Depois das inúmeras histórias de grandes jogos no velhinho estádio londrino, o futebol decidiu juntar no mítico relvado duas das mais paradigmáticas e bem sucedidas histórias do futebol.
Tal como à dois anos atrás, Barcelona e Manchester United medem forças numa final da Liga dos Campeões que promete trazer ao Wembley um novo jogo mítico.
Olímpico de Roma, 27 de Maio, 2009
A europa do futebol assitia ao mais esperado encontro da temporada. De um lado o Manchester United campeão europeu, com Cristiano Ronaldo em super forma, apesar de um ano marcado inicialmente por lesões, do outro a equipa sensação do futebol europeu, o novo Barça de Pep Guardiola.
Um ano antes, Pep, treinava a equipa da filial catalã, o Barcelona Atletic (vulgo Barcelona B), tendo sido chamado para o lugar do malogrado Frank Riijkaard no inicio da temporada. Seria o inicio de uma nova "era" que voltaria a colocar o Barcelona entre o lote das super favoritas à maior competição europeia de clubes.
O estilo de jogo que impôs no "seu" Barcelona deixou de boca aberta a Europa e o mundo nesse ano: processos simples, cultura de passe e desmarcação, jogo apoiado, posse de bola infindável, mas sobretudo capacidade técnica de grandes jogadores aliada a um modelo de jogo muito bem compreendido.
Os Red Devils por seu lado, entravam na capital romana como detentores do título, galvanizados por mais uma grande época, na qual haveriam de conquistar o título de campeão inglês. O que passava no entanto pela mente de Fergusson era o temor de jogar contra uma equipa á qual, durante toda a temporada, ninguém na Europa do futebol havia conseguido fazer frente.
O único percalço do Barcelona havia sido na meia final, onde frente ao super organizado Chelsea, então orientado por Hiddink, conseguiria apenas a vitória a minutos do fim da segunda-mão em Londres, de pois de um golo de Iniesta.
Jogariam da seguinte forma Barcelona e Manchester:
Barcelona: 4x3x3 (puderia dizer mesmo 2x3x2x3 pela forma como monta o ataque em posse)
...............................Valdéz.................................
..................Touré................Piqué.......................
Puyol..................Busquets...................Sylvinho..
.................Xavi....................Iniesta....................
.....Eto'o............... Messi......................Henry.......
A grande novidade no Barça era mesmo Messi sobre a zona central, fugindo da direita. Com movimentos de busca da bola em terrenos recuados, daria ao Barcelona uma infindável capacidade de encontrar linhas de passe no centro, agindo com falso ponta de lança. Eto'o, habitual avançado centro e Henry, apareciam sobre as alas para garantir largura, ou em movimentos diagonais á procura do remate dentro da área adversária.
Neste jogo, Yaya Touré seria central, permitindo a Puyol jogar sobre a direita órfã de Daniel Alves.
Manchester United: 4x4x2\4x3x3
.....................van der saar...................
O'Shea.......Fernidand....Vidic.......Evra..
Park.......Carrick......Anderson.....Giggs.
.............Rooney....Ronaldo...................
Dinâmico e sempre em busca de basculações de esquema, o United coloca Park como peça essencial no meio campo, que equilibra a equipa a defender. Anderson e Giggs são apostas para tentar servir com qualidade e volume de jogo Ronaldo e Rooney, avançados deambulantes, ora à esquerda, ora ao centro, ora à direita.
Passava também pela estratégia baixar o bloco, tentando levar o Barcelona a abrir espaços nas costas dos defesas para Rooney, mas sobretudo para Ronaldo.
Com Giggs e Anderson, Rooney cai muitas vezes para a esquerda, movendo o lendário jogador do país de Gales para a zona interior.
No banco de início, Berbatov e Tevéz mostram claramente qual a estratégia definida por Ferguson. Acabariam por entrar, quando o jogo à muito estava resolvido.
O resultado acabaria por ser uma vitória indiscutível do positivo futebol do Barcelona, que melhor soube entender os momentos do jogo, não deixando o Manchester recuperar a bola em zonas perigosas, e sobretudo fazendo uma importante gestão de esforço com bola. Angustiado, o United procurava a bola no seu meio campo, sem nunca conseguir entregar esta ao jeito dos seus perigosos avançados.
Resultado final, 2-0, golos de Eto'o e Messi.
Dois anos volvidos, as duas formações voltaram a defrontar-se desta vez em terreno bem mais Anglosaxónico: estádio de Wembley, não o velhinho míto do futebol, mas o remodelado, construído a pensar em grandes finais. Esta será talvez a sua estreia em momentos históricos.
Em 2011, Fergie não poderá contar com Ronaldo, que se transferiu depois da final de Roma para o Real Madrid, mas continuará a dispor do mesmo núcleo duro do plantel de 2009.
