Porque a vida também é feita a correr...
O triunfo da previsibilidade relativa do futebol- Um destroçado Chelsea melhor que o divino Barça
Aquilo que distingue a competitividade do futebol relativamente com outros desportos (individuais ou colectivos) reside na sua ampla relatividade.
O futebol não pode ser encarado como um fenómeno absoluto, como um ranking quantitativo que ordena a qualidade das equipas. A equipa A é melhor que a equipa B. A equipa B é melhor que a equipa C, mas isso não significa necessariamente que a equipa A é melhor que a C. É necessário perceber que a cada equipa, mais que um estilo de jogo, existe uma identidade própria que é moldada de maneiras diferentes na intersecção com a qualidade do adversário. De forma mais simples “Uma equipa joga aquilo que a outra deixa jogar”.
Portanto, parece previsível esta eliminação do Barcelona. O tiki-taka blaugrana - órfão de passes aéreos, diagonais/longos, finalizações a primeiro toque não consegue encontrar maneira para desfeitear a baliza blue. O Barça tem no seu estilo de jogo, uma identidade demasiadamente rígida, pouco adaptável a certas vicissitudes do futebol moderno. Não se trata de defender o futebol praticado pelos londrinos. No futebol actual, qualquer equipa tem que ter mecanismos diferentes que resolvam os diferentes contextos inerentes ao jogo.
Hoje, viu-se um Barça que não soube inovar o seu jogo e morreu com a sua previsibilidade outrora fantástica, hoje sintomaticamente quebrada.
Do lado do Chelsea um posicionamento excelente, apenas sofre os golos em transições rápidas do Barça (paradoxo). O Barça não soube perceber que a melhor maneira de encontrar espaço seria deixar o Chelsea subir e por isso viu-se impossibilitado de marcar golos perante o avião blue.
O Chelsea nos 27% de posse de bola, conseguiu ter uma enorme verticalidade no espaço vazio, um Drogba que jogou sozinho contra o Mundo e um Ramires tacticamente perfeito. Por isso apesar de todo o apetrechamento excessivamente defensivo, o golo de Ramires patenteia a qualidade ofensiva dos blues- antagónica dos blaugranas (incisão- passe espaço vazio- finalização primeiro toque).
Num contexto actual de pressão sobre o portador da bola é preciso executar rápido e não apenas pensá-lo.
Nota para mais uma péssima exibição de Lionel Messi. A exibição de Messi é mais uma réplica da ideia de relatividade do futebol Moderno.
Messi é um génio e hoje morreu com todas as adversidades patentes dum ser especial.
A genialidade é limitativa. As suas finalizações, movimentos, remates, passes em certos contextos são belos, únicos, artísticos. Mas noutros, Messi vê-se impossibilitado de conseguir deixar a sua arte. E Messi sem Arte é reduzido a um jogador banal.
Messi será eternamente um jogador que consegue redescobrir a sua arte em 95% dos jogos, mas não consegue adaptar-se aos 5% em que ela é ofuscada na casa táctica do adversário.
Mais que razões meramente futebolísticas, razões humanas. Messi- a cara dum ser humano completamente desfeito sem capacidade para remar contra a maré, sem capacidade de solucionar problemas em situações extremamente adversas, sem capacidade para pegar no jogo da equipa e impulsioná-la para a vitória.
Arrostou-se em campo, desistiu do jogo e atirou a eternidade desta equipa para os livros de História.
Um génio incapaz de acender a lâmpada da vitória com uma magia pessoal. Sem a luz de Xavi e Iniesta a lâmpada de Messi ficará eternamente às escuras.
Barça- um estilo de jogo, uma identidade, uma atitude, uma filosofia. O futebol construiu-se, moldou-se e melhorou com a marca desta equipa…
O caminho está no fim e o testemunho está lançado.
Quem será a próxima equipa a apanhá-lo e a reescrever a História?
Aceitam-se apostas…