3x4x3: Liverpool de Kenny Dalgish
Os míticos portões de Anfield Road, marcam a entrada e saída de um mundo futebolístico à parte, mesmo no contexto do apaixonado futebol inglês. O "You Will Never Walk Alone" inscrito na entrada do lendário estádio, relembram um passado cada vez mais distante, onde os Reds do Merseyside se destacavam como crónicos favoritos ao título inglês, numa época onde os gigantes do futebol britânico tinham nomes bem diferentes dos de hoje.
Eram os tempos de um pequeno génio em forma de avançado, Kenny Dalgish, fígura mítica do mais bem sucedido clube inglês. Hoje os tempos são bem diferentes. As casas de apostas esquecem ano após ano o nome do Liverpool, olhando Man.Utd, Chelsea e Arsenal como favoritos à conquista da Premier League.
Agora no banco, Kenny Dalgish mantêm a mesma postura de dasafio perante o jogo e o adversário. Dá quase a impressão que quer saltar para o relvado e voltar a ser ele a figura do ataque da equipa da cidade dos Beatles.
Do ponto de vista táctico a chegada de Kenny pouco significou para este Liverpool. Desde Rafa Benitez que a equipa mantêm um padrão de jogo semelhante, baseado num sistema com 2 linhas de 4 bem definidas no meio-campo/defesa. Na base de toda a dinâmica do clássico 4x4x2 ou 4x4x1x1, está um duplo-pivôt clássico, com um 6 (médio-defensivo) e um 8 (médio com maior capacidade de saída e condução).
As referências dos tempos do Liverpool finalista da Champions com Benitez parecem no entanto adormecidas. O mítico Steven Gerrard vai lidando com lesões atrás de lesões. Com ele o Liverpool fica pelo menos nos 4 melhores da Premier League, sem ele a época é um descalabro. Quanto a Carragher está claramente menos jogador, mais lento à medida que os anos vão passando. No meio-campo deixaram à muito de morar Xabi Alonso e Mascherno. Hoje, os lugares são de Lucas (até à sua lesão) e Charlie Adam, jogador de estranho morfologia mas de enorme talento.
A lesão de Lucas Leiva no inicio da temporada seria assim a pior das notícias para Kenny Dalgish. Dificilmente se escolheria outro jogador (que não Gerrard é claro), que fizesse tanta diferença na equipa. Como pêndulo do meio-campo, o jovem brasileiro parecia ter agarrado as rédeas da equipa em termos de equilíbrio defensivo, mas também um "lugar ao sol" na selecção de Mano Menezes.
Apesar das boas aquisições, como Downwing (ex-Aston Villa), José Henrique (ex-Newcastle), Henderson (ex-Sunderland) ou Charlie Adam (ex-Blackpool), a temporada está mais uma vez a ser bem abaixo das expectativas, mas sobretudo, bem abaixo do nível que os Reds historicamente habituaram os seus fervorosos adeptos.
Olhando para o 11 inicial, a principal razão para sorrir é mesmo Suárez. Apesar da suspensão, é claramente o jogador capaz de marcar a diferença na equipa. Desde o primeiro jogo com a camisola "7" do Liverpool se percebeu que Fernando Torres seria rapidamente esquecido em detrimento do uruguaio. Em sentido inverso, o senhor 40 milhões Andy Carrol (contratado ao Newcastle), percorre as ruas da amargura, longe dos golos, longe do coração dos adeptos, e sobretudo, cada vez mais longe das contas de Fabbio Cappelo para o Euro 2012.
Seja qual for o desfecho da temporada para o Liverpool, a verdade é que continuará a ouvir-se antes de cada jogo, os seus fervorosos adeptos que todos os fins-de-semana esgotam o "velhinho" Anfield, entoando o mítico "You Will Never Walk Alone".
By Tiago Luís Santos