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Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

Minuto Zero

07
Dez10

Em Frente

Minuto Zero
 Memória e História
                A História é algo estranha de perceber em determinados momentos. Certos acontecimentos de menor relevo vão permanecendo na nossa memória, outros marcantes nem por isso. No desporto passa-se exactamente o mesmo. Eu posso saber que o Carlos Lopes ganhou uma medalha de ouro, mas não sei quem passados quatro anos conquistou o mesmo feito na Maratona. Sei que a Vanessa Fernandes foi medalha de prata nos últimos Jogos Olímpicos, mas não me recordo quem foi a campeã olímpica.
                Esta semana deparei-me, num determinado espaço online, com dados curiosos relativos a uma competição disputada em Portugal entre os anos 1922 e 1938 e que muitos teimam em omitir da História da modalidade no nosso país. Refiro-me ao Campeonato de Portugal, prova que consagrava o campeão da modalidade. O modelo desta competição (uma fase preliminar – os Campeonatos Regionais – e, posteriormente uma fase a eliminar) era idêntico ao realizado em países como a Alemanha (a qual utilizou este modelo até aos anos 50 para definir o seu campeão). No entanto, com o passar dos anos haveria de ser alvo de reformulação…
                A partir dos anos 30 começou a ponderar-se a criação de uma liga ao estilo inglês (modelo idêntico ao dos dias de hoje), de forma a consagrar o campeão. Esta só ocorreria desde que não se prejudicasse o desenrolar do Campeonato de Portugal, que se manteria a competição principal no país, continuando a atribuir o título de campeão. Assim, enquanto determinados clubes continuaram a apostar na competição iniciada em 1921 (como é o caso do Sporting Clube de Portugal), outros decidiram centrar os seus esforços na nova competição, ainda que esta não fosse oficial, encontrando-se em fase experimental.
Fonte: Blog Longara
                No entanto, em 1938, em congresso da Federação Portuguesa de Futebol, o Campeonato da Liga tornou-se a competição principal em Portugal, passando a definir o campeão nacional. Por sua vez, o Campeonato de Portugal deu lugar à Taça de Portugal, competição complementar da primeira.
                A memória até esse ponto não falha. O problema vem depois.
                 Entre 1921 e 1938 foram diversos os clubes que conquistaram o Campeonato de Portugal. O Sporting e o Futebol Clube do Porto (quatro vezes cada), o Sport Lisboa e Benfica, o Futebol Clube “Os Belenenses” (ambos três vezes), o Carcavelinhos F.C., o C.S. Marítimo e o Sporting Clube Olhanense (uma vez). No entanto, nos meios de comunicação, esses títulos foram sendo desprezados.
                No período experimental do Campeonato da Liga, o Benfica conquistou a competição por três vezes (mesmo número de vezes que conquistou o Campeonato de Portugal) e, nesse sentido os benfiquistas foram sempre colocando em causa a competição mais antiga. Alegavam que era uma competição menos exigente, que correspondia a uma fase em que a modalidade dava os primeiros passos no país, etc…
                Os campeões nacionais no período em que ocorreu o Campeonato de Portugal são esquecidos hoje em dia, em grande parte devido ao fomentar da posição do clube encarnado (que sempre foi fazendo pressão de forma a que os títulos do campeonato experimental fossem aceites, em detrimento dos da competição anterior, uma vez que eram o único clube que não saía prejudicado no número de títulos conquistados). Se de outra forma fosse, o Benfica ainda hoje manteria o mesmo número de títulos, mas veria os seus rivais aproximarem-se bastante no número de campeonatos conquistados. Aliás, se se tivessem em conta esses títulos, o Futebol Clube do Porto passaria a ser considerado o clube mais vezes campeão nacional (34 vezes).
                Infelizmente, o argumento benfiquista para que esses títulos fossem retirados da contagem nunca foi utilizado pelos menos no que diz respeito à Taça dos Campeões Europeus. Uma competição menos exigente e disputada somente em eliminatórias, correspondente a uma fase em que o futebol europeu dava os seus primeiros passos.
                A memória tende a esquecer alguns factos, outros não. Haverá uma razão especial para tal?

