3x4x3: Outros mundos...
Grande expectativa (sobretudo do outro lado do Atlântico) para o choque entre Santos e Barcelona, um jogo que fez todo o restante Mundial de Clubes parecer uma mera formalidade.
Do lado do Santos, os seis meses de preparação tão anunciados pela imprensa brasileira, resultariam num confuso modelo de jogo por parte de Muricy Ramalho, que acabaria por retirar à equipa a capacidade para ter bola com qualidade.
Lançando um sistema de três defesas centrais, com Bruno Rodrigo, Durval e Edu Dracena, abdicou de um dos médios-interiores, deixando Arouca e Henrique frente a frente contra Xavi, Inista, Fabregas e Thiago, que à vez passavam pela zona central, no habitual vai e vem dos médios centro catalães.
Do lado direito da defesa, Danilo, grande responsável pela saída em posse da equipa brasileira, sobretudo pela capacidade física aliada à capacidade de passe, acabaria por sair lesionado aos 30's, deixando o Santos de mãos e pés atados, frente a um Barcelona em pressão alta, verdadeira asfixiante.
Arouca e Henrique seriam os grandes sacrificados, aos quais se juntaria um agora bem mais lento Elano, num meio-campo que se limitou a correr atrás do adversário. Sem bola e excessivamente adiantado, P.Henrique Ganso parecia alheio ao jogo, não podendo acrescentar o habitual perfume dos seus passes de ruptura. Na frente, soltos, Neymar, este procurando a faixa, e Borges pelo meio, eram figuras de corpo presente apenas.
Do lado do Barcelona, e ao contrário do sucedido na meia-final frente ao Reysol, Guardiola lançaria o cada vez mais habitual sistema de 3 defesas, com Puyol, Pique e Abidal, e Busquets como ponto de equilíbrio à frente do único central, Piqué.
Do meio-campo para a frente, Xavi, Iniesta, Fabregas e Thiago, pela primeira vez os quatro juntos na mesma formação inicial, jogavam em trocas constantes, deixando Messi solto, aparecer como sempre entre eles na busca da bola.
Grande novidade, o posicionamento de Daniel Alves, como extremo em posse, médio-ala a fechar o lado direito sem bola, procurando impedir o velhinho Léo de crescer no jogo.
Nota mais preocupante e sintomática. seria a apatia dos médio brasileiros para pressionar um pouco mais alto, deixando os jogadores do Barcelona promoverem a habitual troca de bola. Quando aparecia pressão, era pura e simplesmente individual, algo que, com o passar do tempo e com o entrar da bola na baliza do Peixe, se viria a agravar.
Com cinco jogadores com grande capacidade de passe, uma posse de bola infindável daria não só para adormecer o jogo na segunda parte, como fazer os jogadores do Santos desejar que a tão ansiada final, chegasse ao fim.
Para Ganso e Neymar, resta agora seguir o caminho de Danilo (agora jogador do F.C.Porto) e procurarem uma aventura europeia que lhe permitia crescer enquanto jogadores enquadrados em grandes equipas. Terá forçosamente de passar por ai o seu futuro, se não querem continuar a viver no mundo de ilusões criadas entre comunicação social, marketing, e guerra de agentes que vão por estes dias adulterando a boa evolução do futebol brasileiro nos últimos anos... pelo menos no nível competitivo.
Quanto ao Barcelona, cada vez mais parece obvio que não mais devia jogar o mundial de clubes... afinal estes craques já fazem parte de um outro universo, o mesmo onde habitam as lendas do futebol.
By Tiago Luís Santos