Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

Minuto Zero

29
Jun11

Porque a vida também é feita a correr...

João Perfeito

E 15 anos depois o voo da águia supera o rugido do leão

                     

 

                  Sim, caro leitor, é mesmo verdade, o Benfica sagrou-se campeão nacional de atletismo sénior destronando o todo-poderoso Sporting. Foi no passado Domingo, em pleno Estádio Universitário, que a turma juvenil benfiquista destronou a veterania leonina.

                    O feito alcançado pelas jovens águias merece ainda mais reconhecimento por ter sido sobre o actual 4º classificado da Liga dos Campeões de Atletismo e em 2009 e 2008 vice-campeão europeu.

                    Se o leitor estiver fora da realidade do atletismo, certamente pensará que me estarei a equivocar ao falar em “turma juvenil” e “jovens águias” da equipa do Benfica - mas não. Esta é a equipa de seniores do Benfica formada grande parte por atletas que ainda estão em escalões de formação. No fundo, este é o verdadeiro segredo do Benfica. O Sporting vive à sombra de nove títulos conquistados, de pódios europeus e está a descurar o futuro. Um pouco à imagem, em plano contraditório, do futsal, onde o Benfica estagna e o se Sporting renova.

No actual quadrante masculino do Benfica : Rui Pinto (1992 -1º 5000 metros), Emanuel Rolim (1993 - 2º 1500), Tiago Aperta (1992 - 1º Dardo) e Renato Silva (1991 - 2º 800 metros) tiveram um papel deveras preponderante para o triunfo dos encarnados. A diferença de 156 para 154 pontos explica bem a igualdade entre as equipas, um campeonato decidido nos pormenores.

                    Apesar da ascensão que o Benfica tem realizado no atletismo nacional, fruto do exacerbamento das novas pérolas nacionais, o favoritismo recaía para os lados de Alvalade. A composição da equipa, grande parte dela habitual frequentadora da selecção nacional, abria claramente boas perspectivas para os leões chegarem aos 10 triunfos consecutivos. O Benfica, tal como os seus responsáveis frisaram, ainda não tinha como objectivo prioritário o título, esperando mais a longo prazo que a evolução dos jovens pudesse assumir a candidatura duma forma mais veemente.

Mas o inevitável aconteceu, um conjunto de peripécias proporcionou que a surpresa se efectivasse. A ascenção meteórica de Jorge Paula nos 400 barreiras e agora também 400 planos, a derrota do campeão nacional de disco, Jorge Grave, para Marco Fortes, a vitória da jovem estafeta de 4x400 proporcionaram que o sonho fosse possível.

                    O Sporting tem muitos motivos para assumir amplos receios. Uma equipa que vive essencialmente dos lançamentos e das dobragens dos medalhados olímpicos Rui Silva e Francis Obikwelu. Nos 400 metros está a perder para o eterno rival Benfica e nos saltos apenas Edi Maia venceu.

O Benfica, por seu turno, para além de integrar atletas juniores contempla vários sub 23 que nas provas de meio-fundo e velocidade vencem ou pelo menos em grande parte ficam em segundo lugar.

O Sporting está a descurar a renovação do seu arsenal. Com um 4º lugar na altura e um 3º no lançamento do dardo hipotecou por completo todas as suas aspirações. Nesta prova integrou jovens que estão longe de lutar de igual para igual com as promessas benfiquistas e os resultados foram uma consequência desta má gestão.

                   Mais do que falar da vitória do Benfica, penso que é importante falar da previsível queda que o Sporting possa vir a ter. A equipa não tem soluções para render Obikwelu e Rui Silva (4 provas). Por outro lado, nos lançamentos, os protagonistas são sempre os mesmo e a renovação necessária não ocorre - o Benfica, colhendo as sementes da progressão das disciplinas técnicas do atletismo nacional, dominará nos próximos anos. Nos saltos, o Benfica sempre demonstrou superioridade…

                 O Benfica conta com o futuro do meio-fundo nacional (Rui Pinto, 3º classificado europeu júnior de cross), Emanuel Rolim (recordista nacional juvenil de 1500 metros), o futuro da velocidade Bruno Fernandes (campeão júnior de 100 e 200), o recordista nacional das barreiras com apenas 22 anos (Rasul Dábo), o sucessor de Nélson Évora no triplo e confirmação no comprimento (Marcos Chuva) e ainda o recordista nacional sénior, com idade júnior, do lançamento do dardo Tiago Aperta.

                    A formação da luz é ainda actual campeã nacional de juniores, sub 23 ao ar livre e pista coberta, com clara supremacia perante o rival da segunda circular.

             Os tempos poderão estar a mudar. Os tempos de Carlos Lopes, Mamede, gémeos Castro já lá vão. O Sporting ameaça deixar o domínio nacional e, mais preocupante, o primeiro pelotão europeu.

                   O Benfica ambiciona conquistar o prestígio que outrora foi do Sporting.

                   Interessante, esta fase do desporto nacional em que no hóquei, futebol, futsal e atletismo, os grandes dominantes estão a perder lugar. Será este um sintoma da ataraxia nacional face à ideia ilusória de eterno sucesso?

                     O futuro responderá e a presença na Liga dos Campeões de Atletismo na próxima época ajudará a trilhar a primeira pedra deste caminho, que os benfiquistas esperam que seja de sucesso.

