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Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

Minuto Zero

22
Mai11

Área de Ensaio

Pedro Santos

Nestum Rugby

 

 

      

       Na crónica da semana passada, referi em jeito de balanço, que a Federação Portuguesa de Rugby tinha a obrigação de definir o caminho pelo qual o nosso rugby deveria seguir, e sobretudo deveria criar as condições para que cada vez mais jovens pudessem experimentar este desporto e começar a praticá-lo de forma progressivamente mais séria.

       Continuo a acreditar que só uma estratégia concertada entre os clubes e a Federação, com uma forte aposta na formação será capaz de nos tornar uma selecção cada vez mais forte. Como esta estratégia ainda não parece ser uma prioridade, vão valendo algumas iniciativas de levar o rugby às escolas e aos jovens, que podem muito bem ser o futuro deste desporto em Portugal.

       A iniciativa que gostaria de apresentar, chama se “Nestum Rugby”, e tal como o nome indica, é uma parceria entre a marca de cereais, a Federação Portuguesa de Rugby e o Desporto Escolar.

       O principal objectivo desta iniciativa é pôr os jovens, em idade escolar, em contacto com o rugby e com os valores deste desporto, permitindo-lhes não só praticar desporto mas também conviver e socializar com outros jovens.

       A iniciativa já se concretiza há alguns anos, e tem sido também responsável pelo aumento do número de jogadores nos nossos clubes. Vale a pena lembrar os números da edição deste ano para vermos a dimensão da iniciativa. Ao longo do ano lectivo que agora está prestes a acabar, cerca de 35.000 jovens, entre o 5º e o 9º ano de escolaridade participaram na iniciativa. O número é absolutamente fabuloso quando comparado com o total de jovens que frequentam o ensino obrigatório.

       Na altura em que publico esta crónica, já a edição deste ano do “Nestum Rugby” chegou ao fim. Ontem (dia 21 de Maio), realizou-se, no Entroncamento, a Festa Final do Nestum Rugby. Cerca de 1100 jovens de 130 equipas diferentes vindos de 80 escolas de todo país, competiram pela vitória na iniciativa. Contudo acho que todos ganharam com este evento. Ganharam os miúdos que tiveram a oportunidade de praticar desporto e viver os valores do rugby. Ganharam os restantes participantes (professores, escolas, marcas, etc.), em experiência, publicidade ou visibilidade. E claro que ganhou o rugby português.

       Já referi que para mim só há um caminho para o nosso rugby. A aposta tem de passar sempre pela formação de jovens valores. Só assim é possível descobrir talentos e formar jogadores minimamente competentes. E essa formação tem de começar o mais cedo possível para que quando os jovens atingirem os 16/17 anos já saibam exactamente o que têm de fazer, e a sua formação técnico/táctica esteja já muito perto de estar finalizada, servindo os anos seguintes apenas para colmatar alguma pequena falha e sobretudo para se fazer uma evolução ao nível físico.

       Este tipo de iniciativas, à falta de uma estratégia concreta, vai pelo menos levando o rugby aos jovens e só por isso já merece ser saudada. Aprenda-se com isto, veja-se o que se está a ganhar e sobretudo compreenda-se que é este o caminho. Haja vontade, e já agora patrocinadores, e de certo que se começarmos a apostar na formação, daqui a 10/12 teremos uma selecção ainda mais forte.

      

        Para concluir, gostava de informar que este foi um final de semana de muito rugby internacional. Na sexta – feira (20 de Maio), os Harlequins, de Inglaterra venceram a Amlin Challenge Cup, a segunda competição de clubes mais importante do hemisfério norte, derrotando na final o Stade Français por 19 – 18. Ontem o (21 de Maio), o Leinster, da Irlanda, venceu os Northampton Saints, de Inglaterra por 33 – 22, conquistando assim a Heineken Cup, a “Liga dos Campeões de Rugby”. A parte de isto disputou – se também mais uma etapa do Circuito Mundial de Sevens, a penúltima, em Twickenham Stadium, e que contou com a participação da Selecção Portuguesa, que após vencer os EUA, atingiu a final da taça Shield.

 

by Pedro Santos

21
Mai11

A Guerra das Rosas

Pedro Salvador

O renascimento dos históricos caídos

 

 

            Parece-me já esgotante debater as finais da Liga, tal é a falta de equilíbrio entre as equipas em questão. Depois de perder por 26 no primeiro jogo, o Benfica perdeu por 33 pontos no segundo jogo no Dragão. Tal discrepância de resultados e de qualidade de jogo é para mim desmotivante e obviamente dispensa mais comentários.

            A equipa da Luz ainda se conseguiu redimir no terceiro jogo, ao vencer por sua vez o Porto em casa por uns modestos 86 - 79 pontos, mas o Porto quase que ia virando o resultado perto do fim, no que foi um encontro difícil para ambas as equipas.

            Vamos lá ver se esta vitória funciona como um wake up call para os benfiquistas, sendo que este último jogo foi, para mim, o mais aguerrido e o melhor desta final.

            Mas voltemos ao dia do segundo jogo, foi aí que aconteceu o evento que me fez redigir a minha crónica desta semana.

            Naquela bela tarde de domingo, dia 16 de Maio de 2011, depois de ver o Benfica a perder 64 -35 no início do quarto período do segundo jogo, (sim, 35 pontos em três períodos!), decidi parar de “perder o meu tempo” e fui ver as meias-finais da CNB1, que opunham a Oliveirense ao Vasco da Gama do Porto, duas equipas históricas do basquetebol nacional que nos últimos tempos têm atravessado um mau bocado.

