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Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

Minuto Zero

07
Mai11

A Guerra das Rosas

Pedro Salvador

Com as Finais à Porta

 

 

            As meias-finais estão já bem perto do fim e as minhas previsões da semana passada ainda não falharam, e tudo aponta para que sejam 100% correctas. O Porto já está na final (eliminou ontem o conjunto de Guimarães), e tem tempo para a preparar bem, sendo que o Benfica pôs em risco o seu apuramento ao perder ontem com a Académica por 71-68, ficando a eliminatória em 2-1 para os encarnados.

            A verdade é que este Porto está a ser um autêntico rolo compressor azul e branco a passear pela Liga de Basquetebol, vencendo tudo o que é equipa, ganhando a dois adversários muito complicados nos playoffs, e perdendo apenas um jogo na fase regular, de forma muito disputada, precisamente contra a Académica de Coimbra. O Benfica, por outro lado, está consideravelmente longe do seu rival do norte: fez uma época tristonha e, apesar de ter uma alta percentagem de vitórias na fase regular da LPB, não apresentou na grande maioria das vezes um basquetebol bem orquestrado, para não referir que perdeu por quatro vezes, sendo duas dessas contra os dragões, e outra contra a Académica, o seu adversário nas meias-finais. Por sua vez a Académica fez uma boa fase regular, em grande parte devido às exibições brilhantes de Matthew Shaw e Tommie Eddie, foi a única equipa a perder um jogo nos quartos-de-final, frente ao Ginásio Clube Figueirense, e agora tenta levar a melhor sobre os encarnados nas meias.

            As duas equipas estão ao rubro, o Benfica completamente motivado para reagir ao desaire de ontem com uma vitória expressiva e a Académica embalada pelo triunfo de ontem e por ter em sua posse o factor “casa”, faz me prever um jogo fantástico amanhã no Multiusos Mário Mexia.

            Mas, lá no fundo, é indiferente. Passe quem passe, o Porto mata. O playoff podia ter mais 5 eliminatórias que aquela equipa levava tudo a 3-0. Com uma equipa bem montada, com praticamente todos os portugueses que a constituem já com internacionalizações e com um monstro do basquetebol como é o Greg Stempin, aquela equipa muito dificilmente será derrubada. Muito mais se pensarmos que, com o formato de final a 7 jogos, o Porto tem maior probabilidade de jogar em casa o jogo decisivo, sendo que ficou melhor classificado na fase regular, começando ainda a final a jogar em casa, nos primeiros 2 jogos.

            Agora basta imaginar o ambiente que estará no Dragão Caixa, se o Porto precisar de um jogo para se sagrar campeão, e a final for, digamos, contra o Benfica. As hipóteses de o visitante ganhar nessas condições são quase nulas. A pressão do público sobre a arbitragem e sobre a concentração da equipa adversária iria surgir mais tarde ou mais cedo no jogo, e basta um minuto de falta de concentração para cair um triplo e um ou outro contra-ataque e o Porto já abriu uma distância considerável no jogo.

            Caso a Académica ou o Benfica queiram ser campeões nacionais, só têm uma coisa a fazer: ganhar os primeiros 2 jogos no Porto, onde os azuis e brancos podem ainda não estar a todo o gás por ser o início da eliminatória, para ter o quarto jogo decisivo em casa, onde essa pressão do público pode beneficiá-los a eles.

            De qualquer das maneiras, espera-se uma final emocionante, com as duas melhores equipas do basquetebol nacional a medirem forças no que serão os melhores jogos da época. O topo do basquetebol 2010/2011. Resta saber quem é que enfrentará o Porto...

07
Mai11

A caminho de Dublin

Minuto Zero

1. Porto e Braga carimbaram presença na final de Dublin esta semana, deixando pelo caminho Villareal e Benfica.

Embora com exibições (e resultados) bem diferentes, Futebol Clube do Porto e Sporting de Braga atingem por fim a tão ambicionada final, que poderá ser pedra de toque na grande temporada que as duas equipas conseguiram.

 

Contra o Benfica, o pragmático Braga de Domingos mostrou que é psicologicamente bem melhor do que a turma da luz. Se é verdade que a massa associativa do Benfica coloca bem mais pressão sobre a sua equipa de futebol, não terá sido por ai que não estará presente em Dublin.

Até fez um campeonato de boa qualidade, diria, que se não fosse este incrível Porto, num ano comum o clube lisboeta até poderia ter sido campeão (tal como o Braga o ano passado), mas a verdade é que não resistiu à capacidade do arqui rival, muito, por culpa própria.

Não foram só os erros de Roberto que fizeram com que o Benfica apenas tenha conquistado a Taça da Liga... o jogo com o Braga é o espelho de como os encarnados acabaram por não conseguir cumprir com as (demasiado) altas expectativas de ínicio de época.

Chegou-se a falar em Liga dos Campeões... a verdade é que num grupo bastante acessível o Benfica acabou por mostrar que a sua forma de jogar não é suficientemente estável para conseguir competir com equipas bem mais equilibradas. Lyon, Schaulk, Porto, Braga... até mesmo por momentos o PSV e PSG mostraram que este Benfica precisa de se redefinir em termos europeus.

