3x4x3: Milan de Allegri
Como detentor do Scudetto os rossoneri partiram esta temporada como favoritos a nova conquista do título italiano. Apesar da emancipação da "classe média" composta por Napoles, Roma, Lazio e Udinese, e das promessas Inter e Juve, acabaria rapidamente por cimentar uma posição de destaque na liderança do campeonato, entretanto tomada de assalto pela Vecchia Signora.
Na base do esquema de Allegri, está uma forma de jogar que à muito é imagem de marca do gigante de Milão. Com 4x3x1x2, está na zona central a chave táctica da equipa a defender e atacar, mas sobretudo, na ligação dos dois momentos: Bommel, ocupa agora a posição 6, herdada de Pirlo, onde é verdadeiramente mais trinco do que pivot de construção, apesar de saber bem o que fazer com bola, não existe comparação com o talento do antigo trequartista. Ganha musculo, perde genialidade. Nocerino e Aquilani, são depois habituais interiores da equipa, posição chave desde os tempos de Carlo Ancellotti, na altura ocupados por Gatusso e Ambrosini.
É na zona dos interiores que está a zona de recuperação predilecta da equipa e a base do funcionamento do jogo colectivo. Se o 4x4x2 (losango, ou 4x3x1x2), deixa as alas no sector intermédio sem cobertura, pela ausencia de médios-ala ou extremos, é na zona interior que estão concentrados mais jogadores. Deste modo, pede-se aos adversários que em posse de bola, joguem sobretudo pelas faixas, cobrindo a zona interior com jogadores de grande capacidade de recuperação, para que o adversário poucas mais soluções tenha do que jogar pelas faixas, onde nos últimos 30 metros são encontram enorme oposição tanto de interiores como dos defesas contrários.
Sistema por excelência para futebol pausado, ideal para controlar jogo sem bola, deixando adversário bem longe das redes. Na zona interior, estão montadas as armadilhas tácticas de recuperação: no caso do Milan, Nocerino e Aquilani, sempre com ajuda próxima da "descoberta" Boateng.
Com Ancellotti a zona "entre-linhas" (média e avançada), era ocupada preferêncialmente por Kaká, Seedorf, ou numa primeira fase por Rui Costa. Depois da recuperação de bola na zona interior perto do circulo de meio-campo, é necessário ter jogadores com capacidade de aparecer para vir buscar bola e fazer transporte com qualidade provocando desequilíbrios. Kaká era o modelo de jogador perfeito no Milan de Acellotti, e um pouco por isso, seria o principal responsável pelo jogo ofensivo da equipa campeã europeia em 2007.
Hoje, nesse sector, surge Boateng, médio raçudo mas de grande qualidade técnica. Não vira a carta à luta, nem sequer se nega a recuar para zona dos interiores. Jogador ideal, para fazer do meio-campo milanês um dos mais coesos da actual panorama europeu.
A espaços, surge Seedorf ou Emanuelsen também nessa zona, dando genialidade e capacidade de trabalho, jogadores diferentes para momentos distintos. Por isso, se o Milan de Ancellotti libertava génios pela acção do interiores, o de Allegri é mais lutador ainda, capaz de precionar 90 minutos o adversário, entregando as acções ofensivas ao talento dos seus avançados e avanços dos laterais (Antoninni, Abate ou Zambrotta).
No ataque, longe vão os tempos de Shevchenko e Inzaghi. Ibraimovic, monopoliza as acções atacantes, baixando no terreno para receber e tabelar, num vai e vem constante que muito depende da sua vontade de ajudar a equipa. Por vezes quer ser ele a decidir contra o mundo, outras vezes decide mesmo. Ao lado, Pato ou Robinho, dois modelos de jogador bem diferentes. Pato é mais forte na zona interior, esclarecido, agarra-se menos à bola, entra melhor no espaço e finaliza com mais eficácia. Robinho por seu turno cola-se mais à faixa esquerda, um falso extremo em movimentos interiores, mais longe de Ibra. Há ainda Antonio Cassano, mais um irreverente talento italiano, reciclado por Allegri neste Milan, e que até à lesão grave era uma das figuras da equipa.
By Tiago Luís Santos