            A Oliveirense ainda deve andar nas memórias daqueles que têm acompanhado o basquetebol nacional nos últimos tempos. Até vários problemas financeiros e directivos rasgarem a equipa ao meio e enviarem aquele que era um dos emblemas mais temidos em Portugal para a quarta divisão, esta equipa terminava sempre nos lugares cimeiros ano após ano, vencia taças atrás de taças e o Salvador Machado, pavilhão da UDO, era um inferno para visitantes, atraindo toda Oliveira de Azeméis para o seu interior em dias de jogos. Quanto ao Vasco da Gama, já não anda entre a elite há muito tempo, mas é uma potência contínua na formação e o seu nome ainda faz tremer os antigos praticantes da modalidade, devido à sua posição vencedora e guerreira dentro, e, principalmente, fora de campo (entenda-se nas bancadas), em que o seu público é um autêntico motor para a equipa e um importante desmotivador para qualquer adversário.

            Pois bem, eu entro no Salvador Machado no domingo passado já à espera daquele “burburinho de pavilhão mortiço de CNB1”, apenas interrompido pelo bater de uma ou outra bola das equipas em aquecimento. Mal sabia eu o quanto estava enganado.

            As duas bancadas do pavilhão da UDO estavam completamente lotadas, a música ecoava no interior, toda a gente a cantar pela União, excepto a comitiva do Vasco da Gama, que obviamente puxava pelos seus, e tudo isto num ambiente tal que fazia inveja a muitos pavilhões da liga.

            Mal saiu a bola ao ar assistiu-se em Oliveira de Azeméis a um jogo emotivo, equilibrado (até meio do terceiro período, quando João Abreu decidiu terminar com a igualdade), muito renhido e muito duro, mas com direito a bons pormenores técnicos, excelentes jogadas e até um afundanço, protagonizado por um jogador americano da UDO.

            No final do jogo, o 6º jogador do Vasco da Gama, o público, fez-se entoar, apoiando em força a equipa visitante e gritando um desafiador “a nossa equipa é custo zero”, fazendo alusão aos jogadores da formação presentes na equipa sénior em oposição ao plantel parcialmente remunerado e americanizado da Oliveirense, situação incomum na terceira divisão nacional, cântico esse que nem chegou para abalar a felicidade da vitória dos homens da casa, que prosseguem em frente nos playoffs da CNB1, depois de terem vencido o jogo por 89 - 58.

            Arrisco-me a dizer que com um pouco mais de soluções no banco e três americanos de qualidade, qualquer uma daquelas equipas, mas principalmente a Oliveirense, mais pela boa estrutura que já tem montada, poderia jogar facilmente na Proliga ou talvez até na Liga. 

De facto, fiquei surpreso. A Oliveirense está muito longe de ser um histórico caído, mais depressa é um histórico adormecido que mostra fortes sinais de estar prestes a acordar. E pelo resultado do primeiro jogo contra o Beira-mar talvez até já tenha acordado...

21
Mai11

Pensar no Futuro

Minuto Zero

O ano desportivo ainda não terminou, mas os grandes portugueses já fazem mexer o mercado.

A preparação da nova época, sobretudo para aqueles que há algum tempo perderam os seus objectivos, estará já programada. Certo é, que se falam apenas, na maior parte das vezes, de nomes prováveis para o reforço das equipas, ou mesmo dos seus responsáveis para o futebol.

Esta é a época dos jornais, das capas desbaratadas, dos "interesses, sondagens e propostas". O futebol, bem longe da relva.

 

 

Porto

 

Campeões Nacionais, vencedores da Liga Europa, e possíveis vencedores da Taça de Portugal. Esta é a marca da primeira temporada de André Vilas Boas nos azuis e brancos. A questão para a próxima época é simples: é possível fazer melhor?

Só o futuro dirá se este novo Porto e capaz de reeditar asri glorias passadas. A verdade é que já tem um lugar na história.

A permanência de Vilas Boas parece, para já, assegurada. Por vontade do próprio, por vontade da direcção, mas também porque o próprio sabe, tal como Mourinho sabia em 2002/2003, que os clubes que nele estão interessados neste momento (alegadamente, Juventus, Liverpool ou Roma) não apresentam projectos da dimensão que deseja. A próxima temporada será, concretiza, a confirmação do seu potencial.

Para além de Vilas Boas mais duas enormes dúvidas se colocam no reino, hoje em festa, do Dragão. Hulk, e Falcão, mostraram claramente que são jogadores de outro "mundo", o qual o futebol português ainda não pertence. As suas permanências dependem da vontade dos gigantes europeus em investirem forte no reforço dos seus planteis. Face à actual situação de crise económica geral, dificilmente alguém chegará aos cerca de 40 milhões de euros que os Dragões pertendem por Hulk (a questão dos 100 milhões é apenas uma forma de valorizar o passe como é obvio). Já Falcão, é, neste momento, um jogador bem mais desejável. Para além de ter feito uma época de sonho, confirma-se como um dos melhores finalizadores do futebol mundial, e tendo como valor do seu passe cerca de 17,5 milhões de euros (segundo site transfermarkt), uma proposta a rondar os 25/30 milhões poderá desbloquear a sua situação, conduzindo-o a outros vôos.