 

By João Perfeito

 

29
Jun11

Em Frente

Jorge Sousa

Caça à Truta

 

                Esta altura do ano torna-se crítica para grande parte dos adeptos. Do desespero, da depressão à loucura, à criação de expectativas elevadíssimas é um pequeno passo. Fala-se de trutas, jogadores que por si só fazem sonhar os fãs, que vendem camisolas aos milhares, que levam à compra de lugares cativos. Enfim, é aquele período da época em que tudo é possível, onde os derrotados melhoram a sua qualidade e os vencedores tentam desesperadamente manter a estabilidade campeã.

                Falo do que a mim me diz respeito – o Sporting. Para os Leões estes próximos dias serão clarificantes na tentativa de perceber qual é afinal o grande objectivo da próxima época. Voltar a lutar pelo título? Lutar pelo segundo lugar? Pois bem, sabendo que o mercado não encerra as suas portas no dia 4 de Julho (data de início dos trabalhos da equipa), muita coisa poderia (e pode) ainda acontecer. Todavia, a direcção, representada por Carlos Freitas propõe-se a apresentar o plantel (se não no seu todo, quase todo) definido até então. Pelos menos isso é pretendido igualmente pelo treinador Domingos Paciência, que terá ao que tudo indica na constituição da equipa 23 jogadores mais três jovens promessas (Arias, Carrillo e eventualmente André Martins).

                Rui Patrício será o titular na baliza leonina, ficando em princípio Tiago e Golas na segunda linha (apesar deste último poder vir a ser emprestado entrando um guarda-redes mais experiente, sendo neste ponto o jogador mais falado para o lugar Ricardo, antigo guarda-redes leonino). Faltam 20…

                No lado esquerdo da defesa, assumindo que Atila Turan será para actuar nesta posição, temos então o internacional pelas camadas jovens da França a rivalizar com Evaldo. No lado direito temos o titular da selecção nacional João Pereira e João Gonçalves (Abel deverá terminar a sua carreira). Faltam 16…

                No centro da defesa o gigante recém-contratado Oguchi Onyewu junta-se ao também reforço Rodriguez, a Polga e a Carriço (o argentino Torsiglieri deverá ser emprestado, tal como foi Mexer). Faltam 12…

 

 

                Meio-campo promete ver formada uma nova estrutura, vislumbrando-se a porta da saída para Maniche, Pedro Mendes, Vukcevic, permanecendo-se a dúvida quanto à permanência de Zapater (em principio ficará no plantel). Contando com o espanhol, com os reforços Rinaudo (pelos vistos está garantido), Schaars e ainda com André Santos, Jaime Valdés, Matías Fernández e Marat Izmailov fica a faltar um extremo-esquerdo ao plantel. A contar com este eventual reforço faltam 4…

                No ataque, a transferência mais cara do defeso leonino, Ricky Van Wolfswinkel, juntamente com Yannick Djaló e Hélder Postiga parecem insuficientes para assumir o que quer que seja, faltando portanto a contratação ainda de um matador, uma garantia de golos, para completar o plantel.

                Godinho Lopes deu a entender que esta semana seriam apresentados quatro reforços. Onyewu foi o primeiro, restam três. Rinaudo e Turan podem ser dois dos nomes que o presidente leonino tinha em mente, mas tendo em conta que o internacional argentino parece já ter sido há muito anunciado como reforço leonino, pode ser que o tal extremo-esquerdo e o tal matador sejam as tais duas trutas que faltam apresentar para fechar o plantel.

O seu valor definirá em muito a época leonina, as expectativas dos adeptos, os níveis de compra das GameBox deste ano. Os rumores por essa blogosfera fora são do mais extravagante possível, agora falta esperar para ver o que ai vem e o que esta direcção pretende, lutar pelo título ou mais uma vez ficar a ver os rivais passar sem nada que se possa fazer.

 

Saudações Leoninas,

By Jorge Sousa

28
Jun11

Buzzer - Beater

Óscar Morgado

“Free Agency” 2011

 

            Este ano não esperem loucuras nem programas de uma hora na época de contratações da NBA. Duas razões – os jogadores disponíveis não são do mesmo calibre do ano passado e o lockout, estando eminente, irá impedir qualquer tipo de negociação que envolva jogadores.

            Apenas vou dar um cheirinho do que costuma acontecer. Os jogadores têm contratos que podem ter até seis anos de duração (no actual modelo de acordo salarial, que está a expirar no final deste mês). Esses contratos são de quatro tipos:

- Opção do jogador: 1 ano do final do contrato apenas são exercidos se o jogador o desejar;

- Opção da equipa: idem mas a favor das equipas;

- Cláusula de rescisão antecipada: o jogador não pode exercer esta cláusula antes do final do quarto ano do seu contrato;

- Sem opções especiais: há apenas um número de anos estipulado ao fim dos quais o jogador é livre para ir jogar onde quiser;

            Depois, no final de cada contrato, os jogadores podem ter dois estatutos diferentes:

- “Free Agents” Restritos: jogadores que podem assinar propostas de equipas diferentes daquelas de onde vêm, mas a equipa original tem o direito de igualar ou superar essas ofertas e ficar com o jogador. Só são afectados por esta condição jogadores no fim do 4º ano do seu primeiro contracto de carreira (tipo rookie), caso tenham sido escolhidos na primeira ronda do respectivo draft, bem como veteranos com 3 ou mais anos de carreira na NBA cujas equipas o desejem;

- “Free Agents” Livres: não estão ligados a qualquer equipa onde já tenham jogado podendo ser contratados por qualquer equipa;

            E portanto aí estão as condições de todo o processo. E este ano, quem anda por aí à venda?

