Área de Ensaio
O sucesso dos Sevens
Portugal disputou este fim-de-semana, em Hong Kong, um dos mais importantes torneios de sevens da sua história. Para este desafio, Frederico Sousa chamou os melhores jogadores disponíveis, fragilizando a equipa de XV, que se deslocou à Ucrânia na passada semana. Contudo, a exigência deste torneio assim o justificava.
O Cathay Pacific / HSBC Hong Kong tinha especial importância, porque serviria para definir quem seriam as 3 equipas que no próximo ano passarão a ser equipas "core", ou seja irão integrar a elite dos sevens mundiais e consequentemente irão disputar todos os torneios (no próximo ano serão 10). Os torneios de sevens, são constituídos pelas equipas "core" que marcam presença em todos os torneios e por equipas convidadas que apenas jogam alguns torneios. Até aqui, Portugal apenas jogava como convidado, e a passagem a ser uma equipa "core" era muito importante.
Assim, a organização dividiu este torneio em dois grupos de equipas, um com as melhores equipas mundiais e que já têm presença no circuito do próximo ano, e outro com equipas que apenas jogavam para o objectivo de ficar nas 3 melhores e poder ganhar o estatuto de equipas "core".
Portugal iniciou a sua campanha num grupo acessível, Guiana, Japão e Rússia, não levantaram grandes problemas a uma equipa portuguesa bem preparada (as últimas semana foram apenas dedicadas aos sevens) e com alguns dos seus melhores jogadores. Homens como Pedro Leal (um dos melhores do mundo em sevens), Adérito Esteves e Gonçalo Foro acrescentam qualidade e tornam a nossa equipa muito mais perigosa.
Sem grandes problemas, Portugal ganhou o grupo. De seguida o adversário foi o Zimbabué, que é um adversário mais forte do que à primeira vista se pode pensar. De todas as vezes que Portugal venceu o Zimbabué, a margem foi mínima, e ontem não foi diferente. O resultado de 21-17 mostrou a dificuldade que a equipa africana representa, mas o resultado permitiu a Portugal avançar para as meias finais. O adversário foi o Canadá e por 2 pontos apenas, Portugal não logrou chegar à final. Na disputa do 3º lugar, Portugal voltou a vencer o Japão e conseguiu o 3º lugar.
Desta forma no próximo ano teremos a equipa nacional a disputar o circuito mundial a par de equipas como as Fiji ou a Nova Zelândia, o que deverá ser motivo de orgulho para todos.
Mas as dificuldades também serão maiores, por um lado os apoios do IRB crescerão, mas o nível de exigência também. Se queremos uma equipa para competir com os melhores é necessário criar uma selecção de sevens que se dedique apenas a esta variante. As constantes trocas entre sevens e XV apenas prejudicam os jogadores, que têm sistematicamente de se adaptar a novas realidades e modelos de jogo.
O grande problema é que não temos capital humano para formar uma equipa de XV e uma equipa de sevens igualmente fortes, com jogadores distintos. Ainda para mais a selecção de XV começará a disputar a qualificação para o RWC 2015.
Portanto, caberá à Federação e à equipa técnica decidir qual será a aposta, sabendo que dificilmente poderemos estar em duas frentes com resultados positivos.
Começou este fim-de-semana a qualificação para o RWC 2015. A qualificação começou na América Central, com o México a receber e a vencer a Jamaica. Ao longo dos próximos 2 anos, mais de 100 equipas lutarão pelos lugares disponíveis na grande prova.
O facto de a qualificação começar na América Central apenas realça a aposta que a IRB está a fazer nesta parte do mundo, que é neste momento uma das menos desenvolvidas em termos de rugby. Se tentarmos analisar ao várias regiões do mundo, todas têm uma/duas equipas de bom nível, menos a América Central. Embora existam condições em equipas como o México, a Jamaica, a Guiana ou a Bermuda, ainda existe muito caminho a percorrer para algumas destas equipas atingir um nível qualitativo superior.