3x4x3: Mais França...
Há mais futebol em França para além do Paris SG. Imediatamente atrás do primeiro classificado surge uma das equipas revelação da Ligue 1, o Montpellier de René Girard, mas com Lyon, Lille atentos pelo menos à luta pelos lugares na Champions da próxima temporada.
Comecemos pela grande revelação, o Montpellier. Liderado por duas das grandes revelações da temporada, e com um plantel bem mais curto (e barato diga-se) do que o dos rivais directos. São eles Belhanda e Giroud, médio-ofensivo e ponta-de-lança da equipa.
Em 4x2x3x1, sistema da moda no futebol françês, a equipa apresenta um estilo decalcado na maioria das equipas da classe média do futebol gaulês. O duplo-pivot à frente da defesa, equilibra a equipa libertando os médios-alas para um papel mais ofensivo, oferecendo um modelo de jogo explosivo, ideal para extremos rápidos e desequilibrantes. No Montpiller, é Utaka, extremo nigeriano, a principal referência em termos de explosão, para oferecer constantes repelões ao jogo. No centro do terreno, à frente do duplo-pivot, surge o geniozinho da formação, Belhanda jogador marroquino, baixinho joga serpenteando entre as defesas adversárias.
Na frente, a referência Giraud, ponta-de-lança de 1,92 m, que explode aos 25 anos, prometendo tornar-se num caso sério. Deverá ter lugar cativo na convocatória de Laurent Blanc. Segura bem a bola, finaliza e coloca-se de forma oportuna, merece um clube de outras aspirações.
A norte, o campeão Lille vai passando momentos próprios de quem perdeu duas das suas referências na conquista do título. Cabaye e Rami deixaram o clube no Verão, deixando orfãos o eixo do meio-campo e defesa. Já em Janeiro, Sow, melhor marcador do campeonato na temporada passada trocou o Lille pelo Fenerbaçe. Para o seu lugar chegou Nolan Roux do Brest, veremos qual o seu impacto na equipa.
Apesar destas percas de enorme importância, a estrela da equipa e jogador mais mediático mantêm-se apesar do forte assédio de que é alvo: Eden Hazard, jovem belga de 20 anos, é nos dias que correm um dos jovens jogadores mais cobiçados no panorama do futebol europeu. No ano passado, arrecadou o título de melhor jogador do campeonato apenas com 19 anos. Joga descaído para a esquerda, como falso extremo, mas nota-se que o seu futebol respira melhor em zonas interiores. Tem passe, imaginação, drible curto, remate fácil, para além de se mostrar sempre com os pés bem assentes na terra, dizendo querer evoluir o possível em França antes de seguir para um gigante do futebol europeu. Este Verão será certamente um dos nomes em cima da mesa para equipas que busquem novas referências, jogador ideal para futebol apoiado e com liberdade para criar.
Na equipa destacam-se ainda os nomes de Mavuba, Payet e Joe Cole, numa equipa que promete dar luta até ao final.
Cada vez mais longe do nível de outros tempos, o Lyon agora orientado por Rémi Garde, segue olhando desde trás para a corrida do título. Tem demonstrado pouca regularidade exibicional, mantendo no entanto a aposta na Liga dos Campeões.
O jogador que mais exemplifica o actual momento do clube é Yohan Gourcouff. Do jogador ágil, de passada larga, criativo mas com potência de remate que chegou ao Milan de Ancellotti já só se notam rasgos fortuitos. Ganhou peso (leia-se massa muscular), está mais apto para o choque, mas perdeu a irreverência de outros tempos, deixando o seu futebol perder alguma da alegria que o tornava numa das grandes promessas do futebol francês. Hoje, joga à frente de Kallstrom e Gonalons, como médio-ofensivo, mas nem sempre como titular.
Lisandro Lopéz, a contas com problemas físicos constantes, vai passando ao lado daquelas que poderiam ser as suas melhores temporadas, perdendo o lugar para Gomis, ponta-de-lança que se vai destacando nas competições europeias.
Á esquerda, Michel Bastos vai dando a pujança e velociadade, num futebol de rasgos e dias sim, dias não... falta coesão e regularidade a uma clube que se habitou a ser ele e mais 19 na Ligue 1.
By Tiago Luís Santos