Depois da época fantástica de 2009/2010, as hostes encarnadas encheram o seu ego de esperança. Pensava-se, há um ano, na conquista da Liga dos Campeões, em grandes reforços, grandes investimentos para quebrar, finalmente, o enguiço ganhador do Porto nos últimos 20 anos.
Um ano passado, as mesmas pessoas, falam em demissão de Jorge Jesus, até mesmo, na demissão de Luís Filipe Vieira. Mas deixo aqui um sugestão. Lembrem-se no que foi, ao longo dos últimos dez anos, para não ir mais longe, o futebol do Benfica. Nunca, ao longo desse tempo, os Benfiquistas pensaram, sequer, em fazer frente a um Porto, sempre estável, sempre organizado, sempre coerente, e mais do que tudo, sempre, ou quase sempre, vencedor.
O Benfica perdeu, nos últimos anos, o hábito da vitória. Os únicos rasgos da velhinha mística talvez tenham sido apenas na conquista (sofrível) do título nacional em 2004/2005, e na temporada seguinte, quando o Benfica se encheu de esperanças na Liga dos Campeões. Mas esses rasgos foram demasiado esporádicos e infrutíferos.
Depois disso, só promessas, umas melhores outras piores, que esbarraram sempre em questões de coerência administrativa, ou em maus resultados que provocaram a ira dos adeptos. A melhor ideia de Benfica, terá sido a segunda época de Fernando Santos, onde, segundo consta, a planificação da temporada colocava o Benfica a um nível muito interessante. Mas a saída problemática de Veiga, o negócio de Simão, a questão Miccoli, criaram um clima de enorme desorganização, que levaria à queda do treinador à 2ª jornada.
Mais uma vez, esta temporada, o Benfica começaria do zero. Mas finalmente, a direcção parece ter tomado uma posição de força, mostrando confiança em Jorge Jesus e no seu trabalho. Veremos, se esta posição resistirá a resultados semelhantes aos desta temporada.
Na base do plantel, Luisão (capitão), Maxi, Javi, Carlos Martins e Amorim serão, em princípio, pedras angulares da construção do plantel. O caso de Carlos Martins parece estar ainda pendente, podendo, com a manutenção de Aimar, perder algum espaço e minutos. No entanto, a sua continuidade seria uma mais valia fundamental, para a própria competitividade interna.
Depois destes, existem Aimar, Saviola, Cardozo e Coentrão, todos eles indiscutíveis valores, mas que pelas temporadas menos conseguidas, ou pela vontade de sair do clube, puderam abrir graves brechas no plantel.
Na primeira linha para sair, até pela necessidade de rendimentos na venda de jogadores, Coentrão e Cardozo parecem estar na pole. Coentrão, depende, como já o próprio deu a entender, da vontade do Real Madrid abrir os cordões à bolsa. Quanto a Cardozo, o maior goleador dos últimos anos das águias, terá chegado a um ponto limite na relação com os adeptos, podendo, face a uma proposta superior a 20 milhões, sair do clube.
Mas saindo Cardozo, será estritamente necessária a entrada de um outro jogador de grande valia.
Coentrão pode, também, colocar o Benfica na necessidade de encontrar um novo lateral-esquerdo com capacidade para se assumir como titular. Carole, será por enquanto, apenas uma boa promessa.
Na zona central da defesa, depois da saída de David Luíz, parece claro que Jardel, com características bem distintas, tem potencial para se tornar um excelente opção, a médio prazo. Sidnei contínua a não demonstrar o valor que cedo na sua carreira, foi identificado. Pode ser um jogador interessante de colocar no mercado. Roderick, da confiança de Jorge Jesus, é aposta de médio/longo prazo, podendo mesmo ser emprestado. Entrando um central no plantel, teria claramente de ter características próximas de David Luíz, mais rápido, agressivo, e com boa saída de bola.
Do lado direito, Maxi terá agora concorrência de Wass, jovem sueco Sub-21, que chega, como um perfeito desconhecido.
Na baliza, dos 5 nomes com ligação contratual, só 3 devem ficar. Roberto dependerá da direcção; Júlio César continua sem mostrar ser uma grande mais valia; Moreira cumpre; Arthur tem qualidades e parece não tremer, deverá ser o titular; Olbak é apenas um promessa.
No meio-campo, mantendo o 4x1x3x2, Javi Garcia deverá ter nova companhia no sector. Airton, poderá sair por empréstimo, embora, pareça claro, que o seu lugar é no plantel; Nuno Coelho (ex-Académica) não parece melhor do que Airton...; Matic, é um jogador do estilo de Yebda, médio de grande capacidade física, mas com boa saída de bola, ficando no plantel não deverá jogar com 6.
Depois existem Amorim, Carlos Martins, como possíveis interiores-direito, podendo ainda a situação de Salvio tomar bom porto. Não chegando Salvio, será claramente necessário investir num jogador para a posição, mas talvez um box-to-box e não médio-ala. Danilo (Santos), seria, sem dúvida uma boa solução, mas parece super-valorizado.
Como opções para a esquerda, espera-se de Gaitan uma época de confirmação, sendo obvío que está aqui um grande projecto de jogador. Nolito, que no Barcelona B jogava como extremo, terá de se habituar á forma de jogar do Benfica, e também a uma missão um pouco diferente.
Urreta, poderá alargar o leque de opções, sobretudo se Salvio ficar em Madrid.
Para a posição 10, Aimar, não consegue garantir regularidade exibicional e ritmo para jogos Sábado/Quarta. Bruno César, dinâmico médio-ofensivo vindo do Corinthians, é jogador de nível elevado, que poderá ser sem dúvida, o grande reforço para o sector. Existindo ainda Carlos Martins no plantel, serão opções mais do que suficientes até.
No ataque, Saviola e Cardozo não têm a situação regularizada ainda, podendo sair. Kardec, parece ter mercado, podendo ser um excelente negócio a sua saída, sobretudo tendo em conta o seu fraco rendimento; Weldon e Nuno Gomes não devem renovar; Jara tem enorme potencial e atitude, promete lutar por um lugar no 11; Rodrigo Mora, uruguaio, chega como boa promessa, veremos qual o seu rendimento.
Para além destes jogadores, Nelsón Oliveira e Rodrigo, são, claramente jogadores com pontecial a aproveitar.
Os médios David Simão e Miguel Rosa, farão parte do grupo na pré-época, mas não devem ficar em definitivo, sobretudo atendendo à qualidade de concorrência. Mesmo assim, esta oportunidade concedida a jovens portugueses, parece ser um bom sinal.
By Tiago Luís Santos