by Jorge Sousa

06
Dez10

Segunda é o dia

Minuto Zero
Felizmente perdemos!
Ao contrário do que alguns idealistas previam, mas ao encontro do que mais se esperava, Portugal ficou fora da organização do Mundial de 2018. A candidatura portuguesa e espanhola foi afastada da corrida e, para mim, isso são boas notícias.
Numa perspectiva mais geral, são boas notícias que Portugal e Espanha não organizem o Mundial, como são boas notícias o facto de a escolha não ter recaído em países como a Bélgica, Holanda ou, sobretudo, a Inglaterra ou os Estados Unidos. Pessoalmente, não tenho nada contra estes países, mas parece positivo que a organização possa caber a países que ainda não tenham tido esse privilégio. Quer a Rússia, para 2018, quer o Qatar, para 2022, são duas estreias no que respeita à organização de fases finais de grandes eventos futebolísticos.
Olhando para a “derrota” numa perspectiva mais micro, fico contente que Portugal fique liberto deste compromisso. Ainda que um estudo do ISEG, divulgado esta semana, tenha garantido que Portugal não gastaria mais que os 2 milhões de euros já dispendidos com a candidatura, eu não acredito. Respeito muito os estudiosos que chegaram a estas conclusões, mas sabemos bem como são feitas estas contas em Portugal. No final, gasta-se muito mais do que era previsto. Além de que ainda não está provado que, para mim, o Euro 2004 tenha tido efeitos positivos para o turismo. Se o Mundial não teria nenhum estádio no Algarve, ainda mais dúvidas me levanta a sua viabilidade.
Além da análise da derrota portuguesa, parece-me também digna de nota a vitória da Rússia e do Qatar. E o comentário para um caso serve para o outro. Ambos os países, “derrotaram” grandes potências mundiais extra-futebol (EUA e Inglaterra); ambos os países vão organizar o Mundial com recurso ao dinheiro do petróleo (mais o Qatar que a Rússia); ambos os países são equipas modestas no mundo do futebol; mas ambos os países têm investido muito em clubes europeus, nomeadamente em Inglaterra (Manchester City, Chelsea, Liverpool, Málaga, etc.).
Em suma, para o futebol parece-me saudável que tenha sido este o desfecho das votações. Para Portugal, parece-me que foi o melhor que podia ter acontecido. Até porque agora Gilberto Madaíl já não tem desculpa nenhuma para continuar na Federação mais oito anos.
Para finalizar, apenas duas notas ainda sobre futebol. Em primeiro lugar, impõe-se reconhecer mérito ao Porto. A três jogos do fim do ano ainda não perdeu e caminha a passos largos para a conquista do campeonato. E este ano, mais que nunca, não me parece que se possa acusar a arbitragem de ter ajudado o Dragão. Em segundo lugar, uma menção a Cristiano Ronaldo. Por mais que alguns insistam em criticá-lo e colocá-lo um patamar abaixo de Messi, apesar dos 5-0 da semana passada, penso que Ronaldo está mais que ao nível do argentino, senão mesmo acima. É que enquanto Messi tem um Barcelona que joga ao seu nível, Ronaldo tem que, muitas vezes, levar a equipa às costas. 

by João Vargas
05
Dez10

Fogo sem Fumo

Minuto Zero
Honra Lusitana

Na passada semana, a FIFA escolheu o país que ficará responsável pela organização do Mundial de 2018. A escolha foi o país dos czares, a Rússia. Rapidamente, a imprensa, nomeadamente aquela proveniente dos países que perderam a organização – inglesa, espanhola e portuguesa – iniciaram a sua campanha contra a FIFA e a sua legítima escolha. Cheirou a dor de cotovelo. Quanto ao nosso belo país, candidato a co-organizador da competição com Espanha, acabou por apenas obter um género de “vitória moral”.

Nos dias que precederam a decisão, multiplicaram-se as notícias que demonstravam as características que faziam de Portugal e Espanha a escolha certa, hospitaleiros por excelência e a loucos pelo desporto rei. Por outro lado, também se falou de vantagens, de lucros, de receitas. Ao que parece já havia gente a esfregar as mãos. Aquilo que se falou não corresponde totalmente à verdade, como se pode ler no artigo do Público “Mundiais de futebol não são tão bons para o turismo e comércio como se pensa” onde o alemão, Wolfgang Maennig, professor de Economia da Universidade de Hamburgo que se tem dedicado ao estudo dos efeitos económicos de grandes acontecimentos desportivos, explicita. Mesmo após a decisão tomada, continuou-se a lusitana (e não só) lamuria.

