve uma equipa secundária, certamente devido ao agravar da crise económica. Hoje em dia vemos equipas como o Portimonense, a Académica, o Olhanense, o Fátima, entre muitos outros, que têm como base no seu plantel jogadores emprestados pelos grandes, tornando-se praticamente a sua equipa B. Será esse facto benéfico para o nosso futebol? Na minha opinião não, esses jogadores, em muitos do casos, não aproveitam a oportunidade que lhes dão para evoluir e passam a época sem vontade de estar no clube, esperando pelo final da época para voltar à ‘casa mãe’, o que depois é raro acontecer porque os jogadores não entendem que o empréstimo é uma fase fundamental na sua formação.
Quando, na maioria dos casos, o clube que empresta o jogador continua a pagar-lhe o salário, porque não manter a equipa B? Essa é uma das questões que tem sido levantada e parece que essas equipas vão mesmo voltar, na minha opinião para benefício do nosso futebol. E porquê? Primeiro certamente tornaria esses ‘clubes satélite’ mais competitivos. É certo que os jogadores emprestados têm imenso valor, mais do que os que pertencem ao clube, mas não o potenciam nesses clubes. Jogadores pertencentes ao clube garantem mais qualidade, na maioria dos casos. Em segundo lugar, jogadores como o Caneira do Sporting mantinham-se em actividade e disponíveis para serem negociados, o que assim é difícil por treinar à parte e perder o ritmo. Julgo ainda que, e é uma opinião pessoal, os jogadores dos grandes evoluíam mais, apesar de não defrontarem jogadores de tanta qualidade, pois trabalhariam mais para chegar à equipa principal, podendo alcançar esse objectivo a qualquer altura da época, e não só no inicio da próxima.
É certo que a extinção das equipas B veio ajudar financeiramente os clubes pequenos que não têm tantos encargos financeiros. Mas o fosso entre os clubes grandes e os pequenos será sempre cada vez maior. Um grande que seja líder do campeonato dificilmente perde essa vantagem. Em Portugal, a competitividade não é muito elevada. Se olharmos para os grandes campeonatos europeus, não encontramos clubes como o Portimonense, composta por jogadores dos grandes. Em Itália ou Inglaterra, por exemplo, vemos os últimos a ganhar aos primeiros com mais frequência do que o previsto. Vemos equipas super competitivas. Vemos jogadores a dar tudo pela sua camisola, pela camisola que lhe paga para jogar, para poder um dia dar o tão desejado salto na carreira.
Ora, em suma, julgo que apesar dos custos, seria benéfico para o nosso futebol voltar a ter as equipas B, a actuar no máximo até à liga de Honra. A competitividade aumentava, o futebol melhorava. Seria melhor do que ver a deprimente liga Centenária, que de pouco serve.
By Steve Grácio