O 4x1x3x2 de Jesus, vive demasiado preso ás rápidas transições com bola dos seus médios ofensivos. O melhor Benfica do ano, com Aimar, Salvio e Gaitan no meio campo, é o melhor exemplo disso. Com este estilo, ou as coisas correm muito bem, enervando o adversário, ou então, face a oponentes de grande craveira, facilmente o Benfica é encontrado em contra pé.

Culpa de Jorge Jesus? Um pouco claro. Não faz nenhum sentido no entanto questionar a sua competência. Basta relembrar quantos anos o Benfica nem sequer sonhar conseguia, quanto mais conquistar títulos.

 

Em Braga tudo parece bem mais sereno. Celtic, Sevilla, Arsenal, Shakthar, Liverpool e agora Benfica, provaram a capacidade desta formação, que até perdeu alguns jogadores nucleares em Janeiro (sobretudo Moisés) mas que se soube recrear. Falta agora a confirmação, face a um adversário em "ponto de rebuçado" como é neste momento o Porto de Vilas Boas.

 

Um pouco mais a sul, os Dragões vivem dias de glória. Uma época marcada pelo 5-0 e pela reviravolta para a Taça contra o Benfica, que quase valem mais do que o próprio título de campeão (passo o exagero) ... agora falta a consagração da equipa e do estilo muito próprio deste Porto.

Para a memória agora, mais um jogo que merece ser recordado: o 5-1 no Dragão frente ao Villareal, é provavelmente a melhor recordação possível desta grande equipa.

 

Veremos se a final será mais um capítulo do conto de fadas futebolístico dos azuis e brancos nesta temporada.

 

 

 

 

 

 

2. Na taça Libertadores, principal competição sul americana de clubes, todo o destaque vai para a eliminação de várias equipas brasileiras e argentinas, quando apenas vamos nos quartos de final. Grémio, Estudiantes, Cruzeiro, Internacional e Fluminense, não passaram por testes de qualidade mediana, contra equipas de países bem menos competitivos. Sobram agora Veléz Sarsfield e Santos, os únicos clubes destas duas nações do futebol que estarão nos "quartos".

 

Quadro dos quartos de final:

 

Peñarol (Uruguai) vs Universidade Católica (Chile)

Onde Caldas (Colômbia) vs Santos (Brasil)

Vélez (Argentina) vs Libertad (Paraguai)

Jaguares (México) vs Cerro Porteño (Paraguai)

 

Olhando para este quadro, vemos uma panóplia de clubes algo surpreendente. Apenas o Paraguai apresenta duas equipas nesta fase da competição, incluindo o Cerro de Iturbe.

 

Será sinal de que o futebol sul americano está a mudar de rumo? Penso que não, o que se passa é que como normalmente, Argentinos e Brasileiros não resistem as constantes redefinições nos planteis, deixando de lado a estabelidade dos planteis. São os imperativos do mercado, mas também sinais de que o trabalho deve cada vez ser feito cada vez mais pensando a longo prazo, revitalizando o futebol aducicado desta zona do globo.

 

 

 

 

 

 

By Tiago Luís Santos

06
Mai11

Voleibol à Sexta

Sarah Saint-Maxent

Benfica afunda-se nos Açores

 

               Associação de Jovens da Fonte Bastardo. É o nome do novo campeão nacional de voleibol masculino. É surpreendente? Sim. E também levanta algumas questões relativas ao modelo competitivo. Mas não deixa de ser uma demonstração de mérito da equipa açoriana.

ajfontebastardo.blogspot.com

 

               Há duas semanas, disse aqui que dificilmente a formação encarnada se deixaria bater neste play-off final. Estava enganada: parece que é a sina do SL Benfica perder os campeonatos da forma mais improvável. No ano passado, o SC Espinho anulou uma vantagem de zero jogos a dois, conquistando os três seguintes e conquistando o título. Este ano, num modelo à melhor de três, a formação da luz desperdiçou a vantagem de começar esta fase final a jogar em casa. Depois de um merecido 1-3, a equipa açoriana tinha tudo para roubar o sonho aos benfiquistas.

               E não era um sonho pequeno: lembremo-nos do investimento brutal que o Benfica fez este ano, apostando tudo na conquista do título, de que já aqui falei. Não foi pouco aquilo que a equipa começou a perder quando cedeu em casa.

               Perante o seu público, a Fonte Bastardo estava mais que decidida a ganhar. Provavelmente não pensaram, até há duas semanas, que iriam jogar essa partida nos Açores com uma vantagem importantíssima, mas isso não se refletiu. A equipa não tinha, ao contrário da formação liderada por José Jardim, grande coisa a perder. Na verdade, só subiram à divisão principal do voleibol português em 2005 e nunca tinham chegado ao play-off final. É certo que investiram na modalidade este ano, o que lhes permitiu a contratação do atacante Manuel Silva, mas não comparemos esse com o investimento do clube da luz.

               Na minha opinião, o título decidiu-se na luz: uma Fonte Bastardo consistente, embora não brilhante, derrotou um Benfica esgotado. Aquele que é, na minha opinião, o melhor jogador da equipa, Flávio Cruz, esteve péssimo. Sem brilhar na defesa e, sobretudo, totalmente ineficaz no ataque, foi uma baixa de peso. Ainda assim, Jardim insistiu nele e só no quarto set fez entrar Tony Ching.