Contudo, há uma questão que me continua a intrigar, Portugal sairia beneficiado por organizar este Mundial? A minha opinião é que seríamos apenas uma mera “moleta” numa operação de fachada que pretendia dar a ideia aos outros países de uma União Ibérica com estofo para organizar eventos em conjuntos. Basta ver a distribuição dos jogos para se verificar o papel de “moleta” que iríamos ter. Apenas 19 jogos dos 64 seriam realizados em Portugal. Para não falar de que apenas Alvalade, Luz e Dragão seriam contemplados devido às suas capacidades permitirem a recepção de jogos de uma competição como um Campeonato do Mundo. O resto do país, esse que tantas vezes é valorizado nos discursos que pretendem transmitir a ideia de que Portugal não é só Lisboa e Porto, seria mais uma vez – e com as devidas formalidades – esquecido. O “centralismo” ganharia mais uns trunfos. Com isto não quero dizer que quero receber um Brasil-França em Mangualde ou em Ponte de Lima, não chego a tanto, mas que o facto de apenas duas cidades do nosso país serem seleccionadas deveria colocar os responsáveis portugueses a reflectir se foi uma boa decisão avançar com esta candidatura. Aceitar que apenas um terço da competição era realizada em Portugal? Temos de ter a noção de que se não temos condições, então não vamos só para preencher lugares.
Costumo dizer que “se é para sair de casa, ou se sai em primeiro ou então não se sai” e esta cruzada ibérica sempre me pareceu que era um frete aos nuestros hermanos. É uma questão de honra. E com isto da candidatura, fomos mais uma vez, vergados aos pés dos nossos vizinhos. 