            Nenê Hilário e J.R. Smith (Denver Nuggets), Tayshaun Prince e Rodney Stuckey (Detroit Pistons), David West (New Orleans Hornets), Jamal Crawford (Atlanta Hawks), Caron Butler e Tyson Chandler (Dallas Mavericks), Glen Davis (Boston Celtics), Tim Duncan (San Antonio Spurs) Yao Ming (Houston Rockets) e Grant Hill (Phoenix Suns), são na minha opinião os nomes que mais diferença poderão fazer caso mudem de equipa. Mas todo o processo só começa oficialmente a 1 de Julho.

            E portanto, tal como o draft, o grupo de jogadores ‘para venda’ é mais fraco este ano. Mais preocupados andam com o lockout e se vai haver época em Outubro ou se só lá para Fevereiro (como da última vez). De todos estes nomes é provavelmente Nenê Hilário que vai levantar mais sobrancelhas. Em Fevereiro, rumores que Miami queria o poste brasileiro para se tornar invencível acrescentaram-lhe valor. A seguir a Dwight Howard, Nenê é provavelmente o melhor poste da NBA na actualidade (a ombros com Al Horford e Joakhim Noah). Além disso, muitas equipas (Golden State, Boston, Nova Iorque, Houston, entre outras) precisam muito de jogadores na posição, que nos últimos anos tem sido algo rarefeita em qualidade em comparação com outras na NBA.

 

by Óscar Morgado

28
Jun11

Steve Field

Steve Grácio

         1 – E mais uma vez, um título para a Espanha em futebol. Já começa a ser habitual e os factos valem por si mesmo: a Espanha domina o futebol actual, quer a nível de selecções quer a nível de clubes. Ao ver a selecção sub-21 que venceu o europeu da categoria parece que temos um déjà vu tal é a semelhança com a selecção principal. Tal semelhança só revela o excelente trabalho que tem sido desenvolvido em Espanha, um exemplo a seguir por todos. Isto é, todas as selecções da Espanha (tal como no Barcelona) têm um modelo de jogo comum. Assim, existe uma identidade única que só traz vantagens: traz resultados a curto e longo prazo. A curto prazo porque face à qualidade do modelo surgem resultados. A longo prazo porque os jogadores mais novos chegam à selecção principal e já vão adaptados pois a maneira de jogar é a mesma. Portugal devia de seguir o exemplo da sua vizinha. Com a qualidade dos nossos atletas, os resultados apareceriam a longo prazo. Mais do que qualidades individuais, fazem-se campeões pela criação de uma identidade. A fidelidade a essa identidade irá trazer resultados.

Quanto aos valores desta selecção, o Tiago já os exprimiu, pelo que não o voltarei a fazer. O que é certo é que a selecção principal tem matéria-prima para muitos e bons anos, pelo que se prevê que a onda de bons resultados continue.

Destaque ainda para a selecção vice-campeã, a Suíça, que apresentou um excelente futebol e uma consistência defensiva exemplar com apenas golos sofridos na final. Na Suíça, com menos recursos técnicos que nós, trabalha-se muito e bem, pelo que os resultados, uma vez mais, aparecem. Esta selecção é a mesma que se sagrou campeã mundial de sub-17. Sucessos maiores na selecção principal em perspectiva.

 

         

         2 – No domingo fiquei até tarde acordado para assistir a uma grande partida de futebol. O México venceu a Gold Cup ao bater os EUA por 4-2, mesmo depois de estar a perder por 2-0. Esta selecção Mexicana tem uma excelente equipa. Em 2014 se mantiver esta organização brilhará no mundial do Brasil. Tem de trabalhar mais a organização defensiva, é certo, mas do meio campo para a frente são do melhor que há. Cada ataque, por norma, causa perigo. Uma selecção a seguir com jogadores muito bons, como Giovani dos Santos, que fez uma exibição perfeita na final, coroada com um golo monumental. 

 

 

         3 – Não podia terminar este texto sem referir, ainda que de modo breve, o torneio de Wimbledon. Infelizmente, tenho acompanhado pouco (é o que dá ser a Sporttv a transmitir). Vi hoje o grande jogo entre Nadal e Del Potro. Quanto a mim, sem ser Federer, na relva apenas Del Potro, actualmente, consegue travar o espanhol. Como Nadal venceu e como temo que Federer não esteja no seu melhor nível ou se estiver que irá claudicar mentalmente frente a Nadal, prevejo (mais) uma vitória do espanhol. Espero estar errado, espero ver Federer no auge do seu potencial para travar Nadal. Um torneio para seguir a par e passo daqui adiante.

 

by Steve Grácio

26
Jun11

Área de Ensaio

Pedro Santos

A Caminho do Rugby World Cup

 

 

        No momento em que esta crónica é publicada, faltam exactamente 74 dias, 17 horas, 19 minutos e 40 segundos para o início do Rugby World Cup 2011, segundo uma contagem da International Rugby Board. Parece pouco, mas acreditem que para os amantes da modalidade, estes 74 dias irão parecer uma eternidade. Valem as competições internacionais que ainda decorrem (o Super Rugby, o Junior World Championship e o Circuito Europeu de Sevens), os jogos internacionais de Julho/ Agosto e claro o 2011 Tri-Nations Series, para atenuar esta espera.

       Portanto, creio que chegou a altura de começar a análise ao Campeonato do Mundo de Rugby.