               Lá está a outra asneira: Raidel Toiran voltou a ser titular. E quando Raidel Toiran é titular, desastres acontecem. Não vi os treinos da equipa da luz antes do jogo, e houve, de certeza, alguma razão para o cubano ter sido escolhido para substituir o habitual Ching. Ainda assim, tenho a certeza que a capacidade defensiva do americano teria dado ao Benfica mais uma arma para tentar contrariar uma formação açoriana na mó de cima. Depois dessa derrota, era só esperar que a Fonte Bastardo cumprisse, como fez.

               Se esta situação se tivesse dado no ano passado, provavelmente a história era diferente. Em 2009/2010, o Benfica tinha esta vantagem – os dois jogos ganhos que deram a vitória à equipa da Terceira – e acabou por ceder face aos tigres. Este modelo a três jogos incapacitou o Benfica, é certo, sobretudo porque se viram privados do distribuidor habitual, Paulo Renan, por lesão. Quem sabe se esta semana já poderia jogar e, assim, dar a volta à questão.

               No entanto, tudo isto é forma de atenuar a derrota dos encarnados. E os vencedores não merecem que se atenue a sua vitória, conquistada com esforço, com consistência, com um grande nível. E, como dizia o outro, «ganha quem faz mais por isso», e a Associação de Jovens da Fonte Bastardo fez mais por isso do que o Sport Lisboa e Benfica.

 

By Sarah Saint-Maxent

 

Esta crónica foi escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico

05
Mai11

Welcome to new Wembley!

Minuto Zero

Depois das inúmeras histórias de grandes jogos no velhinho estádio londrino, o futebol decidiu juntar no mítico relvado duas das mais paradigmáticas e bem sucedidas histórias do futebol.

 

Tal como à dois anos atrás, Barcelona e Manchester United medem forças numa final da Liga dos Campeões que promete trazer ao Wembley um novo jogo mítico.

 

 

Olímpico de Roma, 27 de Maio, 2009

 

A europa do futebol assitia ao mais esperado encontro da temporada. De um lado o Manchester United campeão europeu, com Cristiano Ronaldo em super forma, apesar de um ano marcado inicialmente por lesões, do outro a equipa sensação do futebol europeu, o novo Barça de Pep Guardiola.

Um ano antes, Pep, treinava a equipa da filial catalã, o Barcelona Atletic (vulgo Barcelona B), tendo sido chamado para o lugar do malogrado Frank Riijkaard no inicio da temporada. Seria o inicio de uma nova "era" que voltaria a colocar o Barcelona entre o lote das super favoritas à maior competição europeia de clubes.

O estilo de jogo que impôs no "seu" Barcelona deixou de boca aberta a Europa e o mundo nesse ano: processos simples, cultura de passe e desmarcação, jogo apoiado, posse de bola infindável, mas sobretudo capacidade técnica de grandes jogadores aliada a um modelo de jogo muito bem compreendido.

 

Os Red Devils por seu lado, entravam na capital romana como detentores do título, galvanizados por mais uma grande época, na qual haveriam de conquistar o título de campeão inglês. O que passava no entanto pela mente de Fergusson era o temor de jogar contra uma equipa á qual, durante toda a temporada, ninguém na Europa do futebol havia conseguido fazer frente.

O único percalço do Barcelona havia sido na meia final, onde frente ao super organizado Chelsea, então orientado por Hiddink, conseguiria apenas a vitória a minutos do fim da segunda-mão em Londres, de pois de um golo de Iniesta.

 

Jogariam da seguinte forma Barcelona e Manchester:

 

Barcelona: 4x3x3 (puderia dizer mesmo 2x3x2x3 pela forma como monta o ataque em posse)

 

...............................Valdéz.................................

..................Touré................Piqué.......................

Puyol..................Busquets...................Sylvinho..

.................Xavi....................Iniesta....................

.....Eto'o............... Messi......................Henry.......

 

A grande novidade no Barça era mesmo Messi sobre a zona central, fugindo da direita. Com movimentos de busca da bola em terrenos recuados, daria ao Barcelona uma infindável capacidade de encontrar linhas de passe no centro, agindo com falso ponta de lança. Eto'o, habitual avançado centro e Henry, apareciam sobre as alas para garantir largura, ou em movimentos diagonais á procura do remate dentro da área adversária.

Neste jogo, Yaya Touré seria central, permitindo a Puyol jogar sobre a direita órfã de Daniel Alves.

 

Manchester United: 4x4x2\4x3x3

 

.....................van der saar...................

O'Shea.......Fernidand....Vidic.......Evra..

Park.......Carrick......Anderson.....Giggs.

.............Rooney....Ronaldo...................

 

Dinâmico e sempre em busca de basculações de esquema, o United coloca Park como peça essencial no meio campo, que equilibra a equipa a defender. Anderson e Giggs são apostas para tentar servir com qualidade e volume de jogo Ronaldo e Rooney, avançados deambulantes, ora à esquerda, ora ao centro, ora à direita.