By Alexandre Poço
04
Dez10

Porque ao Sábado se Destaca

Minuto Zero
Para quem gosta de futebol- leiam- Messi, Ronaldo e Xavi

Muitas dúvidas na hora de decidir quem é o melhor. A pergunta todos a fazem, palpites também mas a resposta muito poucos a sabem explicar.
Na minha opinião Xavi é neste momento o melhor do mundo, passo a explicar.
Como amante do desporto rei gosto de ver os jogos completos perceber todas as suas incidências que muitas vezes escapam aos resumos.
O futebol de Xavi é o futebol que me faz deixar agarrado à Tv durante os 90 minutos. A cada momento, a cada passe, a cada desmarcação a cada vez que levanta cabeça eu sorrio e pergunto-me como é que é possível. A bola nos pés de Xavi é um paradoxo. O paradoxo da certeza e da incerteza. Da incerteza que não sabemos o que ele vai fazer, mas da certeza porque sabemos que vai tomar a melhor decisão. A bola nos pés do Xavi é a pureza do futebol.  A pureza do encanto enquanto jogo colectivo onde se tenta descobrir caminhos para a baliza adversária. A capacidade de saber quando tem de se avançar, quando tem de se recuar, quando tem se segurar a bola, a capacidade de fazer tudo perfeito. A capacidade de vir buscar a bola aos defesas, médios, guarda-redes, avançados ou a capacidade de se abrir nas alas para os colegas entrarem ou de abrir ele na ala para os colegas entrarem no meio. Fácil de explicar mas difícil de executar. Mas Xavi contraria com uma simplicidade fantástica juntando o seu posicionamento perfeito. Ele joga, parece fácil ele cria a dinâmica da própria equipa. Se Deus escreve direito por linhas tortas, Xavi descobre linhas de passe onde elas não existem. Onde os caminhos tão fechados, onde o labirinto parece preexistir. Contudo a sua genialidade aliada à rapidez de pensamento e execução fazem com que numa simples viragem um passe surja onde ninguém pensa. Xavi basta fazer um movimento que desequilibra, os colegas só tem de acompanhar o seu ritmo. Fundamentalmente só tem de interpretar o que ele faz e como ele se posiciona. Ele decide, ele cria e ele constrói. Como diz o grande Alex Ferguson “Xavi nunca passa uma noite sem dormir porque perdeu uma bola”. Tal incidência é pouco provável.
Ronaldo é o protótipo do jogador que todos querem ser. O protótipo da intensidade do futebol.  Físicamente forte, fortíssimo no um-para-um, joga com os dois pés, livres e cabeça, faz tudo. Ronaldo é o símbolo de quem sabe fazer tudo. Ronaldo é aquele jogador que chama por nós nos 90 minutos, que nos permite sentir a intensidade do futebol, mas que não nos permite entender o que é o futebol. O futebol rejubila nos pés de Ronaldo quando sente que tem de mudar ritmo quando sente que tem de dar emoção ao público, mas precisa dum Xavi para saber quando é que é o momento adequado. O futebol de Ronaldo é o misto da força e da técnica, do trabalho e do talento, da velocidade e da lentidão(quando se agarra à bola e a acção é inconsequente). Um futebol bem mais complexo e paradoxal. Um futebol que depende do dia, da hora, um futebol quase sempre produtivo, mas nem sempre eficaz. Um futebol onde o coração prima pela razão. Um futebol que se joga de alma, como se fosse o último jogo da sua vida, como se fosse o último passe, a última carga de ombro, o último livre, o último golo. Ronaldo é alegria e tristeza. Alegria porque muda o ritmo de jogo e traz os desequilíbrios que nos entusiasma pela possibilidade do golo, mas tristeza também pela incapacidade de manter o ritmo pela falta de razoabilidade, de manter o mesmo nível em todos os jogos. De ser coerente para com o jogo. Quando o jogo pede Ronaldo não sabemos como Ronaldo vai responder. 80% capaz do melhor, mas 20% capaz do pior. Fundamentalmente porque não conhece as suas limitações porque tenta dar ao jogo aquilo que ele não pede. Ronaldo é o coração do futebol.
Messi é o protótipo da festa. Messi é daqueles jogadores que vamos chamar o amigo para ver o golo ou a finta. Messi é show de bola. Ver Messi jogar é como ver patinagem artística, é como o amor ou como uma pintura-é belo. Ver Messi é ver jogar à bola. A bola colada ao seu pé como se fosse mais um membro do seu corpo, a capacidade de fintar os adversários, de mesmo quando os adversários saberem o que ele vai fazer e não o conseguirem parar é puro espectáculo. Messi faz-nos amar ver bola, faz-nos amar ver este pormenores, faz-nos quer a cada momento que ele invente algo de novo, que não finte 4 mas 5, que consiga dar mais toques na bola em menos espaço possível. Messi caminha a passos largos para a utopia da perfeição do virtuosismo do futebol. Mas a grande pergunta é? O que é o futebol, um jogo só de puro espectáculo, ou um jogo eficaz, de golos com ou sem espectáculo.
A resposta que todos nós sabemos, mas que nem todos queremos dar é que o futebol quer e carece de golos. Golos esses que surgirão da razão do Xavi, da intensidade do Ronaldo ou do show do Messi, mas queremos golos.
Queremos alimentar este nosso objectivo, queremos fazer de tudo para que ele se concretize, como guerreiros que querem ganhar uma guerra como pobre que procura pão. O futebol não vive sem golos. Mas para os haver é preciso para além de executar bem, saber quando e onde se deve executar.
Como desporto onde o colectivo impera pelo individualismo, onde a conjugação de passes é o caminho para o golo, onde os desequilíbrios são criados pela dinâmica da equipa. O futebol atacante necessita de criadores, de génios, de jogadores imprevisíveis que a cada momento descubram o caminho da baliza. Jogadores que a cada momento tem consciência do seu papel do jogo, jogadores que controlam o envolvimento do jogo e que não se deixam envolver por ele. Jogadores eficazes e simultaneamente colectivos. Jogadores carregadores de piano e simultaneamente virtuosos. Jogadores que seguram a bola e que jogam a um toque. Jogadores que dão ao jogo o que ele necessita e não que tenta com que o jogo lhe de o que eles necessitam.
Nestes predicados só um nome reina como melhor. Só um nome sabe jogar à bola e jogar futebol ao mesmo tempo. Só um nome sabe tomar a decisão correcta correndo muito poucos riscos de errar. Só um nome sabe fazer do futebol aquilo que ele é, criação de jogadas e golos. Só um nome sabe não jogar mal. Só um nome sabe exacerbar o futebol como desporto mais perfeito da humanidade. Só um nome emerge num patamar de top no colectivismo e individualismo.
Se Ronaldo é a paixão do futebol, se Messi é o espectáculo do futebol, Xavi é o futebol do futebol.
O futebol sem Xavi é como uma casa sem alicerces por mais telhado bonito que tenha, não é consistente, não existe.
O futebol é Xavi e Xavi é futebol, obrigado por a cada lance, a cada jogo, a cada campeonato ver as tuas execuções e perguntar “Mas porque razão não existe perfeição no futebol?”