 

De saída devem estar ainda Cristian Rodríguez, e o esquecido, Mariano González, dupla de extermos/médio-ala sul americanos, mas também provavelmente Sapunaru ou Fucile. James Rodríguez deve ganhar nova importância no plantel, lutando com Varela pela títulariadade, mas terá de ter atenção à nova pérola dos dragões: Juan Manuel Iturbe.

O pequeno "provável astro" argentino, disputará este Verão o Mundial de Sub-20 na Colômbia (tal como James), será ai oportunidade primeira de perceber, até que ponto este jogador pode, realmente, ser um jogador de topo. Seja como for, parece estar garantida mais uma boa solução para o ataque.

Djalma e Kléber, são outros nomes apontados ao Porto. O primeiro deve ter guia de marcha, por empréstimo, para o Braga. Já o segundo, só o futuro o dirá. Aos 20 anos, Kléber é sem dúvida uma das melhores promessas da liga.

O mercado de Verão pode ainda trazer novidades para a defesa. Com Fucile e Sapunaru para a direita, parece urgente a contratação de um jogador que traga mais garantias para o lugar. Assim sendo, um dos dois pode cair.

Entretanto, o Porto confirmou também Kelvin, pequeno driblador do Paraná, jogador talentoso à primeira vista, veremos se consegue impor o seu talento no futebol europeu.

 

 

 

 

 

Braga

 

Os minhotos procuram na temporada 2011/2012, continuar a senda de bons resultados. Sem Domingos Paciência, de partida para o Sporting, Leonardo Jardim coloca-se como o mais provável sucessor.

Para já, estão confirmadas as saídas de Sílvio, Rodriguez e Arthur, podendo ainda Vandinho, Alan, Miguel Garcia e Paulão (todos em fim de contrato), seguir o mesmo caminho. São 7(!) titulares que podem sair do plantel, deixando em aberto várias chegadas ao plantel.

Falam-se de Galo (lateral/médio-direito),Imorou (lateral-esquerdo), Bracalli (guarda-redes), Djamal (médio-defensivo), e dos ponta-de-lanças Zé Luis (ex-Gil) e Douglas (ex-Guimarães). Seja como for, seguindo a lógica das ultimas épocas, o Braga tem sabido fazer as apostas certas, precavendo o plantel, com soluções de qualidade, mas sobretudo, sem entrar em loucuras financeiras.

 

 

Benfica

 

Os encarnados parecem esta temporada mais comedidos em termos de investimento no plantel. Coentrão deve sair por 20/30 Milhões, podendo ser acompanhado por Oscár Cardozo, como encaixes financeiros relevantes.

De saída também podem estar Aimar e Saviola, dupla que tem contrato por mais uma temporada, mas poderá deixar a luz ainda este Verão.

Essencial, mais do que as possíveis entradas, parece ser segurar a estrutura base que faz o plantel ter bom nível de competência: Luisão, Javi Garcia,Ruben Amorim, Carlos Martins, e Maxi Pereira. São, na minha modesta opinião, os jogadores cruciais que o Benfica deverá manter, se quer, é claro, estar ao nível do F.C. Porto. Para além de garantirem a cobertura de várias posições nucleares, são, de facto, mais valias imprescindíveis.

Depois, a manutenção de jogadores como Moreira, Jardel, Roderick, Carole, Airton, Gaitan ou Jara são imprescindíveis para garantir níveis de competitividade elevados. Todos eles têm valor para puder render mais e lutar por um lugar.

Aimar, Saviola, Cardozo, são claramente mais valias. Há agora, claramente que perceber se estarão na disposição de continuar, rendendo ao máximo, ou se querem de facto sair.

De saída estão Nuno Gomes, Weldon, Luis Filipe, todos eles em final de contrato. Podem ainda se lhes juntar, César Peixoto, Filipe Menezes, Fernandez e Kardec, abandonando a luz a título definitivo, ou por emprestimo. Roberto parece ser a grande novela do Verão. Jorge Jesus deve tentar mantê-lo no plantel, mas a pressão da massa associativa deve fazer com que rume a outras paragens.

 

No sentido inverso, chegam sobretudo jogadores a custo zero. Wass, lateral-direito, Matic, médio-defensivo, Nolito, extremo-esquerda, e Mora, avançado, são jovens com bom potencial, identificados pelo gabinete de scouting dos encarnados. Urreta pode também regressar, enquanto Arthur (ex-Braga) será o novo guarda-redes.

A chegada de Bruno César (custou 5,5 milhões) pode garantir uma maior consitencia exibicional do que a presença de Aimar. Apesar da capacidade do argentino, a verdade é que as suas condições físicas nem sempre são as melhores. Podendo ter os dois no plantel, ai a competitividade interna será enorme. Bruno César é um jogador objectivo, com bom remate, inteligente nos movimentos, que gosta de partir do meio caindo para uma das faixas.

 

A chegada de um médio forte nas transições, que teria de ser forçosamente jogador de grande qualidade, um lateral-esquerdo e um central devem ser objectivos para o defeso. Para além disso, saindo Cardozo ou Saviola, teriam também de entrar para os seus lugares jogadores de semelhante nível.

 

 

 

Sporting

 

Talvez o caso mais interessante de estudar este Verão. Veremos como a nova estrutura administrativa leonina conseguirá agitar no mercado.

Parecem necessárias entradas para o centro da defesa, com pelo menos um aquisição de grande qualidade. No meio-campo, Pedro Mendes e André Santos, têm apenas Zapater como concorrência, visto que Maniche não deve permanecer. Diogo Salomão, Vukcevik, Izmailov, Valés e Cristiano, são casos para avaliar com atenção. Djaló, parece assumir uma maior importância no plantel, veremos se estará ao nível esperado.