       Esta será a sétima edição do torneio, que se realiza desde 1987, de quatro em quatro anos. A primeira edição do Campeonato do Mundo de Rugby decorreu na Austrália e na Nova Zelândia, e foi ganha pelos All-Blacks, naquela que é ainda a sua única vitória.

       Quatro anos depois, a competição viajou até à Europa. Esta foi a edição com mais organizadores, 5 no total (as equipas do Torneio das 5 Nações). Mas a Taça Webb Ellis, acabou por voltar à Oceânia, e mais concretamente para a Austrália.

       O Campeonato do Mundo de Rugby de 1995 é certamente o mais famoso. A produção cinematográfica fez questão de imortalizar os feitos de François Piennar e o papel de Nelson Mandela na conquista do título pelos sul-africanos. Contudo poucos sabem que esta foi a última edição não – profissional. Em 1996, as principais selecções profissionalizaram-se e iniciou-se a era do rugby profissional.

       Em 1999, o último Campeonato do milénio, voltou a realizar-se na Europa, no País de Gales, e a Austrália tornou-se a primeira selecção a vencer o Campeonato do Mundo de Rugby por duas vezes. Em 2003 e 2007 os campeonatos realizaram-se respectivamente na Austrália e na França, e viram a Inglaterra e a África do Sul levar os troféus.

       Na edição deste ano, mais uma vez estarão presentes 20 equipa (não há surpresas este ano, em relação a 2007, saí Portugal e entra a Rússia) dividas em 4 grupos de 5 equipas. Destes grupos, as duas primeiras equipas irão avançar para os oitavos-de-final, e o terceiro classificado, apesar de eliminado, irá qualificar-se automaticamente para a edição de 2015 na Inglaterra. Depois seguem-se os habituais jogos a eliminar, até que, duas equipas irão estar presentes no dia 23 de Outubro, no Eden Park, em Auckland.

       Infelizmente este ano não poderemos contar com “Os Lobos”, mas, certamente não irão faltar motivos de interesse para se seguir atentamente o Rugby World Cup.

 

       Num contexto diferente, continuam a decorrer competições internacionais que merecem destaque. O Super Rugby (ou Super 15), a grande competição de clubes do Hemisfério Sul, entrou numa fase final. No dia 2 de Julho, realizam-se as meias-finais com os jogos Reds – Blues e Stormers – Crusaders.

       No IRB Junior World Championship, confirmou-se o que se previa, a Nova Zelândia e a Inglaterra atingiram a final, depois de derrotarem a Austrália por 37-7, e a França por 33-18 respectivamente. A final realiza-se hoje (26 de Junho de 2011). Nestas equipas merecem destaque os dois Médios – de – Abertura, George Ford do lado inglês, e Gareth Anscombe, dois jogadores com um enorme potencial.

       O Circuito Europeu de Sevens viajou esta semana até Moscovo. Depois de seis jogos apenas com vitórias, Portugal não foi capaz de vencer a Inglaterra (como aconteceu no sábado, por 28-21) e acabou em 2º lugar neste torneio. Por um lado, sem dúvida que a selecção portuguesa beneficia bastante da presença de jogadores como Jacques Le Roux, Carl Murray, Gonçalo Foro ou Frederico Oliveira. Por outro lado nota-se claramente que os ingleses finalmente começam a atribuir importância a esta competição.

       E como não só de rugby internacional se vive, o Circuito Nacional de Sevens chegou este fim-de-semana ao fim e teve como vencedor o CF “ Os Belenenses”. Depois de vencer os 4 torneios do circuito, foi com naturalidade que os “Azuis do Restelo” chegaram ao título, superando o CDUL e a Académica de Coimbra, que se classificaram em 2º e 3º lugar.

Espera-se agora que a grave crise que afecta o clube, não signifique o fim desta secção, como chegou a ser equacionado, por exemplo para o futsal. O Belenenses além de ser uma das mais competitivas equipas do nosso campeonato, é um clube histórico e cheio de tradição. O nosso campeonato tem muito a ganhar com a sua continuidade.

       Uma situação ainda mais grave, acontece França. Uma das melhores equipas do campeonato francês, o Stade Français está à beira da falência, se não encontrar investidores rapidamente. Para bem do rugby europeu, espero que se encontre uma solução rápida.

 

By Pedro Santos

 

25
Jun11

Futebol de Verão

Minuto Zero

        1. Apesar de não puder ver tantos jogos quantos desejava do torneio, as minhas expectativas em relação a este mostraram-se acertadas.  A selecção espanhola, apresenta no certame, mais uma geração cheia de talento, sempre com um estilo, decalcado, na selecção senior, campeã do mundo e europeia.

        Desde De Gea, revelação do Atlético Madrid, até ao ataque onde brilham Adrián López, Mata e Muniain, este grupo deixa antever que a luta por um lugar na selecção principal nos próximos anos será agerrida.

        Em todos os sectores, mas especialmente no ataque e meio-campo, a rojita mostra um entendimento do jogo já muito amadurecido, revelando no entanto as fragilidades na formação de jogadores para a fase recuada, pelo menos, longe do nível de sectores mais adiantados... mas a culpa, nem me parece ser dos defesas, mas dos pequeños pibes que moram na frente.