By João Perfeito
03
Dez10

Porque os gigantes também tem um fim

Minuto Zero
No final de mais uma liga brasileira de futsal, diga-se a melhor do mundo a par da espanhola, uma notícia perturba os adeptos da modalidade.
O tetra-campeão Malwee Jaraguá, equipa do estado de Santa Catarina, deixará a partir da próxima temporada de existir. Para que não estiver familiarizado com o futsal brasileiro basta dizer que esta equipa soma seis taças dos Brasil, seis títulos sul-americanos e 5 taças Libertadores, a máxima competição do futsal sul-americano. Tudo isto em ... 8 anos de existência!
Se tudo isto ainda não lhe desperta qualquer tipo de atenção então basta dizer que este era, até esta temporada, o clube de Falcão, jogador brasileiro que é não só talvez o melhor jogador do mundo como também a imagem de marca do futsal a nível mundial.
O final do clube deve-se ao final dos contratos com investidores, que tornaram durante anos esta equipe a expressão máxima do futsal brasileiro.
Lembro-me sobretudo de os ver jogar contra o Benfica na taça intercontinental, disputada em Portimão à cerca de 3, 4 anos não sei precisar. Do jogo pouca história. O Benfica perdeu face a uma super potencia, sendo a equipa brasileira batida na final da competição pelo Interviú. Para a memória fica no entanto o momento em que Falcão, em livre lateral bem longe da baliza de Bebé, pica a bola deixando de boca aberta colegas e adeptos. Bebé impotente apenas guardou na memória o golo genial que havia sofrido. Ninguém o recriminou certamente, no entanto pudemos sim recriminar a injustiça do dinheiro e das suas influências.
Ao que parece o clube continuará a existir, mas com uma expressão bem menor. Lénisio (melhor pivô do mundo na minha humilde opinião) e Falcão seguiram o seu futuro separados. O primeiro tem já contrato com o Poker uma boa equipa da liga. O segundo irá encarnar o papel de grande figura do novo projecto da Vila Belmiro: o Santos passa a ter esta temporada equipa de futsal profissional, no escalão de seniores, um projecto que promete dar frutos e causar impacto. Com Falcão segue também o mister Ferreti, um dos grandes treinadores do futsal mundial.
Não fico muito insatisfeito por saber que Falcão passa a representar o meu clube favorito no Brasil. Mas o fim da Malwee significa um fim de "ciclo" no futsal brasileiro.

fonte: ligafutsalbrasil2010

By Tiago Luís Santos
03
Dez10

Voleibol à Sexta

Minuto Zero
O libero
«A pedido de muitas famílias» – na verdade, a pedido do Steve –, o post de hoje tem um carácter mais informativo. Este tema é relevante porque já foram várias as vezes em que ouvi exactamente aquilo que aqui me foi perguntado: qual é o papel do jogador de camisola diferente, numa equipa de voleibol?
Fonte: desporto.maiadigital.pt
            A posição desse jogador é a do libero e é o único jogador com regras específicas e distintas dos outros; quando falo aqui em distribuidor, central ou oposto, por exemplo, apenas refiro a posição que ocupam na organização da equipa – o libero, no entanto, é um jogador «especial», consagrado formalmente.
           O que faz o libero? A função deste jogador é simplesmente receber e defender – por isso, e como o Steve também referiu na sua pergunta, costuma ser o jogador mais baixo da equipa; tem uma camisola de cor diferente para ser facilmente reconhecido, já que as regras específicas assim o exigem. Estas regras prendem-se com as posições que pode ocupar, as substituições, o passe e o ataque: em primeiro lugar – o fundamental –, este jogador só pode ocupar posições de defesa, logo, só ocupa as zonas 1, 6 e 5. Normalmente, isto significa que o libero ocupa a posição do central quando este chega à zona defensiva, mas apenas depois de servir (o libero não pode servir, pelo que entra apenas quando o jogador que substitui está em zona 1 e o serviço é do adversário). 
                 O que acabei de dizer não é uma regra, claro, é apenas costume: o libero pode substituir qualquer jogador que esteja na zona defensiva, as vezes que quiser, desde que haja uma jogada de intervalo desde que sai até voltar a entrar em jogo. Esta substituição faz-se sem paragem do jogo (não é necessária a indicação do árbitro), pela linha lateral atrás dos 3 metros.
                Duas outras regras fundamentais têm que ver com o passe e o ataque: por um lado, o libero não pode distribuir a bola em passe à frente da linha dos 3 metros. Porquê? Qualquer observador atento reparará que uma equipa é mais forte quando tem o distribuidor numa posição defensiva e, consequentemente, três atacantes à frente: ponta, central e oposto. Assim, se fosse possível o libero distribuir em passe, as equipas teriam sempre o distribuidor atrás e sempre três opções de ataque, o que tornaria o jogo muitíssimo menos rico do que é. Por outro lado, o libero não pode atacar a bola acima da tela, nem à frente nem atrás da linha de 3 metros (os jogadores «normais» que estão em posição defensiva podem atacar de 2ª linha, isto é, atacar a bola acima da tela, como habitualmente, desde que na chamada não toquem ou ultrapassem a linha dos 3 metros). Porquê? Bem, porque é um jogador defensivo e não um atacante – tem algumas regalias e, claro, também tem que ter algumas restrições.
Fonte: bancadadirecta.blogspot.com

            
Vou voltar ao tema numa crónica próxima, para referir as restrições que a FPV faz em relação ao libero nos escalões de formação, mas fico-me por aqui hoje. Para rematar, fica aqui uma mini-opinião: o Carlos Teixeira, actualmente a jogar no Poitiers, em França, é provavelmente o melhor libero português a jogar hoje em dia, e é uma pena que não se mantenha na selecção.