A manutenção de Ruí Patricio parece ser outro dos dossier mais importantes deste Verão.

Para já, apenas confirmadas as chegadas de Carrillo e Rodriguéz.

Muito trabalho pela frente, para Domingos Paciência mas sobretudo para a nova direcção. O objectivo é colocar o Sporting novamente na rota do título.

 

 

 

 

 

 

 

 By Tiago Luís Santos

20
Mai11

Voleibol à Sexta

Sarah Saint-Maxent

O voleibol feminino não é bonito, é verdade

 

                Já aqui dei a entender, várias vezes, que não sou grande apreciadora de voleibol feminino. Acho, no entanto, que nunca expliquei porquê – e não consigo pensar em melhor altura para fazê-lo do que neste momento. E sim, a culpa também é de um dos jogos dos play-offs da meia-final do campeonato italiano que vi ontem à noite.

                O voleibol feminino é inestético. Só essa era razão mais do que suficiente para não gostar de ver o desporto, mas não é a única – e não é, certamente, a mais importante. Ainda assim, é uma razão. Os jogos de voleibol feminino – aqueles a sério – fazem-me constantemente lembrar um bando de girafas aos saltos. É a mais pura das realidades.

http://i4.photoblog.com/photos/24937-1275240765-3-l.jpg

                Vamos lá por partes, então. Distinguir o voleibol «a sério» do voleibol «meio a brincar» é um passo importante nesta explicação. Por voleibol «a sério» entendo aquele praticado pela maioria das seleções nacionais – não a nossa, claro está – e por vários campeonatos europeus, americanos e asiáticos. Pondo as coisas mais fáceis, estou a falar daquele em que as raparigas têm uma média de alturas, vá lá, que ronda o metro e oitenta. Esse voleibol é particularmente feio mas, mais do que isso, é lento na defesa baixa.

                Sempre fui fã da defesa baixa – é aquilo que gosto de fazer, de ver, de criticar e melhorar. O libero sempre foi o meu jogador preferido. É muito por causa disso que não gosto de ver – é mesmo uma questão de ver, não se trata de desgostar do desporto em si – voleibol feminino. As atletas de alta competição são normalmente enormes e com pouca coordenação (estou a compará-las aos atletas do mesmo estatuto, claro está) na defesa baixa. É verdade que, por serem altas, conseguem atacar a bola de formas que outras não conseguem, mas perdem muita da velocidade e reflexos necessários para aquelas defesas impossíveis que são a alma do voleibol. Este ponto está claro.

                No voleibol «meio a brincar» – e aqui insiro a maioria das equipas portuguesas –, o problema é o contrário: não são altas o suficiente para fazer, na maioria das vezes, ataques estrondosos. Não são capazes, muitas vezes, de bater a bola para dentro dos três metros. Mesmo o bloco não costuma ser espetacular. É verdade que se mexem muito mais rapidamente na defesa e receção, mas de que serve isso se não há um ataque de deixar o queixo caído do outro lado?

                Como se vê, é um problema pelos dois lados. E que continua, porque elas parecem sempre «ocupar pouco campo». São magrinhas, não se sabem alargar para impedir que se veja superfície, tornam o jogo chato. É, muitas vezes, tão previsível saber onde podiam pôr a bola para que fosse ponto!

                Posto isto – e porque valia a pena dadas as minhas constantes «bocas» a este respeito – não posso deixar de terminar dizendo que isso não tira nenhum mérito ao desporto em si. O voleibol (masculino ou feminino) continua a ser um desporto com uma aura especial, envolvido por uma atmosfera fantástica e com uma beleza – chamemos-lhe interior – fantástica. Só não é perfeito neste pontinho (e sei que a opinião não é geral). Mas continua a ser «do caraças».

 

by Sarah Saint-Maxent

Esta crónica foi escrita ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

19
Mai11

Ouro Sobre Azul

Minuto Zero

A vitória do Porto em Dublin é bem mais do que uma vitória de uma equipa de futebol. Esteve em jogo toda uma estrutura organizativa, que desde o início do mandato de Jorge Nuno Pinto da Costa, tem vindo a marcar não só o futebol nacional, mas de forma clara o futebol europeu.

Para além das duas Ligas dos Campeões, junta-se agora uma segunda vitória na Liga Europa (antiga Uefa).

De Pedroto a Vilas Boas, passando por José Mourinho, três décadas de conquistas, que elevam o estatuto do Porto para um patamar de excelência, junto de uma "segunda" elite do futebol europeu, logo seguida dos colossos de Itália, Espanha, Inglaterra e Alemanha.

Não falo de um "ciclo", até porque estes, na verdade não existem. Preferia chamar-lhes conjunturas, conjunto de condições para o sucesso. No caso do Porto, a formula do sucesso parte do topo da hierarquia administrativa, até ao roupeiro ou ao tratador da relva.

Não conheço a estrutura interna dos Dragões, até porque estes, ao contrario de outros em Portugal, a salvaguardam dos ataques da imprensa, recobrindo-a. Assim, conseguem que os seus trabalhadores não sintam a pressão mediática sufocante, que promove, indirectamente uma avaliação por parte dos adeptos. Que adepto pode avaliar o trabalho de um administrador, sem conhecer as condições em que este trabalha?

