23
Dez10
Steve Field
Minuto Zero
Rivais têm de ser inimigos?
Como fã incondicional de Ténis, não pude deixar de assistir aos embates entre os dois melhores jogadores da modalidade, Federer e Nadal. É certo que eram jogos amigáveis, mas o espectáculo era garantido. E as expectativas não foram em vão, assistiu-se a dois grandes jogos, com uma vitória para cada lado.
Estes jogos amigáveis foram marcados com o propósito de angariar fundos para as fundações de ambos que provou que os desportistas mais conceituados têm vindo a ser cada vez mais solidários, sentindo que lhes cabe grande parte das ajudas possíveis. No entanto, o que mais tenho a realçar nestes embates, ainda mais que o acto solidário, foi a constatação de que os dois maiores rivais são amigos. Para mim isto é algo anormal atendendo à realidade com que cresci a ver e fazer desporto: clubes rivais (é certo que neste caso não se trata de clubes, mas podemos fazer uma analogia) nutrem ódio mútuo, não olhando a fins para atingir os meios que pretendem, que muitas vezes origina cenas lamentáveis de violência entre os seus apoiantes.
Pegando como exemplo o futebol, podemos constatar este ódio entre os três grandes do campeonato português, sobretudo quando se trata do Benfica. Quantas cenas de violência já tivemos conhecimento entre claques? Quantas trocas de palavras menos bonitas já vimos entre presidentes? Até já houve mortes de adeptos, como aconteceu com um adepto do Sporting numa final da taça, no Jamor, contra o Benfica.
No entanto, como já referi, é com o Benfica que estes sentimentos impróprios se fazem sentir em maior evidência, especialmente pelo Porto. Na última final europeia que o Benfica esteve presente, os adeptos do Porto fizeram questão de ir esperar a equipa adversária ao aeroporto para lhes desejar boa sorte…para além de que cada vez que o Sporting, Porto e agora até Braga e Guimarães estejam a jogar, certamente que há cânticos contra o Benfica.
É questão para perguntar…porquê tanto ódio? Não podem simplesmente centrar atenções no seu próprio clube? É claro que tem de haver rivalidade para bem do desporto, mas com respeito, com desportivismo!
O desporto seria tão mais bonito sem esta rivalidade extrema. Como é algo que, infelizmente, já pouco se vê, fiquei agradado e surpreendido com esta rivalidade saudável entre Federer e Nadal. Provaram ser grandes homens. Provaram que ser rival não significa ser inimigo. O desporto assim era tão melhor!
by Steve Grácio