14
Jan11
Voleibol à Sexta
Minuto Zero
Três anos são… muitos anos.
Volto a falar do SL Benfica (bem sei que é uma quase constante, mas é o único clube que tem jogos a que posso assistir regularmente) para falar do campeonato inter-regional de Lisboa no escalão infantis/iniciados. E é precisamente este facto, o de ser uma mistura de escalões, que focarei aqui num pequeno apontamento.
Comecemos pelo básico: o escalão de iniciados tem os jogadores que, no início da época, têm 13 e 14 anos. Este ano, isso traduz-se em atletas nascidos em 1996 e 1997. Já nos infantis, por falta da existência de um escalão abaixo desse (a título de exemplo refiro aqui o escalão de minis, que jogam em duplas, no desporto escolar), estão todos os jogadores com menos de 13 anos. À partida, isso poderia não ser problemático; no entanto, acaba por ter resultados como o que assisti no passado fim-de-semana.
Equipa do SL Benfica, iniciados, em Novembro de 2010 |
No sábado decorreu a primeira jornada do campeonato referido acima. Entre outras, estão presentes nesta fase as equipas de SL Benfica (iniciados) e SC Caldas (infantis), que se defrontaram no primeiro jogo. Aparentemente, e segundo vários comentários «de bancada» que fui ouvindo, foi o primeiro jogo oficial da equipa de Caldas da Rainha (o SL Benfica participou, nos últimos meses do ano, no torneio regional da AVL). E qual não foi o meu espanto quando vejo aparecer uma equipa de... crianças. Não é com má intenção que o digo, é apenas a constatação de um facto: se a equipa de iniciados que estava perante nós era de perfeitos adolescentes, com os seus 1,80m ou mais, alguns maiores que o próprio treinador, a equipa de infantis tinha atletas que não chegavam a ter dez anos. Crianças, portanto.
Parece-me óbvio, mas mesmo assim vou referi-lo, que uma diferença de 4 anos (ou mais) nestas idades é grande. Enorme, diria eu. Sobretudo quando se trata de uma actividade desportiva que, por definição, envolve muito do físico dos jogadores: se uns são fisicamente adultos, os outros estão a anos-luz de o serem. As diferenças não se esgotam, ainda assim, no aspecto físico: a inteligência táctica de um jogador de 10 anos não se pode comparar à de um jogador de 14, por mais que nenhuma delas esteja no seu auge.
É claro que actualmente não há outra hipótese de fazer as equipas de infantis integrarem a competição (na zona de Lisboa e arredores, são apenas duas equipas federadas: o SL Benfica, que defrontará a sua equipa iniciada este fim-de-semana, e o SC Caldas). Ainda assim, não me parece que esta solução seja minimamente justa, tanto para um lado como para o outro - uns porque se sentirão impotentes, uns Davides contra Golias, e outros porque - e aí pesa a mentalidade infantil destas idades - não levarão a sério tais jogos. Mas, como li há uns dias, numa situação completamente diferente, o facto de eu não encontrar solução não quer dizer que o problema não exista. E, se existe, não devo deixar de o apontar.
by Sarah Pires Saint-Maxent
by Sarah Pires Saint-Maxent