É claro que o papel do Presidente é bem diferente. Este, deve ser a imagem, mas também a protecção de todos aqueles que com ele trabalham. As justificações, pedidas pelos adeptos ou pelos media, são a estes devidas. Neste campo, Jorge Nuno é sem dúvida um Presidente exemplar, que soube construir um discurso e uma imagem impenetráveis. Quem ganha? São as estruturas internas que são protegidas, e são os adeptos, que sem compreenderem porque, vêm os resultados práticos do trabalho daqueles, que aos seus olhos são invisíveis.

 

Mais perto da relva, o Porto desta época consegue feitos incríveis, ao nível das melhores equipas de sempre. Desde a segurança exibicional de Heltón, a incrível segurança de Rolando (passou do banal central de há 2, 3 épocas atrás para um cada vez melhor jogador) e Otamendi, até ao reforço decisivo, Moutinho, passando por Fernando, trabalhador invisível, sem esquecer o fantástico ataque, onde Hulk e Falcão, explodem como jogadores de top.

 

Para a história fica ainda o mais jovem treinador de sempre a vencer uma competição da UEFA, André Vilas Boas. Desde o golpe de sorte que conduziu o inicio da sua formação como treinador, a sua carreira tem sido um verdadeiro conto de fadas. Na segunda época como treinador principal, longe da figura patriarcal de José Mourinho, Vilas Boas consegue levar de vencido o campeonato nacional e a Liga Europa, na primeira época de Porto. Até onde vai chegar, só o futuro o dirá, mas com 33 anos, tem pelo menos mais 30(!!!) pela frente...

 

Porto 5-0 Benfica

Porto 5-1 Villareal

Benfica 1-3 Porto

Porto 1-0 Braga

 

Quatro jogos, que explicam plenamente o porque de uma época que faz sonhar com vôos ainda mais altos!

 

 

 

By Tiago Luís Santos

18
Mai11

Especial Liga Europa

Minuto Zero

Nação Valente

 

Pela primeira vez na história do nosso futebol, duas equipas portuguesas chegam à final de uma prova europeia. Sporting Clube de Braga e Futebol Clube do Porto, procuram em Dublin, suceder ao Atlético de Madrid como vencedor da Liga Europa.

Duas campanhas europeias históricas, por caminhos diferentes é certo, às quais se junta ainda o facto de Benfica ter chegado as meias-finais. Estará o futebol português em clara ascensão? A resposta não é clara. A verdade, é que cada vez mais vê-mos os clubes denominados grandes, fazer investimentos de maior risco, e por isso, conseguem por vezes dai retirar dividendos. À 10 anos atrás, seriam impensáveis as transferências que se fazem hoje em Portugal, mesmo que, em comparação com outros países, continuemos a pertencer a uma segunda linha.

Cada vez mais também, os clubes estão repletos de jogadores estrangeiros. Isto acontece a um nível à anos impensável: nos escalões de formação, principalmente nos chamados grandes, onde prosperam jogadores estrangeiros, a maioria sem grande qualidade. O fenómeno da globalização chegou a um ponto preocupante.

Continuamos a formar grandes jogadores, e continuaremos acredito eu. Mas a verdade, é que nem só por ai se vê a qualidade do nosso futebol. São necessários muito bons jogadores, mas também muitos jogadores “bons”. Quantidade aliada à qualidade, de forma a conseguir ser cada vez mais competitivos. Por isso, há que apostar em mais jovens nacionais, limitando ao máximo a entrada de estrangeiros, nomeadamente nos escalões juvenis.As próprias naturalizações na selecção são sinal dos tempos, mas também, sinal de que provavelmente se tem de trabalhar de forma diferente ao nível da formação.

Outro sinal preocupante. A crise económica parece afectar sobremaneira os clubes de menor dimensão, que viveram anos e anos do capital de benevolentes investidores privados, e agora, chegaram a um nível de despesas incontornável, numa altura em que cada vez mais, é difícil conseguir fazer dinheiro. O resultado, são históricos do futebol português em divisões inferiores, ordenados em atraso, clubes da primeira divisão que nem dinheiro tem para puder ter iluminação no dia de jogo.

Mas nem tudo é negativo. Os nossos treinadores colocam-se claramente na elite do futebol mundial, tendo mercado dentro e fora de portas. José Mourinho, Jesualdo Ferreira, Jorge Jesus, Fernando Santos, Manuel José… e agora, a nova geração de treinadores, liderada pelo “miúdo” de 33 anos, André Vilas Boas, ao qual se juntam promessas como Domingos Paciência, Rui Vitória, Leonardo Jardim, Pedro Caixinha… isto para não falar em muitos outros nomes, que ano após ano, vão mostrando que cada vez mais a este nível Portugal tem sabido formar, e continua, técnicos de elite.

Deixo aqui, em dia de festa algumas reflexões, para pensar o futuro, para que mais dias como o de hoje se possam repetir.

 

By Tiago Luís Santos

 

 

 

 

 

 

 

Porque hoje o mundo nos vê…

 

Hoje é um dia histórico para o futebol português. Pela primeira vez na história estarão presentes duas equipas nacionais na final duma competição da UEFA. Tendo em conta o elevado nível competitivo que a segunda prova do velho continente tem adquirido esta é sem sombra de dúvidas uma aparição fantástica do futebol lusitano. No fundo esta final é uma evidência da emergência de Portugal enquanto primeira potência da segunda linha europeia. Tirando os 4 grandes (Alemanha, Itália, Espanha e Inglaterra) Portugal surge logo atrás.