 

        Pensando nas necessidades a médio prazo da equipa principal, jogadores como Didác, ou mesmo Montoya ou Azpillicueta, entrariam mais facilmente do que qualquer dos centrais, apesar das boas exibições de Botia ou Domínguez. No meio-campo, Thiago Alcantara e Herera, são feitos da mesma massa de jogadores como Xavi, Iniesta  ou Fabregas. O seu futebol, vive do passe e da temporização, funcionado como interiores voláteis, em constante troca de posição na busca da bola. Depois, conduzem esta como poucos. Thiago Alcantara, de quem o pai, Mazinho, ex-internacional brasileiro, dizia não ter grandes expectativas à pouco mais de um ano, mostra-se ao futebol mundial com uma classe enorme. Provavelmente vai estar no mundial Sub20 da Colombia no próximo mês, mas facto é, que esse futebol sub20, já não é mais o seu habiente. Se Cesc Fabregas chegar ao Barcelona este Verão (finalmente diga-se), custa querer que os culé possam prescindir de um talento destes. Talvés Fabregas tenha tempo de regressar à catalunha...

        Ainda no meio-campo, outro destaque, mas este, já é campeão do mundo. Javi Martinéz, será, provavelmente o jogador mais interessante de toda a rojita, pelo menos pensando num transfer imediato para a selecção principal. Com enorme capacidade física, não deixa de ter, no entanto, um entendimento do jogo e capacidade técnica assinalavel. Entre Busquets e Martinéz, Del Bosque terá certamente de perder algumas noites de sono na hora de escolher.

 

        Na frente, o rotativo ataque espanhol coloca Juan Mata, driblador em miniatura do Valência, também ele campeão do mundo, Adrián López e Iker Muniain. Este ultimo, ainda sub-20, será o jogador mais jovem de toda a selecção. Apareceu aos 16 anos, com a camisola do Atletic Bilbau, tornando-se não só o jogador mais jovem de La Liga, como também o seu mais jovem goleador. O seu futebol, vive das mudanças de velocidade e agilidade, aparecendo bem nos espaços de area, demonstrando uma belíssima capacidade goleadora. Físicamente frágil, não jogaria em muitas selecções por isso mesmo, mas em Espanha, joga-se bem junto à relva. Um caso serío para o futuro do futebol mundial.

 

        2. A preparação para a nova época continua, encerrada nos escritórios admnistrativos dos clubes nacionais. Em destaque, o Sporting coloca-se com uma atitude de resalvar. Vai conseguindo evitar a atenção dos meios de comunicação, garantindo reforços de vália.

        A aposta em Stjin Shaars e Wolfswinkel parece ser umas das mais interessantes. Vão ter de se habituar a um estilo de futebol bem distinto do holandês, mas para já, serão os dois grandes reforços. Um sobretudo com impacto imediato, outro mais resguardado para o médio prazo.

Mas como nem tudo é perfeito, provalvemente (espero não estar a dizer nenhum disparate que me venha arrepender) a contratação mais desnecessária deste defeso. Santiago Arias, jovem lateral colombiano. Já o vi jogar no torneio de Toulon, não me pareceu sequer, perto do pontencial de jogadores como Cedric Soares ou João Gonçalves, isto, já para não falar, em Ricardo Esgaio, provavelmente o maior talento actualmente na academia, que apostaria, dentro de pouco mais de um ano será profissional.

Rodriguez, Shaars, Wolfswinkel ou Rinaudo são opções seguras, mais valias. Carrillo é uma incognita, bem como Turan.

        A maior das dúvidas no entanto, será se este Sporting está, ou não preparado para ombrear com Benfica e Porto pelo título nacional.

 

        3. Grande vitória do Santos paulista na Libertadores. O jogo deixou a impersão de que se o treinador do Peñarol tem arriscado Urreta e Estoyanoff, desiquilibradores pela ala, a história pudia ter sido diferente.

        Para a história fica a festa dos meninos da vila, com Neymar e Ganso em plano de destaque. Quem deixou boas indicações foi Danilo, jovem lateral/médio-direito, colocado na orbita do Benfica. Não é nenhum Ramires aprimorado como se diz, mas sim um jogador com enorme capacidade física, com exelente técnica, mas longe de ser um recuperador ou eximio box-to-box. Na europa, deve mesmo tornar-se lateral. Fiquei com a sensação, que com trabalho, puderá tornar-se um jogador do nível de Daniel Alves e Maicon... veremos se passará por Portugal.

 

 

 

 

By Tiago Luís Santos

 

24
Jun11

Voleibol à Sexta

Sarah Saint-Maxent

Época áurea do voleibol amador?

 

               Mais do que falar do fim-de-semana da seleção nacional, valerá a pena falar um bocadinho do que é o voleibol nesta altura do ano. Já aqui referi o voleibol de praia, mas o verão é mais do que o voleibol de praia profissional ou federado.

               Começa o calor e as praias enchem-se de bolas - de futebol, sim, mas também de voleibol. Qualquer um começa, na brincadeira e com o grupo de amigos, a «dar uns toques», sem grande preocupação com resultados ou com espetáculo. É a altura do ano em que mais pessoas não ligadas, normalmente, ao voleibol têm contacto com a modalidade. E os clubes e organizações apostam nesse caráter lúdico para «chamar» possíveis atletas ou adeptos: proliferam os torneios amadores, paralelamente aos oficiais do Circuito Nacional de Vólei de Praia (CNVP), para quem quiser divertir-se, ao mesmo tempo que compete.

http://www.acrvaledecambra.com/csm/bm~pix/voleibol-praia-aguda~s600x600.jpg

               É certo que são muitas as duplas (ou quadras, muitas vezes chamadas a jogar na vertente «voleibol ar-livre») federadas em voleibol, que participam durante o ano no campeonato nacional indoor, que se inscrevem - e conquistam os primeiros prémios que, em muitos casos, dão direito a prize money. Mas, na verdade, e para quem quer participar sem fazer um grande drama por perder vários - ou todos - os jogos, estes torneios são uma boa opção.