Passava também pela estratégia baixar o bloco, tentando levar o Barcelona a abrir espaços nas costas dos defesas para Rooney, mas sobretudo para Ronaldo.

Com Giggs e Anderson, Rooney cai muitas vezes para a esquerda, movendo o lendário jogador do país de Gales para a zona interior.

No banco de início, Berbatov e Tevéz mostram claramente qual a estratégia definida por Ferguson. Acabariam por entrar, quando o jogo à muito estava resolvido.

 

O resultado acabaria por ser uma vitória indiscutível do positivo futebol do Barcelona, que melhor soube entender os momentos do jogo, não deixando o Manchester recuperar a bola em zonas perigosas, e sobretudo fazendo uma importante gestão de esforço com bola. Angustiado, o United procurava a bola no seu meio campo, sem nunca conseguir entregar esta ao jeito dos seus perigosos avançados.

 

Resultado final, 2-0, golos de Eto'o e Messi.

 

 

Dois anos volvidos, as duas formações voltaram a defrontar-se desta vez em terreno bem mais Anglosaxónico: estádio de Wembley, não o velhinho míto do futebol, mas o remodelado, construído a pensar em grandes finais. Esta será talvez a sua estreia em momentos históricos.

 

Em 2011, Fergie não poderá contar com Ronaldo, que se transferiu depois da final de Roma para o Real Madrid, mas continuará a dispor do mesmo núcleo duro do plantel de 2009.

Giggs, Scholes, Van der Saar, Fernidand... experientes jogadores que resistem à passagem do tempo em grande nível, refinados pela experiência acumulada no caso de alguns, em mais de 20 anos de futebol ao mais alto nível.

Para além destes "jovens", outros procuram colocar o seu nome na história do Manchester, explodindo no futebol de elite. São os casos de Nani, Javier Hernandéz, Rafael, Anderson ou até mesmo o mais rodado Valência. Ao seu lado, Rooney, Carrick, Vidic ou Berbatov, garantem uma formação de altíssimo rendimento, com jogadores de diferentes gerações, mas com a mesma filosofia.

Basta olhar para o entusiasmo de Fergunson, para perceber que este United continua a ter, um carisma especial que fez dele um dos mais bem sucedidos clubes da última década.

 

Do lado do Barcelona, e passada a fase dos "4 clássicos" com o Real, na qual de resto apenas registou como resultado negativo a perca do título da Taça do Rey, Guardiola conta com um plantel de luxo, muito próximo do de 2009.

Saíram desde então jogadores como Eto'o, Henry ou Rafael Marquéz, entrando David Villa, Mascherano ou Afellay, mas sobretudo, mantendo o padrão e a capacidade competitiva.

No ano passado, ficaram pelo caminho contra o Inter de Mourinho, entregando o título de campeão europeu para um futebol de cariz mais pragmático (sem fazer juízos de valor). Esta temporada, com um perfume reforçado, o Barcelona quererá certamente deixar nova marca eterna no futebol mundial.

 

 

No novo Wembley, a atitude perante o jogo das duas equipas deve ser próxima daquela que marcou a final de 2009.

 

O United, esta temporada ainda mais pragmático em termos europeus do que o normal, apresentará um meio campo reforçado na zona central, talvez mesmo ensaiando um 4x3x3, que mais não é do que um 4x1x4x1 a atacar.

As linhas de meio campo e defesa, devem jogar próximas, tal como na meia final contra o Schalke, adversário, diga-se, que apesar de todo o mérito, tinha bem menos qualidade do que o Barça.

A pressão defensiva deve principiar apenas na zona do centro do seu meio campo defensivo, deixando as alas e zonas recuadas para o Barcelona trocar a bola. O centro de jogo deve ser reforçado, visando impedir que Messi, como fez à dois anos, tenha a bola em zonas centrais de criação, obrigando, tal como aconteceu a espaços contra o Real, o argentino a voltar à direita.

 

Arrisco então (com margem de erro visto a distancia no calendário para 28 de Maio) o seguinte onze:

 

...........................Van der Saar..............................

Rafael.............Fernidand....Vidic........................Evra

Park...............Carrick......Scholes(ou Fletcher)...Nani

................................Giggs.......................................

...............................Rooney.....................................

 

Neste onze, Ferguson pode fazer variar Nani e Park de flanco, embora, contra Daniel Alves, seja ideal jogar mesmo Nani. A hipótese Valência parece mais afastada, visto a necessidade de jogadores mais polivalentes, ou seja, na posição em causa que joguem tanto à esquerda como à direita. Anderson deve ficar no banco, depois do erro de casting de 2009. Já Fletcher seria o jogador ideal para fazer de Pepe, ou seja, deixar Messi sem espaço para jogar. O problema é que passou a temporada lesionado, por isso Scholes deve ser a opção que mais garantias oferece.

A grande dúvida no entanto, será a colocação, ou não, de Chicarito, ou mesmo de Berbatov, no eixo de ataque. Ai, o sacrificado puderia ser Nani, deixando a meia esquerda para Rooney...

 

Do lado da equipa culé o onze incial é muito mais óbvio. Sem problemas físicos (típicos nesta fase da temporada) serão:

 

......................Valdés......................

.................Puyol....Piqué................