Contudo penso que este poderá ser o ponto de partida e não o de chegada. Na minha opinião penso que é peremptório que se o Porto não perder as suas três maiores jóias da coroa (Moutinho, Falcão e Hulk) estará para o ano a lutar de igual para igual com Chelsea para o trono europeu, e ligeiramente atrás de Manchester, Barça e Real. Este Porto é o triunfo do futebol moderno, enquanto entropia das transições e da posse, numa cultura em que por muito que Vilas Boas não queira assumir se fundem e é esta fusão que faz explodir o Porto. É este ritmo oscilante do Porto que faz do campeão nacional a melhor equipa colectiva do Mundo. No fundo a sintonia invicta é uma fusão entre o pop do meio-campo e o rock do ataque com o jazz a improvisar.

A equipa bracarense é o triunfo dum sistema organizado em que o todo é maior que a soma das partes. O facto de cada parte conseguir manter a sua autonomia e não se exacerbar faz com que simultaneamente enraíze duma forma ímpar a colectivização dentro de si. Por isso cada jogador no Braga é um jogador diferente com algo para dar, mas sempre com essa individualidade condensada num espectro colectivo amplamente comum. No fundo o Braga é uma equipa limitada, por isso é a equipa do Mundo que melhor se conhece e que sabe melhor o que pode fazer. Por isso a regularidade europeia é uma consequência natural deste apanágio. Não temos exibições espectaculares, mas teremos sempre exibições consistentes, independentemente do resultado.

No banco o reflexo do treinador português: líder, perspicaz e estratega. Com muito por ainda mostrar tanto Domingos como Villas Boas terão o Mundo à sua espera.

Esta linha de continuidade do futebol luso faz-nos prever que no futuro os dividendos serão ainda melhores, porque temos duas das equipas do Mundo que melhor se adaptam à metamorfose do futebol internacional.

Por isso para aqueles que dizem que esta final lusa apenas acontece por falta de investimento das nossas congéneres eu quero deixar duas palavras: calem-se e tenham vergonha na cara. Esta crise das equipas italianas, inglesas e até espanhola na Liga Europa não é mais do que um sintoma dos tempos modernos. Duma sociedade que quer o lucro a todo o custo, quer a vitória rapidamente, esquece o essencial e prende-se com o acessório, numa sociedade teatral onde espectáculo encena como expoente máximo. No futebol e na vida ganha quem gere melhor e quem se conhece melhor. Por isso primeiro vem o colectivo depois vem as individualidades, primeiro consolida-se e depois vem o dinheiro, primeiro constroem-se equipas depois vem as Taças. Não queiramos saltar passos e seguir o ritmo vertiginoso da sociedade. Paremos para pensar neste mundo construído à velocidade da luz e entendamos que as coisas mais importantes não se podem comprar. Por isso o nosso futebol deveria ser um espelho total da nossa cultura. Enquanto mecanismo que se exacerba fruto da exponencialização da sua inteligência e adaptabilidade ao mundo actual. Certamente se tudo fosse como o futebol seriamos todos mais felizes.

Mas invariavelmente gostamos de bater em nós e dizer que o Estádio não vai ter meia-casa que os irlandeses não sabem quem joga e que na Irlanda ninguém liga o futebol. A minha pergunta é: Se fosse o Sevilha e o Hamburgo a jogarem a final os irlandeses saberiam quem jogava? Parece-me que não. Por exemplo neste blog todos comentamos desporto e mesmo nós duvido que saibamos dizer a equipa titular do Hamburgo de cor. Mas prontos para certas pessoas seremos eternamente coitadinhos. Para mim este é o reflexo da sociedade que se intitula de crise- afinal basta fazer como no futebol e tirar o s- Crie e conquiste. Este foi o nosso trabalho. Este foi a nossa conquista. Este será o nosso destino…

 

By João Perfeito

 

 

17
Mai11

Buzzer - Beater

Óscar Morgado

Jogando no Euromilhões

 

         Com este título, podia falar dos playoffs. Quer dizer, já chega de apostar em equipas para passarem à ronda seguinte, ou no resultado de cada série de 7. Não vale mesmo a pena. Quer dizer, no início da época os Lakers ainda eram favoritos ao título. No fim também. Depois perderam 4-0 com Dallas. Também os Spurs iam lá chegar, mas ficaram pelo caminho às mãos do 8º classificado de Oeste, Memphis. Portanto não vale mesmo a pena. Que tal prever coisas menos prováveis ainda? Vamos…

         Hoje a partir da 1h30m, hora de Lisboa, vai ser sorteada em Nova Iorque a ordem pela qual as equipas vão escolher os jogadores que este ano vão entrar na NBA: é o “Draft Lottery”. A coisa funciona assim: ao longo da época, as equipas jogaram, e tiveram uma certa percentagem de vitórias. As equipas que foram ao playoff de cada conferência têm direito à posição no draft (ou seja, a ordem em relação às outras equipas no que toca a escolher jogadores) inversamente proporcional à sua percentagem de vitórias. Quer isto dizer que por exemplo, os Chicago Bulls podem escolher em último (30º) lugar, os Spurs em penúltimo, por aí fora.

         E quanto às equipas que não foram ao playoff? São essas que vão à ‘lottery’. Aqui o processo é ligeiramente diferente: de acordo com a sua percentagem de vitórias na época regular, são atribuídas às equipas percentagens no sorteio das posições do draft: a equipa com mais derrotas (neste caso os Minnesota Timberwolves) tem 25% de hipóteses de ficar na primeira posição, a segunda pior equipa (Cleveland Cavaliers) tem 15.6%, por aí fora. Os detalhes de todo o processo são bastante complexos para que alguém como eu, que não tem conhecimentos extensivos de matemática, os perceba em pleno (desafio-vos a perceber e explicarem-me http://en.wikipedia.org/wiki/NBA_Draft_Lottery#Process ), mas o que interessa é que a pior equipa tem 250 hipóteses em 1000 de ficar com a primeira posição.