By Sarah Saint-Maxent



03
Dez10

Futebol Italiano... o fabuloso mundo dos trequartistas

Minuto Zero
Eternamente rejeitado por muitos e adorado por outros. Para ver um jogo do Calcio é preciso quase um manual de instruções.
Foi lá que nasceu o cinico catenaccio, muito por culpa do fanatismo em volta da modalidade. Em Itália perder um jogo significa muitas vezes uma semana de pesar para os tiffosi, sedentos de títulos. O culto do "resultadismo" se assim lhe pudemos chamar levou o futebol italiano por caminhos que nem sempre coincidem com a imagem de beautiful game
A verdade é que, a tendência para sistemas defensivos, ou melhor, equipas que preferem controlar o jogo em vez do o dominar em posse, aproveitando sobretudo o erro do adversário, deu espaço para um fenómeno que coloca um estilo específico de jogador num estatuto quase divino: os trequartista.
Seja ele um 10 à moda antiga, que transporta desde o meio-campo até a grande área adversária, seja como 9,5, nas costas de um ponta-de-lança, seja como médio ofensivo centro, figura que nos dias que correm vai fazendo esquecer os velho 10... por vezes 8 e meio outras um 10 com espaços de ocupação bem mais curtos do que antigamente.
Nessa lógica surgem ainda uma outra cambiante de trequartista: o regista recuado, na sua expressão máxima a figura de Andrea Pirlo. Começou a carreira com 10, mas faltava-lhe sobretudo a capacidade de drible. No Milan com Ancelloti, baixou para a posição 6, redefinindo-a. Tornou-se pivô-defensivo, que orienta o sentido de jogo a partir da sua capacidade de passe, com os seus fieis guardas Gatusso e Ambrosini a garantirem capacidade de recuperação.
Hoje em dia a figura de trequartista aparece com novos nomes associados. Com problemas de renovação geracional, o futebol italiano vive ainda muito da recordação dos campeões do Mundo de 2006, e de toda uma geração pós-Baggio: Nesta, Zambrotta, Pirlo, Gatusso, Perrotta, Cannavarro, mas sobretudo as figuras paradigmaticas de Totti e Del Piero. Um e outro deixam a ideia de que podiam ter sido bola de ouro, não fosse o seu amor incontestável a Roma e Juventus, que, em determinados momentos da sua carreira, lhes retiraram expressão internacional. Com o 10 nas costas, vivem hoje em espaços mais curtos, fruto da menor capacidade física. Nunca foram no entanto 10 com Baggio, mas sim 9,5 nas costas de um outro avançado. No entanto a magia dos 10 do passado, de Riva e Baggio, estava lhe nas botas. Mas o futebol muda constantemente, e por isso deixa de se falar nos míticos 10.
Hoje, vivem em Itália outros magos. Desde Sneijer no Inter, o velhinho Seedorf, Ronaldinho a espaços lá vai tentado fazer esquecer a magia assombrosa de Kaká que ainda ecoa nas parede de San Siro. Nos outros, os não grandes, as fíguras de Pastore e Hernanes vão se afigurando como figuras para o futuro. Um vive como pivô no meio campo, um 8 em torno do qual gira todo o jogo da surpreedente Lazio. Na Cicila o talento de Pastore encanta os loucos adeptos do Palermo. Alto e esguio, não é muito agil nem sequer rápido, mas trata a bola de uma forma superior, fazendo lembrar os médios sul-americanos dos anos 70. Com bola sabe quando acelerar e quando travar. Já joga na selecção argentina, vamos ver se será o próximo grande trequartista do calcio.

fonte: gazzetta dello spor


By Tiago Luís Santos
02
Dez10

Candidatura Ibérica?

