27
Fev11
Fogo sem Fumo
Minuto Zero
Para os lados de Alvalade
Muito se tem dito sobre o actual momento do Sporting, muita tinta fazem correr os resultados do futebol, as polémicas e as próximas eleições do dia 26 de Março. Recorde-se que nesta altura já há três candidatos assumidos à presidência leonina, para as eleições de 26 de Março - Dias Ferreira, Zeferino Boal e Bruno de Carvalho. Para a semana, esperam-se mais candidatos, Godinho Lopes e Pedro Baltazar formalizarão as respectivas candidaturas. No meio de tudo isto, a eliminação da Liga Europa perante o Glasgow e a saída de Paulo Sérgio do comando técnico da equipa. Impera a desordem e o caos em Alvalade. Ao que parece, é Couceiro que vai assegurar o leme do Sporting até ao final da temporada.
Recentemente, num texto aqui publicado – A Presidência Bettencourt – apelei a que os 4 rostos do futebol leonino abandonassem o clube. Parece que estava a adivinhar. Desses quatro senhores, Bettencourt, Costinha e Paulo Sérgio já arrumaram as malas. Porém, e pela existência de presidenciais dentro de um mês, concordo com a escolha de Couceiro para “aguentar” até Junho e pelo menos, garantir o 3º lugar no campeonato. Depois disso, também pode arrumar a trouxa e zarpar. A morfina, isto é, a presença do Sporting na Liga Europa – onde pelo 2º ano consecutivo é eliminado sem sofrer uma única derrota – terminou e agora é sofrer até ao fim da época. Cada jogo será uma dor de alma para a equipa e para os adeptos.
Das eleições e já com um leque tão alargado de candidatos, ainda não ouvi o que penso que deveria ser dito – o Sporting está em crise há cerca de 30 anos. E qual o motivo que me leva a ter uma visão tão negativa da realidade leonina? Os títulos de campeão nacional. O Sporting nos últimos 30 anos conquistou 3 campeonatos (1981/82, 1999/00, 2001/02). É este o motivo que me preocupa. O Sporting é, indiscutivelmente, um grande do futebol português e um clube muito respeitado a nível europeu. Contudo, vencer 3 títulos em 30 anos deve exigir uma certa ponderação. Os mais optimistas dirão que nas outras 27 épocas, o clube não deixou de andar pelos lugares cimeiros, a disputar o primeiro lugar e em certos casos, a perder campeonatos por 1 ou 2 pontos. Para não falar das Taças de Portugal (5, no mesmo período), Supertaças (7) e presenças consecutivas nas competições europeias. Tudo isto é verdade e concordo por completo. É também isso, mas não só (número de adeptos, ecletismo e inúmeros prémios nas outras modalidades), que me leva ainda a considerar o Sporting como um grande e não um histórico como um Belenenses ou um Boavista. Somos um grande, não há a mínima dúvida.
E queremos continuar a sê-lo, por isso, é que não me limito ao fracasso da presente época nem da anterior, efectuo, antes, uma abordagem alargada num tempo temporal. Eu gostava que neste acto eleitoral, a conversa dos candidatos não se limitasse a falar de jogadores vedetas e de treinadores de sonho que fazem salivar qualquer sportinguista, nem muito menos, da cor das bancadas ou dos célebres fundos. São questões importantes, mas antes é necessário perceber a raiz do problema, ou seja, 3 campeonatos em 30 anos. E depois analisar o que aconteceu, as estratégias de gestão, as escolhas de treinadores, directores e jogadores, a venda de patrimónios, os contractos de patrocínio. Perceber os erros do passado é essencial para apresentar estratégias de sucesso no futuro. O Sporting, e neste caso, os candidatos a presidente, devem reflectir sobre isto. Porque este é que é o verdadeiro flagelo e ponto central da crise que o Sporting atravessa – a falta de títulos. O resto é conversa acessória e com vista a bons soundbytes para a imprensa. O Sporting não pode ser isto, tem de ser muito mais. Tem de se pensar a si mesmo com cabeça e realismo. Tem de perceber o que necessita para continuar a ser o grande Sporting Clube de Portugal.
by Alexandre Poço