Daniel.........Busquets..........Adriano

..........Xavi..................Iniesta.........

Pedro...........Messi.............Villa......

 

Em principio a grande baixa será Abidal, ainda numa fase muito débil depois de graves problemas de saúde.

A dúvida consta no upgrade tático, que tal como há dois anos aconteceu, pode ser decisivo. Não se perspetiva no entanto essa modificação. Acontecendo, talvez passasse por colocar Afellay, provavelmente sobre a direita no lugar de Pedro, podendo durante o jogo trocar de posto com Iniesta.

Algo mais arrojado, parece ter estado no pensamento de Guardiola, que em vários jogos da primeira metade do campeonato, sempre que utilizava uma segunda linha de jogadores, vez evoluir em campo um 3x4x3, mas que não passará para já de uma ideia de longo prazo talvez... mas mesmo neste Barça incrível, de difícil execução.

 

 

Nota: Devido a impedimento pessoal o artigo sai com 1 dia de atraso. A todos os leitores peço encarecidas desculpas.

 

 

 

By Tiago Luís Santos

 

 

 

05
Mai11

Comunicado nº4/2011

Minuto Zero

A Equipa Minuto Zero' informa oficialmente todos os seus leitores das alterações efectuadas no seio da sua constituição. A saber:

Direcção: Tiago Luís Santos

Vice-Direcção e Relações Externas: Sílvia Santos

Edição de Futebol: Jorge Sousa

Edição de Modalidades: Sarah Saint-Maxent

 

Mais se informa que o Regulamento Minuto Zero' será publicado aquando do lançamento do novo template do Blog.

04
Mai11

Em Frente

Jorge Sousa

Tratamento de Grande

 

                Dá-me um gosto bastante grande ser do clube que sou. Saber que somos tratados de forma séria e justa (dependendo do adversário) como seria de esperar num desporto que tem como principal slogan “fair-play”. Gosto bastante de árbitros justos e correctos, capazes de manter a fluidez do jogo, mas assumindo o que há a assumir no momento oportuno.

                Dá-me enorme tristeza ver a forma como uns são filhos e outros são enteados. Viver uma modalidade, no meu país, cada vez mais bipolarizada para corresponder aos desejos de algo não tão claro. Não consigo perceber (talvez, até consiga…), como alguns árbitros aplicam as leis exactamente dentro do esperado perante algumas equipas e, para outras, deixam que a anarquia reine, qual selva, qual quê, regendo-se o jogo somente pela lei do mais forte.

                Apelava Carlos Freitas a uma igualdade de critérios para todos. Apelava a que não se fizesse do Sporting o parente pobre dos grandes de Portugal. (Mas que raio de desejo sinistro é este de, sabendo a miséria actual do clube, tentar sempre mantê-lo assim, por meios não necessários…) Isto deixa-me a pensar que talvez o clube adormecido, falido, ou lá como lhe queiram tratar, ainda assusta alguém.

 

                Eu vejo um André Santos bem expulso, mas depois penso e vejo que, por exemplo, um Javi Garcia faz o mesmo ou pior constantemente e, para ver um amarelo, é preciso que quase parta a perna a alguém. Diferença? O primeiro é violento, o segundo é viril e somente joga duro.

                Eu vejo um João Pereira expulso por palavras a um árbitro, quando há bem pouco tempo o Fábio Coentrão teve a trocar carícias com um árbitro, para no final ter tratamento oposto. Mas espera, o árbitro era o Duarte Gomes! O belo do árbitro que depois de levar uma peitada do Belluschi se encolheu e lhe mostrou um tímido cartão amarelo. Diferenças?  “Tá calado pah! Só choradinho! Então não viste que aquilo foi assim porque... (o argumento não chega) … Terceiro lugar toma! (bom argumento) ”

                Num país com elevada crise de valores morais, o futebol tende, como aliás sempre tendeu, a seguir exactamente esse caminho. Descaradamente. Temos um jogador que por tentativa de agressão apanha um mês, quando o treinador que o agrediu apanha 11 dias (remetendo-se o castigo somente para uma altura em que os jogos em disputa para nada já contavam).

                E depois querem falar em justiça? Em corrupção? Falem à vontade! Fala o lá de cima, fala o cá de baixo e eu, que graças a deus sou de um clube que passe ao lado disso (também por culpa própria: somos demasiado transparentes para entrar nesses jogos e termos o nosso nome associado ao que quer que seja) é que abano a cabeça e rezo pelo dia em que se actua seriamente em Portugal. Até lá, circo e pão para quem quiser que isto tem é piada um guarda Abel aqui, um Diabo de Gaia a agredir árbitros ali e a polícia de choque a invadir bancadas em Alvalade.

                Não somos já grandes? Então não nos chateiem.

 

Saudações Leoninas,

by Jorge Sousa

04
Mai11

Porque a vida também é feita a correr...

João Perfeito

Uma porta aberta para o Mundo

 

 

Em finais de Abril Renaud Lavillenie, actual campeão europeu de pista coberta no salto à vara estagiou em Portugal, mais propriamente entre os dias 25 e 30 de Abril na cidade de Lagos

Os melhores especialistas da actualidade puderam acompanhar a par e passo todos os mecanismos de treino do actual melhor atleta do Mundo do salto à Vara.

