Beast of the East ou Best of the West?
A questão é tão velha como a NBA (ou a antiga ABA). Qual a melhor das duas conferências?
Na última década tem caído sobre o Oeste: um maior número de equipas com resultados positivos encontra-se nesta conferência. Mas nem sempre foi assim. Provavelmente nem sempre será assim. Nos anos 90, por exemplo, a distinção não era muito clara: tinha-se os Chicago Bulls de Jordan, os Atlanta Hawks de Dominique Wilkins, os Boston Celtics de Larry Bird (mais no início da década), os Detroit Pistons de Dumars e Thomas, e o próprio Shaquille O’neal começou os anos 90 nos Orlando Magic, tudo isto na conferência de Este. Do lado do Oeste via-se contudo outros poderes: os Lakers de Magic Johnson, os Utah Jazz de Stockton e Malone, os Trailblazers de Drexler, por aí fora.
Estaríamos então perante um cenário relativamente equilibrado. Porém mesmo os não ligados ao basquetebol sabem que a década pertenceu a Michael Jordan e aos Chicago Bulls, com 6 campeonatos vencidos. Contudo, desde que essa equipa se separou, no final dos anos 90, duas dinastias têm permanecido: Los Angeles Lakers (de O’neal e Kobe Bryant, e mais recentemente de Pau Gasol e Bryant) e San Antonio Spurs (com o trio de Duncan, Parker e Ginobli à cabeça, curiosamente todos não-americanos). O Oeste tem, portanto, reinado. E isto não diz respeito apenas à elite: 9 equipas desta conferência têm mais de 30 vitórias esta época, contra apenas 5 da conferência rival com um record semelhante ou maior.
Alguns dizem que os melhores jogadores saídos do draft têm ido todos para o mesmo lado dos Estados Unidos: Kevin Durant para Seattle, Chris Paul para New Orleans, Brandon Roy para Portland, Carmelo Anthony para Denver, Deron Williams para Utah, entre outros. Mas só por isso não é explicada a supremacia. Em teoria, muitas das actuais equipas têm planteis equilibrados entre as duas conferências, porém o Oeste tem sido melhor ao longo dos anos.
Mas se a nível de resultados o Oeste tem mais quantidade, que dizer da qualidade? Creio que se falarmos da “nata” da NBA, falar na conferência de Este é imperativo. Boston e o seu quarteto fantástico, Miami e os seus três reis magos, Chicago com Derrick Rose à frente na corrida pelo MVP, e suportado por um elenco de grande luxo. E mesmo apesar de um pouco abaixo, Orlando e Dwight Howard são sempre uma força a ponderar, há um par de anos foram às finais. Desde ontem também devem entrar nas contas de todos Nova Iorque: numa troca que não se esperava que fosse concluída ainda esta época, Carmelo Anthony mudou-se para Big Apple, vindo de Denver, para se juntar a Amare Stoudemire, fazendo um duo mortífero. Não são favoritos ao título, mas durante o resto da época deverão medir-se com os grandes.
Que temos então, do lado do Oeste? San Antonio a ser a melhor equipa da liga, com um 5 muito forte e equilibrado, mais um banco espantoso, quase que ainda mais forte e equilibrado também. Dallas tem sido também consistente ocupando o segundo lugar no Oeste, mas são conhecidas as suas fragilidades no tempo dos playoffs. Os Lakers são os campeões em título há duas épocas, mas têm tremido muito como há duas épocas não tremiam, antes da chegada de Pau Gasol. Não fosse por San Antonio, apostava as minhas mesadas dos próximos meses em como o título este ano vai para uma equipa de Este, bem como na grande parte da próxima…hum…década?
O destaque positivo desta semana vai para o concurso de afundanços do All-Star. Foi um espectáculo como ninguém via há meia dúzia de anos, e o concurso recuperou o seu prestígio e nasceu. Diga-se o que se quiser da vitória de Griffin ter sido injusta, o certo é que fomos agraciados por performances e criatividade como há muito não se via. Do lado negativo destaco o simbolismo da troca de Carmelo Anthony de Denver para Nova Iorque. Mesmo ganhando-se uma equipa que já era muito divertida de ver jogar, ficar melhor com Anthony, e mesmo que Denver tenha recebido muitos jogadores que lhes permita reconstruir a equipa rapidamente, a troca revelou que a birra que Antohny tem feito nos últimos seis meses para ir para outra equipa levou a melhor sobre quem lhe paga os salários. E isto obviamente mostra que é necessário o acordo entre jogadores e proprietários das equipas antes da próxima época começar, ou não teremos NBA até haver acordo.
by Óscar Morgado