               Mais importante do que o voleibol em si - esse, fulcral para as duplas que fazem destes torneios uma espécie de preparação para o CNVP - é o espírito de camaradagem, de amizade e de entreajuda que se forma durante estes eventos. Para quem está ligeiramente à margem do «mundo» do voleibol, é uma boa opção para ir sabendo umas coisas.

              Em suma, aconselho. Mesmo que não queira ir jogar, vale a pena dar uma voltinha e assistir a meia-dúzia de jogos de voleibol: que tal pelo prazer de assistir a um joguinho enquanto se bronzeia, intercalando o voleibol com uns mergulhos no mar?

 

by Sarah Saint-Maxent

Esta crónica foi escrita ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

22
Jun11

Porque a vida também é feita a correr...

João Perfeito

Portugal (11º) não evita descida da SuperLiga Europeia

 

               Decorreu, no pretérito fim-de-semana, a segunda edição da Superliga de Atletismo. A competição, que contempla, em equipas mistas, as 12 mais poderosas selecções do velho continente. Em cada uma das provas do atletismo, 12 representantes de cada um dos 12 países competiram entre si pela disputa de pontos, ordenados respectivamente consoante a classificação.

               À partida para Estocolmo, a delegação lusa exprimia algum receio sobre a manutenção na liga dourada europeia. As 3 piores delegações desciam à 1ª Divisão. Face às dificuldades com que o atletismo nacional se depara, o receio era natural, mas a capacidade dos atletas poderia fazer sonhar os portugueses com uma classificação que outrora parecia impossível.

               Foi com este sentimento de tentativa de contrariar o destino traçado que Jorge Paula, Francis Obikwelu, Vera Barbosa e Maria Eleonor Tavares alcançaram resultados deveras positivos - nalguns casos, surpreendentes.

               No final da primeira jornada de sábado, e depois no final da jornada de Domingo, veio a constatar-se o inevitável - 11º lugar e despromoção.

                     Fazendo uma retrospectiva do desempenho luso, fico simultaneamente feliz e simultaneamente frustrado e infeliz. Feliz com o utópico 4º lugar de Jorge Paula, o surpreendente 6º lugar de Maria Eleonor Tavares e o sempre importante 3º lugar de Francis Obikwelu.

               O 4º lugar de Jorge Paula foi, se calhar, o grande impulso para Portugal trabalhar mais as barreiras e colmatar melhor esta lacuna do nosso atletismo. É necessário que o nosso atletismo tenha mais completude. As desastrosas prestações no salto em altura e nos lançamentos comprometem a restante delegação nacional. Apenas Vânia Silva e Marco Fortes conseguiram amenizar os resultados dos lançamentos, mas em vão. Por outro lado, Patrícia Mamona, Sónia Tavares (velocidade) Arnaldo Abrantes (velocidade) não deram o passo seguinte na ascensão que as suas carreiras estavam a prometer.  

               Para ainda agradar mais à festa, Portugal teve, a espaços, um desempenho completamente assombroso no meio-fundo - contrastando com os pergaminhos que outrora a nível Mundial e hoje apenas a nível europeu tivemos com tanto mérito.

               É incompreensível que um campeão como Rui Silva não dobre os 1500 e os 3000 para tentar ajudar o seu país na manutenção. Coube a uma das grandes esperanças do atletismo nacional, Rui Pinto (com quem já tive a oportunidade de correr), representar o país nos 1500 metros. Uma estreia de fogo para este jovem que, não obstante todo o talento que possui, aos 18 anos ainda está manso para ser lançados às mais poderosas feras do meio-fundo europeu. Quem também acusou a pressão foi Tiago Aperta - o ainda júnior do Benfica não conseguiu melhor que o último lugar, a quase 10 metros do seu record nacional sénior, brilhantemente batido no mês transacto. El Kalai não confirmou a excelente época de corta-mato e quedou-se pelo 9º lugar nos 5000, enquanto Dulce Félix, tal como Kalai, bronze nos europeus de corta-mato, pagou nos 3000 cara a factura dos treinos da maratona, igualando o resultado de Kalai (9º). Nos 800 metros voltámos a não fugir às últimas posições.

               Positivas e animadoras foram as prestações de Sara Moreira e Rui Silva. Sara Moreira foi, até à última volta, com a campeã olímpica Gulnara-Galkina, uma prova em que demonstrou que será nesta distância a sua principal oportunidade de brilhar nos jogos de Londres. Com o segundo lugar conseguiu a melhor classificação Nacional. Rui Silva (3º) perdeu, por menos de um segundo, o 1º lugar nos 3000, marcando 8.03 - uma corrida táctica - mas um bom indicador para os 5000 e 10000 que provavelmente correrá em Daegu.

               Francis Obikwelu apenas voltou a perder para Chambers e Lemaitre. Cada vez parte melhor e desenvolve pior. Talvez por isso tenha ganho os 60 metros, mas nos 100 será difícil recuperar o sucesso que outrora foi inteiramente seu. Lemaitre. com 9.95, lançou para o Mundo a ameaça ao record europeu de Obikwelu (9.86) e declarou-se confiante para bater Bolt em 2012. Enfim, sonhar não custa.