Vavillenie recorde-se que tem grande apreço por Portugal, sobretudo depois de às dois anos ter alcançado em solo luso a melhor marca mundial do salto à Vara, na altura 6.01.

Este estágio será certamente uma maneira de tentar destronar o actual campeão mundial Steve Hooker, que nos mundiais transactos precisou apenas dum salto para se sagrar campeão.

Mas mais do que falar do prestigiado atleta gaulês penso que a sua passagem em Portugal é um indício de que algo está para mudar nos saltos verticais em Portugal.

Portugal tem um longo e glorioso passado nas provas de fundo, mais recentemente e não só através de Francis Obikwelu tem também conseguido catapultar a velocidade nacional para um assinalável lugar no panorama europeu. Nos saltos horizontais Naide Gomes e Nélson Évora são as nossas figuras de proa da esperança pelas medalhas. Mas antes já Carlos Calado tinha sido medalhado e Patrícia Mamona pretende seguir as pisadas de Naide.

Contudo nos saltos verticais- altura e Vara sempre tivemos grandes dificuldades para ombrear até com o segundo pelotão do velho continente. Edi Maia tem tentado acabar com este insucesso luso, mas não consegue passar do estatuto de promessa. O jovem Rúben Miranda bateu o ano passado o record nacional juvenil e assegurou-se como o melhor atleta juvenil nacional de todas as quadrantes do Atletismo.

Todos estes indícios testemunham que esta realidade poderá estar a mudar e este estágio pode ser um pólo aglutinador de força amímica para que mais jovens se interessem por esta variante. Porque só com competitividade em número se consegue alcançar qualidade e só através destas iniciativas o desporto português pode subir degraus no panorama Mundial sem ser necessário recorrer a muitos fundos. E em tempo de crise, fica a sugestão.

 

By João Perfeito

03
Mai11

Steve Field

Steve Grácio

Notas

 

1 – A 22ª Edição do Estoril Open terminou com a vitória de um dos melhores tenistas do mundo, Del Potro. Um jogador que, quanto a mim, pertence aos melhores 5 do mundo. Vindo de uma lesão duradoura, nota-se que está a recuperar de jogo para jogo, prometendo ameaçar os tenistas de top dentro de pouco tempo. Para além de derrotar categoricamente Verdasco na final (duplo 6-2, que espelha o desequilíbrio), um dos melhores tenistas do mundo, Del Potro venceu o primeiro cabeça-de-série do torneio e favorito à vitória final, Soderling. Deste modo, a vitória foi mais que justa do tenista que apresentou melhor ténis no torneio.

Quanto à prestação portuguesa, no geral foi positiva. João Sousa e Pedro Sousa brilharam nos cortes do Estoril. O primeiro, depois de vencer o compatriota Gastão Elias, claudicou naturalmente frente ao canadiano revelação Raonic. O segundo terá sido, certamente, uma das sensações do torneio. Depois de bater o Espanhol Albert Ramos, perdeu frente ao campeão Del Potro, chegando mesmo a assustar ao vencer um set. Mesmo ocupando o 488º do ranking, Pedro Sousa mostrou que não existem vencedores antecipados e que o factor psicológico (apoio do público, jogar em “casa”) tem extrema importância.

Porém, apesar de positiva no geral, a prestação portuguesa teve alguns fracassos. Os dois melhores tenistas portugueses desiludiram. Rui Machado perdeu logo no primeiro encontro frente ao Romeno Victor Hanescu, não mostrando ser um adversário à altura. Frederico Gil, o prodígio português, depois de vencer o seu primeiro encontro, claudicou perante Verdasco. É certo que Verdasco, como já referi, é dos melhores tenistas do mundo. No entanto, além de este não estar no seu melhor há algum tempo, Gil atravessava o seu melhor momento de sempre, depois de ser o português a chegar mais longe no Masters e de vencer pela primeira vez um atleta do top 10 (Monfils). Tal fase reflectiu-se numa subida do ranking, alcançando o 64º lugar. Por tudo isto, aliado à final alcançada na edição anterior, esperava-se um pouco mais de Gil. De referir ainda que Michelle Brito, a menina-prodígio do ténis português, não participou na prova, que complicou de imediato as hipóteses portuguesas no torneio.

Apesar disso, a ascensão do ténis nacional é notória e deixa antever grandes feitos. Quanto ao torneio, espero que se mantenha com a qualidade deste ano, pela presença de grandes nomes que só o enriquecem e reforçam a consideração de pertencer aos dez melhores torneios do mundo, com excepção dos 4 Grand Slam.