Minuto Zero
No dia em que a FIFA divulga os nomes dos países organizadores dos Mundiais de 2018 e 2022, faz sentido pensar um pouco na candidatura Ibérica, na qual Portugal e Espanha se juntam.
Pensemos nesta na perspectiva dos dois países:
Por um lado a Espanha, a qual já recebeu um campeonato do Mundo (1982), campeã do Mundo e da Europa em título. Com uma série de necessidades ao nível das infra-estruturas desportivas, na grande maioria envelhecidas, apresenta-se para este Mundial com um plano de reestrutoração que, de facto, teria de executar mais tarde ou mais cedo. Santiago Barnabeu, Camp Nou ou o novo Mestalla são algumas das pérolas da candidatura, num país que vive assombrado pela crise económica e pela sempre presente reivindicação independentista de algumas das suas regiões autónomas.
Do outro lado da barricada, Portugal. Também embrenhado no clima de crise mundial e sobretudo europeia, vive com balões de oxigénio. A nossa situação no próximo ano é já de si difícil de prever, quanto mais daqui a 8 anos. A verdade é que o investimento neste mundial seria mínimo, mas os retornos podem nem chegar para o financear. Temos do nosso lado os estádios, made in 2004, da Luz, Dragão e Alvalade (embora este ultimo corra o risco de ser rejeitado) e a capacidade organizacional demonstrada. Claro que o Algarve fica prejudicado por não apresentar nenhum estádio, o que significa menos retorno financeiro proveniênte do turismo, mas a verdade é que a exigência de realizar investimentos parece impenssável neste momento.
Outro factor preocupante prende-se com a distribuição do calendário de jogos pelos estádios. Conseguimos garantir que a nossa selecção jogue sempre em "casa", mas a possibilidade de Alvalade ficar afastado pode por também essa pequena conquista em risco. Jogo de Abertura em Camp Nou (para satisfazer os catalães) e final no Barnabeu. Para nós, uma meia final na Luz, e o jogo do 3º Lugar no Dragão... Penso, que para além da diferencia entre o número de estádios, este ultímo factor é absolutamente incaceitável. Certo é que nos candidatamos com a despesa no mínimo, com a consciência de que nunca conseguiremos ter estrutura para nos candidatar-mos sozinhos a um campeonato do Mundo, mas esta distribuição levanos a perguntar: Numa candidatura conjunta faz algum sentido uma região como a Catalunha passar por cima de uma nação independente? È claro que isto é uma questão discutível. Camp Nou tem obviamente vantagem no confronto directo com a Luz, mas a carga simbólica não pode ser descorada.
Confesso que não nutro grande apresso por esta candidatura. Acho sobretudo que a nossa selecção tentou ir um pouco na "boleia" dos espanhóis. Mas a verdade é que neste momento de crise talvez não fosse grande ideia este mundial. Á que ter em conta que este género de eventos traz de facto prestígio internacional, e nesse âmbito, para fazer as coisas que seja no momento certo e com as condições certas. Espere-mos pelo resultado. Se ganhar-mos só devemos apoiar e desfrutar das vantagens. Se perder-mos à que pensar duas vezes...


By Tiago Luís Santos
02
Dez10

Steve Field

Minuto Zero
Violência
Há algumas semanas que esperava pelo embate entre o campeão europeu Benfica e o campeão nacional Sporting e, aproveitando a acessibilidade de preços dos bilhetes do futsal (6 euros para não sócios, o que só incentiva a ida ao pavilhão. O futebol que aprenda!) desloquei-me ao Caixa Futebol Campus para assistir ao jogo entre as melhores equipas desta excelente modalidade.
O resultado do jogo (4-2 para o Benfica) mas, sobretudo, a qualidade do jogo, fizeram com que passasse uma boa tarde. Apesar do equilíbrio, o Benfica foi superior ao seu rival. A experiência numa modalidade de pavilhão tem maior relevo e nesse aspecto o Benfica é soberbo, com uma equipa que joga há vários anos junta. A meu ver, este factor é o que faz desequilibrar a balança a favor do Benfica, apesar de excelente equipa do Sporting.
No entanto, para não variar, assistiu-se a cenas lamentáveis no final do jogo, que traduz o fanatismo de ambos os adeptos e talvez o mau perder da parte leonina (ao contrário, provavelmente, teria sido igual). Tenho de realçar o excelente trabalho da equipa de segurança na mediação pronta da violência mas houve alguns very lights arremessados, o que nos deve preocupar pois, infelizmente, ir ao futebol (neste caso ao futsal) não é seguro. Porque não há um maior controlo à entrada?
Mas este é um tema para ser debatido noutra altura…não foi as medidas de segurança que me levaram a escrever este artigo mas sim o fanatismo, que se traduz nas claques. Como dizia o João Perfeito no final do jogo, estas existem devido à cultura dos países latinos onde a maioria dos adeptos (eu sou o máximo exemplo disso) se deslocam a um jogo para o observar não para estar a puxar pela sua equipa. Em Inglaterra, por exemplo, não vemos nenhuma claque no estádio pois as pessoas que se deslocam ao jogo vão com o propósito de apoiar o seu clube. Deste modo, para o ambiente do jogo, é crucial a existência das claques em Portugal. Porém, estas provocam imensos problemas o que me leva a ser contra elas.
E porquê? As claques em vez de se limitarem a apoiar a sua equipa (que tão bem o fazem) passam grande parte do jogo a ‘picar’ a claque adversária, como vi no jogo, mais vezes por parte do Benfica por jogar em casa e ter mais adeptos no jogo. Isto provoca o ‘inevitável’, confrontos no final do jogo por tanto ódio acumulado. Porquê isto? Porque não apoiar só o seu clube? Porque cantar o nome do Benfica em praticamente todos os recintos onde há jogos de grandes mesmo sem o Benfica estar presente? Há assim tanto ódio pelo maior clube português?
Em suma, no meu ponto de vista que é de um adepto de futebol mais do que adepto do Benfica, acabem com as claques! Estas teriam utilidade se fosse para o bem do espectáculo, como é para criar guerras estão a mais no futebol. Como as claques funcionam neste momento, são um desincentivo ao futebol assistido ao vivo e um incentivo a ficar pregado à televisão, para agrado da sporttv. Ao contrário de muitas opiniões que já vi de amigos que escrevem neste blog, o fanatismo não beneficia em nada o desporto, só o torna numa guerra desnecessária.
By Steve Grácio
01
Dez10