                   Mas desanimadoras foram as prestações de Nélson Évora e Naide Gomes. As duas únicas aspirações reais a medalhas nos Mundiais de Daegu tiveram desempenhos e marcas modestas. Naide com o 4º lugar, a 6.58, provou que poderá ser uma miragem os 7.00 nos Mundiais, que lhe dariam de certeza uma medalha - terá que esperar um concurso falhado por parte da concorrência para aspirar a um das poucas medalhas que ainda lhe falta conquistar.

                   Nélson Évora está a milhas do desempenho que recentemente elevou a nossa bandeira aos 4 cantos do Mundo. Com 16.33 e apenas o 6º lugar (pior classificação de sempre nos últimos 5 anos em provas europeias), colocou sérias dúvidas à celeridade da sua recuperação que todos os portugueses confiavam. Ou está a fazer um tremendo bluff ou em Daegu será uma desilusão.

                     Concluindo, os resultados foram os esperados. Houve surpresas e desilusões. Mas, mais importante que isso, é necessário que o momento sirva para reflectir e que se tente trabalhar para de uma vez por todas resolver as nossas lacunas no atletismo. Por outro lado, é importante não descurar o meio-fundo e o fundo nacional e desenvolver mecanismos para atletas consagrados mundialmente, como Obikwelu, Rui Silva, Naide Gomes e Nélson Évora, não sejam só passado e no presente e futuro ainda tenham possibilidade de fazer entoar bem alto o nosso hino nos 4 cantos do Mundo.        

                  Assim esperemos… Não teremos outro destino senão sonhar, acreditar e redimensionar os nossos objectivos. Só assim poderemos ser melhores, só assim deixaremos de nos lamentar de dizer que perdemos porque somos um país pequeno.

 

By João Perfeito

22
Jun11

Steve Field

Steve Grácio

1 – É a notícia do dia: Villas Boas abandona a sua “cadeira de sonho” e ruma aos milhões de Londres, num trajecto que, quer queira quer não, se assemelha ao seu mestre Mourinho. Villas Boas bem tenta desmarcar-se dessa ideia, mas o seu caminho segue de modo idêntico.

Hoje em dia, não há “cadeiras de sonho”, não há nada. Há sim dinheiro que seduz qualquer um. Não duvido que seja portista, mas no mundo actual ninguém pode jurar fidelidade a um clube, pois o dinheiro fala mais alto. Quem pensou o contrário, como acredito que muitos portistas o fizeram, é bastante ingénuo.

Agora, fala-se que Falcão e Moutinho rumarão a Londres com o “Special Two”. Caso se confirme, serão duas armas muitos fortes para o ataque à Champions, principal objectivo do clube, falhado por Mourinho. No entanto, com ou sem Falcão e Moutinho, não duvido do sucesso que Villas Boas terá no Chelsea, já que, como já afirmei bastantes vezes, é um fenómeno e não me espantaria muito que superasse Mourinho.

Segue-se Vítor Pereira no caminho do Porto. Uma aposta que certamente se deu por este conhecer os cantos à casa, mais propriamente aos jogadores. Não duvido que a preferência recaía em Domingos ou Jorge Costa, mas estes já têm clube. Assim, o novo técnico portista terá o desafio de continuar a vencer, algo que naquele clube todos parecem conseguir. Vítor Pereira certamente irá vingar no Porto e irá ser mais um dos bons técnicos que o nosso futebol tem.

2 – Aconselho a quem gosta de futebol a acompanhar o campeonato europeu de sub-21. Amanhã irão realizar-se as meias-finais. A favorita Espanha medirá forças com a Bielorrússia, ao passo que Suíça e República Checa jogam a outra meia-final. Estas duas últimas são as sensações da prova pelo futebol apresentado. Os Checos são provavelmente o maior destaque por terem eliminado a Inglaterra, uma das favoritas à conquista final. Sábado haverá a final e o encontro que irá ditar o terceiro lugar e acesso aos jogos olímpicos (não era suposto haver atribuição de terceiro lugar, só irá haver por eliminação precoce da Inglaterra. Caso a Inglaterra tivesse sido apurada, como é anfitriã da competição, os 3 lugares estariam preenchidos. Assim, com a Inglaterra já apurada por ser anfitriã, terá de haver um encontro para decidir o outro apurado para além dos finalistas). Assim, irei tentar debruçar-se sobre esta competição na próxima semana.

21
Jun11

Buzzer - Beater

Óscar Morgado

Quando o todo não tem nada a ver com as partes

 

           O draft da NBA é esta quinta-feira. Ricky Rubiu finalmente decidiu-se em ir para a NBA. O lockout está muito perto de acontecer.

         

Mas sinceramente esta semana não me apetece falar disso. Antes falar do que faz um jogador ser o melhor.

         Kobe Bryant é aquele que nos últimos cinco anos tem recebido esse rótulo: cinco títulos da NBA, (estranhamente) apenas um de MVP, MVP do All-Star, MVP das Finais. Além disso, discutivelmente aquele que melhor sabe como ganhar jogos, uma força da natureza a marcar pontos no quarto período.

         Mas quase 33 anos de idade. E isso pesa a todos. Já o vimos esta época sem conseguir fazer tudo aquilo que fazia nas anteriores. Ninguém lhe tira o mérito de poder estar, discutivelmente, entre os 10, no máximo 15 melhores de sempre. E então quem merece ser coroado?