 

 

 

2 - Chegou a haver sonho, mas infelizmente não se concretizou. O empate em Camp Nou eliminou o Real Madrid de José Mourinho da final de Wembley. No entanto, cai de pé pelo excelente jogo que fez. Abdicou de jogar em função do Barcelona e arriscou. Um clube como o Real, com a sua grandeza, tem obrigação disso. É pior que o Barcelona? Sim, é. E por isso tem de jogar em função deste? Não necessariamente. Mourinho sabe bem disso, mas o pesadelo dos 5-0 ainda está na sua cabeça. No entanto, face à desvantagem de 2-0, subiu as suas linhas, pressionou alto a zona de construção Catalã (o que causa incómodo ao Barcelona) e lutou até ao fim. Destaque para as grandes exibições de Diarra e Arbeloa e para Kaká que mostra sinais evidentes de recuperação. No pólo oposto, na minha óptica Marcelo é vulgar para um clube como o Real, assim como Albiol e Adebayor. Ronaldo (não, não é perseguição da minha parte) quando não joga em contra-ataque, quando não tem espaço, é quase um a menos, perdoem-me o exagero. É pena, a equipa precisa do seu talento e dos seus desequilíbrios. O pior é que só consegue desequilibrar com espaços.

Mais uma vez, reforço o poderio do Barcelona. Porém, o jogo de hoje fez-me ver que o Real Madrid pode ser uma série ameaça à hegemonia Catalã. Não ter medo deles pode ser o princípio. É certo que jogar como fez hoje desgasta (o Barcelona é mesmo incrível na sua troca de bola, o Real em certos períodos já nem conseguia pressionar), é certo que jogar como fez hoje provoca imensas faltas (daí as expulsões constantes das equipas contrárias, na maioria dos casos), mas penso que, a continuar assim e com os progressos evidentes de uma equipa como o Real e de uma equipa de Mourinho, o Barcelona perderá o domínio.

 

 

3 – Por fim, deixar uma palavra para a Uefa Futsal Cup. Infelizmente, nenhuma equipa portuguesa saiu vencedora. Infelizmente, nenhuma portuguesa (ainda) é a melhor da Europa. Podemos ter duas excelentes equipas, que efectivamente temos. Mas a equipa Italiana do Montesilvano provou que ainda não somos os melhores. Foi uma vitória da perfeição, uma vitória da disciplina táctica. Fez-se lembrar a excelente equipa do Interviú Movistar, pelo estilo de jogo. Acredito que com o progresso que tem havido, um dia chegaremos definitivamente ao topo, só que ainda não lá estamos. Parabéns ao Montesilvano, que foi um justo vencedor. Venceu o campeão europeu (e, na minha opinião, a melhor equipa portuguesa) e o campeão nacional, duas excelentes equipas. No futsal, tal como o futebol, vencem os mais inteligentes, os melhores tacticamente.

 

 

by Steve Grácio

 

 

03
Mai11

Buzzer - Beater

Óscar Morgado

Big Three: alunos vs. mestres

 

      É uma fórmula cientificamente comprovada. É o Fairy de lavar a loiça à mão e o Calgonite para quem prefere à máquina: toda a gente fica satisfeita com o resultado.

      E a técnica é quase milenar. Os ‘Trios’ na NBA são coisa que na maioria das vezes ganhou campeonatos. Dúvidas? O algodão não engana (também utilizo metáforas com outros produtos de limpeza): Larry Bird, Robert Parish e Kevin McHale foi sem grande discussão a melhor combinação 3, 4, 5 da história da NBA, dominando nos Celtics dos anos 80 (ganharam 3 campeonatos e 2 outras presenças nas finais). Ou então alguns se lembrarão dos “Bad Boys” dos finais da mesma década em Detroit: Isiah Thomas, Joe Dumars e Bill Lambier (2 campeonatos vencidos). Ainda seria digno referir Magic Johnson, Kareem Abdul-Jabbar e James Worthy nos Lakers – perdão – nos ‘Showtime’ Lakers de 80, o ainda existente trio de Duncan, Ginobli e Parker nos Spurs, e, como não poderia deixar de ser, Bill Russell, Bob Cousy e John Havlicek, que venceram 6 campeonatos juntos nos anos 50 e 60, sendo provavelmente o trio mais mortífero de sempre.

      Portanto, trios dão campeonatos. Umas vezes aos pares, outras à unidade, por vezes a granel. E claro, também em trios. Recentemente voltou-se a essa estratégia: os Boston Celtics adquiriram Kevin Garnett e Ray Allen para flanquear Paul Pierce em 2007, juntando 3 futuras lendas da modalidade. Ainda mais recentemente, ou seja, esta época, este modelo de sucesso, que deu um campeonato aos Celtics logo na época 2007-2008 e uma presença nas Finais dois anos depois, foi aplicada. Com um pouco mais de mediatismo: Lebron James e Chris Bosh, dois All-Stars estabelecidos na NBA, rumaram a Miami para se juntarem a Dwayne Wade, tendo já estabelecido esta época uma potência da NBA ao ficarem em segundo lugar da Conferência de Este. Estes dois trios estão neste momento a defrontar-se nas semi-finais dos playoffs, com a vantagem da primeira partida a favor de Miami.

      Ainda assim, mais que as semelhanças, notam-se as diferenças. O ‘Big Three’ de Boston apareceu como um produto “pronto a cozinhar”, recrutando veteranos estabelecidos (todos os 3 tinham pelo menos 30 anos)  que nunca tinham ganho títulos, tendo essa motivação comum e sabendo que era necessário sacrificar estatísticas individuais. E conseguiram. Já o trio de Miami teve alguma dificuldade em impor-se, não só porque se trata de jogadores menos experientes que tiveram mais dificuldade em se adaptarem aos seus lugares na equipa, mas porque o evolucionismo de Darwin ainda não se manifestou em pleno.