 

 

 

         Portanto, como não vale a pena ver que equipa fica com que jogador, por a ordem não estar definida, deixo aqui alguns dos jogadores que se espera serem escolhidos cedo no draft. Na minha opinião, o esperado (e sublinho, esperado!) baixo nível dos jogadores em comparação com anos anteriores faz com que este draft seja bom para equipas grandes como os Lakers, Spurs, Miami, etc, que, mesmo com uma posição pouco favorável para obter os melhores jogadores, benificiam da heterogeneidade do draft, podendo ir buscar bons atletas mesmo mais no fim da tabela.

         (Nome do jogador, posição, Universidade ou país, idade)

  • Kyrie Irving, Base, Duke, 19 - tido como primeira escolha, é um base clássico com as capacidades inerentes à posição: visão de jogo, capacidade de penetrar em direcção ao cesto e inteligência nas decisões que toma; é também visto como aquele que tem mais potencial para ser uma estrela no futuro
  • Derrick Williams, Extremo, Arizona, 19 – bem cotado no draft, é provavelmente o melhor marcador de pontos de todos os jogadores disponíveis: bom lançador, penetrador para o cesto e também com boa inteligência tanto ofensiva como defensiva
  • Enes Kanter, Poste, Turquia, 18 anos – não jogou esta época devido ao facto de receber dinheiro do Fenerbahçe, mas esteve na Universidade do Kentucky. De qualquer das formas, é um sólido ressaltador e tem um excelente domínio de bola para um poste.
  • Kemba Walker, Base, Connecticut, 21 anos – principal razão pela qual os Connecticut Huskies ganharam o campeonato universitário americano da NCAA, Walker tem um exímio domínio de bola, boa capacidade de penetrar em direcção ao cesto e é também muito rápido e ágil.

      Esta noite joga-se no Euromilhões. E muitas vezes, os ‘drafts’ são responsáveis por virar equipas para o sucesso: tivemos Shaquille 0’neal nos anos 90 com os Orlando Magic, Allen Iverson com os Sixers no final da década de 90, ou Lebron James com os Cavaliers em 2003.

 

Nota: Algumas informações relativas aos jogadores do draft foram escolhidas mediante algumas perspectivas de olheiros especialistas, em virtude de apenas ter tido acesso directo a jogos de um ou dois dos jogadores mencionados.

 

by Óscar Morgado

17
Mai11

Steve Field

Steve Grácio

O novo Sporting

No último jogo da liga, o Sporting vence no terreno do sensacional Braga e alcança o terceiro lugar. Só que, mais importante que a vitória, (3º lugar ou 4º é quase a mesma coisa…) para os adeptos de futebol e, sobretudo, para os Sportinguistas, foi o sentir que o Sporting não morreu e tem equipa para bem mais.

Começando pela baliza, é certo que não sou grande fã dele, mas Rui Patrício tem feito uma grande época. Resta saber se continuará no clube, mas caso continue, a baliza está bem entregue. O problema vem da defesa: do quarteto normalmente titular, apenas João Pereira e Daniel Carriço são jogadores para um grande. Polga, Torsigleri, Evaldo não cabem num projecto de clube para vencer títulos.

No meio campo estão as pérolas da equipa. A equipa futura tem de ser construída em redor dos melhores jogadores do clube, como Matias Fernandes, Izmailov, Pedro Mendes, Valdez ou Vukcevic, claramente 5 jogadores de topo. No ataque, tal como na defesa, existem muitos jogadores com qualidade questionável, na minha óptica. Djálo, Saleiro, Postiga e Salomão não são jogadores de topo, sobretudo quando comparados com a linha ataque dos dois rivais.

Ora, face a isto, o Sporting terá de montar a sua nova equipa com base nos melhores, os jogadores de meio campo. Os restantes, terão de levar “guia de marcha” para o clube poder ombrear com Porto e Benfica. Para o bem do futebol português, desejo que o Sporting se volte a erguer e mostre que continua a ser tão grande como era. O futebol português precisa de um Sporting ao melhor nível, não um Sporting que se contente com o terceiro lugar.

16
Mai11

Bloco Triplo

Ricardo Norton

Final Eight Juvenis Masculinos

 

               Segunda final eight, segunda vitória. É este o saldo do Leixões Sport Club nas competições de formação nesta época. Depois da vitória das juniores que, na sua terra natal, se sobrepuseram ao Gueifães na final, o passado fim-de-semana testemunhou a vitória dos rapazes do Mar, fora de portas, sobre outra formação maiata: o Castêlo.

                O pavilhão do Castêlo da Maia vestiu-se de gala para acolher a final que se antecipava escaldante. A bancada esteve acutilante. Considero-me alguém que já viu bastante neste nosso mundo do voleibol, mas digo sinceramente que poucas bancadas batem a do passado domingo. E, sim, considero o episódio do confronto entre os dois adeptos como parte da acutilância do público. Apenas mostra a intensidade de emoções que por lá se viveu.