         A dica não é inocente: o “King” James é o lógico sucessor para melhor jogador de basquetebol do mundo. Muitos o têm restringido a esse tipo de consideração pela falta de títulos colectivos. E mesmo a nível individual, os seus dois MVPs de época regular em anos consecutivos parecem passar ao lado de muitos, ainda mais depois de Derrick Rose terminar o ano à sua frente nessa categoria. Mas como já o disse aqui, o MVP distingue o jogador mais valioso (para uma equipa específica), o que nem sempre significa ser o melhor dos seus pares.

         E portanto gosto de analisar os jogadores com base na sua capacidade pura para o jogo. Não olho muito a factores externos (noutro tipo de análises são importantes, as quais admito serem mais importantes que reconhecimento individual) que influenciam fortemente o desempenho final dos jogadores. E portanto, quando olho analiticamente para os melhores, eis o que vejo…

         Kobe Bryant, sendo ainda o meu favorito, vai perdendo capacidades. Derrick Rose, por mais extraordinário que seja, é difícil vê-lo apenas como um base: aquilo que faz é um misto de base e de marcador de pontos. Kevin Durant ainda precisa de aperfeiçoar o seu jogo. Já Dirk Nowitzki  pode ser considerado como o melhor jogador ofensivo do planeta. O mesmo não se pode dizer da sua defesa.

         E então temos Lebron James. E alguém me pergunta “mas ele é o melhor em quê?”. Ao qual eu respondo “eh…provavelmente em nada, excepto ser melhor que os outros”. Vamos por partes. Do lado defensivo, James é excepcional na defesa de jogadores exteriores, que jogam de frente para o cesto. Mas certamente Chris Paul, Rajon Rondo, Russell Westbrook ou Tony Allen terão uma palavra a dizer sobre isso, estando num patamar semelhante ou superior. Na defesa de postes, que jogam de costas para o cesto, a questão nem sequer se põe. E para os que acham que sim, eu dou-lhes a resposta: Dwight Howard.

         Outros departamentos. Ressalto? Se for preciso para a sua equipa James já provou com os seus números que consegue ganhar 10 ou mais ressaltos em qualquer jogo, tanto na defesa como no ataque. Mas precisaríamos sempre de citar Kevin Love antes dele nessa questão.

         Capacidade física/atlética? Aqui é discutível achar James o melhor. Sendo a força da natureza que ele é, com todos os seus desarmes de lançamento a muitos metros de altura, bem como os estrondosos afundanços, é um perigo para as equipas adversárias, dos dois lados do campo. Mas novamente a NBA está recheada de atletas fenomenais, como Blake Griffin, Derrick Rose, Dwayne Wade ou Nate Robinson.

         Domínio de bola? Aqui não hesito em dizer que James é o melhor nesse aspecto dentro da posição 3, talvez até de entre todos os extremos, por se tratar de uma rara combinação: o point forward, o jogador da posição 3 que é muito forte na posição 1, mais do que na 2 ou na 4. Ainda assim, faz 4 posições. Mas muitos bases, começando por Derrick Rose, têm melhor domínio de bola.

         Terminemos então com a análise do ataque. Há pouco já defendi Nowtizki como o melhor jogador ofensivo, portanto nem era necessário, mas fica aqui a análise. Contrapondo a capacidade de marcar pontos longe do cesto com a curta distância, James é mais forte na última. Aqui reside a minha única dúvida se ele é ou não o melhor em algo específico: a penetração para o cesto. A sua explosividade após o drible, mais a forma como acaba com afundanços poderosos ou bandejas habilidosas, ou até com uma assistência para um colega perto, fazem dele provavelmente o melhor neste aspecto, mas com uma vantagem (se é que ela existe) curta sobre Dwayne Wade, Derrick Rose, Zach Randolph, entre outros. Nos restantes domínios ofensivos há sempre alguém melhor que James: média distância (Kevin Durant), 3 pontos (Ray Allen) e lançamento com oposição (Kobe Bryant).

 

 

         Há depois a questão da inteligência em campo. Sendo certamente um dos mais atentos tanto no ataque como na defesa, e igualmente capaz de colocar 10 assistências por jogo se necessário, com capacidades de passe raras para a sua posição, não tem a mesma visão de jogo de Steve Nash. Nem a mesma motivação defensiva de Kevin Garnett, ou Dwight Howard.

         Portanto a minha demonstração serviu para reiterar que Lebron não é o melhor em coisa nenhuma. Mas eu disse que ele é o melhor. É a combinação de todos estes elementos, quase todos de uma classe de elite, mas que ficam um pouco aquém de serem os mais desenvolvidos de todos, juntando o facto de poder jogar com muita qualidade em 4 posições do campo. Foi notória a diferença dos Cleveland Cavaliers que com James foram a melhor equipa da liga, e que sem ele foram a segunda pior. Toda a sua versatilidade junta faz-nos contemplar um todo que supera em larga medida qualquer uma das suas partes. É certo, não tem campeonatos, mas estas últimas Finais foram um qualquer bloqueio mental inexplicável perfeitamente oposto a todo o restante percurso nos playoffs, que foi brilhante. Tendo ainda 25 anos, creio que Lebron James será, durante muito tempo, o melhor jogador de basquetebol do mundo. Mas a competição será dura.

 

by Óscar Morgado

Pág. 1/4