 

 

 

 

 

      Darwin, perguntam vocês? Claro que sim. Em Boston, o ‘Big Three’ evoluiu para ‘Big Four’, pois Rajon Rondo, base titular da equipa desde a chegada das estrelas, tornou-se no geral melhor jogador que os restantes três. Esta melhoria foi em grande parte fruto da experiência dos veteranos sobre o jovem base, cujos grandes problemas de mentalidade e consistência foram ultrapassados para o tornar um dos grandes da liga na posição. E isto aconteceu ao resto da equipa: Glen Davis e Kendrick Perkins (que foi trocado há uns meses) foram apenas alguns dos jogadores que beneficiaram com a presença das estrelas, melhorando o seu jogo. Boston tornou-se uma equipa completa (embora as trocas de jogadores tenham estragado alguma química existente).

      Em Miami há, porém, mais talento. Calcula-se que no futuro esse trio produza mais dividendos que o de Boston. Mas neste momento a evolução não está completa: toda a responsabilidade do jogo passa por James, Wade e Bosh, sendo o resto da equipa de um nível muito inferior, pois falta um poste dominante nas tabelas e um base capaz de ser um general em campo. Talvez as três estrelas façam crescer algum jovem atleta da actual ou futura equipa?

      No resto, também financeiramente a evolução é inferior. Garnett recebe quase 19 milhões de dólares anuais no seu penúltimo ano de contracto, Ray Allen recebe 10 milhões e Pierce quase 14. Tanto James como Wade ou Bosh não recebem sequer 15 milhões (embora no último ano obrigatório de contracto recebam quase 20 cada). No actual confronto, penso que a maturidade de Boston ganha vantagem, mas o talento e o maior número de partidas em casa pode pender a favor de Miami. Veremos.

 

by Óscar Morgado

02
Mai11

Bloco Triplo

Sarah Saint-Maxent

David vence Golias

 

                O monopólio nortenho no voleibol português há muito que deixou de existir. O AJ Fonte do Bastardo fez questão de reforçar esta máxima e mostrar que não só no Norte se joga bom voleibol. Fez história e, merecidamente, inscreveu o seu nome na restrita lista de equipas vencedoras do campeonato A1.

                Na primeira final do campeonato após a reformulação do sistema de prova, o conjunto insular foi mais forte e derrotou o SL Benfica nos dois jogos. Realizou exibições de bom nível, esteve consistente e, acima de tudo, conseguiu as preciosas vitórias que encaminharam “o caneco” para as ilhas.

                Neste último fim-de-semana, diante dos seus adeptos, os açorianos repetiram o resultado da 1º mão e vergaram os encarnados com mais um contundente 3-1.

                Sabia-se, de antemão, que seria um bom jogo. Da parte do Benfica, era o jogo do tudo ou nada. Sendo a eliminatória à melhor de três jogos e com uma derrota no primeiro jogo, os da capital não tinham margem de erro. Para continuar na luta pelo título, sabiam que teriam de ganhar, entrar fortes e forçar um terceiro jogo na capital. Pelo contrário, o Fonte do Bastardo sabia que o título andava por perto. Poderiam, em caso de vitória, sagrar-se campeões nacionais diante do seu público.

                O jogo iniciou-se com a equipa visitante a correr atrás do prejuízo. Entraram na máxima força e não deram hipóteses aos locais. Com um expressivo 16-25 fecharam o primeiro set e, assim, começavam a árdua tarefa de encurtar a vantagem da Fonte do Bastardo no playoff. No entanto, a qualidade da equipa insular e a experiência do Prof. Alexandre Afonso viraram o rumo dos acontecimentos. Com vitórias nos outros três sets, sentenciaram o jogo e mostraram ao país a qualidade do jogo praticado nos Açores. Os antigos campeões nacionais estavam derrotados e o público aclamava agora a nova sensação do voleibol português.

                Este título é o espelho de uma transformação no panorama voleibolístico nacional. O desinvestimento e instabilidade dentro dos clubes que outrora foram de primeira linha abriram espaços para o aparecimento de novas potências. O Fonte do Bastardo fez uso desse mesmo espaço para se fixar na primeira linha. Realizou um investimento forte, cimentou um plantel dotado tecnicamente na vasta experiência de nomes como Manuel Silva e Eurico Peixoto e cresceu, fruto de um excelente trabalho de Alexandre Afonso, treinador contratado para a época que agora termina. É uma pessoa de créditos firmados. Depois da Taça ao serviço do Castêlo, roubou o título aos benfiquistas.

Espera-se que o Bastardo consiga manter a qualidade apresentada esta época. Têm um projecto ambicioso e consiste, capaz de se aguentar nos próximos tempo. Têm uma filosofia de um jogo vistoso e com qualidade. São um clube com mentalidade vencedora e, acima de tudo, que tem portugueses na espinha dorsal. Uma conjugação de factores que cada vez menos se encontra em Portugal. É importante, a bem do voleibol nacional, que esta estrutura não desapareça.

                Mesmo que não mantenham o título, certamente não desaparecerão do topo da tabela. Porque quem sabe, nunca esquece.

 

by Ricardo Norton