Um olhar para o outro lado do Atlântico

Minuto Zero
A uma jornada do final do Brasileirão, e com tudo em aberto ainda no que toca as decisões, deixo aqui um olhar sobre a realidade do futebol brasileiro (interno claro).
Condicionado pelo calendário do mercado de transferências europeu, o futebol brasileiro apresenta hoje mais do que nunca, momentos de "crise".
Como é óbvio, um país com o número de praticantes da modalidade como o Brasil, terá sempre grandes jogadores, bons jogadores, mas também, como em todo o mundo, jogadores de menor qualidade. O problema está, quando estes últimos se confundem com os primeiros. É estranho observar alguns jogos do brasileirão onde aparecem esporadicamente alguns jogadores, com grande golos ou jogadas. A verdade, é que tão depressa como aparecem eclipsam-se. Fico sempre com essa imagem quando vejo os resumos do campeonato brasileiro, mas sobretudo das taças estaduais, que, como se sabe, envolvem clubes de diferentes divisões.
Lendo comentários desportivos on-line de alguns comentadores brasileiros, fico por vezes com a sensação de que a visão europeia tem pouco a ver com a canarinha. Surgem sempre outros exemplos que esses sim estão já "europeizados". 
Num clima de problemas económicos, e num período de domínio absoluto do futebol europeu, o Brasil aparece como um enormíssimo exportador, mas o seu campeonato interno importa também cada vez mais.
Jogadores vindos sobretudo de outros países da América do sul, inundam o futebol brasileiro de "outros" estilos, os quais, pareceram durante décadas muitos afastados de terras de Vera Cruz. Uruguaios, Argentinos, Equatorianos... confundem-se com os habituais talentos brasileiros e com uma enorme quantidade de jogadores menos talentosos, que tentam por meio de uma "europeização" acabam por ganhar o lugar aos mais talentosos mas menos "objectivos". 
Pede-se a essência do futebol brasileiro neste ponto. Causa-me uma enorme estranheza ver autênticos "armários" quase num estilo que associamos ao futebol germânico, jogarem ao lado de Neymar's ou Gansos... depois temos planteis por onde passam 30 a 40 jogadores por época, desaparecem tão rápido como aparecem... 
Claro que este fenómeno é bastante relativo, mas não deixa de ser sintomático. 
Criou-se a ideia de que o jogador brasileiro sai cada vez mais cedo do país rumo à Europa. Olho para Ganso com 21 anos e penso que já deviria ter dado o salto... mas porquê? No futebol globalizado, os jovens são captados cada vez mais cedo, uns regressão, outros impõem-se... outros impõem-se e depois regressam...
Ai está um novo fenómeno no futebol brasileiro: Robinho, Ronaldo, Adriano, Elano (confirmado no Santos para a próxima época) Deco, Fred, R. Carlos, Ricardo Oliveira, Ewerton, Ilsinho, Lincoln ou Klebérson... todos eles regressam ao país depois de dificuldades em se imporem na Europa. A verdade é que chegam já muitas vezes como sombras do que foram em tempos, fatigados com uma carreira na Europa do futebol... física e psicologicamente.
Que estranho é pensar que neste Brasileirão as grandes figuras jogadores como Montillo, Conca ou D'Alessandro... claro que existem sempre Ganso, Neymar, Jucilei ou Bruno César... mas dá que pensar. 

fonte: placar \ na imagem Deco carrega Conca o 10 do campeonato.. curioso não?
By Tiago Luís Santos