Giggs, Scholes, Van der Saar, Fernidand... experientes jogadores que resistem à passagem do tempo em grande nível, refinados pela experiência acumulada no caso de alguns, em mais de 20 anos de futebol ao mais alto nível.
Para além destes "jovens", outros procuram colocar o seu nome na história do Manchester, explodindo no futebol de elite. São os casos de Nani, Javier Hernandéz, Rafael, Anderson ou até mesmo o mais rodado Valência. Ao seu lado, Rooney, Carrick, Vidic ou Berbatov, garantem uma formação de altíssimo rendimento, com jogadores de diferentes gerações, mas com a mesma filosofia.
Basta olhar para o entusiasmo de Fergunson, para perceber que este United continua a ter, um carisma especial que fez dele um dos mais bem sucedidos clubes da última década.
Do lado do Barcelona, e passada a fase dos "4 clássicos" com o Real, na qual de resto apenas registou como resultado negativo a perca do título da Taça do Rey, Guardiola conta com um plantel de luxo, muito próximo do de 2009.
Saíram desde então jogadores como Eto'o, Henry ou Rafael Marquéz, entrando David Villa, Mascherano ou Afellay, mas sobretudo, mantendo o padrão e a capacidade competitiva.
No ano passado, ficaram pelo caminho contra o Inter de Mourinho, entregando o título de campeão europeu para um futebol de cariz mais pragmático (sem fazer juízos de valor). Esta temporada, com um perfume reforçado, o Barcelona quererá certamente deixar nova marca eterna no futebol mundial.
No novo Wembley, a atitude perante o jogo das duas equipas deve ser próxima daquela que marcou a final de 2009.
O United, esta temporada ainda mais pragmático em termos europeus do que o normal, apresentará um meio campo reforçado na zona central, talvez mesmo ensaiando um 4x3x3, que mais não é do que um 4x1x4x1 a atacar.
As linhas de meio campo e defesa, devem jogar próximas, tal como na meia final contra o Schalke, adversário, diga-se, que apesar de todo o mérito, tinha bem menos qualidade do que o Barça.
A pressão defensiva deve principiar apenas na zona do centro do seu meio campo defensivo, deixando as alas e zonas recuadas para o Barcelona trocar a bola. O centro de jogo deve ser reforçado, visando impedir que Messi, como fez à dois anos, tenha a bola em zonas centrais de criação, obrigando, tal como aconteceu a espaços contra o Real, o argentino a voltar à direita.
Arrisco então (com margem de erro visto a distancia no calendário para 28 de Maio) o seguinte onze:
...........................Van der Saar..............................
Rafael.............Fernidand....Vidic........................Evra
Park...............Carrick......Scholes(ou Fletcher)...Nani
................................Giggs.......................................
...............................Rooney.....................................
Neste onze, Ferguson pode fazer variar Nani e Park de flanco, embora, contra Daniel Alves, seja ideal jogar mesmo Nani. A hipótese Valência parece mais afastada, visto a necessidade de jogadores mais polivalentes, ou seja, na posição em causa que joguem tanto à esquerda como à direita. Anderson deve ficar no banco, depois do erro de casting de 2009. Já Fletcher seria o jogador ideal para fazer de Pepe, ou seja, deixar Messi sem espaço para jogar. O problema é que passou a temporada lesionado, por isso Scholes deve ser a opção que mais garantias oferece.
A grande dúvida no entanto, será a colocação, ou não, de Chicarito, ou mesmo de Berbatov, no eixo de ataque. Ai, o sacrificado puderia ser Nani, deixando a meia esquerda para Rooney...
Do lado da equipa culé o onze incial é muito mais óbvio. Sem problemas físicos (típicos nesta fase da temporada) serão:
......................Valdés......................
.................Puyol....Piqué................
Daniel.........Busquets..........Adriano
..........Xavi..................Iniesta.........
Pedro...........Messi.............Villa......
Em principio a grande baixa será Abidal, ainda numa fase muito débil depois de graves problemas de saúde.
A dúvida consta no upgrade tático, que tal como há dois anos aconteceu, pode ser decisivo. Não se perspetiva no entanto essa modificação. Acontecendo, talvez passasse por colocar Afellay, provavelmente sobre a direita no lugar de Pedro, podendo durante o jogo trocar de posto com Iniesta.
Algo mais arrojado, parece ter estado no pensamento de Guardiola, que em vários jogos da primeira metade do campeonato, sempre que utilizava uma segunda linha de jogadores, vez evoluir em campo um 3x4x3, mas que não passará para já de uma ideia de longo prazo talvez... mas mesmo neste Barça incrível, de difícil execução.
Nota: Devido a impedimento pessoal o artigo sai com 1 dia de atraso. A todos os leitores peço encarecidas desculpas.
By Tiago Luís Santos