               No campo, uma constelação de artistas defrontava-se. De um lado, o Castêlo da Maia. Tinham sido primeiros na fase regular, contando com uma equipa de excelentes executantes muito bem dirigida pelo Professor Sérgio Soares. Jogavam perante o seu público, na esperança de deixar o título em casa. Tinham tido uma final eight tranquila e “dentro da normalidade”. Na sexta-feira, derrotaram a frágil formação do Fonte do Bastardo, tendo repetido a vitória frente ao Benfica, no sábado. Num jogo mais renhido, a vitória sorriu aos maiatos, desta vez por 3-1. Conforme todas as previsões, chegavam à tão aguardada final.

               Restava apenas conhecer o oponente, que sairia da outra série, disputada em Matosinhos. E o vencedor foi a equipa da casa, o Leixões. Na sexta, derrotaram o CN Ginástica. Um jogo morno em que nenhuma das equipas esteve no topo da forma, mas que os pupilos do Prof. Bruno Costa souberam vencer, sem convencer, no entanto. Chegavam a sábado para, numa complicada meia-final, defrontar os rivais da Ala de Gondomar. Perante um ambiente frenético, “à moda do Leixões”, a Nave Ilídio Ramos encheu para apoiar os locais. Com uns esclarecedores 3-1, os matosinhenses carimbavam, assim, o passaporte para a ambicionada final.

               Castêlo e Leixões chegavam, assim, a domingo, invictos, moralizados e confiantes de que o trabalho da época se iria reflectir no derradeiro jogo. Era de conhecimento geral que o Leixões já não ganhava ao Castêlo desde o longínquo escalão dos minis. No entanto, a concentração da turma de Leixões, apoiada numa forte moldura humana de apoio permitiu atenuar esse facto. Desde o primeiro ponto, notou-se que poderia estar ali a excepção à regra.

               O Castêlo entrou desconcentrado. Sofreu uma desvantagem inicial de 4-0, que o Leixões foi mantendo ao longo do set, mostrando que nem tudo eram favas contadas. Esboçaram uma reacção tardia, que de nada lhes serviu. Uma falta na rede dava o 25-19 aos de Matosinhos, e consequente vitória no 1º set. Os maiatos teriam de trabalhar mais e melhor para voltar ao jogo. E assim o fizeram. Num 2º set muito bem jogado e disputado, o Castelo com 25-22 iguala a partida e traz de volta a esperança do título.

               A mostrar que não estava pronto para abdicar da sua ambição, a turma do prof. Bruno Costa entrou confiante no 3º set. Pela primeira vez, tínhamos as duas equipas taco a taco. No final, o set pendeu para o Leixões. Mais consistentes e concentrados do que os seus rivais, conseguiram a vitória, fruto do bom entendimento entre o distribuidor e os seus atacantes.

               O 4º set, vencido novamente pelo Leixões, teve um episódio que em nada coincidiu com a qualidade que se viu no campo e nas bancadas. Uma pequena rixa marcou negativamente este excelente jogo, quebrando o alto ritmo da partida e desconcentrando as duas equipas. Independentemente disso, o Leixões não abandonou a liderança.  No final, 25-20 colocava um ponto final no jogo e no Campeonato Nacional, com o 9º título para o Leixões SC passando agora a ser o clube com o maior número de vitórias neste escalão.

                Em resumo, foi um excelente jogo e muito bem disputado. A concentração e consistência leixonense sobrepôs-se à qualidade e mestria maiata. Parabéns às duas equipas, boas representantes da qualidade da formação portuguesa.

 

Resta agora disfrutar o verão com o Voleibol de Praia e, na próxima época, tentar “acertar as contas”

 

16
Mai11

Terceiro Anel

Simão Santana

E nunca mais chegava ao fim...

 

Estava a ver que não!

Finalmente a época chegou ao fim e da mesma maneira como começou, curiosamente com um golo da equipa adversária em pleno Estádio da Luz e com um erro do guarda-redes.

Certamente que esta não era a época do Benfica, por outro lado pode ter sido uma lição.

Os erros cometidos durante toda a temporada e em todas as competições, pode significar uma melhor época na próxima temporada. Algo que não me lembro de ver com nenhum treinador do Benfica (nos últimos 20 anos (o Fernando Santos não teve oportunidade de corrigir fosse o que fosse)) é um treinador ficar na temporada seguinte a não ter vencido o campeonato.

 

                                                                        

                                                                         Fonte: Associated Press

 

 

Temos que ser frios e analisar as coisas como elas são. Jorge Jesus não teve um bom ano no Benfica, correcto, mas isso não quer dizer que não seja bom treinador, caso acharmos isso, estamos a dizer que a época 2009/2010 foi uma questão de sorte. Obviamente que é um raciocíonio errado.

Confio que vamos voltar aos grandes títulos na próxima temporada, com o mesmo treinador e com a mesma direcção. Não vale de nada revoltarmo-nos e querermos a cabeça de qualquer um que erra uma vez! Somos todos seres humanos e todos erramos nos nossos trabalhos. Tal como nós também os treinadores tentam corrigir os erros e é isso que eu espero na próxima temporada.

Como benfiquista preferia que não existisse Final da Liga Europa, nem final da Taça de Portugal, mas como benfiquista também sou diferente e também desejo a melhor sorte às duas equipas que representam o nosso país na Europa. Que dêem um grande espectáculo, recheado de golos, para dignificar o futebol português, já que os dirigentes não o conseguem fazer.

Uma águia gripada, com muita chuva na cabeça, é o que fica para a história, agora resta curar as feridas e preparar a próxima época.

 

by Simão Santana